quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Faltou competência


A finalidade social foi evidentemente cumprida. Teriam sido recolhidas 18 toneladas de alimentos, que vão saciar muitas bocas. Falta dizer para quem vai tudo isso, em que proporção e quando será a entrega. Não é por desconfiança. Por necessidade de clareza.

Agora, o outro lado. Em matéria de organização, o “Futebol Solidário” foi um desastre. Presenças anunciadas não se confirmaram. Kaká, a maior estrela do evento, pouco permaneceu no estádio. Compreensível que não jogasse, já que está com problemas físicos. Incompreensível que tenha sido tão meteórica sua presença.

Tanto mais incompreensível quando milhares de pessoas enfrentaram uma longa fila para adentrar ao estádio. A algumas dessas pessoas, custou não ver praticamente o primeiro tempo inteiro do jogo. E, portanto, não ver Kaká, para o que muitas delas foram ao estádio.

Uma pena. Sabido que era terem sido trocados 18 mil ingressos, as providências precisariam ter sido adequadas para abrigar esse povo todo no tempo certo. Não foram. Se formou fila – e isso é indesmentível – é porque alguma coisa não funcionou. Ou várias não funcionaram.

Faltou competência. Ou terá sido culpa do público?

domingo, 20 de dezembro de 2009

Dupla generosidade

Enfim, de novo se verá, após muito tempo, o estádio do Mogi Mirim completamente tomado por torcedores.
A fórmula não poderia ser mais eficiente: reunir estrelas da constelação futebolística mundial em jogo beneficente para o qual cobra-se do torcedor o modestíssimo custo de um quilo de alimento.
Nessa iniciativa, nota 10 para Rivaldo. Oferece uma dupla generosidade: a ajuda que entidades assistenciais vão receber e a possibilidade de que pessoas de todas as posses possam ter a sonhada proximidade com seus ídolos.

Aécio e Serra

“Não me surpreendem a grandeza e desprendimento que ele demonstra neste momento”. A frase é de José Serra, governador de São Paulo, referindo-se ao seu colega de Minas, Aécio Neves, que desistiu de postular a candidatura do PSDB à presidência da República.

Curioso. Grandeza? Em relação ao que Serra estaria falando? Grandeza de Aécio por ter desimpedido o caminho para o projeto serrista de disputar novamente o mais alto posto da política nacional?
Sendo isso, Serra parece se colocar como a grande causa nacional, o salvador, o primeiro e único, o “cara”. Sendo isso, conclui-se que era uma afronta alguém cultivar a mesma postulação. Sendo isso, fica a impressão de que Aécio, enfim, se recolheu a sua condição inferior e se curvou àquele que tudo pode, tudo vê e tudo quer.
O neto de Tancredo Neves, enfim, se conformou com sua insignificância, mesmo que com “grandeza e desprendimento”. É, ao menos, o que a declaração de Serra permite interpretar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vazando sentimentos

1 – Tão bem-vindo, tão útil, tão ágil, tão tudo, o e-mail se transformou numa maldição. E numa conveniente máscara para muita gente esconder a cara, dizer o que quer e não se submeter ao face a face, ao olhar nos olhos. Se prolifera com uma desgraçada pragao expediente de responder a jornalistas através do e-mail.
Ele está acabando com a palavra falada, com a possibilidade do contraditório no encontro entre a autoridade e os profissionais dos meios de comunicação. É obviamente uma fuga e uma forma de não dizer o que, de fato, a sociedade precisa saber. É a imperialização do poder, esse tal poder que emana do povo, que em seu nome deve ser exercido, mas que tem sido manobrado segundo os interesses de quem se torna inquilino dos gabinetes.

2 – Um pouco de verniz a algumas faces faria muito bem. O despudor, a falta de vergonha, o pula-pula, o cinismo e a falsidade estão em alta. Está se perdendo o respeito pela inteligência dos cidadãos. Os discursos mudam com a mesma freqüência com que se troca de cueca. Amores se transformam em ódios, que voltam a se transformar em amores e assim por diante. O idolatrado de ontem, maldito de hoje, amanhã será de novo o melhor dos personagens. Tudo conforme as circunstâncias, os interesses feridos ou protegidos, o lado para o qual corre a caneta. Estamos “mortos com o esterco dentro”, como se dizia antigamente.

3 – De cabo a rabo, de cima em baixo, a administração pública se tornou um grande loteamento, em que as porções de terra são distribuídas pelas razões mais desprezíveis. O acesso de há muito deixou de ser pela competência e passou a ser pela conveniência, o compadrio. Aos amigos do rei, sejam os de origem, sejam os convertidos ou os resgatados, sempre há um lote reservado. E quem põe e quem é posto não revela o menor rubor na face. Ao contrário, as tem lívidas como as de defunto. A vergonha está fora de moda. Bem disse Millor: ou se restaure a moralidade ou nos locupletemos todos. A segunda alternativa tem sido a preferida.

4 – O poder se transformou em um instrumento particular a serviço dos interesses mais mesquinhos. Antes, se me lembro do que ouvia de pessoas de bem, em face do interesse público é que deveria ser exercido. Servem-se do poder aqueles que a ele aboletam, com as cada vez mais raras exceções que dão razão à regra.

5 – É verdade que desde sempre não faltam os ávidos por uma ‘boquinha’, um jeito, uma nesga. Como tudo evolui, evoluiu também a avidez, a cobiça, a ganância, a avareza. Agora, já não bastam as pequenas porções. Quer-se devorar – e de fato se devoram – o bolo inteiro.

6 – Por último, criou-se a categoria dos bobos. Aqueles que teimosamente cultivam boas intenções, devotados de fato ao interesse social, entregues ao idealismo de fazer o bem sem olhar a quem, em direta oposição àqueles que, antes de olhar a quem, medem o quanto podem fazer de bem a si próprios.

7 – Não é agradável tratar dessas coisas, dessas malditas relações hoje prevelacentes nos intestinos do poder. Acho necessário fazê-lo ao menos para dar vazão a sentimentos e, quem sabe, colher uma migalha de concordância aqui e ali. Aliás, o poder nunca esteve tão conduzido por aquilo que conserva mesmo nos seus intestinos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Latrina Brasil

Pois é. Então, devemos considerar que vivemos no que pode ser chamado de “Latrina Brasil”.

Quem forneceu elementos para essa conclusão não foi nenhum oponente, adversário ou inimigo do governo. Foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dizer, no Maranhão, que “o povo viver na merda”.

Lula resgatou-se como o nascente líder sindical, como se estivesse fazendo discurso para seus ‘peões’ (ele é que os chamava assim) no Estádio da Vila Euclides.

Esquecido de sua condição de presidente da República, soltou essa pérola para a surpresa geral da nação.

Ora, merda é encontradiça nas latrinas. Sendo assim...

Só não se esqueça Sua Excelência, em suas andanças internacionais, de traduzir o vocábulo de merda para shit, de maneira a que seja devidamente compreendido pelos líderes mundiais com os quais costuma se reunir.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Insucesso no horizonte

O atleta Rivaldo é extremamente racional e inume a riscos. Já o dirigente parece gostar de andar sobre o fio da navalha.

Com todo respeito à figura humana do técnico, mas não consigo ver horizonte para Francisco Diá no comando do Mogi durante o Campeonato Paulista. É aposta de altíssimo risco.

Particularmente, eu esperava alguém mais gabaritado. Sinceramente, espero estar errado nas minhas aflições. Gelson Silva e a invenção Paulo Campos me deixaram com os dois pés atrás.

Fogo no barraco

É uma coisa interessante o que acontece na cidade. De repente, um tema emerge com a força do núcleo de um furacão, espalhando suas lavas por quem esteja nas redondezas.
Depois, as lavas sedimentam, o furacão se acomoda e não se fala mais nisso.
Para não ficar no genérico, refiro-me ao conflito entre a Santa Casa e a Unimed, que produziu audiências públicas, debates, ofensas, ataques e, de repente, se fez coberto por silêncio sepulcral.
Felizmente, ao que se conseguiu saber, as partes estão conversando. O que já é um grande avanço. Estimo que cheguem a acordo, para a felicidade geral, exceto de quem gosta de pôr fogo no barraco.

Castelo mal-assombrado

Não creio haver a menor chance de outra cervejaria se instalar nas dependências abandonadas pela AmBev. Inclusive porque a multinacional já definiu a vocação do imóvel: será usado como depósito.
Já houve transferência de equipamentos de produção para outras unidades. Pelo seu aspecto dominador, a empresa não terá o menor interesse em criar uma cobra para picá-la mais tarde.
Muito diferente do que ocorreu posteriormente ao fechamento da Kaiser, o que deu oportunidade ao português José de Sousa Cintra de entrar no mercado brasileiro de cerveja. Infelizmente para Mogi Mirim, Cintra não agüentou e pediu água.

