terça-feira, 23 de dezembro de 2008

De quem esperar?

É consensual que a nova Câmara exprime, em tese, melhor nível qualitativo. Seja por estreantes, seja por representantes que estão de volta após ausência.

Isso não significa que se instalará o paraíso, nem que todos dos 17 eleitos se possa esperar desempenho brilhante. Alguns revelam bom potencial para fazer reavivar um Legislativo que passou quatro anos de joelhos dobrados.

Pontuo alguns entre os alguns. Gustavo Stup é um. Parece ter um discurso bem estruturado de alguém com conteúdo de idéias. Parece alguém que não vai comer na mão.

O mesmo digo, em termos de expectativa, de Oswaldo Quaglio. Jamais foi tribuno, mas é um típico cidadão mogimiriano, comprometido com os interesses comunitários. É sério, digo.

Não vou fazer aqui uma fieira de nomes. Pinço mais alguns. José Fernandes é um ‘velha guarda’ dos bons. Desprovido de ambições, sincero nas idéias.

Maria Helena é uma excelente reconquista da Câmara. Às vezes demasiadamente ansiosa, exerceu papel relevante nas experiências anteriores. É uma voz firme e uma brigadora.

Para não ir longe, considero que esses quatro nomes são capazes de tonificar a Câmara. É o tempo que dirá. E também poderá revelar surpresas que não elenco aqui. Oremos.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Resgatando a Blitz

A Prefeitura terá que reduzir quase pela metade os atuais 186 cargos em comissão. Os cargos de livre nomeação do prefeito não poderão ultrapassar a 92, conforme acordo firmado com o Ministério Público.

Por trás da informação está um fato político de profunda relevância: o prefeito Carlos Nelson Bueno perde poder, pressionado pela exigência da promotora Cristiane Correa de Souza Hillal.

Após tanta quebra de braço e reações raivosas, é algo como se Carlos Nelson estivesse cantando a letra de Adeildo Vieira, celebrizada pela banda Blitz: “Ok. Você venceu”.

Mas, não sei se é o prefeito que deve estar lamentando mais a restrição imposta. De certo modo, até lhe dá um álibi, uma boa desculpa para negar atendimento a pedidos de nomeação por parte dos intermináveis puxa-sacos de plantão.

Uma conseqüência previsível é a deflagração de uma guerra fraticida. “Irmãos” vão pisar na goela de “irmãos” para arrumar um lugar ao sol. Donos de funerárias já podem esfregar as mãos. Vai ter defunto para todo mundo.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Eles não querem

A gente faz um esforço para acreditar que a classe política tem jeito. Mas, esse pessoal se esmera em sentido contrário. Eles não querem ser acreditados.

Vejam só. Agora mesmo, a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou projeto que confere título de Cidadão Paulistano a Ronaldo Fenômeno, recém-contratado pelo Corinthians.

A justificativa do autor, um tal vereador Goulart, é de que Ronaldo merece a láurea por ter sido eleito três vezes o melhor jogador do mundo.

As eleições constituem um processo caríssimo, pago pelo bolso do contribuinte. Afinal, dinheiro não dá em árvores.

E o sujeito que se elege move toda a estrutura que o poder lhe coloca a disposição para uma perda de tempo com essa e tantas outras. Em definitivo, continuar acreditando só pode ser puro exercício de teimosia.

A danada e as voltas do mundo

Foram dias tormentosos, mas a perícia do Dr. Ari Macedo tonteou a danada com um drible indefensável. E ela foi não sei para onde. Ela, a quem me refiro, é a vesícula. Me pôs no estaleiro por alguns dias, mas de novo estou aqui, a ocupar este espaço com minhas inutilidades de sempre.

No curto interregno, o mundo deu suas voltas. O São Paulo é tricampeão brasileiro em seqüência e hexa alternadamente. Aliás, suspeito que minha vesícula cultivasse outras paixões clubísticas – quem sabe pelo Grêmio, que sabe por todos os outros times cujos adeptos fizeram rezas e acenderam velas pela derrota do Tricolor. Enraivecida, decidiu me punir. Que a terra lhe seja leve.

No curso das mesmas voltas do mundo, o projeto do IPTU foi retirado pelo prefeito, que por outro lado viu sucumbir o projeto que previa a atribuição de honorários a advogados da Prefeitura, em ações bem sucedidas da lavra destes.

Tenho minha tesezinha chinfrim para o caso. Os operadores do Direito que servem ao Município são pessimamente remunerados. E enfrentam uma carga de trabalho monstruosa, incapaz de ser cumprida. Me parece então que, na impossibilidade de melhorar a remuneração salarial dos causídicos, o prefeito tentou compensar com os tais honorários.

O que não se clareou no intervalo do meu calvário foi a questão da presidência da Câmara. Caso tratado a sete chaves, com grande potencial de surpresas na ‘hora agá’. Desta vez, afinal, não são 10, mas 17 os teóricos postulantes, exceção aqui ou ali por reconhecimento de inviabilidade prévia.

Na direção contrária do quanto não sou capaz de imaginar o que vai acontecer no caso da presidência, assopram-me meus últimos resistentes neurônios de que a unidade governista, vinda à luz no parto das urnas em 5 de outubro, não irá longe. É muito difícil manter a costura de tanta gente – 14 precisamente – num ambiente em que as ambições e vaidades vão aflorar muito cedo.

Detalhe que poucos se apercebem: atender demandas de seis é uma coisa; de 14, é muito, mas muito diferente. Talvez impossível mesmo. E as dissensões não costumam nascer de colisões programáticas ou filosóficas, mas de interesses feridos ou não atendidos. Presumo, assim, que o arquiteto Carlos Nelson vai precisar de dotes de engenheiro.

Por último, a última rotação do Planeta pôs Paulo Silva de novo no cenário. Da UTI, quase desenganado, voltou à vida. Pode recuperar os votos que decisões judiciais lhe retiraram e acabar voltando a ocupar lugar na ferradura do plenário do Legislativo, que fez rampa de lançamento para seus dois governos como prefeito. Se vai conseguir ou não é outra conversa, mas uma coisa é certa: um dos 17 vereadores recém-diplomados vai viver intermináveis noites de angústia.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Jogo rapidíssimo

O vice-governador Alberto Goldman marcou visita a Mogi Mirim para esta quarta-feira, dia 17. O aviso saiu na segunda. Mote: vistoriar as obras da Fatec.

Na terça de manhã, passo atrás: Goldman não vem mais. A visita ficará para outra ocasião.

Desconfio que, entre um dia e outro, o expoente do antigo Partidão recebeu algumas notícias. Por exemplo: as obras que ele iria vistoriar estão paradas desde 24 de setembro.

Desconfio que a ‘outra ocasião’ para a visita será quando o prefeito Carlos Nelson for assinar o contrato com a terceira empreiteira a ser incumbida de pôr o campus da Fatec em pé. Coisa para fevereiro ou março do ano que vem.

domingo, 14 de dezembro de 2008

HIPÓTESE INIMAGINÁVEL

No final de 1975, fui obrigado a encerrar as atividades do jornal A TRIBUNA, que havia adquirido junto com Franco Ortiz. A publicação deve ter durado uns 10 anos. A fundação coube a Argemiro Repas e Luiz Edne Bueno, em meados da década de 60 do século anterior.

A decisão foi dolorosa, mas absolutamente inevitável. Necessariamente, não há paralelo com o que acontece agora em relação a O IMPACTO, de cuja paralisação fui informado pelo seu editor, Paulo Henrique Tenório.

As razões de hoje não são, com certeza, as minhas de 1975. A minha, admito, era inteiramente previsível. Confesso que a drástica decisão de Mauro Adorno é a única hipótese que em momento algum passou pela minha cabeça, diante de qualquer fosse a dificuldade que viesse a enfrentar.

Se a adotou, estará certamente escorado em razões que não comportam discussão. Não é preciso escrever muito para concluir o quanto de péssimo a decisão encerra, especialmente levando em conta o histórico de O IMPACTO, por onde transitei por alguns anos.

Não é confortável para mim tratar do assunto, tendo em vista os interesses concorrenciais com os quais estou envolvido. Em tal circunstância, além de lamentar o episódio, repetindo todas as manifestações que se seguirão, tenho que assinalar minha frustração.

Um jornal que se fecha corresponde ao desmoronamento de uma obra erguida por incontáveis profissionais com esforços, suores, lágrimas e amor. Jornal não é um ente físico, mas um corpo que se move pelas idéias de muitos que oferecem suas vidas à vida dele.

Numa hora com estas, fica um amargo gosto de frustração. Aos fatos irreversíveis, entretanto, não há como opor resistência. Há que cultivar a sensação do dever cumprido, mirar o horizonte e imaginar que ao ser humano é reservado mesmo o peso da convivência com boas e más notícias. A má está aí. Virá a hora da boa, com certeza.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cárcere privado

O caso do vereador Luiz Roberto Tavares, o Robertinho, é muito emblemático de que como se processam as relações políticas. Evidencia o quanto é frágil e falso o sistema partidário.

Robertinho foi eleito pelo PSDB, em oposição a Carlos Nelson. Para sua operação política, marcantemente clientelista, precisava das facilidades do governo. E não custou a converter-se ao carlosnelsismo.

O resultado foi tão bom, que aumentou significativamente sua votação no último 5 de outubro. Foi o campeão das urnas, batendo gente de alta patente.

De repente, não é que se vê submetido a cárcere privado dentro de sua própria casa? Rebelou-se contra o projeto que vai bombar os valores do IPTU, de iniciativa do líder máximo do partido, o prefeito.

Como troco, sofre ameaça de punição por indisciplina e infidelidade, que no seu extremo pode chegar à expulsão. E a expulsão – na remota hipótese de que aconteça – causa o desdobramento da perda do mandato.

Digo remota hipótese porque, inevitavelmente, Robertinho vai recuar. Não sei como. Mas, vai. Afinal, sabe que o partido vai jogar com a mão pesada do prefeito.

domingo, 30 de novembro de 2008

Não era mosca morta

Até os analistas mais reputados, com altíssimo índice de audiência e leitura, davam com favas contadas a conquista do título pelo São Paulo, neste domingo, diante do Fluminense.

Não li ou ouvi uma única previsão que fosse, de que o São Paulo corria o risco de não vencer o Pó de Arroz carioca. Pois todo mundo queimou a língua.

Penso que o erro esteve em esquecer que o adversário do time de Muricy não era uma mosca morta, mas o Fluminense, de Fernando Henrique, Thiago, Conca, Arouca e Washington, entre outros.

O Fluminense é um belíssimo time, que só desceu aos riscos do rebaixamento por um erro estratégico da direção, enquanto disputava a Libertadores, e pela arrogância de Renato Gaúcho.

De todo modo, ganhar era a obrigação do São Paulo, já que jogando com casa lotada. Foi incompetente. E acho que deu o pontapé no balde. Acho que nos próximos dias vão ter duas festas no Sul: do Internacional, com o título da Sul-Americana, e do Grêmio, com o Brasileiro.

No caso do Grêmio, não é idéia que me agrade, como são-paulino que sou. Mas, é um fantasma que me incomoda.

sábado, 29 de novembro de 2008

Lá e cá

A Itália vai aplicar um imposto específico sobre todos os materiais e manifestações artísticas relacionados à pornografia. É a medida com a qual o governo comandado pelo conservador Silvio Berlusconi pretende enfrentar a crise econômica.
Aqui, onde a crise ainda nem se manifestou explicitamente, vão pagar o pato os contribuintes do Imposto Predial e Territorial Urbano. Que vão dos magnatas aos miseráveis.