Dito isto, podemos nos preparar para conviver por muito tempo com o castelo mal-assombrado em que se transformou a enorme edificação localizada praticamente no centro da cidade, entre as avenidas Jorge Tibiriçá e Adib Chaib.

sábado, 28 de novembro de 2009

Não era para ser discutido

Ficou claro que não havia interesse em discutir o projeto de revisão da Planta Genérica de Valores, uma das bases de cálculo do IPTU.

O projeto foi enfiado pela goela dos vereadores uma semana após chegar à Câmara. E votado em duas sessões na mesma noite.

Agora, a Câmara é convocada extraordinariamente para votar o projeto que fixa os critérios para conceder isenção do IPTU às chamadas famílias carentes, que é uma derivação do anterior.

Ora, então porque não se deu duas semanas aos vereadores para examinarem e matéria, votando-se o projeto agora na próxima segunda-feira, juntamente com o outro?

Simples: o problema era o projeto da revisão e o prefeito queria que o assunto permanecesse na berlinda o menor tempo possível.

A Mesa da Câmara foi subserviente. Agiu como uma espécie de extensão do Executivo e fez o projeto tramitar em velocidade de Fórmula 1.

Ele é isso mesmo!

A reação do prefeito Carlos Nelson Bueno aos votos contrários ao projeto do IPTU é absolutamente previsível para o estilo da sua personalidade.

Os destemperos que teve em reunião com diretores em absoluto me surpreendem. Carlos Nelson é um dominador. Não se basta com o sucesso e a adesão da maioria. Precisa da unanimidade.

Seu histórico de relacionamento político é esse, desde que prefeito de Mogi Guaçu pela primeira vez. Jamais foi homem de mesuras e simpatias.

Posso falar até por experiência própria, uma vez que não apago de minha biografia a convivência que mantivemos em mais de uma ocasião.

Não há cristão que o fala refluir. Está para nascer quem o convença de que erra. Ele é assim. Foi este Carlos Nelson que Mogi Mirim elegeu por duas vezes, não podendo dizer que sua escolha foi um engano.

Estou avalizando, aprovando suas atitudes? Ao contrário. Ainda mais nestes tempos avançados que vivemos, acho que está em inteiro desacordo com os mais elementares princípios democráticos.

Estou apenas fazendo constatações. Carlos Nelson é isso sem pôr nem tirar.

sábado, 21 de novembro de 2009

Cada um como quer

Todo ser humano nasce com a virtude do juízo para poder exercer o direito de discernir.
Uma parte deles prefere ignorar essa benesse divina, de valor incalculável, para se entregar à subserviência mais servil.
Vidas perdidas.

Do que são acusados?

É recorrente nos discursos de que os políticos devem defender o ‘povo pobre da periferia’. Nos últimos dois meses, por exemplo, a desgastada frase se repetiu à exaustão.

Provavelmente vencido pelo excesso, estes dias me bateu na telha uma indagação, que passo à frente. Defender do que? Que crime esse povo cometeu? Do que é acusado?

Ora, bolas. Os pobres, sejam da periferia, do centro, da zona rural, dos morros e das favelas, não precisam de defensores, mas de agentes políticos que concorram para transformar as suas vidas. As vidas dos pobres – que fique bem entendido.

Para tomar o exemplo do momento, interpelo a quem quiser me responder: conceder isenção tributária muda a vida dessas pessoas? Retiram-nas do patamar em que se encontram e as alçam para uma melhor posição social?

Óbvio que não. Mas, antes que alguém se apresse a me rotular como ‘defensor’ dos povos ricos, deixo claro: não tenho posição contrária à concessão do favor. O problema é que ele ‘malemá’ (lembram que muitos dos nossos usavam essa palavra?) remedia. Não resolve nada. Antes, acho que serve mais a fins políticos. Como diz um amigo, em tom humorístico, isso “não infrói e nem contribói”.

sábado, 14 de novembro de 2009

A Fatec daqui e a Fatec de lá



A primeira foto é da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Piracicaba. Implantada no primeiro semestre de 2008, já ocupa prédio definitivo desde agosto deste ano.

Verifica-se que a construção é simples, sem sofisticações.

A segunda foto é da obra da Faculdade de Tecnologia "Arthur de Azevedo", de Mogi Mirim, que já sofreu duas interrupções e, correndo tudo bem, talvez seja ocupada no primeiro semestre do ano letivo de 2010.

Aqui, adotou-se projeto sotisficado e majestoso, o que certamente dá causa à demora na construção e, por certo, ficará muito mais caro que a escola de Piracicaba.

Questão de opção. Mas, é sempre oportuno lembrar que, enquanto Mogi Mirim possuiu pouco menos de 90 mil habitantes, Piracicaba está beirando 370 mil. Quatro vezes mais que Mogi Mirim.

Palpites e pitacos

1 – Não é de hoje que a estrutura local da Polícia Civil vem definhando. O quadro de profissionais sofre perdas que não são respostas. Me recordo ter ouvido, certa época, do ex-seccional Alcides Carmona, que foi titular aqui na Delegacia Central, a informação de que Mogi Mirim chegou a possuir sete delegados. Calculo que na ocasião a população do município somasse em torno de 50 mil habitantes. Penso bem obviamente que, conforme cresce a população, aumenta a demanda por serviços, cresce o número de feitos. Pedindo perdão pela má comparação, o fato é que há anos a Polícia Civil vem crescendo como rabo de cavalo. Para baixo. E o Estado festeja a distribuição de viaturas. Para pôr quem dentro delas?

2 – Atribuo à minha dificuldade de compreensão, mesmo para coisas simples, o fato de não entender certas coisas. O velho prédio da avenida Dr. Jorge Tibiriçá, novamente em reforma, voltará a abrigar a Delegacia Central. Tenho lembrança não vaga de ter ouvido, em anúncio solene no Gabinete do Prefeito, que o deputado Barros Munhoz garantiu verba para a construção de nova sede para a Polícia Civil. E que, em tais circunstâncias, o sobrado da Tibiriçá seria destinado à outras finalidades, talvez ligadas à cultura. Acho que não entendi bem. Mas, prometo: vou fazer um esforço para melhorar.

3 – O Tribunal de Contas tem sido inflexível com os prefeitos que não quitam, anualmente, o corresponde a 10% de suas dívidas com sentença transitada em julgado. São os chamados precatórios judiciais. Por isso, manteve decisão anterior que havia rejeitado as contas do prefeito Carlos Nelson, relativas ao ano de 2006. As de 2007 também já estão penduradas pela mesma razão. Quem tem amarga experiência com contas rejeitadas é o ex-prefeito Paulo Silva. Perorou, perorou e continua inelegível.

sábado, 7 de novembro de 2009

A mídia é má?

A ministra Dilma Roussef, candidata de Lula à presidência, ataca ‘parte’ da mídia, que segundo ela age com deliberada má vontade em relação ao governo.
Lá em cima é assim. Aqui em baixo também. A imprensa é acusada de privilegiar apenas o negativo, escondendo o que acontece de bom.
Então, concordam eles: a mídia é má.
A imprensa tem suas fraquezas, erros, vícios. Aqui e em qualquer parte do mundo. Afinal de contas, nem poderia ser de outro jeito, uma vez que é feita por seres humanos. Portanto, falíveis.
Do alto dos seus profundos conhecimentos sobre o tema, Lula acha que os jornalistas não devem fiscalizar. Só informar.
Na Argentina, a família Kirchner anda criando sérias dificuldades aos jornais independentes, em nítida conduta ditatorial.
A mídia não é má, exceto para aqueles que a querem capitulada ou cooptada. E é o que os poderosos do terceiro milênio querem fazer dela. Em Brasília, em Buenos Aires e em Mogi Mirim.

Em cima do laço

O projeto de revisão do IPTU pode ser votado na Câmara no que antigamente se chamava “em cima do laço”. A Prefeitura levou 10 meses para elaborar a matéria, que agora tem que ser votada em 45 dias.
Se o ritual fosse rigorosamente obedecido, só nas duas comissões pelas quais tem que passar a matéria consumiria 30 dias. Em cada uma, permaneceria 15 dias. Mas, se quiserem adotar velocidade de Fórmula 1, as comissões podem abreviar esse prazo a um dia.
Pela predominância que o governo tem nas comissões, é previsível que os pareceres sejam emitidos celeremente. E então o abacaxi vai com casca e tudo ao plenário.
A partir daí, prevejo calor, mesmo por muito que o projeto de agora seja melhor que aquele rifado no final do ano passado. E não se sabe se é ou não porque, até agora, dele só são conhecidos fragmentos.

Bombas, bombas, bombas...

Governador de plantão por apenas três dias, o deputado estadual Barros Munhoz foi saudado pirotecnicamente durante três minutos e meio. Contei no relógio. Por mera curiosidade. Ou por rabugice mesmo.
Nada demais, considerando que é mesmo prática usual entre autoridades públicas se saudarem com a queima de fogos. Aliás, Munhoz foi mestre no expediente, nas três vezes que governou Itapira.
Me ocorreu pensar uma coisa, depois do barulho de quarta-feira.
Quando vier a cidade, o que deve acontecer no começo do ano, Serra merecerá horas de saudação pirotécnica. Afinal, não só é o titular como está no posto há três anos.
Portanto, a Caramuru que intensifique a produção e reforce o estoque.

sábado, 24 de outubro de 2009

Os excluídos

Suzete Rodrigues de Moraes foi apeada da direção do Departamento Administrativo por aquilo que seria responsabilidade solidária: não foi a autora do erro na questão dos pagamentos indevidos a servidores, mas pagou pela hierarquia do cargo.
Alexandre Fantinato Cruz deixou o Financeiro por exaustão nas relações administrativas com o prefeito. Não abriu mão de rezar pela cartilha à qual obedece há décadas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Santo Deus. Outra vez?

1 – Os leitores e os usuários habituais do hospital da Santa Casa devem considerar uma monumental chatice que, frequentemente, a instituição seja alvo de abordagens em face dos problemas que a envolvem ou que se faz envolver.

No caso mais recente, eu pessoalmente tomei um tremendo susto ao conhecer, já na hora final da edição de sábado, uma nota seca do hospital, informando que os conveniados da Unimed estavam desde então desassistidos, já que fora rompido o acordo entre a cooperativa e a Santa Casa.

Desde logo, fique claro: não sou conveniado da Unimed. Pessoalmente, portanto, a questão não me atinge. Pessoalmente, também não tenho queixa alguma da Santa Casa. Nas poucas vezes que entrei no hospital, fui bem tratado e saí vivo.

Feitas as ressalvas, volto à “vaca fria”, como dizia Quércia. A notícia do rompimento do contrato entre as partes punha, de novo, a Santa Casa no olho do furacão. Mais uma crise, mais bate-boca, mais ataque e contra-ataque.

Ora, a crise na relação hospital-cooperativa não pode ser tratada pelo ângulo particular. É problema público sim, desde que envolve a saúde de milhares de pessoas. E estou convencido de que devem beirar mesmo a 30 mil, considerando titulares e dependentes dos planos de saúde oferecidos pela Unimed.

2 – Até aqui, foi relato. Mas, é difícil ir muito além de estranhar tudo que vem acontecendo por um aspecto que confessei à vereadora Maria Alice Mostardinha, em conversa telefônica no sábado. A instituição, pelo seu caráter privado, embora filantrópica, é impenetrável. E então disse-lhe que não consigo, à distância, localizar o ponto que vem dando origem a tantas confusões envolvendo o hospital.

Eu me recordo que, há cerca de 10 anos, a entidade ocupava espaços na imprensa pela crise financeira que vivia e que chegou a por em risco sua sobrevivência. Através de uma série de atitudes, a crise financeira foi superada e o hospital saiu do foco.

Eis que, de tempos para cá, a Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim torna-se freqüentadora assídua dos noticiários por envolvimento em conflitos, muito embora também ocupe espaço quase regularmente por melhorias e programas internos que a qualificam. O Gerar é um desses casos, a instalação da UTI Neonatal é outro. Mas, o que predomina são colisões.

3 – Tenho insistido na tese de que há profunda omissão social em relação à instituição, pela sua origem, pela sua história e pela sua finalidade precípua que é, antes de amealhar dinheiro, socorrer vidas. Há um fosso, um Atlântico entre a Santa Casa e aquilo que antigamente chamávamos de “forças vivas” da cidade, que silenciam e dão de ombros.

Mas, também não posso me furtar a confessar o que minha consciência me manda pensar: a instituição está devendo uma conversa com a sociedade. Explico: a Santa Casa não é de propriedade do provedor, do diretor executivo, do corpo clínico, mas um bem público assim nascido. Não patrimonialmente, mas no que representa de instrumento a serviço da vida. Não da vida de alguns. Mas, da vida da comunidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

Santa Casa diz que conveniados da Unimed serão atendidos pelo SUS

Cerca de 48 horas depois de deflagrada a crise, a Santa Casa expediu nota oficial no início da madrugada desta segunda-feira, informando que os conveniados da Unimed “serão atendidos através do SUS”.
Na sexta-feira, a entidade anunciou o rompimento do contrato mantido com a cooperativa medida.
A nota agora distribuída assinala que “não foi a Santa Casa quem rescindiu o contrato, mas, sim, houve rescisão automática de pleno direito, tendo em vista que a UNIMED descumpriu uma cláusula contratual”.
O descumprimento da cláusula teria sido caracterizado pela decisão unilateral da Unimed de reduzir em 20% o valor pago ao hospital por procedimentos prestados por este.
A Unimed alegou que a suspensão do contrato deixaria a descoberto cerca de 30 mil pacientes, entre conveniados titulares e dependentes de seus planos de saúde.
Veja a seguir a íntegra da nota oficial distribuída pela Santa Casa nos primeiros minutos da madrugada desta segunda-feira:

NOTA OFICIAL À IMPRENSA
"A Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim informa que tentou por várias vezes negociar com a Unimed da Baixa Mogiana para manter o atendimento dos usuários daquele convênio.
Em documento encaminhado à Santa Casa no dia 28 de setembro, a cooperativa informou ao hospital de que reduziria em até 20% o valor pago por serviços prestados pela Santa Casa a partir do mês de outubro.
A se manter o atendimento aos usuários da UNIMED nas qualidades pretendidas pela cooperativa, a Santa Casa certamente teria sérios prejuízos.
Para continuar a prestar um serviço de qualidade, a Santa Casa não pôde aceitar a imposição da Unimed e tentou por várias vezes negociar, mas a cooperativa se manteve irredutível.
A decisão da Unimed de reduzir os valores de maneira unilateral foi arbitrária, uma vez que o contrato assinado entre a Santa Casa e Unimed estabelecia que os preços previstos no contrato de prestação de serviços seriam reajustados anualmente, sempre em comum acordo pela vontade de ambas as partes.
Importantíssimo esclarecer que não foi a Santa Casa quem rescindiu o contrato, mas, sim, houve rescisão automática de pleno direito, tendo em vista que a UNIMED descumpriu uma cláusula contratual.
Está no contrato que a infração por quaisquer das partes a uma ou mais cláusulas do contrato, acarretaria sua rescisão de pleno direito, independentemente de notificação ou interpelação judicial ou extrajudicial.
Apesar de ter parcerias firmadas com outros hospitais da região, a Unimed quis reduzir os custos apenas com a Santa Casa de Mogi Mirim.
Todos os usuários que procurarem o hospital serão atendidos através do SUS, com o mesmo respeito e qualidade dos serviços dispensados à população.
Respeitosamente,A Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim.

sábado, 17 de outubro de 2009

Aumentar imposto é necessário ou não é?

O prefeito de Mogi Guaçu, Paulo Barros, desistiu da idéia de corrigir os valores dos imóveis, que servem de base de cálculo para o IPTU.
A revisão inevitavelmente provoca aumento de impostos. E não seria feita se não fosse para isso. Para aumentar a receita pela via do aumento dos valores pagos pelos contribuintes.
Paulinho recuou ao perceber, durante reuniões que promoveu para debater o assunto, que a medida não era apoiada pela população.
Em Mogi Mirim, Carlos Nelson tentou a mesma coisa em 2008. O projeto esbarrou em decisão judicial, que suspendeu a sua votação, e o prefeito retirou a proposta.
Agora, tenta outra vez. Ao que se informa, são feitos estudos internos para definir novo projeto. Sobre o assunto, Carlos Nelson ouviu os vereadores da base.
Nenhum se comprometeu em aprovar a matéria. Óbvio. Falar em aumento de impostos para vereador é o mesmo que falar de corda em casa de enforcado.
Agora, pergunto: haverá alguém, seja povo ou político, que ache legal e simpático aumentar imposto? Claro que não.
Então, é preciso ter coragem de levar adiante a proposta, mesmo diante de reações, se partindo do pressuposto de que o aumento é necessário. E pagar o preço.
Detalhe: se é necessário, é possível fazer sem assaltar o bolso do contribuinte. O problema é avareza. Querer tudo de uma vez só.
Agora, se não é necessário e comporta recuo, como fez Paulinho, então porque encher o saco de todo mundo com a ameaça?

O prazer de contrariar

Há algumas décadas, a Brahma lançou a cerveja Malt. Era leve, menos alcoólica. A campanha publicitária de lançamento fechava com a seguinte assinatura: o prazer de fazer bem feito.

Aliás, só para lembrar, Gilberto Gil foi garoto propaganda da loira amena. Por que a referência? Pelo fato de um amigo me observar a mão de ferro com que são tomadas decisões na esfera do governo municipal.