Espremendo o conta-gotas

1 – Se tentei entender as condutas adotadas pela nova diretoria do Mogi Mirim, sob a batuta de Rivaldo, hoje compareço para dizer que se afigura absolutamente nonsense essa esdrúxula providência de internar jogadores no clube e sonegar a sua identificação, a pretexto de que ainda não estão oficialmente contratados. No rol das tolices que testemunhei em quase quatro décadas de carreira profissional, nada jamais chegou próximo.

2 – O governo municipal bateu no peito como primata diante das inúmeras ações e contestações do Ministério Público a atos e iniciativas de sua lavra. Agora, termina no beija-mão, discutindo acordos para obter soluções que poderiam ter sido abreviadas na origem.

3 – Jamais vi investidor – ou especulador? – imobiliário algum temer e tremer diante do peso dos impostos, especialmente do IPTU. Não será agora, portanto, por mais que seja cruel a mão do fisco municipal, que eles vão dobrar a espinha ou pedir água. Pensar nisso é operar puerilmente ou usar o argumento como areia nos olhos dos incautos.

4 – A importância de certas personalidades se revela na ausência. Nesse lufa-lufa entre a Prefeitura e Santa Casa, faz muita falta um Arthur de Azevedo. Nem sempre foi compreendido, mas o mérito de amante da cidade e apaziguador de conflitos jamais lhe poderá ser negado.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Maldade pós-eleitoral

Não figurava em qualquer expectativa que, antes ou depois da eleição, fosse gestada a proposta de correção dos valores imobiliários para efeito de cobrança do IPTU, o mais direto de todos os tributos pagos pelos contribuintes. Menos ainda se desconfiava que a correção pudesse vir no calibre em que foi gestada.

Não há maldade em si no fato de se atualizar o valor venal dos imóveis, o que é da prerrogativa e da responsabilidade de quem governa. Hora ou outra isso deve e precisa mesmo ser feito. O silêncio com que tudo foi engendrado, a forma e a hora em que o projeto foi encaminhado à Câmara é que deu tinturas de maldade pós-eleitoral à iniciativa.

Se aumento de imposto nunca é recebido com aplausos, imagine-se quando isso sinaliza com índices que superam o dobro da situação vigente. A reação é natural. E inevitavelmente vem acompanhada de componentes políticos e emocionais. É manjar para os críticos e os oponentes. E nessa esteira vêm os excessos de manifestações.

Objetiva e racionalmente olhada, a proposta enfiada na goela dos vereadores contém algumas nuances contestáveis. A primeira quanto ao encaminhamento em si, exigindo apressamento na votação. O que parece ser proposital. O prolongamento da discussão tenderia a originar demandas de pressão sobre a base legislativa, podendo convencer um ou outro, por convicção ou por medo, a se opor à matéria.

Não era de interesse do governo municipal, assim, que a questão fosse discutida. Como a Câmara peca pela renúncia à independência, está sendo feito conforme o figurino previamente traçado no andar de baixo. O outro aspecto questionável está no peso do embrulho. De uma só vez, decidiu-se por corrigir defasagem de anos – parece-me cinco.

Neste caso, também fico a imaginar que a decisão foi estrategicamente proposital. A atualização gradual dos valores dos imóveis representaria a produção de dores a cada ano que fosse adotada. O prefeito optou por sofrer tudo de uma vez só, com certeza apostando na máxima de que o povo não tem memória e, daqui a um ano, terá esquecido a penada que levou.

Eis o quadro, segundo meu modesto juízo. A maldade está feita. Não creio em reversão na segunda votação, que corresponde ao julgamento do mérito da proposta. A primeira é quanto à legalidade, pela qual já passou. E não há perspectiva de algum dos integrantes da banda de música governista vá desafinar no segundo concerto, afinada que está, por obrigação, com a partitura urdida no Gabinete do Prefeito.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Lembrando Antonio Maria

É uma falácia total essa conversa de que a imprensa tem o dever de criticar o poder naquilo que ele não faz ou faz errado e de reconhecer os seus acertos, divulgando seus feitos.

Quem assume o poder o faz com o compromisso de fazer. Portanto, fazer não é mais do que a obrigação. Portanto, fazer não contém aspecto excepcional para, por si só, virar notícia. E notícia, como dizem os manuais desde Gutemberg, é o excepcional.

Não fazer ou fazer mal é o excepcional. Não só é notícia, num sentido amplo, como exige da imprensa a obrigação de denunciar à sociedade, inclusive para que esta se mova na defesa dos seus direitos.

Reconheço que somos extremamente generosos com o poder. O que não satisfaz o poder. Por isso, quando se defronta com a notícia ruim – para ele – tenta plantar cercas para isolar a imprensa do contato com ele. Nítida tentativa de garroteamento.

Os controlares do poder pensam que, cerceando o acesso, tiram o oxigênio da imprensa. Bobagem monumental. Antonio Maria, grande jornalista, letrista e compositor, cunhou frase célebre na década de 40, ao ser jogado em uma masmorra da ditadura de Getúlio.

Sob suas unhas, os capatazes do regime enfiaram fiapos de madeira, para impedi-lo de escrever. Ao receber a filha na cela e diante do espanto dela, disse em relação aos autores da agressão: “Bobos. Eles não sabem que os jornalistas não pensam com os dedos”.

Mutatis, mutandis, a frase se aplica a caso recente. No seguinte sentido: eles não sabem que os jornalistas não dependem do poder.

sábado, 1 de novembro de 2008

O poder da palavra

Sou um incorrigível viciado no debate de idéias. Gosto de uma prosa, de uma discussão, de confronto de pensamentos. E gosto porque vejo nisso um instrumento eficaz de enriquecimento humano.

Dos confrontos, independente de vencidos e vencedores, sempre se leva alguma coisa. Claro que em sendo suficientemente humilde. Porque há – e os conheço de sobra – os arrogantes, que não se movem um milímetro de suas pétreas posições. Mesmo que erradas e, às vezes, até despropositais.

É assim que imagino as relações sociais, quando elas se põem no campo das divergências. Faço isso teimosamente há anos, aqui hoje, ontem em outros cantos, mesmo que ciente da irrelevância do que penso e, por isso mesmo, do traço que alcanço do ponto de vista de leitura.

As guerras, que tantos prejuízos vêm produzindo milenarmente à humanidade, são fruto da intolerância, da incapacidade para o diálogo e, principalmente, da recusa a praticá-lo. Tenho como convicção que não há divergência alguma que não possa ser superada pela força da palavra e dos argumentos, que são os combustíveis do diálogo.

Na profissão que adotei, aprendi desde o primeiro minuto que essa concessão a escutar é princípio elementar, basilar. Vivemos permanentemente no centro do conflito, no olho do furacão. Seja porque mexemos com fatos, seja por que lidamos com interesses. Confesso que é difícil dar braçadas em mar tão bravio. Mas, é preciso aprender a fazê-lo. E fazê-lo.

Quando constato condutas opostas, me aborreço muito. Mais do que isso: me decepciono. A cada episódio, perco uma porçãozinho da réstia de esperança que o velho peito de mais de 60 anos ainda teima em cultivar. E perco porque imagino que a sociedade é um ente em evolução, que se aprimora com o avançar dos tempos. Esse avanço espetacular, entretanto, não tem se revelado suficiente para escoimar da nossa convivência o espírito da truculência e da brutalidade.

Ora, em tal circunstância cumpre tentar trazer para a civilidade os que ainda habitam a escuridão da ignorância. Descer ao fosso seria contrariar a lei natural da evolução e devolver o mundo aos seus primórdios, quando litígios eram resolvidos pelo peso da força e pelo esmagamento do litigante.

Se é impossível resgatar para a claridade aqueles que insistem em viver nas trevas, cumpre aprender a conviver com eles. Ao contrário da desforra, da vingança, da retaliação e da represália, devem ser tratados com tolerância e compreensão, ainda mais quando a vida já lhes deu tempo suficiente para a resignação.

É assim que os trato, com a consciência de que, no fundo, todos somos seres humanos, com virtudes e defeitos, mesmo que muitos destes últimos, por teimosia ou megalomania, se esforcem em não se enxergarem e não se corrigirem.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Arbitrária, estúpida e inútil

Passa um pouco da meia noite. Estou para ir dormir. Ou melhor, para ir me deitar. Vou ter dificuldade para dormir. Não consigo digerir que um homem de 68 anos, com vários mandatos nas costas, bem sucedido politicamente, acabado de ser reeleito espetacularmente – aliás, em quem votei –, tome uma atitude tão arbitrária, estúpida e inútil como Carlos Nelson fez nesta segunda-feira.

Erigiu-se em censor da imprensa. Agora, para falar da Prefeitura, tem que passar por ele. Nenhum diretor está autorizado a conceder entrevista ou fornecer informações aos jornalistas.

Decidiu que os jornalistas que se dirijam à Assessoria de Comunicação com seus questionamentos e pedidos de informação. Resolveu que todas as questões abordadas pelos jornalistas devem ser colocadas sobre sua mesa, para julgamento. Ou ele mesmo fala. Ou autoriza o diretor respectivo a falar. Ou...

Com essas atitudes, Carlos Nelson não ofende a imprensa. Ofende sua história. Seu ato foi arbitrário, porque restritivo à liberdade de imprensa. Foi estúpido, por falto de inteligência. E inútil, porque em nada vai afetar a vida dos órgãos de comunicação.

Para meus quase 40 anos de vida profissional, uma profunda decepção. E decepções, como todos sabem, nos tiram o sono.

domingo, 26 de outubro de 2008

Sem brincadeira

Falar que este ou aquele partido ganhou as eleições municipais, seja pela soma dos eleitos, seja pela soma de votos, é brincar com a inteligência dos cidadãos.

Em primeiro lugar, porque em eleição local o que está menos em jogo é partido político. Eles não têm a menor importância. Ou alguém vai dizer que Gilberto Kassab ganhou em São Paulo porque é do DEM.

Quem ganha eleição municipal é candidato. O resto é conversa fiada. O eleitor olha para quem pensa ser capaz de melhor atender seus interesses.

Em segundo lugar, não é mais possível falar em partidos políticos no Brasil, nesse ambiente de promiscuidade em que todos – digo todos – mergulharam de algum tempo para cá.

Contou, por exemplo, para as vitórias do PMDB o sucesso de Eduardo Paes no Rio. Até outro dia, era fidelíssimo tucano, porém oriundo do PFL, com passagem pelo PTB Foi algoz de Lula, a quem agradeceu pela vitória.

Peguei um exemplo. Seria possível elencar dezenas, centenas. Partidos ganham ou perdem ao sabor das circunstâncias, que vão desde os candidatos até às mais inimagináveis alianças que fazem.

Portanto, vamos falar sério. Partido algum saiu vencedor nas eleições que acabam de ser realizadas. Vitoriosos saíram candidatos, muitos dos quais deram um pontapé em sua história para se abrigar em siglas de conveniência e beijar de língua a adversários até outro dia odiados.

É o Brasil!

domingo, 19 de outubro de 2008

Até quando?

Se não é fácil governar com oposição predominante no Legislativo, não é simples pensar que, detendo a maioria, tudo se transforma em mar de rosas para o Executivo. Em qualquer dos casos – é preciso prestar a atenção nisso – é uma relação, embora política, de seres humanos. Com suas ambições, vaidades e interesses.

Não me recordo de situação semelhante ao que vai ocorrer a partir de janeiro, quando a bancada governista será estrondosamente majoritária. A relação será de 14 por 3. É muita gente de um lado, pouquíssima do outro. Mas, não há a menor garantia de que essa relação se manterá ao longo dos quatro anos. Tenho dúvidas até mesmo de que termine assim o primeiro ano da legislatura.

No sistema político-partidário atual, as maiorias são constituídas inorganicamente. Frutificam a partir de sementes de diversa natureza, porque nascidas de acordos que, de ideológico e programático, nada têm. Se produzem a partir de alianças de ocasião, em geral presididas unicamente pelo interesse na conquista do poder.

No caso da bancada situacionista, as matizes são claras nesse sentido. Houve uma concentração em torno de uma figura, a do prefeito, sabidas suas enormes – e confirmadas – expectativas de sucesso nas urnas. Essas coisas têm dificuldade de prosperar, porque inevitavelmente interesses colidirão.

E não é só. Um componente diferencia a situação anterior da próxima. Agora, Carlos Nelson está fora da disputa. Desaparece a unanimidade e abre-se um vazio para cujo preenchimento não faltarão voluntários. Entre os governistas, seguramente há mais do que um pretendendo fazer trampolim para 2012. Ingrediente básico para – imagino eu aqui com minhas teclas – lançar a semente dissensão.

Não se trata, ao contrário do que podem pensar meus amigos e meus inimigos, de projetar um ambiente apocalíptico. É apenas uma perspectiva possível e provável, fundamentada em experiências já conhecidas, que a história registra às pencas. O grau em que isso poderá se manifestar vai depender, fundamentalmente, não do andar de cima, mas do térreo.

Mais do que no atual mandato, Carlos Nelson vai precisar de todo seu talento de costureiro político para conservar a liga entre os 14 aliados reunidos no Legislativo pela irrecorrível sentença popular. E, especulo, não obterá sucesso sem transigir, o que não é muito de sua personalidade.

Fico na torcida, aqui nesse meu cantinho, de que o entrechoque não produza efeitos em prejuízo do interesse coletivo. O que não é fácil de evitar, já que os agentes políticos, por natureza e defeito genético, costumam operar, antes de tudo, com o olhar em seus próprios interesses.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Imensas dúvidas

Uma evidência que teimamos em ignorar: não há mais gênios no futebol brasileiro. Mesmo os talentos rareiam. Nivelou pelo médio. O desequilíbrio que nos favorecia desapareceu.

Sendo assim, se não tem talento, brilho, inteligência, é preciso saber usar o que se tem em mãos. E, definitivamente, Dunga não é o profissional indicado para a tarefa. Não reúne competência e experiência necessárias para extrair do grupo, fraco, o máximo que pode dar.

Isso explica os fracassos, como este diante da Colômbia, no Maracanã, num miserável empate de zero a zero. Por momentos, a impressão foi a de que os donos da casa eram os visitantes, tal a sem-cerimônia com que enfrentaram e superaram os brasileiros.

O Brasil vai a Copa. Até pela fragilidade dos concorrentes. Mas, vai ser desse jeito, sofrido, chorado e praticando um futebol em que pontua a absoluta falta de organização, que é um princípio elementar de qualquer time que não dispõe de gênios que resolvem por conta própria.

Já se com essa bola dá para ganhar a Copa tenho dúvidas. Imensas dúvidas.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Cardápio variado do pós-eleição

1 – Rivaldo está assumindo o controle do Mogi Mirim. É o resultado da convergência de duas vontades. Da família Barros em se livrar de uma atividade que em nada diz respeito aos negócios de sua empresa e, além do mais, inviável sem o aporte de montanhosos recursos. De Rivaldo em estabelecer uma base de operações num ramo de negócios em que se transformou o futebol e que movimenta dólares aos milhões. A solução é ótima, pois abre novos horizontes para o time e, com certeza, injeta entusiasmo novo no torcedor. Mas, é um negócio. Com todos os riscos que são inerentes aos negócios.

2 – Dentro do esperado, as eleições produziram vitórias previsíveis e fracassos consagradores. Há os que vão para a eleição com projeto político e ambições definidas. Há os que fazem dela um fim em si. Estar na disputa já é o bastante. Wandy Wharol, cineasta norte-americano, cunhou uma frase lapidar: “no futuro, todos serão famosos por quinze minutos”. Acho que pensava em 2008. E sua profecia se materializou em dezenas de candidaturas.

3 – Pela reeleição e pela expressiva votação, Luis Roberto Tavares, o Robertinho, é candidato natural à presidência da Câmara. Mas, entre ser natural e ser eleito há enorme e íngreme distância a ser percorrida, dada a ambição que o posto desperta. Precisará do plenário, mas não sucederá Mogiano sem a adesão de um agente que sequer tem direito a voto: Carlos Nelson.

4 – Dado que talvez passe ao largo da observação. O PT não conseguiu eleger nenhum de seus representantes históricos, militantes de primeira hora. Falará na Câmara pela voz de Márcia Róttoli, cuja origem política é absolutamente oposta. Sintoma de que o voto ideológico não funcionou? Pode ser. E pode ser que, ao contrário, tenha funcionado para o PV, que a despeito da fraquíssima votação de seu candidato a prefeito, pôs um vereador no Legislativo.

sábado, 6 de setembro de 2008

Quem disse que não é chapa pura?

A campanha eleitoral já vai entrando na rua reta final. O clima é morno e o ritmo é lento. Coisa rara na história, como já observei antes. Sendo assim, há pouco que dizer. Mas, há o que dizer do período precedente, quando partidos e grupos políticos se mobilizavam para a definição de candidaturas.

Fiquei rouco de ouvir que, no caso da grei governista, seria impossível a montagem da chamada chapa pura. Isto é, Carlos Nelson e um vice do PSDB. Aliás, era o argumento pelo qual, em tese, o nome de Sidney Hugo de Carvalho perdia força, embora desfrutasse de toda simpatia de Carlos Nelson.

De fato, Sidney ficou pelo caminho. Um pouco também – acredito – pela sua relevância no atual governo, em que é o cérebro que pensa os projetos do prefeito. Então, Sidney acabo limado. Mas, quem disse que a solução mais tarde adotada mais tarde não caracterizou a tal chapa pura? O que é a composição Carlos Nelson-Flávia Rossi senão isso?

Para ser outra coisa, era indispensável que o vice saísse das costelas do PTB ou do PMDB, uma vez que as outras siglas jamais foram além de apêndices do tucanato. E não aconteceu. A professora Flávia, inegavelmente uma surpresa no cenário então desenhado, foi previamente recrutada para militar no PPS. E a operação que levou à cooptação do PPS para o grupo governista não se destinou a outra finalidade senão fazê-lo apêndice mesmo.

Então, deu-se por linhas tortas o que era recusado por parte dos aliados. Deu chapa pura, no sentido de que Flávia foi uma escolha da cota de Carlos Nelson, que assim levou os rios a correrem para o mar. E para que se verificasse o fenômeno, os partidos da base foram de incompetência exemplar – o que deve ter levado Carlos Nelson, pós-decisão, a sorver taças de vinho de melhor qualidade de sua requintada adega, em celebração ao sucesso da operação engendrada.

Seria o caso de dizer, ao final de tudo, que os aliados nunca foram tão aliados quando se manifestaram atrapalhadamente no afã de fazer emplacar o coadjuvante da chapa governista. Foram competentíssimos alfaiates, cortando e costurando o terno ao rigor exigido por Carlos Nelson. Então – para concluir – é chapa pura mesmo. Por enquanto não tem grande importância. O problema vai ser amanhã, se de fato, como os ventos sinalizam, Carlos Nelson continuar habitando o Paço Municipal por mais quatro anos.

sábado, 30 de agosto de 2008

Opção pelo conforto

Li um folheto do ex-prefeito Paulo Silva, com argumentos em favor de sua candidatura a vereador. Nada diferente do que é comum entre todos que tentam conquistar o voto do eleitor.

Me chamou a atenção, entretanto, uma particularidade. Paulo se propõe a lutar por moradia popular, moralização da administração pública, industrialização e por aí vai. Ora, inegavelmente teria muito mais condições de cumprir tais promessas como prefeito.

Como vereador, tudo não passa de um rosário de intenções que não vão se realizar, sobretudo se quem vier a governar a cidade nos próximos quatro anos não for de seu grupo político. O que parece quase um fato concreto.

A pergunta que meus neurônios não se cansam de fazer é exatamente essa: por que Paulo não é candidato a prefeito? Elegendo-se, teria a caneta na mão para realizar as tais intenções.

Salvo de prevalecer a impugnação de sua candidatura, é absolutamente certo que se elegerá para a Câmara. Já para a Prefeitura a conversa seria outra. Notoriamente, preferiu o conforto.

A quem entregar R$ 850 milhões?

Todas as razões conduzem a sugerir que o eleitor seja extremamente rigoroso ao tomar suas decisões. Em especial, neste momento em que está às vésperas de eleger o prefeito, o vice-prefeito e os vereadores.
A eles incumbirá o gerenciamento dos interesses mais próximos dos cidadãos, pelos quatro anos seguintes. Más escolhas têm seus preços e conseqüências. Daí a imperiosidade do cuidado e da reflexão para não cair em armadilhas das quais os eleitores não serão capazes de se livrar senão ao final dos mandatos dos eleitos.
O jornal O POPULAR forneceu um dado, em sua edição de 23 deste mês, que reforça a exigência de atitude madura e responsável. Obedecendo à evolução que tem se verificada nos últimos anos e à projeção de receita para o exercício de 2009, a Prefeitura deverá arrecadar, na quadra de 2009 a 2012, a fortuna de R$ 850 milhões.
A média deverá ficar em torno de R$ 200 milhões anuais. Pode variar algo para menos, algo para mais. Mas, exceto se a economia do país engatar marcha à ré, os números não deverão ser muito diferentes. Sendo assim, é desnecessário dizer que não se entrega um cheque endossado de R$ 850 milhões a qualquer portador.
De um lado, porque é muito dinheiro, que precisa ser bem utilizado em face do interesse dos cidadãos. De outro, porque essa montanha de recursos não despencará dos galhos das árvores da Praça Rui Barbosa, mas sairá dos bolsos de cada mogimiriano. Desde os abastados até aqueles que lutam contra a miséria nos grotões da cidade.
E quem será o beneficiário desse cheque? Não será apenas o prefeito, de modo individual, embora concentre poderes quase ilimitados para a aplicação dos recursos públicos. Serão ele e os vereadores que forem conduzidos a representar a sociedade na Câmara Municipal.
A estes, como é sabido, cabe a alta responsabilidade de examinar, através das peças orçamentárias, de que modo, onde e em que o Executivo pretende aplicar as verbas oriundas dos tributos. São os vereadores, em outras palavras, que apõem endosso a esse cheque de valor invejável.
A gravidade do momento, portanto, parece estar muito evidente. Apertar as teclas da urna eletrônica, assim, não corresponderá apenas cumprir um dever de cidadão para estar em dia com as exigências legais. E não deverá ser, muito menos, uma atitude de gratidão ou simpatia por este ou aquele candidato. Precisará ser uma atitude madura, refletida, consciente e responsável. Exceto se o destino que poderá ser dado aos nada módicos R$ 850 milhões não tiver a menor importância.
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Editorial de O POPULAR, publicado na edição deste sábado, 30 de agosto.

sábado, 23 de agosto de 2008

Esporte é excelência

Cada vez mais, as Olimpíadas deixam o ensinamento de que esporte é excelência. Talentos isolados, cada vez mais, deixam de ter peso decisivo nas competições, mesmo quando individuais. Mesmo os talentos não prescindem da preparação, sempre essencial.