Fazia ele menção às recentes modificações efetuadas no trânsito da Santa Cruz e ao projeto em gestação que tem como alvo a Rua Padre Roque, no trecho entre a Estação Rodoviária e o cruzamento com a Avenida Venâncio Ferreira Alves Adorno, a chamada “rua do Fórum”. Aliás, o prefeito disse no rádio que pretende implementar as medidas até o final do ano.

Então, ocorreu-me a lembrança da frase do comercial da Malt, no sentido inverso. Por aqui, cultiva-se o prazer de contrariar. Mas, quem conhece Carlos Nelson não se surpreende, dado que esse foi sempre mesmo o seu estilo. O de decidir e executar, mandando às favas os contrários.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

É a casa dos debates

1 – Um aspecto curioso e muito particular da atualidade política de Mogi Mirim é a falta de embate político. Embate que traduzo por debate de idéias, de pontos de vista, confronto de posições, cada qual em defesa de seu lado e de suas teses.

É verdade que a oposição está reduzida à vereadora Márcia Róttoli, como quem nem sempre concordo, mas a quem não nego o mérito de persistência, da fidelidade ao lado e ao estilo que adotou, e a Orivaldo Magalhães. Fora Márcia e Magalhães, às vezes Maria Helena dá umas estocadas, ainda que integrando nada menos que o partido do prefeito.

Bissextamente, porque também filiada ao grupo governista, Maria Alice dispara alguns torpedos – quase sempre mais como médica do que como vereadora. A situação? Bem, a situação ouve, ouve, ouve... Por preferir o silêncio mesmo, por incapaz de oferecer contraposição a seus contrários ou, em última hipótese, pela opção em não dar atirar mais gasolina à fogueira lançada pelos inimigos.

Quando há, as discussões são miseráveis. Em geral, as manifestações são caracterizadas pelo monólogo. De um lado, é sinal de despreparo por parte de quem, por obrigação grupal e política, deveria oferecer resistência às críticas e, em especial, às denúncias assacadas contra o governo. Aliás, se há algo evidente, do ponto de vista de discurso, é a falta de contextura orgânica ao situacionismo.

2 – Quando falo da ausência de embate não estou sugerindo que os vereadores deveriam, em defesa de suas convicções, se ofenderem ou se pegarem a tapa. Há algum tempo, escrevi aqui que discussão não é esbravejamento, debate não é berro e não é no grito que se vence confronto de ideias, muito embora essa seja uma prática recorrente.

Vi e ouvi, desde os tempos em que os jornalistas eram abrigados dentro do plenário e a eles era exigido que se paramentassem com paletó, célebres disputas orais, às vezes até avançando pela madrugada.

Lembro Robertão Costa e Silva, Robertinho Costa, Ademarzinho de Barros, José Romanello, Abner de Oliveira e tantos que fizeram do Legislativo aquilo que ele deve mesmo ser explicita e intrinsecamente: uma casa de debates. No voto, quase sempre a maioria vence, como sempre vencia, mas não deixavam de ecoar ensurdecedoramente as razões dos que terminavam abatidos nas decisões. Era possível, assim, sair da Câmara com algum conhecimento acerca do que pensavam um e outro.

3 – Em falta de tribunos nós estamos mesmo e não é em Mogi Mirim, mas no país. O Congresso, juntando Senado e Câmara dos Deputados, é hoje de uma pobreza deprimente. O que parece estarmos, neste terceiro milênio, é com falta de vocação para o exercício da função e com carência de noção acerca do que é o mandato de quem o povo manda para o Legislativo.

Em lugar do cotejamento de ideias, boa parte se ocupa de relatar, chatíssimamente, aquilo já posto em requerimentos e indicações, numa clara preocupação de jogar para a torcida, aproveitando o fato de as sessões serem veiculadas pela televisão, ainda que mutiladamente.

4 – À frente, há uma belíssima oportunidade para um bom debate, esquecendo o que já passou quase sob silêncio. Até 15 de dezembro, terá que ser votado o Orçamento do Município para 2010. Certa vez, há três ou quatro anos, marquei no relógio: o Orçamento foi votado em 14 segundos, sem discussão qualquer. Bateremos o recorde?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Alguma coisa não deu certo


No ponto de ligação da Rua do Mirante com a Avenida Adib Chaib, a Prefeitura realizou uma obra de grande dimensão.

Uma das finalidades era tornar o trânsito mais seguro, eliminando o cruzamento de veículos. Para isso, foi feito um dispositivo na forma de elipse.

A outra virtude que a obra conteria, segundo a versão da época, era acabar com os alagamentos frequentes no local.

Deve fazer cerca de um ano que a obra foi concluída.

Hoje, segunda-feira, 12 de outubro, uma chuva de 20 minutos mostrou que alguma coisa não deu certo.

O local, onde há posto de abastecimento de veículos, tornou-se um imenso lago e pôs em perigo inclusive o condutor de uma Belina, que ‘apagou’ no meio da água.

Vai ser necessária uma boa explicação. Ou melhor, a verdadeira solução.

sábado, 10 de outubro de 2009

Nem todos são iguais

A Câmara programou para a noite de 30 deste mês a sessão solene de outorga de títulos de Cidadaos Mogimirianos.

Os agraciados são 14, mas um não receberá a honraria na ocasião.

Trata-se do ex-governador Geraldo Alckmin, atual secretário de Desenvolvimento do Estado.

A ele deverão ser reservados data e local especiais.

Calculo que mais próximo do lançamento oficial de sua candidatura à sucessão de José Serra, para efeito de capitalizar dividendos eleitorais.

Em fevereiro, após aprovação do projeto de outorga a toque de ciaxa, o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, secretário chefe da Casa Civil de Serra, recebeu a honraria no Clube Recreativo.

Como se vê, há agraciados de categorias diferentes. Os que merecem receber em bloco e os que merecem deferência especial.

Governo de boca fechada

Nunca antes em Mogi Mirim um governo fez tanto esforço para se relacionar mal com a população.

Tranca a boca e prefere a matéria paga (com dinheiro do contribuinte), a nota oficial e a resposta por e-mail.

Pensa que pune a imprensa, em especial os jornais, que o prefeito odeia. Se engana.

Ao agir imperialmente, corta a relação com a sociedade que, queira ou não, tem suas aflições e dúvidas reproduzidas pela imprensa.

Uma monumental bobagem. Felizmente, todos os governos têm prazo de validade.

Dinossauro assumido

Escrevi uma nota na coluna DA FONTE, do jornal O POPULAR, dizendo que faltou senso de respeito ao vereador Laércio Pires, ao exibir sua kombi-door no velório e no cortejo que levou o corpo do ex-vereador Antonio Carlos Guarnieri, o Toca, ao Cemitério Municipal.
Eu disse, na nota, que Pires agiu com a sutileza de dinossauro em loja de cristais.
Como seria natural, Pires reagiu. E remeteu ao jornal a seguinte carta:

Mogi Mirim, 08 de outubro de 2009.

Ao Senhor
Valter Abrucez
Editor do Jornal “O Popular”

Senhor Editor,

Com respeito ao que foi publicado no jornal “O Popular” em edição de 7 de outubro, na coluna “Da fonte”, sob o tema “Sensibilidade”. Sinto-me no direito e na responsabilidade de dizer ao editor deste jornal que mantenho o Gabinete Móvel desde julho de 2009 e, desde então, é meu único meio de locomoção.
Criei o Gabinete Móvel, visando promover maior aproximação com a comunidade, para ouvir suas reivindicações, sugestões, criticas e necessidades, um projeto inédito e inovador na cidade de Mogi Mirim. Não se trata, absolutamente, de “geringonça”, como quer Vossa Senhoria, mas sim de um escritório móvel, equipado com os instrumentos de que necessito para atender e trabalhar. Ouvindo os anseios às preocupações e as necessidades da população, iniciativa elogiada pelos nobres colegas de vereança. Desta forma, indignei-me com a ofensa gratuita de sua parte.
Compareci ao velório e ao enterro do ex-vereador Antonio Carlos Guarnieri com este meu automóvel e com ele vou a todos os lugares em que sou bem-vindo ou sou chamado. Não me constranjo nem me incomodo que os cidadãos saibam que estou à disposição deles a maioria do tempo. Cumpri com o meu dever, minhas obrigações cristãs e religiosas e, na manhã de segunda-feira, após o sepultamento do ex-Vereador, compareci aos outros compromissos previamente agendados, dirigindo o Gabinete Móvel e recebendo o devido respeito de todos os que me conhecem.
Solicito de Vossa Senhoria espaço para publicar esta carta, em direito de resposta à sua ofensa.
Respeitosamente,

Vereador Laércio Rocha Pires

Trocas, ambições e curvas

1 – O que terá acontecido eu não posso fazer idéia, nem passarinho algum soprou no meu ouvido.