Para alcançar a excelência, antes e acima de tudo é necessário bom suprimento de recursos financeiros. A excelência, que traduzo por qualidade superior, esta diretamente ligada a dinheiro. Por maiores que sejam os esforços humanos, não se chega ao cume sem investimento.

Esta é, aliás, a grande diferença entre países que investem pesadamente no esporte como instrumento do aprimoramento humano e aqueles que fazem de conta. Caso do Brasil, um país que historicamente não possui política alguma no campo do esporte.

Por aqui, o que temos são exceções. Potencializado desde Luciano do Valle, o vôlei é uma dessas exceções. Bom produto de marketing, atrai investidores. O futebol feminino, ao contrário, padece da indigência financeira. Outras modalidades idem.

Mas, e o futebol, com a enormidade de apelo que possui, por que não chega? Porque é tratado ainda pela visão primária de que Deus nos elegeu como os melhores do mundo e isto basta. Pois não basta mais, como outra vez ficou demonstrado em Pequim.

É fato que vivemos estágio muito melhor, com inconteste evolução. Mas, ainda estamos muito distantes de nos ombrearmos com as chamadas grandes potências. Do ponto de vista de preparação de gerações, ainda estamos no nível do amadorismo e na dependência de esforços pessoais. Assim, os resultados que colhemos não podem mesmo ser outros.

sábado, 9 de agosto de 2008

Tempo jogado fora

O PTB e, por tabela, o grupo governista, perdeu um mês de campanha eleitoral à espera de uma definição sobre a situação do vereador José dos Santos Moreno. Desde o início, todos sabiam que as chances de sucesso de Mogiano eram iguais a zero.

Estocado por uma condenação transitada em julgado, Mogiano ouviu conselheiros demais. Logo no primeiro momento, um reputadíssimo advogado de Campinas deixou claro que era um caso perdido.

Mogiano insistiu, o tempo passou e ele está fora da eleição. Fez um mês de campanha inútil. Quem o substituir vai ter que começar do zero. Afinal, não há ser humano capaz de transferir prestígio e votos integralmente.

O PTB vai sofrer sério prejuízo na composição da futura Câmara, por ter cometido um erro primário do ponto de vista de estratégia político-eleitoral. Mas, cada um amarra o cavalo onde quer, não é mesmo?

sábado, 2 de agosto de 2008

Carreiras em extinção

Costumo dizer que campanha eleitoral é sempre cruel. Não há limites. Digo, agora, que as eleições são cruéis. Produzem escassas alegrias e enormes decepções. É muita gente para poucas vagas, sendo 10 ou 17, no caso de Mogi Mirim.

Pois é. Nestas eleições, tudo vai se repetir. Com um adendo: algumas carreiras políticas vão ser encerradas. Em alguns casos, já poderiam ter terminado por deliberação própria. Como isso não aconteceu, será pela sentença das urnas. Ou, pela voz do povo, para usar o popularesco.

De tanto olhar o cenário, chego à conclusão de que o ambiente em que mais prevalece a teimosia é o da política. Muitos personagens não se dão conta do seu esgotamento e insistem, insistem, insistem.

Infelizmente, é rara a virtude do saber parar na hora certa. Tão rara que o maior exemplo vem do maior gênio que o futebol produziu em toda sua centenária história. Pelé foi sábio. Ao contrário de teimosos, que além de nada terem de gênio, ainda são burros.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Previsível

Pesquisas não são sentenças. Não são dados prontos e acabados. Fotografam determinado momento. Mas, é claro que os números revelados pela pesquisa encomendada por O POPULAR à Limite Consultoria são extremamente gritantes para não dizer que o prefeito Carlos Nelson está com a mão na taça.

Aliás, os números constatados confirmam a sensação captada pelo toque na pele. Há uma convicção forte nas ruas de que o prefeito levam uma grande vantagem. Pela soma de fatores. Pelo resultado de seu governo e pela fragilidade dos concorrentes.

Não se trata de dizer que os concorrentes são fracos em si. As circunstâncias os tornam pouco competitivos. Todas as três candidaturas – Mauro Nunes Junior, Ederaldo Moreno e Jarbas Caroni – se projetaram muito tardiamente.

Rigorosamente, Carlos Nelson não enfrentou oposição alguma em seu governo, exceto por manifestações isoladas, sem foco e inconseqüentes. A oposição não se construiu. Me dá a impressão de que todo mundo ficou esperando que, uma hora ou outra, Paulo Silva se decidiria a disputar. E o ex-prefeito se agarrou à recusa e dela não se despregou.

Os 60% de intenções de voto de Carlos Nelson se explicam, portanto. Navegou em céu de brigadeiro o tempo todo. Não houve liderança que tenha conseguido se contrapor ao prefeito e a seu governo, de modo a se viabilizar para a disputa.

Assim, a estrada à frente é plana e confortável para o atual prefeito. De todo modo, é sempre bom ter presente o velho axioma: em mineração e eleição, só se conhece o resultado depois da apuração.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Não se espantem

Não faz muito tempo que Severino Cavalcante foi conduzido à presidência da Câmara dos Deputados, um dos mais altos poderes da República. Do posto, o tosco político pernambucano só foi apeado em virtude de uma bobagem que praticou, numa relação promíscua com o concessionário do restaurante da Casa.
Ao longo dos tempos, as casas do Congresso Nacional já abrigaram figuras semelhantes. Fenômeno que se repete e, por conseqüência, se espalha por todo o país. E que não afeta apenas as casas legislativas, mas aos executivos também. Não são poucas, nesse Brasil imenso, as figuras simplórias erigidas a mandatárias máximas de seu povo.
Ora, quando a relação de candidatos à Câmara Municipal causa certos arrepios, pela inclusão de nomes que o jargão político qualifica como exóticos, não está ocorrendo nada que esteja desacordo com nossa história política. E, mais do que isso, nada que não seja reflexo da predominância do baixo nível de formação intelectual da sociedade como um todo, por decorrência das deformações eternas e até aqui incorrigíveis da educação.
De um jeito ou de outro, aqueles que são ungidos a candidatos correspondem ao que os partidos têm por dentro e ao que faz parte do chamado tecido social. Não somos uma Suíça. Somos o Brasil, com os nossos intelectuais, os nossos ignorantes e os nossos excêntricos. Arrisco-me a dizer, talvez para aumentar os arrepios de alguns pelos mais sensíveis, que a presença dos excêntricos em listas partidárias, de algum modo, significa fazê-los representar como segmento social. Ou vamos viver cobertos pelo eterno cinismo?
Por último, duas coisas. Se os exóticos são execrados, responsáveis são pela reação as agremiações partidárias, que os abrigam como filiados e os apregoam no leilão do “quem dá mais voto”. Descerebrados, movidos por interesses mesquinhos – com as exceções de praxe – os partidos “não estão nem aí”.
A segunda e última observação a fazer diz respeito à responsabilidade do eleitor. Disse certo político, certa vez, que nenhum parlamentar chega ao Congresso Nacional ungido pelo Arcebispo da Diocese. Nada mais perfeito. Ora, se um dos esdrúxulos, que tanto mal-estar causam, chegar à Câmara Municipal, a responsabilidade terá cabido, em última e irrecorrível instância, ao eleitor. E ponto final.

domingo, 13 de julho de 2008

Campanhas

É de modéstia franciscana o volume de recursos que Ederaldo Moreno e Mauro Nunes Junior vão dispor para a campanha eleitoral. Mas, nada tem de anormal. Em Mogi Mirim, historicamente sempre foi assim. Jarbas Caroni é a exceção, ao estimar em R$ 300 mil o custo de sua aventura.
Mesmo quando Paulo Silva se elegeu por duas vezes, suas campanhas não desfrutaram de fortunas. Vários fatores levam a isso, entre os quais a questão do estilo. Por aqui, a chamada “esquerda” parece nutrir certa ojeriza a dinheiro, mesmo que este seja insubstituível em qualquer atividade humana.
Às vezes dá certo, como deu com Paulo. Na maioria delas, não. É difícil tornar uma candidatura visível sem o uso dos recursos da propaganda. E propaganda não se faz sem dinheiro.
Na circunstância atual, entretanto, me parece outra coisa. Realistas quanto às chances, as oposições agem tipicamente como quem vai cumprir tabela. E, para isso, não é necessário muito. Ou, ao contrário, é suficiente o mínimo.

sábado, 28 de junho de 2008

Interminável

Só em uma hipótese acabarão os conflitos entre Carlos Nelson e a direção da Santa Casa: se o prefeito decidir intervir no hospital. Possibilidade não remota. Absolutamente concreta.

Quando falo em intervenção, penso que ela pode ser dar por uma de duas vias. A intervenção direta, por ato oficial, sob determinados pretextos que possam encontrar abrigo na lei.

Nesse caso, afastam-se os dirigentes e a Prefeitura assume a administração. Imaginem a que isso levaria. Mas, não riam da possibilidade, achando que enlouqueci.

A outra forma de intervenção seria a de, por ocasião da renovação dos mandatos da mesa dirigente, infiltrar um nome afinado com a administração, senão dela mesma oriundo.

Qualquer que seja a via, acho que é apenas uma questão de quando. Do contrário, caso Carlos Nelson se reeleja, serão mais quatro anos de entreveros.

Não descarto, por último, até uma chance de o prefeito pensar em um hospital municipal. Se reeleito, quatro anos serão tempo suficiente para construir e pôr em funcionamento.

domingo, 22 de junho de 2008

Quase replay

As eleições de Mogi Guaçu vão se caracterizar quase como um replay das anteriores. Estão na disputa o ex-prefeito Walter Caveanha (PTB), Daniel Rossi (PDT) e Geraldo Ferreira Gonçalves (PMDB).

Caveanha tenta o quarto mandato. Daniel Rossi faz a quarta tentativa de chegar à Prefeitura. Gonçalves também disputa o Executivo pela primeira vez, mas já é vice-prefeito de Hélio Miachon Bueno pela segunda vez. Miachon, por seu lado, cumpre atualmente o terceiro mandato na Prefeitura.

O vice de Caveanha é Cláudio Bueno Martini (PSDB). Cao, como é conhecido, é filho do falecido ex-deputado Miguel Martini, que foi vice-prefeito de Carlos Nelson, quando este administrou Mogi Guaçu pela segunda vez.

Daniel Rossi terá como vice o médico João de Barros Neto (PRB). O vice de Geraldo Gonçalves é o também médico Abrão Nohra Neto (PMDB), que foi secretário de Saúde no atual governo de Miachon Bueno.

Nos próximos dias, o PV deve oficializar a candidatura do médico Paulo Eduardo de Barros, o Dr. Paulinho, que terá como vice o vereador Marçal Georges Damião (DEM). Paulinho é filho do ex-vereador mogimiriano Ademar de Barros.

A novidade verde

Excluída a indicação de Flávia Rossi como vice de Carlos Nelson, a novidade no cenário político-eleitoral de Mogi Mirim terminou sendo o PV. Habituado a conduzir-se a reboque de outras siglas, bateu o pé e vai para a disputa.
É consensual no seio do próprio partido que não há chances de a empreitada obter sucesso. Não há estrutura, não há militância, não há mão-de-obra para a campanha, sem contar ter faltado trabalho de preparação prévia.
Tenho escrito que eleição não se ganha na véspera, mas muito antes. Já vi vencedores de véspera serem derrotados nas urnas. Então, só posso interpretar que a atitude do PV se destina a marcar posição e se fazer inserir no contexto partidário local.
É válido sob a ótica individual da sigla. Mas, só isso será insuficiente. Se, fechadas as urnas, os verdes se recolherem de novo ao silêncio e ao esconderijo, vão chegar à próxima com o mesmo tamanho e chances rigorosamente iguais.
No mais, tudo previsível. O PT está sempre lá. O PSB, desde que abrigou Paulo Silva, é presença obrigatória. De tão ululante, a candidatura situacionista dispensa abordagem. Seja pelo nome do candidato, seja pelo rosário dos partidos que a cortejam.
O que é novo, portanto? É o PV. Afinal, quem imaginava que o partido não engrossaria a fileira da oposição? Pois é. Vai empreender carreira solo.

sábado, 21 de junho de 2008

Conta-gotas

1A vereadora Márcia Rótolli ganhou a parada. Teve seu mandato confirmado no Tribunal Regional Eleitoral, onde o PDT foi bater para pedir a sua cassação. Sequer houve julgamento do processo, já que a parte proponente da ação perdeu prazo para apresentar as alegações finais. Em resumo, o PDT local perdeu excelente chance de aproveitar melhor seu tempo, se é que o utiliza para alguma coisa. Desconfio: não teria sido feito algum acordo lá por cima para esquecer o caso? Afinal, PDT e PT são aliados sob o guarda-chuva de Lula. Do contrário, foi mesmo incompetência dos recorrentes – leia-se PDT.

2Quem detém mandato habitualmente sai em vantagem na disputa eleitoral, comparativamente aos que estão de fora. De repente, duas vagas na Câmara estão abertíssimas com as desistências de Marilene Mariottoni e Jonas Araújo Filho, o Joninhas. São votos soltos por aí. Meto o bedelho: não desistiram por razões de fundo, por decisão brotada do fundo da alma. Decidiram por circunstanciais. Ambos ficaram acantonados. Ir para onde? Ora, ir para casa.

3Recebi de Fábio Augusto Mendonça, graduado em Matemática pela Unicamp e membro do PV, interessantes considerações acerca do que escrevi há uma semana, abordando a precariedade dos nossos partidos políticos. De fundamental, ela dá uma lição: não se muda um quadro desses por fora. É preciso mergulhar no interior, agir, participar, atuar, combater, brigar. “Minha conclusão mostrou-me que devemos nos aproximar o máximo possível da política e dos partidos políticos, a fim de sanar e contribuir para melhoria do que está incorreto”, afirma. Digo: é isso mesmo, professor.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Como Zagallo

A vereadora Márcia Rótolli de Oliveira Masotti ganhou a parada. Teve seu mandato preservado em julgamento no Tribunal Regional Eleitoral, onde o PDT foi bater para pedir a cassação da vereadora.
Eleita pela sigla trabalhista, mais tarde e ao cabo de intensas desavenças com o prefeito Carlos Nelson Bueno, Márcia filiou-se ao PT. O PDT pensou ter sido caracterizada a infidelidade. O Tribunal pensou diferente.
Resultado: o PDT perdeu duas vezes. Perdeu a cadeira na Câmara Municipal e a disputa na corte eleitoral estadual. Pela cabeça de Márcia talvez esteja passando a célebre frase de Zagallo: vão ter que me engolir.

domingo, 15 de junho de 2008

Espetáculo de horror!

No fim, vai dar os mesmos de sempre. Brasil, Argentina, Paraguai e Colômbia devem ir à Copa do Mundo. Mas, que coisa feia foram os jogos deste domingo.

A Argentina simplesmente sucumbiu ante o modestíssimo Equador e só se salvou do vexame maior além da hora. Deu sorte e se serviu da ingenuidade do adversário.

Agora, o Brasil, pelo amor de Deus. Que coisa horrorosa. Um monte de jogadores correndo de um lado para o outro, sem qualquer organização, sem qualquer inspiração e com um técnico atônito na beirada do campo, sem saber o que fazer.

Perdemos para um time que tem, como sua maior estrela, um jogador com profunda semelhança com um barril de chopp: redondinho, gorduchinho, como se parece o Cabañas.

Resumo da seguinte maneira: é nome demais para futebol de menos. Vamos sofrer muito para chegar à África do Sul.

sábado, 14 de junho de 2008

Nas mãos de poucos

Por mais próximas que sejam, cada cidade tem suas características e particularidades. Casos de Mogi Mirim e Mogi Guaçu, hoje quase um tecido urbano único.

Pois bem. Nos últimos 35 anos, a partir de 1973, Mogi Mirim teve seis prefeitos. Mogi Guaçu só três. Uma profunda concentração de poder e uma clara demonstração da falta de oxigenação do quadro político.

No período, Mogi Guaçu foi governada por Carlos Nelson, Hélio Miachon e Walter Caveanha. Em Mogi Mirim, tomaram assento na cadeira do Executivo Luiz Netto, Ricardo Brandão, Romeu Bordignon, Jamil Bacar, Paulo Silva e Carlos Nelson.

E quem, entre outros, está na disputa nas duas cidades. Walter Caveanha em Mogi Guaçu e Carlos Nelson em Mogi Mirim. Dependendo do que aconteça, nada mudará nas duas cidades sob o ponto de vista de rotatividade de nome.

Se Caveanha e Carlos Nelson vencerem, continuarão sendo três em Guaçu e seis em Mirim. Será que eu não tenho razão quando sinto falta de interesse de lideranças, ou cidadãos simplesmente, das duas cidades por governar sua terra, oferecer contribuição aos seus conterrâneos?

Não é um fenômeno normal. Não é também exclusividade das duas cidades. E por isso mesmo é intrigante. Demonstra generalizado e crescente desinteresse pela atividade política, que vai se concentrando em poucas mãos. O mais grave: não há sinais no horizonte.
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Corrigido. De fato, omiti o nome de Ricardo Brandão.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Abaixo do rabo

Os partidos políticos desfrutam de um nada invejável estado de desmoralização. Eles não são confiáveis para 88% dos brasileiros, conforme revela o Barômetro de Confiança nas Instituições Brasileiras, da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

O levantamento foi feito pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas). Entre 17 instituições avaliadas, os partidos políticos aparecem em último lugar. É o pódio ao inverso.

Basta isso como informação para consolidar minha convicção de que, rigorosamente, não temos partido político algum. Temos sim um emaranhado de organizações que não cumprem minimamente suas finalidades e apenas servem a interesses grupais.

Ora, jamais será possível melhorar a gestão pública e a representação popular se os partidos políticos continuarem sendo, no conjunto, essa casa de tolerância, essa zona de meretrício em que se configuram.

Eu sempre defendo que, se a população é mal representada por políticos ruins, insinceros, incapazes e desonestos, dela é a responsabilidade pela escolha. O eleitor pouco usa o filtro que tem em mãos.

É fato também – e fundamentalmente relevante – que os nomes oferecidos pelos partidos são de tão má qualidade que se torna difícil filtrar, excluindo os indesejáveis. Sobram pouquíssimas alternativas.

Em resumo, as agremiações partidárias estão, sob o ponto de vista de reputação, abaixo de rabo de cachorro. O que explica muito, mas muito, porque o Brasil é do jeito que é.

sábado, 7 de junho de 2008

Foi fatal

Em 26 de novembro de 2007, o presidente do PTB, José Antonio Scomparin, afirmou com todas as letras que o partido se julgava no direito de indicar o vice de Carlos Nelson para as eleições deste ano.

“Agora, é a nossa vez”, afirmou na ocasião. O argumento era o de que, na eleição anterior, em 2004, o PTB abriu mão da posição em favor de Romeu Bordignon, para agregar o PMDB à coligação.

Em conversas reservadas, fontes petebistas sempre consideravam que o partido foi decisivo para a eleição de Carlos Nelson à Prefeitura. Mais: julgavam mesmo que, sem o PTB, o ex-prefeito de Mogi Guaçu não teria sucesso naquela eleição.

Faltou ao PTB a compreensão de algumas regras da política. A principal delas: ninguém é coisa alguma de véspera. A segunda: posições não caem no colo pela força da gravidade. E a última: em política não há direito, mas conveniência.

Pela conduta antecedente e por cultivar um sonho que, constata-se agora, era absolutamente irreal, o PTB foi o partido que saiu mais chamuscado da decisão que elevou Flávia Rossi à condição de vice de Carlos Nelson.

O partido foi com excessiva volúpia ao pote e o quebrou. Além de ter operado com uma ingenuidade de guri. Pagou o preço, o duro preço da decepção. E nada tem a cobrar, desde que jamais se soube haver compromisso de Carlos Nelson ou do grupo de que o vice seria do partido. O açodamento foi fatal.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Como ele queria

Eu sempre desconfiei que seria do jeito que foi. E a algumas pessoas que toleram me ouvir, cheguei a afirmar: o vice vai ser quem o Carlos Nelson quiser.

Para mim, havia dois entre os quais o prefeito gostaria de escolher o vice: Gerson Rossi e Sidney Carvalho. Não listava Flávia Rossi, ainda que Carlos Nelson sempre tenha admirado o trabalho dela na Educação.

A escolha me surpreendeu pelo nome. Ultimamente, via Gerson fora da disputa, queimado na fogueira que ardeu entre dirigentes de partidos da base. Apostava em Sidney. Errei.

Não errei na minha suspeição. Carlos Nelson armou a cena de que o vice, não sendo Romeu Bordignon, seria alguém que emergisse do consenso da base. Consenso que sabia impossível.

Digo mais: Carlos Nelson sorria por dentro com as estripulias dos aliados, incapazes de se entender. Cada trapalhada que se sucedia punha a decisão cada vez mais em suas mãos.

Carlos Nelson sabia que chegaria o dia de dizer aos mal-comportados pupilos: “já que vocês não entram em acordo, o escolhido é...”. Suspeito que foi mais ou menos assim.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

É por aí, doutor!

A liminar que sustou o início da construção dos 433 apartamentos do Jardim Linda Chaib caiu. O Tribunal de Justiça acolheu agravo de instrumento apresentado pela Prefeitura, suspendendo a liminar concedida pela juíza Cláudia Regina Nunes em ação da promotora Cristiane de Souza Hillal.

A obra está liberada, ainda que o mérito a ação ainda dependa de julgamento. Tudo muito simples, tudo dentro dos “conformes”. Questões judiciais se discutem na esfera judicial, não em microfone de rádio.

Carlos Nelson se precipitou ao mover sua bazuca contra a juíza e a promotora. Cada qual fez o que melhor lhe aconselhou sua consciência. Assim como agora o Tribunal. E a Corte Estadual não decidiu por saber que o prefeito andou bravo por aqui.

Apenas achou incabível a decisão liminar de primeira instância. Decidiu mansa e calmamente, como devem agir todas as pessoas incumbidas de responsabilidades públicas. É por aí, caro doutor!

sábado, 31 de maio de 2008

O ex-Robinho

Logo ao ser contratado pelo Santos, Robinho tomou uma decisão. Não é mais Robinho. Quer ser chamado de Robson. Justificativa: evitar comparações com o Robinho do Real Madrid, aliás revelado pelo mesmo Santos.

Na verdade, o evitar comparações tem outro nome: é medo. Medo de comparações, nas quais obviamente jamais será conhecido tanto ou mais talentoso que o homônimo famoso.

Além de achar que a atitude de Robinho é uma bobagem, acho que revela também absoluta falta de personalidade. E não esconde certo menosprezo pelo Mogi Mirim.

Aqui ele sempre jogou como Robinho, sem qualquer preocupação com as comparações. Só pode ser por considerar que o Mogi é clube de segunda categoria, sem expressão, sem repercussão, escondido.