Mas, a reforma de cabo a rabo no Departamento Financeiro não foi promovida por representar o esporte favorito do prefeito Carlos Nelson Bueno.

Não cabe na minha cabeça que, ao trocar o diretor, o prefeito tenha resolvido aproveitar a oportunidade e fazer uma mexida geral. Alguma maionese desandou.

Já as trocas anteriores foram, de algum modo, nebulosas. Explicou-se a reintrodução de Rogério Esperança, face a ter sido resultante de lance de negociação política.

Não era, todavia, o caso de necessidade, considerando-se que, um pelo outro, João Bordignon Neto leva no mínimo a vantagem de ser engenheiro.

Entendeu-se a escolha do major Getúlio Macedo para o Departamento de Segurança, por sua experiência de décadas na Polícia Militar. É um especialista reconhecido.

Sucedeu a Ruy Machado de Oliveira, que teria manifestado interesse em se afastar, segundo as versões oficiais.

Versões oficiais são como o biquíni, na definição do saudoso poeta Vinícius de Moraes: mostram quase tudo, mas escondem o fundamental.

2 – Moacir Genuário é figura humana por quem tenho admiração e gratidão.

Não foram poucas as vezes que, com seu inesquecível Chevette amarelo, me caroneou de Campinas a Mogi Mirim, ao final dos jogos da Ponte Preta.

Hoje vereador, após experiência como subprefeito do que chamo de futuro”Principado de Martim Francisco”, revela suas ambições políticas quando decide disputar o comando do PMDB.

O alvo do tiro está mais à frente, em 2012, quando pretende disputar a Prefeitura.

De fato, para viabilizar candidatura dessa altura é preciso dispor, como condição essencial, de garantia de legenda.

Mas, reflito aqui no meu canto que joga uma cartada perigosa. Se sofrer uma capotada na competição pelo domínio da sigla, seus projetos estarão seriamente comprometidos.

Tornar-se-á oposto ao grupo que restar dominante e que virá a ser o mesmo que controla o velho PMDB há décadas, com notórias tendências de pouca ousadia.

Em tais circunstâncias, será muito difícil obter adesão ao seu projeto, uma vez que o peemedebismo mogimiriano, não de agora, adota a prática de não trocar o certo pelo duvidoso.

3 – Outrora, graves acidentes ocorreram no ponto em que a Rua Santa Cruz se converte em Marciliano ou esta em Santa Cruz.

Houve quem apelidasse o local como ‘curva da morte’, dado que, procedentes da Praça Tiradentes e aproveitando a descida, motoristas afundavam o pé no acelerador.

Não faltará quem argumente que a cidade é mesmo feita de subidas e descidas, o que sempre implica risco.

E mais: também não faltarão os defensores do argumento de que os perigos verificados no trânsito têm como fonte a irresponsabilidade de quem dirige veículos.

É uma verdade, porém não inteira. Penso caber às autoridades o dever da precaução, isto é, de não criar situações que facilitem o risco.

Ah! Antes que me joguem na cara, confesso: não possuo o menor conhecimento acerca de engenharia de trânsito. Especulo.

Mas, também é verdadeiro que, no poder, há muita gente que não tem a menor noção do que está fazendo lá.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Charles, uma vida de bom humor

VALTER ABRUCEZ

A vida talvez nos reserve os melhores exemplos nos piores momentos. O gênero humano parece ter sido cunhado para fazer reflexões nos momentos de dor.

É na perda que se dá valor a tantas coisas boas que a existência oferece, mas que teimamos em não perceber.

Sofremos uma grande perda no final de semana. Completamente fora do script, do previsível, do que imaginávamos como previsível ou nas vizinhanças do nosso cotidiano.

Antonio Carlos Guarnieri, o sempre Toca, não está mais entre nós. Entretanto, prefiro definir sua ausência como uma mudança de cenário.

Ele saiu daqui, da nossa proximidade física, em que partilhava conosco humanitariamente sua rica personalidade, para ocupar outro cenário. Outro plano.

Nas portas do Cemitério Municipal, comentava eu com Luiz Netto como seria bom que a sociedade não vivesse estágio de tão grave degeneração para apropriar-se e dar curso aos exemplos que Toca deixou entre nós.

Infelizmente, como disse Luiz Netto, de que servirão as lições se, no momento seguinte, viramos a página da história e deixamos de beber em fonte de conhecimentos e virtudes oferecidas tão generosamente.

O Charles, como nos chamávamos desde que o conheci lá na primeira quadra da década de 70, transitou pelo pantanoso e traiçoeiro terreno da política sem dar causa a uma mágoa e sem ocupar seu coração com contrafeição alguma.

Às vicissitudes, respondia com bom humor, com o verdadeiro fair play na sua melhor definição.

A conversa era seu combustível. Ou seu oxigênio. Alongava-se agradavelmente. Fornecia sabedoria e espantava o mau humor.

Não vou fazer o contrário do que Toca fazia, que era levar tudo na boa, sem violência – um de seus bordões – mas foi alguém a quem muita gente aboletada no poder deveria ter ouvido muito mais.

No círculo da política, entretanto, os seres humanos são tratados conforme as circunstâncias. Tornam-se descartáveis.

Ora, alguém que exerceu quatro mandatos de vereador, candidatou-se a prefeito e vice e enriqueceu seu currículo com atos de coragem e independência quando boa parte das pessoas procurava o guarda chuvas dos poderosos, com certeza reuniu os dotes de um virtuosíssimo conselheiro.

No seu estilo, todavia, jamais se impôs como tal. Preferiu a vida ao seu estilo, sempre cercado de amigos.

Que me lembre – e foram frequentes nossas madrugadas em comum – nunca o vi isolado, sozinho.

Como nunca o vi sonegar um aperto de mão, um cumprimento, um abraço a todos que lhe rodeavam pelas proximidades.

Sinceramente, confesso que resisti a chorar ao contemplar seu semblante sereno horas antes da última viagem.

Não seria justo porque, com toda certeza, não seria adequado ao estilo de sua personalidade e à marca registrada de sua vida.

Acho que o sentimento da perda deveria ser expressado de outro modo: pela gratidão. Pela amizade, pelo respeito, pela consideração, pelo companheirismo, pela excepcional capacidade de jamais, em momento algum, dizer não.

Sei que não há ser humano unânime. Por essa vida, infelizmente, quase ninguém passa sem ser chamuscado. A maldade das labaredas sempre roça pela pele, mesmo dos mais generosos, mesmo com sentido profundo de injustiça.

Se exceção eu terei conhecido, em seis décadas e tanto de caminhos e descaminhos, esta terá sido Charles.

E, com todo respeito pelos sentimentos da família – aliás, de uma combinação exemplar com a personalidade de Antonio Carlos – não quero que ele descanse não.

Que se eternize em paz, sim. Mas, que continue, lá de onde estiver, a incansavelmente nos guiar pela trilha do bem e da alegria, que ele abriu e nos ofereceu como caminho para a vida.

domingo, 19 de abril de 2009

O Belo Antonio

O São Paulo se consagrou hoje como o Belo Antonio, personagem interpretado por Marcello Mastroianni em um filme ítalo-francês de 1960.

As mulheres se apaixonam pelo belo e vistoso Antonio, porque imaginam que ele seja o "amante ideal". Mas, na realidade, ele é impotente. Isto é, não funcionava.

É o retrato do São Paulo. Festejado, enaltecido, bonito, imponente, arrogante, mas incapaz.

Negar méritos ao Corinthians é injusto. Foi competente e estratégico. Nem precisava vencer, mas foi armado inteligentemente pelo seu técnico, que sobrou no jogo.

Aliás, 2 a 0 foi um placar barato para o São Paulo. Em seguida ao segundo gol, achei que viria uma sacolada.

Mas, não foi no segundo jogo que o São Paulo se excluiu da final. Foi no primeiro, quando Muricy foi de uma teimosia e de uma lerdeza exemplares para mexer no time.

Resumo da opera: com a bola que está jogando desde janeiro, o São Paulo não ganha um único título este ano. Sequer chega à decisão da Libertadores.

A única hipótese para ser diferente é se o time se reciclar. O prazo de validade de Jorge Wagner, por exemplo, venceu.

Borges e Washington é fórmula fadada ao insucesso. Ou um. Ou outro. E é necessário, urgente, alguém que organize o time, arme o jogo. Fora disso, será um ano de secura. Será o Belo Antonio.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O outro fenômeno

Como qualquer personalidade política, o deputado Barros Munhoz é alvo de reações de amor e ódio. Cultiva adeptos, assim como coleciona inimigos. É da natureza, considerando que, especialmente nessa área de atividade, é impossível que qualquer ser humano alcance a unanimidade.

Os líderes em geral despertam paixões em mão dupla. E não há como negar em Totonho Munhoz, como os itapirenses o identificam mais intimamente, os dotes de liderança. Pode-se questionar os seus métodos, que nem sempre são sutis, mas não se lhe pode negar a virtude da capacidade de engenharia política.

Lembro, por exemplo, colisões históricas mantidas entre Munhoz e Carlos Nelson, acho que até porque o atual prefeito de Mogi Mirim se enciumava um pouco com o avanço do ex-prefeito itapirense, seu concorrente regional. Quando se tornou conveniente – para ambos, assinale-se –, eis que eles se uniram sem dificuldade alguma. Pode ser que isso tenha outro nome, mas inegavelmente é uma demonstração da competência para articulações inimagináveis para muita gente que opera na área.

Há circunstâncias em que Munhoz parece compreender a necessidade de agir como furacão, agitando seu saco de maldades. Em outros, age com a candura dos inocentes. E, com um ou outro método, vai alcançando seus objetivos e construindo uma carreira que, sem exagero, denota nuances de fulminante.

Quem imaginaria, lá por meados da década de 70, quando assumiu a Prefeitura de Itapira pela primeira vez, que Barros Munhoz alcançasse píncaros tão elevados na escala da hierarquia política? Numa hipotética bolsa de apostas, com certeza seria desprezível, um azarão. A consciência do ser humano, entretanto, é insondável. E penso hoje que, ao debutar como político,Totonho já traçava o horizonte que pretendia alcançar.

Assim, ao chegar à presidência da Assembléia Legislativa do Estado, Munhoz está, simplesmente, dando curso ao projeto que formulou há 40 anos. Transformou-se na segunda maior autoridade político-administrativa do Estado, só abaixo do governador. É o chefe do Poder Legislativo, uma das vertentes do triângulo governativo composto ainda pelo Executivo e o Judiciário.

É um passo e tanto. É uma ascensão fenomenal. Não há como negar. E não nego, mesmo não me alistando entre os adeptos políticos de Totonho. Aliás, suas ambições já ficaram bem explícitas quando topou disputar o Palácio dos Bandeirantes, na sucessão do governador Fleury, em circunstâncias amplamente desfavoráveis, fadado ao insucesso. Perdeu, como sabia que isso iria acontecer. Mas, parafraseando aquele humorista cujo nome esqueço agora, fez o seu comercial.

Pois é. O furacão, em cuja origem sequer se afigurava uma leve, branda e inofensiva brisa, chegou à presidência da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, o mais importante parlamenta estadual da América Latina, como ele próprio faz questão de assinalar. Não é pouco. É êxito que, se bem guardo do que vi nos últimos 50 anos, personalidade regional alguma conseguiu celebrar.

Com estas considerações, provavelmente atrairei a pecha de puxa-saco. Pouco importa. E importa menos ainda porque não sou mesmo. O que estou fazendo é tratar de um fenômeno político, que só a má-vontade e a tiflose não enxergarão em Munhoz. Assim como só a cegueira pode levar alguém a negar a Ronaldo Nazário a condição de fenômeno futebolístico.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Deu o que era previsto

Em 9 de fevereiro, quando Paulo Campos foi anunciado como técnico do Mogi Mirim, em substituição a Gelson Silva, escrevi:
"Pode dar certo. Circunstância a que estaria subordinado qualquer que fosse o escolhido. O mais provável é que não dê, até pela situação do time, a exigir um bombeiro competente ao contrário de um acadêmico".
Fechei aquele mesmo comentário com uma manifestação:
"Ficarei imensamente feliz se estiver errado".
Infelizmente, errados estavam os dirigentes do Mogi Mirim. Paulo Campos já era e deixa um legado, senão pior, no mínimo igual ao de Gelson Silva.
Foram dois evidentes equívocos da direção, como o foram aqueles cometidos na montagem do plantel, pela forma e pela escolha.
Pois bem. Se antes era necessário um bombeiro ao contrário de um acadêmico, agora é necessário um salvador. E os salvadores andam rareando no mercado.

domingo, 15 de março de 2009

Pode entrar para a história

O goleiro Andrada, do Vasco, se tornou celebrizado por ter sido a ‘vítima’ do milésimo gol de Pelé, no Maracanã.

O Botafogo de Ribeirão Preto entrou para a história pela goleada que sofreu diante do Santos, na Vila Belmiro, por 10 a 0.

Não só pela goleada, mas também porque, nessa partida, Pelé marcou sete gols.

O Mogi Mirim pode ter entrado para a história neste 15 de março de 2009. Não pelo resultado da partida contra o Santos, em que perdeu por 3 a 0.

Mas, porque foi nesse jogo que o menino Neymar, de apenas 17 anos – a mesma idade com que Pelé se tornou conhecido no mundo – fez seu primeiro gol com a camisa do Santos, como profissional.

Há uma fenomenal expectativa de que Neymar, no mínimo, se torne em um segundo Robinho. Os mais entusiastas pensam no Pelé II.

Qualquer hipótese que se confirme, levará o Mogi Mirim para a história por ter sido a primeira vítima de sua genialidade.

Como se vê, mesmo uma campanha vexatória pode deixar alguma coisa para a história.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Giovanni, o só

A goleada de 4 a 0 sofrida pelo Mogi Mirim ante o Santo André, que poderia ter sido ainda mais vexatória, é o resultado da diferença entre Giovanni e o resto.

Malhado impiedosamente e responsabilizado por parte dos insucessos do time, o ex-craque do Santos e do Barcelona deu exemplo de profissionalismo durante a catástrofe do ABC.

Fez o que lhe cabia e o que era possível que fizesse. Acho que esbravejou inclusive com o treinador, desanimado com a mansidão do time. Quase indolência.

Mas, o problema do Mogi Mirim não é de mansidão ou de indolência. É de ruindade mesmo. Daí eu ter ficado com dó de Giovanni, perdido entre um grupo de jogadores no máximo medianos.

Assim, é difícil. Ou melhor, é impossível. A quem entregar com açúcar uma bola redondinha? Com quem contar para dar curso ao seu talento, esbanjado no gramado de Santo André?

Foi o mártir de uma batalha inglória, cercado de nulidades. Se em alguma coisa Rivaldo acertou foi em trazer Giovanni, obra pessoal do presidente do Mogi.

Eu mesmo desconfiei que isso pudesse dar certo. Não deu mesmo. Mas, não por responsabilidade de Giovanni e nem por erro de Rivaldo

Não deu certo porque, nas tarefas que o presidente do clube atribuiu a seus prepostos, o resultado foi pífio.

Os incumbidos da tarefa se esqueceram que, para jogar com Giovanni, a premissa era a de que os coadjuvantes ao menos possuíssem cérebro.

Giovanni ficou sozinho. Coitado. Suspeito que esteja com uma vontade louca de voltar para Belém. Se eu fosse ele, voltaria.

Aconteceu bem mais cedo

Pouco tempo após passadas as eleições e definida, portanto, a composição da Câmara, me lancei ao atrevimento da premonição. Diante do quadro de massacrante maioria governista então construída, formando placar de 14 a 3 (e não de 17 a 3, como escrevi por engano), pus em dúvida a perenidade dessa predominância, embora sem cometer o desatino de prever uma inversão nessa relação de forças.

Minha expectativa então era a de que a configuração monolítica do grupo situacionista não resistiria a seis meses. Não era uma suspeita gratuita, sem alguma fundamentação. Listava como fatores a exacerbação dos egos, os interesses contrariados ou não atendidos, entre outros. E quando fiz tais considerações em absoluto inovei ou produzi alguma sabedoria nova.

Tenho plena noção de que não descobri a quadratura do círculo. Apenas trabalhei com as idéias que vou recolhendo ao longo tempo, na convivência com pessoas, seres humanos. E os seres humanos se caracterizam por serem assim, imperfeitos, sinuosos, volúveis, movidos que são por vontades, desejos, humores, ódios, prazeres e instintos.

Pois bem. Fechados apenas dois meses desde a posse dos eleitos em outubro, eis que as fissuras já se manifestam de maneira explícita e, em alguns casos, agudas. No inevitável – ou seria no irrelevante? – todos votam. Na solidariedade, já não é a mesma coisa do pós-eleição e dos primeiros dias da Legislatura.

Ungido líder na estréia, Rogério Esperança já apeou da carruagem. Quanto isso leva, de fato, o PDT, ainda é incógnita. Mas, é uma dissensão de peso, resgatando-se da história recente o fato de que ocupou cargos de primeiro escalão no primeiro governo de Carlos Nelson.

Ora, e por que Esperança se desiludiu? Por interesses contrariados, os quais o levam a se sentir desprestigiado diante de sucessivas expectativas abortadas. Na verdade, não está presente, no caso, uma divergência de fundo quanto à administração e seus rumos, mas uma rusga política. Seja como for, se não é (ainda?) oposição, Rogério deixou de ser governo.