Realisticamente, não dá mesmo para comparar o Santos e o Mogi. Há enorme distância entre ambos, o que é da natureza do futebol, que tem os grandes e os pequenos. Mas, daqui saiu, para ficar no mais expressivo exemplo, o festejado Rivaldo, já eleito o melhor do mundo pela Fifa.

Rivaldo não precisou de subterfúgio algum para fazer sucesso. Foram bastante o inato talento e a personalidade.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

É bom número

Não é correto afirmar que a aprovação da Emenda Constitucional do deputado Pompeo de Mattos aumenta em oito mil o número de vereadores no país. Na verdade, repõe vagas extintas.

Penso que agora se faz melhor justiça e se adota melhor critério de representatividade que aquele fixado pelo TSE e convalidado constitucionalmente pelo Supremo Tribunal Federal, em 2004.

Diga-se, aliás, que o TSE só meteu sua colher no angu exatamente porque o Congresso não cumpriu sua obrigação e muitas câmaras espalhadas pelo país andaram abusando da liberdade de decidir.

Para Mogi Mirim, 17 é um bom número. Corresponde a um vereador para pouco mais de cinco mil habitantes. Creio ser razoável. É número capaz de melhor abrigar as correntes de pensamento da população, por mais que isso seja teórico e relativo.

O número é uma coisa. A qualidade da representação é outra. E esta fica condicionada à vontade do eleitor. Vereadores não são ungidos, são eleitos. Sendo assim, o eleitor sempre tem os vereadores que merece.

terça-feira, 27 de maio de 2008

17 vereadores

O primeiro passo para Mogi Mirim voltar a contar com 17 vereadores, a partir de 1 de janeiro de 2009, foi dado na noite desta terça-feira, dia 27, no Congresso Nacional.

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno, por 419 votos a 8 e 3 abstenções, novos limites para o número de vereadores, de acordo com o tamanho da população de cada município.

A medida está contida da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 333, de 2004, do deputado Pompeo de Mattos, do PDT do Rio Grande do Sul. A votação do segundo turno da PEC ainda não foi marcada. Depois disso, a Proposta de Emenda Constitucional ainda precisará ser votada pelo Senado até 30 de junho.

Mogi Mirim está na faixa de 70 mil a 100 mil habitantes. Municípios com esse contingente populacional terão direito de eleger 17 vereadores já em 5 de outubro deste ano.

Como possui mais de 100 mil habitantes, Mogi Guaçu terá direito a 19 vereadores.

Desde 1 de janeiro de 2005, Mogi Mirim possui 10 vagas na Câmara Municipal. Em Mogi Guaçu, são 11.

sábado, 24 de maio de 2008

Vazio não ocupado

Ninguém é insubstituível, certo? Certo. Mas, algumas pessoas fazem muita falta e deixam vazios impreenchíveis. Jorge França Camargo é um desses casos. Está fazendo muita falta à cidade.

França reunia duas virtudes: a competência e a capacidade de moderação. Era um ponto de equilíbrio na política local, com suas ponderações e seus conselhos. Todos os prefeitos que com ele conviveram exploraram o conhecimento de Jorge França, que por décadas conduziu administrativamente a Câmara.

Era possuidor de orgulho pelo Legislativo e pela Casa tinha zelo extraordinário. Ficava incomodado nas circunstâncias em que a Câmara era submetida a situações desconfortáveis. Insistentemente instado a se candidatar à Prefeitura, manteve sempre o “não” na ponta da língua.

O que está faltando na política local, já há algum tempo, é exatamente o ponto de equilíbrio que França conseguia estabelecer. Hoje, todo mundo quer pôr fogo no barraco para tirar proveito.

Não há moderação, ponderação, conselho. E não há por não ter existido, pós-França, ninguém que reunisse as suas virtudes e possuísse igual estatura moral e respeito incondicional. Daí ser o caso de dizer que, como nenhum voluntário preencheu o vazio, Jorge França Camargo está sendo insubstituível.

Fora de moda


O senador Jefferson Péres, do Amazonas, era a típica figura fora de moda da política nacional. Na contramão dos que fazem da política o instrumento para levar vantagem, mantinha irrenunciavelmente seus princípios.

Tornou-se, por isso mesmo, uma voz isolada dentro do Senado da República. Um teimoso sonhador. Um renitente defensor dos valores éticos e morais. Um político, em resumo, que enobreceu a função.

Jefferson Péres foi um raro exemplar no universo de uma fauna de aves de rapina, que erodem o erário público e devoram vorazmente o dinheiro do contribuinte brasileiro. Daqui por diante, salve-se quem puder, porque o velhinho rabugento, incorrigivelmente honesto, não estará lá para exercer vigilância.
FRASE

“Em meio a tantos homens de bens, foi-se um homem de bem. Tinha a petulância da honestidade”.

Frase do jornalista Josias de Souza
, no texto “Jefferson Péres: ‘Não sei se agüento isso até 2010”. No Blog do Josias. http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

Ética rasgada

O Barão Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos, cunhou a frase de que “o importante é competir”. Mais do que uma frase, é um conceito. Sei que está fora de moda, nestes tempos de extremo profissionalismo do esporte, transformado em ambicionado produto econômico.

Na verdade, o conceito tem profundo conteúdo ético. A ética é um componente indissociável na prática do esporte, como o é em qualquer atividade ou relação humana. A ética manda que toda competição seja disputada com lisura.

Evidentemente que não foi o que Mogi Mirim e Oeste fizeram no jogo invalidado pelo Tribunal de Justiça Desportiva. Interessava a ambos o resultado daquela hora, o procedimento adotado é recorrente, com vários exemplos históricos. Mas, feriu a ética.

Não foi uma disputa executada com lisura. Aos mogimirianos, como eu, interessava obviamente que o Mogi subisse, seja lá por que forma fosse. Ignorar que o procedimento foi no mínimo duvidoso, sob o ponto de vista ético, é aceitar que a vida é um vale tudo e dar um pontapé nos valores morais, que devem estar presentes em toda situação.

Para ser sincero, acho que até ficou barato o resultado do julgamento, que só anulou o jogo fraudado e mandou realizar outro. Um resultado em que só o Mogi saiu perdendo, uma vez que tinha vaga assegurada e precisou disputá-la de novo. O Oeste já estava garantido. Sei não, mas que ficou no ar o sinal de alerta.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Terreno minado

O Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo pariu uma belíssima de uma encrenca, ao anular a partida entre Mogi Mirim e Oeste, realizada no dia 3, que terminou num zero a zero mais do que conveniente para ambos, determinando que voltem a campo.

Rejeitaram a preliminar defendida por São Bento e Atlético, que pleiteavam, pela via da eliminação de Mogi e Oeste, as vagas na divisão principal em 2009. Eliminação, num sentido amplo, seria a exclusão dos acusados dos quadros de filiados da Federação.

O Tribunal ficou com a tese de que os dois times fizeram mesmo um jogo de compadres a partir do momento em que o Atlético passou a ganhar do São Bento. O episódio não é novo. Que eu vi, Mogi e Novorizontino fizeram isso pelo menos uma vez, aqui mesmo. Na ocasião, passou em branco.

Jogo arrumado já aconteceu aos milhares. Meus contemporâneos não terão se esquecido de que, para salvar o Palmeiras do rebaixamento, o Guarani escalou um jogador irregular, em partida entre ambos, lá pelos anos 60. Assim, o Palmeiras já entrou em campo salvo da degola.

A partir da decisão do TJD, há um terreno minado à frente dos times de futebol. Uma zona perigosa onde será preciso muito cuidado para pisar. Num deslize semelhante ou diante de uma desconfiança, o risco será enorme. Se, bastando-lhe apenas o empate, um time entrar na retranca, poderá ser acusado de fraudar a ética da prática esportiva? Sei não...

domingo, 18 de maio de 2008

Um saco!

Assistir televisão domingo à noite virou um saco. Se não fosse pela intolerável e esganiçada voz de Paulo Henrique Amorim, não se perceberia estar assistindo ao Domingo Espetacular e não ao Fantástico.

Aliás, o Domingo Espetacular só não se chama “Fantástico-2” porque ficaria muito chato. O nome Domingo Espetacular não deixa dúvida quanto ao esforço de fazer a mesma coisa.

Os programas esportivos, por sua vez, foram transformados em espetáculos circenses. É gente de todo tipo fazendo os tipos mais diferentes, quando não bizarros. Gastam preciosos minutos a discutir se o árbitro acertou ou errou.

Só se esquecem que os árbitros não desfrutam do privilégio de ter uma tela de televisão na frente, repetindo as imagens à exaustão. É um tremendo esforço para criar polêmica. Falsas polêmicas.

Quanto à análise do desempenho dos times e dos técnicos, nada. Absolutamente nada. De que jeito jogou tal time? E o adversário? Que planejamento tático adotou? Em que um foi superior ao outro?

Nada. Absolutamente nada. Talvez por uma razão fundamental: os que se apresentam como especialistas não entendem nada do assunto, senão o trivial. Caramba, é por não entender que me interessa ver os programas. Por querer me esclarecer, aprender. Inútil. Desisto.

Questão de fundo

A manifestação da promotora Cristiane Hillal, sobre o projeto dos apartamentos do Jardim Linda Chaib, é a primeira que toca no que eu chamo de questão de fundo da administração.

Questiona aspectos de profundidade. Haverá infra-estrutura suficiente para atender às necessidades das novas famílias a serem abrigadas no bairro? Há planejamento para dotar o local dessas condições essenciais? São perguntas pertinentes sob o ponto de vista urbanístico e social.

Ora, já lá se vai praticamente o governo inteiro de Carlos Nelson e jamais, em momento algum, por voz alguma, se ouviu abordagem dessa natureza, em especial de parte de quem é investido de mandato – no caso os vereadores – e de quem se investe da condição de liderança político-partidária.

Fora desse círculo em que a promotora põe a discussão, nada se debateu. As abordagens acerca da administração são feitas a partir de razões político-eleitorais e de humores pessoais, quando não até mesmo de ódio. O fato, pura e simplesmente, é o seguinte: a chamada classe política não enxerga nada.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Guilhotina

Ainda estão encrencadas no Tribunal Superior Eleitoral as discussões sobre a resolução da Corte, que trata das contas de campanhas eleitorais de candidatos. O assunto interessa diretamente ao prefeito Carlos Nelson Bueno.
A resolução de fevereiro ampliou as restrições à concessão de quitação eleitoral para que pretendentes possam disputar as eleições. Antes, era vetada a concessão da quitação, que impede o pretende de disputar mandato, nos casos em que estes não apresentassem prestação de contas da campanha anterior ou o fizessem fora dos prazos.
A decisão deste amplia o veto aos candidatos que tenham suas contas eleitorais rejeitadas. A discussão é a seguinte: o novo dispositivo alcança quem teve contas rejeitadas da campanha eleitoral de 2004, os quais estariam impedidos de concorrer agora em 2008? Dois ministros consideram que a resolução de fevereiro produzirá eficácia a partir da eleição deste ano. Assim: após as eleições de outubro próximo, quem não apresentar contas, o fizer fora do prazo ou as tiver rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do respeito estado, estará inapto para disputar a eleição seguinte.
Por que interessa a Carlos Nelson? Porque ele teve suas contas eleições de 2004, quando se elegeu prefeito, rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. Circunstância em que a lâmina da guilhotina ameaça seu pescoço.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Água no chopp

Se estava sendo armado um cenário para a visita do governador José Serra, agora em junho, para vistoriar a obra dos apartamentos do Jardim Linda Chaib, a liminar obtida pela promotora Cristiane de Souza Hillal pôs água no chopp.
Inevitavelmente, o início da obra vai atrasar A menos que a Prefeitura e a CDHU, individualmente ou em conjunto (nem sei se isso é possível) obtenha reversão no Tribunal de Justiça.
Acho, por outro lado, que necessariamente a decisão não afeta o governo municipal pelo aspecto político. É obra para 2009. Mas, é uma pedra no sapato, que a Prefeitura terá que gastar tempo e energia para remover.

sábado, 10 de maio de 2008

Traumas

Estive me lembrando, estes dias, de situações que a cidade viveu em tempos próximos ou remotos, as quais criaram certo trauma nos mogimirianos. Trato do tema a propósito do projeto do shopping no Morro Vermelho, onde deveria ter sido erguido o Baradah.