Também bem mais cedo do que eu supunha, Maria Helena se tornou uma voz claramente oposicionista, com a agravante de que é alistada no mesmo partido político do prefeito, o PSDB. Alto lá. Preciso ser justo. O prefeito é que se alistou na sigla em que a vereadora se abriga desde seu ingresso na vida política. Embora mais pontual e, nestes primeiros meses, centrando seu foco nas questões da saúde, já divide a tribuna com Márcia Róttoli e Orivaldo Magalhães no combate ao governo.

Numericamente, ainda é insignificante o desembarque verificado na nau governista. A questão é saber a dimensão do poder de contaminação dessas migrações. Algum efeito elas produzirão, sem qualquer dúvida.

Fica a expectativa quanto ao tamanho e ao tempo. E o tempo será tanto mais breve quanto forem crescendo os inconformismos dos desatendidos. É impossível, sem entregar a alma, acolher e dar provimento a todas as demandas que vão bater na porta do Gabinete do Prefeito. Ainda mais quando o cobertor começa a ficar curto para cobrir, simultaneamente, a cabeça e os pés. A crise está nas fronteiras e não parece haver barreira capaz de evitar que invada o arraial. Em tal circunstância, o ‘sim’ torna-se cada vez mais raridade. E o ‘não’ costuma produzir seqüelas. Aguardem-se então os próximos capítulos.

domingo, 8 de março de 2009

O buraco é mais fundo?

Sob o ponto de vista do poder fazer, o prefeito Carlos Nelson não pode ser alvo de qualquer restrição. Podia, como fez, mandar desligar os guardinhas mirins ainda com tempo para permanecerem na Prefeitura. Podia, como fez, não recrutar novos menores para as vagas abertas por aqueles com idade vencida para a permanência.

Não tenho necessidade de achar razões para ser contrário à decisão. Não ganho para isso e não me aproveita em nada. “De modos que” – como estou cansado de ouvir – o que penso é fruto dos estreitos limites dos meus neurônios. E penso que, sob o ponto de vista social, foi uma crueldade. Seja pela posição que os guardinhas mirins ocupam na escala dos formadores de custos do Poder Público. Seja pelo quanto representam para eles e suas famílias os R$ 450 que recebiam no fim do mês.

Como seria uma insanidade de minha parte supor que o prefeito tenha sido movido pela intenção de praticar um ato cruel com seres humanos tão indefesos, saio à procura de outra explicação. E a que encontro me incomoda. Fico a temer, sinceramente, que a situação financeira da Prefeitura no momento presente, ou a perspectiva que se desenha no horizonte, seja de penúria.

Isto é, a dificuldade atingiu tal profundidade que é preciso passar o facão sem dó. Não interessam os donos dos pescoços, por mais que eles sejam dependentes do que o Município lhes assegura ao termo de cada 30 dias e por menos que sejam culpados pelo tamanho do rombo. Só isso, a meu indigente juízo, justificaria vitimar 50, 60, 70 ou sejam quantos forem os rapazes e meninas.

Se o quadro é esse, a profundidade da crise gela a espinha, a despeito das tórridas temperaturas que estamos suportando já há duas semanas. Considero que, em tal circunstância, uma decisão tão grave como essa teria, obrigatoriamente, que vir acompanhada de medidas de caráter profundo no conjunto da administração.

A notícia é de que foi determinado um contingenciamento linear de 25% nas despesas de custeio de todos os órgãos. Suspeito, então, que os guardinhas foram atropelados por essa locomotiva que, entretanto não foi cruel com a mesma linearidade por onde trafegou. Posso cometer monumental engano, mas acho que está caracterizada a economia de palito.

domingo, 1 de março de 2009

Seis por meia dúzia

Se os números valem alguma coisa, a conclusão é de que o Mogi Mirim trocou seis por meia dúzia. Mandou Gelson Silva embora e trouxe Paulo Campos na expectativa de empreender uma marcha de recuperação do time.

Os resultados falam por si. Gelson disputou cinco jogos no comando do Mogi. Ganhou um e perdeu quatro. Fez três pontos.

Paulo Campos também disputou cinco partidas. Obteve dois empates, sofreu três derrotas e não conseguiu vitória alguma. Fez dois pontos. Em seu favor, apenas o fato de que jogou só uma em casa.

Seja como for, não resolveu nada. Ah! É o time. É muito ruim. Mas, aí entra aquela história do “pau que dá em Chico, dá em Francisco”.

Era o mesmo – e pior – sob Gelson Silva. Chegaram reforços. Além do mais, Paulo Campos tinha a obrigação de ser melhor. Veio para consertar.

Concluo: Gelson Silva era seis. Paulo Campos é meia dúzia.

Agora, o Mogi Mirim está à mercê do milagre.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Emoções fortes

Ao que parece, o grupo que dirige o Mogi Mirim adora fortes emoções. Tem grande predileção por aventura.

Ao menos, é o que sinaliza a escolha do nome do novo técnico do time. Paulo Campos? Ilustre quem?

A contratação repete o expediente da escolha de Gelson Silva. Era uma opção com enormes probabilidades de não dar certo. Como a lei das probabilidades costuma ser infalível, não deu certo.

Paulo Campos chega sob o mesmo signo. De seu enorme currículo, em que os maiores feitos são no Kwait, no Arábia Saudita e no Qatar, não costa um feito relevante.

Pode dar certo. Circunstância a que estaria subordinado qualquer que fosse o escolhido. O mais provável é que não dê, até pela situação do time, a exigir um bombeiro competente ao contrário de um acadêmico.

De todo modo, acho que se explica. O ‘novo’ Mogi Mirim decidiu que não disputaria mercado no quesito da escolha de treinador. Daí a escolha de Gelson Silva. Daí a escolha de Paulo Campos.

Penso assim: sempre que é necessário ficar enfatizando o currículo do treinador é porque ele é desconhecido e não transmite confiança. Caso típico agora.

Ficarei imensamente feliz se estiver errado.

domingo, 25 de janeiro de 2009

“Leis é leis”!

Consta ter existido um político aqui na região que, ao ser questionado sobre certa decisão, emitiu uma sentença que se tornou folcloricamente antológica. Justificou: “leis é leis”.

A essa lembrança recorro para concordar com o autor da proclamação, se de fato existiu, corrigindo-a, entretanto, para a grafia correta, com a concordância adequada: leis são leis.

Em sendo assim, como tais as leis devem mesmo ser observadas em todas as circunstâncias, respeitados os limites que contem, como tudo contem limites. As leis, por sua vez, devem se adequar aos hábitos e costumes e jamais se deixarem banhar com as águas do bom senso.

Faço estas divagações como introdução para os repetidos episódios de canetadas que têm sido protagonizados pelos agentes de trânsito. Canetada, para quem não entende, é correr a caneta no bloco de autuações. É o que tem sido feito. Não por obra independente e intelectual dos agentes, mas por cumprimento cego e obediente a ordens superiores.

Tivemos o caso do Cemitério, em pleno Dia de Finados, que abespinhou o então vereador Mogiano. Nesse intervalo devem ter ocorrido outros. Agora, o alvo do exercício de tiro é o Lavapés, uma das mais ricas e pior exploradas áreas públicas de lazer de Mogi Mirim.

É um local que deveria ser tratado com carinho e estímulos. Poderia ser o grande catalisador noturno da cidade, uma espécie de Copacabana caipira. Mas, ao contrário disso, quando alguns empresários se deslocam para o Lavapés e mobilizam centenas de freqüentadores, lá vem a lei. E a caneta corre esperta.

Se “leis é leis”, não estão errados os agentes nem seus chefes. Errados estão os que a transgridem. Tudo certo, não fosse a falta de sensibilidade para perceber que toda cidade é regulada por seus hábitos e costumes. Não falo em tolerância para com a transgressão, mas na necessidade – e inteligência – de reconsiderar certos disciplinamentos.

Ao que consta, as autuações têm sido aplicadas porque o parque do Lavapés é volteado pelo arremedo de uma ciclovia. O que a delimita não é mais do que uma faixa amarela no solo, sem qualquer resguardo de segurança. Passei por ali noite dessas, certamente pouco depois das 10. Não vi um cristão exercitando os pedais. Porque esse não é mesmo o horário preferencial dos ciclistas.

Dito isto, por que não liberar para o estacionamento da clientela que frequenta os estabelecimentos do lugar, que divertem o povo, pagam impostos e geram empregos? Quem sabe alguém responde. Ah! Antes de terminar, um aviso: não tenho carro e nem o Lavapés está entre as minhas preferências de lugar para as sagradas Brahmas de sexta-feira.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vontade de dar

Conforme o rumo que se dá a abordagem de certos assuntos, é habitual que isso seja interpretado como deliberação em ser ‘do contra’. Ou de se esforçar em desvalorizar conquistas e negar méritos a quem destes é credor.