Minha memória rodopia e retorna à década de 70. Ao cabo de demoradas negociações, a Chrysler adquiriu extensa área à margem da Rodovia SP-340, onde instalaria uma fábrica de caminhões.

O negócio fracassou em face de crise que afetou a matriz norte-americana da multinacional e jamais alguém guiou um caminhão montado em Mogi Mirim. De grande calibre, o episódio seguinte foi o do próprio Shopping Baradah, que terminou se transformando no que a verve popular apelidou de ‘paliteiro’.

Mais recentemente, entre o final da década passada e a atual, foi vendida a expectativa de que aqui se instalariam uma usina termelétrica e um monstruoso empreendimento que incluía um aeroporto com pista de quilômetros. Os projetos mobilizariam alguns bilhões de dólares em direção a Mogi Mirim. E na época o dólar estava robusto, não raquítico como hoje.

Esses episódios foram deixando seqüelas, que se transformaram em traumas. Sempre que se acena para a cidade com algo portentoso, há um mineiríssimo clima de desconfiança. Será que não é outro megaempreendimento? Aos meus ouvidos, essa pergunta tem soado recorrentemente quando a conversa gira em torno do shopping a ser erguido na beirada da ligação com Mogi Guaçu.

No caso presente, o empreendedor desfruta de gigantesca reputação no ramo, titular que é de negócios semelhantes, e de maior porte, em vários pontos do país. No caso da Chrysler não era diferente, mas os ventos mudaram de rumo e o projeto foi varrido para o infinito.

Estimo que não suceda o mesmo. E torço para a concretização do projeto. Mas, me confesso incapaz de convencer a uma só pessoa que seja, entre as que põem o pé atrás, de que devem acreditar. A sensação que capto é de que, diante dos precedentes, o mogimiriano se recusa a correr o risco de passar por bobo de novo. Esgotou sua cota. Virou São Tomé.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Vazio impreenchível

A morte de Wilson Fernandes de Barros naturalmente deixa um vazio. No âmbito da família, no setor empresarial, na sociedade e, particularmente, no Mogi Mirim. Afinal, ele conduziu o clube por mais de 25 anos com mãos fortes.
Percebi nas ruas, em conversas aqui e ali, que o vazio aberto no comando do Mogi gera um temor. O que será do futuro do clube? Quem vai sucedê-lo? Haverá uma convocação à forças sociais e econômicas para dar continuidade ao projeto?
Risco não vejo. Até porque, claramente Wilson já vinha preparando os filhos, entronizando-os gradativamente na gestão do Mogi Mirim. Já é uma garantia. Além do mais, quero crer que a família, até por homenagem, vai honrar o legado do patrono.
A hipótese que ocorre é de que o modelo de gestão possa sofrer alguma alteração. Talvez uma abertura à parcerias, buscando a injeção de recursos para a sustentação do clube. Ainda mais agora que irá disputar a divisão principal de São Paulo.
O vazio aberto com o desaparecimento de Wilson jamais será preenchido porque ele era único no estilo. Ele será sucedido. Isso sim. Sempre com louvores à sua memória. A história, todavia, será outra. É o que penso.

sábado, 3 de maio de 2008

Feliz por errar

Previ aqui, num comentário anterior, que caminhávamos para continuar vendo o Mogi Mirim na segunda divisão paulista. Errei. Felizmente errei. O Sapo está na elite e, em 2009, deve receber pelo menos dois dos times grandes estaduais.

O jogo foi sério até os dois times saberem que o Atlético vencia o São Bento em Sorocaba. Aí virou uma coisa de compadre. Bola pra cá, bola pra lá, o tempo passando e as duas equipes se garantindo. O zero a zero serviu a ambos.

Não é a primeira vez que isso acontece no futebol. Já vi outras vezes. Há na história um célebre jogo entre o Mogi e o Novorizontino, no então ainda “Vail Chaves”, em que as duas equipes fizeram a mesma coisa.

Pode ser moralmente condenável, do ponto de vista da fraude ao torcedor. Ele vai ao estádio para ver futebol, espetáculo. Mas, como resistir? Se era conveniente, como não fazer? Coisas de regulamento.

Mas, independente disso – porque não vejo fórmula que consiga evitar procedimento semelhante – é coisa mesmo do futebol. Como disse Argel, os times entraram de chuteiras, meias, calções, camisas e o regulamento embaixo do braço. Azar do São Bento.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

O crime perfeito

A morte da menina Isabella foi o típico crime perfeito. Explico: não perfeito no sentido de se tornar impossível de ser desvendado. A autoria parece clara. E assustadora.
Foi o crime perfeito para a mídia televisa paulistano-brasileira. Num bairro da maior cidade da América Latina, envolvendo uma família de classe média e num cenário improvável para o grau da brutalidade.
Sem dúvida, um caso de enorme repercussão por todos os aspectos. Como é habitual, diante de um enredo dessa natureza a televisão é cruel. As minúsculas gotas de sangue que o caso deixou são consumidas com voracidade. Por horas e horas de programação.
Datenas e outros exemplares dessa fauna, que se banha de notoriedade nas águas avermelhadas das tragédias, gritam, gesticulam, espetacularizam o episódio. Do outro lado, milhões de curiosos mórbidos quase enfiam a cara dentro da televisão para tentar visualizar as vísceras da tragédia.
Não sei o que estará sendo mais trágico. Se a crueldade da morte da menina ou a crueza com que as redes de televisão exploram o caso. Aliás, com sucesso. A audiência dos telejornais subiu mais de 40%, desde que o corpo indefeso de Isabella tocou, fazendo um ruído seco, o gramado fronteiriço ao edifício de onde foi lançada.
Fosse Isabella uma menina de vestidos rotos, filha de família miserável, moradora num milhões de rincões incrustados no imenso território do país e estaria esquecida, sem defensores, sem falsos indignados, substituída nas manchetes das redes televisas por amenidades como o uso do cartão corporativo do governo para a compra de tapioca.
Caprichoso, o destino se incumbiu de oferecer à inescrupulosa maneira como a televisão é manipulada o crime perfeito.

sábado, 26 de abril de 2008

Olha ela aí!

A longa cervejada de sexta para sábado, recheada de conversas sobre política, me convenceu de que a ex-vereadora Maria Helena Scudeler de Barros tem chance de ser a vice de Carlos Nelson.
Isso põe mais pimenta no molho do grupo governista. O PTB se acha convencido de que indicar o ocupante do posto. Guarda cartas na manga. Vai jogar sobre a mesa a perspectiva da transferência de uma montanha de dinheiro da União, por obra do deputado Nelson Marquezelli.
Todos os outros partidos da base querem a posição. Vozes tucanas defendem ardorosamente a chamada chapa pura. Maria Helena seria o nome, levando o patrimônio de votos que reuniu durante dois mandatos como vereadora e uma candidatura à Prefeitura. Se acontecer, não me surpreenderá.

Mais um ano

Tudo se encaminha para que o Mogi Mirim curta mais um ano na segunda divisão paulista. Na hora “h”, o time está negando fogo. Resta uma chance: vencer o São Bento em Sorocaba. Fora disso, é morte.
Será preciso uma avaliação profunda para explicar o que aconteceu. Desde que chegou, Argel pôs o Sapo nas nuvens. Classificou o time com folga. Aí, entrou na descendente.
Tudo indica, portanto, que o semestre está perdido. Mas, o pior é o que está por vir. O inevitável desmanche da equipe e o eterno ‘começar de novo’. O preço da queda está sendo muito alto e o tempo para saldá-lo muito demorado.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Saciando o espírito

posições contrárias ao investimento feito para a construção do Espaço Cidadão. Sinceras e oportunísticas. Mas, faz parte. Para mim, foi uma belíssima tacada.
Revitalizou uma zona degradada da cidade, com forte conteúdo histórico. Gerações e gerações, como a minha, embarcaram e desembarcaram na estação da velha Mogiana. Pelo local circulou boa parte da riqueza de Mogi Mirim.
Se isso não é importante, não sei mais o que é. Mas, tem outra coisa. O ser humano é constituído de matéria e espírito. Precisa conservar a matéria através da satisfação das necessidades fisiológicas naturais. Precisa para se sentir bem.
Mas, precisa também do alimento para o espírito. Divertir-se, rir, emocionar-se são alguns desses alimentos. E a obra inaugurada nesta segunda-feira, 21 de abril – aliás com absoluto esquecimento do personagem da data, Tiradentes – cumpre a esse mister.
Os sambódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo são exemplos típicos. O povo comparece e de lá sai feliz. Que, suponho, tenha acontecido no Espaço Cidadão. Se capitaliza em favor de quem fez, pouco me importa.
Eu nunca fui simpático a Brizola, mas não nego à sua memória a homenagem pela obra do sambódromo, ainda mais com a assinatura de Oscar Niemeyer. Em resumo, nota 10 para o Espaço Cidadão. Até acho o nome bobo, sem criatividade, popularesco. Mas, bato palmas para a obra.

domingo, 20 de abril de 2008

As batatas

Sob o aspecto de regulamento, o campeonato do Rio de Janeiro é mais justo que o Paulista. É disputado em dois turnos. Os campeões de cada turno fazem a decisão. Teoricamente, apura-se melhor que for o melhor.
Em São Paulo, os times fazem um turno único, corrido, sem a chamada ida e volta. Já é injusto por aí. Eu sei que é problema de calendário. Além disso, São Paulo tem 20 times na divisão principal.
Mas, o fato é que, terminado o tal turno corrido, o ‘campeão’ – aquele que somou maior número de pontos, o que é um reflexo de competência – vai para uma disputa com outros três.
O que aconteceu? O Guaratinguetá foi o melhor do campeonato. Aí, entrou em disputa com o último dos quatro classificados e foi eliminado. Nadou, nadou e morreu na praia. Pelos meus conceitos de lógica, o Guaratinguetá foi punido por ser o melhor. Ao melhor, portanto, as batatas.

sábado, 19 de abril de 2008

O preço do silêncio

Não há crime algum, nem escândalo, no fato de o prefeito ser remunerado. É assim em todos os municípios. É assim em Mogi Mirim. Todos que exerceram o cargo sempre foram remunerados.
O que pegou no caso do prefeito Carlos Nelson Bueno foi o erro da proclamação anterior, de que nada recebia dos cofres municipais, e o silêncio a partir do momento em que decidiu receber os subsídios a que tem direito.
É importante assinalar que, antes de ter sido um ato de vontade, trabalhar de graça, como o fez no início do governo, derivou do veto ao acumulo de duas remunerações. Longe esteve, portanto, de ser uma atitude de generosidade, que Carlos Nelson até poderia praticar, já que é absolutamente independente do ponto de vista econômico.
O princípio da transparência no exercício do mandato eletivo, indispensável em todos os níveis, recomendava que fizesse comunicação pública acerca do fato. Era uma questão de satisfação aos cidadãos.
Não o fez e recebeu, de uma vez só, o acumulado de meses, redundando na bolada de R$ 200 mil. A revelação da vereadora Márcia Róttoli pintou o caso com tintas de escândalo unicamente em virtude do silêncio do prefeito.
Diz um ditado que uma mentira pode prevalecer por muito tempo, mas não por todo tempo. Na política ocorre precisamente o mesmo. Podem-se guardar certos segredos por muito tempo, mas não para sempre. Seguramente, Carlos Nelson vai pagar o preço.

domingo, 13 de abril de 2008

Cida Pereira

Sobre Aparecida Pereira, todos que a conheceram poderão defini-la das maneiras mais diversas. A única coisa que dela não se poderá dizer é que, no exercício do mandato de vereadora, tenha se movido pela maldade em algum instante ou defendido interesses e princípios não nobres.

Era uma mulher gentil, educada e me parecia sinceramente empenhada em melhorar a vida dos cidadãos. Era o que chamo de vereadora comunitária. A sigla era detalhe. Foi PSB, deixou o PSB e entrou no PDT por isso.

Cida precisava da proximidade com o governo municipal para poder tornar concretas as reivindicações que recebia de sua comunidade. Só por isso. Não tenho conhecimento de favores pessoais, empregos ou coisas do gênero com que tenha se beneficiado.

Não é preciso escrever muito para descrever a Cida do Postinho, como sua vizinhança a conhecia. Basta dizer apenas uma coisa: era uma alma boníssima. Merece, portanto, todo o nosso respeito. Terá a nossa saudade. A saudade que só deixam as pessoas com alma semelhante à de Cida.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

As horas

O quadro oposicionista parece definido. Claro que há margem de tempo para refluxos e coisas tais. Parece difícil. Hoje, portanto, é certo que os opositores do atual governo municipal vão mesmo empreender carreira solo. O PV com Ederaldo Moreno, a coligação PSB-PT com Mauro Nunes Júnior e o PP com Jarbas Caroni.
Para quem precisa correr atrás, digo que o tempo é certo. A oposição não pode mesmo ficar à espreita, olhando por frestas a ação de seu alvo principal, que é o prefeito Carlos Nelson Bueno. Tem longa estrada a percorrer e, para chegar ao destino sem atraso, o que mais tem a fazer é gastar sola de sapato.
É muito perigoso avançar prognósticos sobre resultados de eleições, mas a temperatura medida na pele sinaliza para um páreo entre competidores desiguais. A oposição foi omissa e tardia e, talvez por isso, venha a pagar o preço. Isto, todavia, é outra conversa. Agora, definidas as bitolas contrárias ao status quo, voltam-se os holofotes exatamente para o Paço Municipal.
Afinal, que será o vice de Carlos Nelson? Bordignon? Gerson Rossi? Cirvidiu? Sidney Carvalho? Rogério Esperança? Ricardo Brandão? Fábio Mota? José Antonio Scomparin? Vejam que, num breve correr de dedos pelas teclas, listei oito nomes. Quase que cada um de uma das siglas que dão alicerce ao prefeito.
Romeu Bordignon resolveria tudo e não se falaria mais no assunto. Ao que se supõe, porém, não há uma palavra definitiva do vice-prefeito em acompanhar Carlos Nelson de novo. Ora, se a oposição se pôs a campo com a antecedência que me parece adequada, tarda a situação em decifrar seu enigma.
Por que? Penso na hipótese de que a escolha do vice de Carlos Nelson não se fará sem produzir feridas. Há muitos interessados e muitos interesses em jogo. Interessados e interesses restarão contrariados, produzindo as tais feridas. Como toda doença, essas previsíveis feridas precisarão ser tratadas com o remédio apropriado e no tempo preciso. O menosprezo à sua importância é perigoso. Pode dar origem a uma gangrena e resultar na perda do membro adoecido.
Carlos Nelson não é neófito e, portanto, está inteiramente à vontade para desdenhar olimpicamente estas considerações. A despeito disso, me atrevo a concluir que está demorando a decidir. Até porque, no final das contas, é ele mesmo quem vai decidir. E, quanto mais cedo, mais tempo para aplicar os curativos e cicatrizas as feridas.

terça-feira, 8 de abril de 2008

No que pensaram?

Os postos de saúde de Mogi Mirim ficaram fechados na segunda-feira, dia 7, para que todos os servidores do departamento participassem de um seminário. Um absurdo, como já escrevi antes.
O assunto foi antecipado em manchete por O POPULAR, na edição de sábado, dia 5. A Câmara Municipal se reuniu em sessão ordinária na noite de segunda-feira. Nem um só vereador deu um pio sobre o assunto. Nem aqueles que exercem marcação crítica à administração municipal.
Nas conversas que mantive com inúmeras pessoas, inclusive médicos, todas consideravam reprovável a decisão da Prefeitura. Alguns até consideraram que o ato foi desrespeitoso para com a população. Os vereadores, representantes da população, não pensaram no assunto. No que pensaram?

O Brasil

Algumas coisas têm extraordinário simbolismo e uma enorme capacidade de decifrar o pensamento social. Pesquisas recentemente divulgadas revelam constatações muito interessantes.
O presidente Lula desfruta de uma aprovação pessoal anormal. O seu governo não. Não é contraditório? A reputação das instituições está em patamar baixíssimo. No caso do Congresso, preocupante. É contraditório. Quem elege deputados e senadores é a população, a mesma que devota pouco respeito ao Congresso.
É claramente perceptível que os escândalos e denúncias diariamente retratados pela chamada grande mídia não sensibiliza a população. O povo não está dando a mínima para mensalão, cartão corporativo, dossiê e coisas do gênero.
Concluo que ou estamos vivendo um estado de absoluta letargia ou o povo está mesmo feliz, vendo TV de plasma e falando adoidadamente no celular. E quer que o resto exploda. É uma larga e pavimentadíssima estrada para o terceiro mandato de Lula.

domingo, 6 de abril de 2008

Boa sorte!

O Mogi Mirim perdeu na hora certa. Caiu diante do Monte Azul, neste domingo, dia 6, quando já não fazia a menor diferença. O técnico Argel preservou alguns titulares e fez suas experiências.

O que ficou na cabeça de muitas pessoas foi o seguinte: não haveria o risco de a derrota contaminar o time? Isto é, quebrar o equilíbrio e a harmonia psicológica na hora crucial da competição?

Penso que não. O grupo pode até não ter a experiência suficiente – como não tem mesmo – para absorver a derrota. Mas, embora em sua primeira experiência, o técnico é muito forte nisso.

Por essa razão, conseguiu exercer o absoluto domínio do plantel. É sua grande obra nesse Mogi que não é muito diferente daquele que era treinado por Luciano Paschoal. Um time mediano, ainda que não abaixo dos demais competidores.

A ascensão do Mogi Mirim à elite, que estimo ser certa, precisará ser creditada enormemente a Argel. Recuperou a moral da tropa e foi vencendo as batalhas de uma guerra que agora está a seis jogos de terminar.

Argel vai entrar para história do Mogi. Sua passagem, todavia, será curta. Não irá além do Paulistinha. Assim que o campeonato terminar, choverão convites, aos quais o treinador não conseguirá resistir.

Até porque, o ex-zagueiro do Palmeiras e do Santos não assumiu o Sapo para fazer carreira aqui, mas para se colocar na rampa de lançamento para empreendimentos de maior calibre. Cumpriu o script direitinho. Que tenha sorte, portanto, no que vier pela frente.

sábado, 5 de abril de 2008

Um absurdo!

Não entra na minha cabeça como é que o prefeito Carlos Nelson permitiu essa doideira de paralisar todos os serviços de saúde prestados pelo Município, para que os funcionários participem de um seminário.

Que haveria de tão urgente a discutir e com que grau de rapidez poderão ser acionadas soluções, para justificar tal iniciativa? Não seria o caso de realizar esse tal seminário num sábado ou domingo? Acho que sim.

Teria que pagar horas-extras aos servidores? Qual o problema? Paga. Se é tão necessário fazer o seminário, de tal sorte a suspender as atividades do setor, justificaria plenamente o pagamento adicional.

Fazer o que a Prefeitura decidiu fazer, fechando todas as suas unidades de saúde numa segunda-feira, é ir de encontro a todo o discurso do próprio prefeito. Carlos Nelson elegeu a saúde como sua prioridade principal.

Aí, para reunir funcionários, suspende o serviço em pleno dia útil e no primeiro da semana, que teoricamente deve ser o dia que mais atrai clientes às unidades básicas e ao Centro de Especialidades Médicas. Um absurdo. É assim que resumo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Crime

1 – Quando ocorreu aquela apreensão de 4 toneladas de maconha, em dezembro, eu achei que alguém iria morrer nos dias subseqüentes. O tráfico é cruel com os incompetentes. E a apreensão só foi feita porque alguém foi incompetente ao permitir que a Polícia tivesse conhecimento da operação e efetuasse a apreensão. Não aconteceu.

2 – Não consigo ver nexo nessa interpretação das autoridades policiais de que a explosão do número de furtos de veículos em janeiro tenha tido como causa a apreensão da maconha. Acho uma relação distante demais pensar numa compensação do prejuízo da perda da maconha pela receita com a venda de carros roubados. Para mim, são tipos de negócios diferentes.

3 – Me parece conclusão óbvia que o grosso do furto de automóveis é ação de quadrilhas que agem por encomenda. E pelo modelo de automóveis visados, não é para desmanche, mas para esquentamento e venda no mercado.

4 – É fenômeno histórico – e não vai mudar nunca – que o crime anda sempre à frente da lei. Aí, sim, concordo que, se a capacidade de investigação não melhorar, jamais esse e outros tipos de delitos vão refluir.

5 – O ideal de acabar com a criminalidade é uma estultice. No máximo, o que é possível é reduzi-la aos limites toleráveis. Afinal, queiramos ou não, ela faz parte das relações humanas.

sábado, 29 de março de 2008

Pela via política

Duas horas e tanto de conversa terminaram com uma resolução: o encaminhamento de apelo às autoridades do Estado para que ofereçam melhores recursos à Polícia Civil de Mogi Mirim.
Do ponto de vista prático, muito pouco. Mas, com sinceridade, eu não esperava por resultado melhor. Nenhuma autoridade presente à audiência da noite de quarta-feira, dia 16, detinha poderes para propor e prover soluções.
Desci as escadas da Câmara com uma convicção formada. As reclamadas melhores condições, que em síntese representam a designação de mais profissionais para a Polícia Civil, especialmente investigadores, só virão pela via política.
O poder público funciona assim. Primeiro, por pressão. Então, a pressão é necessária, mas não pode se resumir ao despacho de ofícios a titulares de posições na esfera da administração estadual.
Mas, a pressão precisa ser encampada por alguém com relevância e interesse político. Quem governa costuma pesar os dividendos políticos que suas decisões vão produzir.
Se alguém com os pressupostos ditos acima conseguir convencer as autoridades do Estado de que, para agregar simpatias ou amainar insatisfações, politicamente é útil atender os apelos de Mogi Mirim, isto será feito.
Quem reúne aqueles pressupostos, no momento, é o deputado Barros Munhoz. É um político poderoso no atual quadro administrativo do Estado. Tem interesse e relevância política. E acho que será mesmo a via.
Pode não ser certo resolver questões administrativas por esse caminho. Mas, este é o único caminho viável. É assim que o poder público funciona. O componente político está presente em tudo.
Se fosse diferente, os claros existentes na estrutura local da Polícia Civil, que os chefões da Segurança Pública com certeza não ignoram, já teriam sido supridos. E a tal história. Pode-se não gostar da política, mas ninguém sobrevive sem ela.