Posso assegurar que não é o meu caso, o que é fácil de ser comprovado pela constância linear das minhas idéias. Então, feitas estas preliminares para desencorajar os apressadinhos, achei ser a hora de desmistificar algumas proclamações recorrentes e persistentes acerca de fatos dos últimos dias, também com ligações remotas no específico do que vou tratar.

Mogi Mirim acaba de ser premiada com alguns milhões do Estado para investimento em obras viárias, particularmente voltadas à estradas vicinais. Exultei-me de satisfação. Afinal, faz bem à minha cidade e ao povo com o qual convivo nas ruas. Alvorocei-me de satisfação, todavia sem perder o juízo e a noção de que nem tudo que reluz é ouro – como dizia minha saudosa avó Gidica.

Serra deu a Mogi Mirim – um pouco mais ou um pouco menos – como deu para mais de 500 municípios do estado. Aliás, anuncia que vai, até deixar o Palácio dos Bandeirantes para disputar o Planalto, contemplar a todos os 600 e não sei quantos municípios de São Paulo. Porque faz parte de seu projeto político.

Aliás, por trás de seu estilo austero e mão fechada, está se saindo mais político do que Jânio Quadros e Adhemar de Barros juntos. Está espalhando dinheiro por todo o estado para alavancar seu projeto presidencial. Sendo assim, não pode discriminar, dando aos amigos tudo e aos inimigos, a lei.

Negar que boas relações com os governos fazem um bem danado é ingenuidade angelical. Carlos Nelson não foi para o PSDB por conversão à social-democracia tucana e nem esqueceu suas velhas rusgas com Barros Munhoz por um sentimento de bondade. Está colhendo os frutos de ambas as operações políticas que fez. Consulto aqui meus neurônios quase enrijecidos e concluo que dificilmente a cidade recebeu tanto do Estado quanto nestes anos generosos que estamos vivendo.

Daí a erigir deuses em altares políticos vai uma brutal distância. Mas, é da nossa cultura política, e particularmente dos hábitos dos próprios políticos, em ato de defesa de interesse próprio e em ação de capitalização eleitoral, tecer loas a si ou a quem interessa agradar por gratidão ou investimento em novas benesses.

Não. Não desmereço Carlos Nelson, até por saber que aporrinha secretários e assessores graduados do governo do Estado com infindáveis pedidos. Não renego a influência do deputado Barros Munhoz, hoje mais advogado de Mogi Mirim que de Itapira perante as esferas da administração paulista. Mas, entendam bem esta expressão final: Serra está com vontade e precisando dar. E como tem de sobra, está dando para todo mundo.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Safras mirradas

No ano passado, não houve eleição para prefeito em Mogi Mirim. Houve quase uma aclamação por exclusão. Tanto é que Carlos Nelson sequer precisou fazer campanha e não gastou R$ 200 mil para garantir mais quatro anos de mandato. Seus oponentes foram de uma incompetência brutal, poucas vezes vista na história política da cidade.

Não que, por obrigação, a oposição devesse ganhar a eleição. Mas, dela, o mínimo a ser esperado era de que oferece enfrentamento para permitir um mínimo confronto de idéias. Foi “sem graça”, segundo a definição de meu amigo Valdemar Sibinelli, reputadíssimo editor da EPTV desde os tempos em que me toleraram por lá. De tal forma que o princípio elementar da democracia aqui não foi exercido.

Mesmo sendo muito cedo, fico a imaginar que igual cenário é capaz de repetir daqui a quatro anos. O horizonte é muito pouco animador, se for examinada a presente disponibilidade de voluntários. Mas, não se poderia esperar mesmo que, da transposição da lua para o sol, algo de excepcional pudesse acontecer e lideranças emergentes se fizessem descortinar por trás do mar.

Ao contrário da preocupação de que as eleições sejam sangrentas, disputadas a tapa para, ao contrário do que diz Valdemar, “ter graça”, o porto onde pretendo ancorar minha enfraquecida nau de idéias é bem outro. Penso que a cidade não pode ficar presa à dependência de um messias ou de um esperto que saiba explorar a oportunidade oferecida pelas circunstâncias.

Penso, ao contrário, que as forças sociais, e em especial os partidos políticos, precisam retomar o seu senso de responsabilidade e ter pela cidade um mínimo de estima e respeito. Não é o que vem acontecendo e já faz algum tempo.

Muita gente raciocina no sentido de que a cidade que se lixe e que os políticos tomem conta dele do jeito que bem entenderem. É tiro no pé, mas tem gente, muita gente, que pensa assim, o que não é a primeira vez que afirmo com pesar.

O tempo está aí a oferecer um largo caminho. Se deixar por conta do prefeito e dos vereadores, daqui a quatro anos o prefeito indica o candidato que ele quiser e os vereadores vão tentar se garantir no poleiro. E tudo vai “continuar como dantes no quartel de Abrantes”.

Não que isso seja um mal em si. Mas, será um conformismo com fortes pinceladas de omissão, pecado que a ninguém é dado o direito de cometer. Não será possível restabelecer o gosto por Mogi Mirim? Não será possível retomar o exercício da fermentação de idéias, do “achar” que deve ser desse jeito e não daquele?

Mogi Mirim não é mais aquela cidade que a linha do trem cortava pelo meio e que um simulacro de um guarda de trânsito silhuetado em zinco convocava os consumidores a comprarem na Pernambucanas. Desde então, gerações se sucederam.

Mas, fico com a aborrecida impressão de que as novas safras, sobretudo nas colheitas mais recentes, produzem frutos mirrados, especialmente pelo conteúdo alojado no interior do órgão que se sustenta sobre o pescoço. Será? Talvez seja deformação consequente da inevitável senilidade de que não conseguimos escapar.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Força estranha

Uma força estranha, muito estranha mesmo, deve ter convencido Rogério Esperança a abrir mão da presidência da Câmara para se contentar com um fraquinho prêmio de consolação: a liderança do governo.

Quando digo que Rogério abriu mão da presidência não estou exagerando nem chutando. Ele tinha previamente nove votos seguros. Durante a nervosa reunião de quarta-feira, no Gabinete do Prefeito, a votação interna terminou em 8 a 5. Ali, Osvaldo tinha mais. Rogério tinha o dele, de João Luiz e Robertinho – presentes à reunião – e de mais dois governistas.

Com o voto de Maria Helena, que não foi ao encontro convocado em regime de urgência, fechava seis votos. Comprometido que estava com a oposição, faria nove com Dito da Farmácia, Magalhães da Potencial e Márcia Róttoli.

A reunião, ornamentada sonoramente por gritos, berros, discussões e ameaças, terminou indefinida. Ou melhor, terminou em impasse para o grupo de apoio ao prefeito Carlos Nelson. Até ali, Rogério insistiu na manutenção de sua candidatura.

São fatos. Mais tarde, no correr das horas, no final do dia e em petit comité, tudo mudou. Esperança abriu mão. O mesmo que fez José Fernandes Filho, que deveria ser o vice-presidente da mesa. O que aconteceu nesse intervalo e, mais precisamente, no derradeiro encontro, ainda não foi possível resgatar. Virá à tona, é certo. Mais dia, menos dia, haverá um inconfidente. Sempre há, desde Joaquim Silvério dos Reis.

Não sei, mas acho que esse abrupto, inesperado e surpreendente recuo de Rogério não foi movido apenas por “luzes divinas”. Deixo claro: acredito nelas; elas são poderosas, tanto quanto são misteriosas. Mas, misteriosas por misteriosas, fico a imaginar que outras forças devem ter oferecido contribuição à grave decisão do vereador pedetista.

Aliás, recordo-me que, anos antes, Rogério praticou ato semelhante no curso da aquecida discussão acerca do Centro de Ressocialização. Estava de um lado e mudou de idéia aos 44 minutos do segundo tempo.

Quem viveu, viu. Talvez isso explique ser uma nuance da personalidade do vereador. Os próximos tempos confirmarão ou não. Há quatro anos pela frente, se é que Rogério não será recrutado de novo para o grupo de auxiliares de Carlos Nelson. Até acho difícil, não impossível.

Para que fique claro, a mim pouco importava quem viesse a presidir a Câmara. Fosse de que lado fosse. Aplaudo inclusive a escolha de Osvaldinho, que vejo como alguém sério, responsável, e equilibrado. Desejo sucesso a ele. O que estou a discutir é o cenário e as circunstâncias que cercaram o episódio da eleição, notoriamente decidida fora do âmbito apropriado.

Caetano escreveu que uma “força estranha” o levava a cantar, numa letra primorosa interpretada magistralmente por ele mesmo e por Roberto Carlos. Como acredito nos poetas, acredito na existência de forças estranhas. Mas, incorrigivelmente materialista, ainda creio mais nas forças palpáveis, que podem ser tocadas pelas mãos, ainda que igualmente estranhas.

Grande ou pequena?

Deve voltar à Câmara nos próximos dias o projeto que unifica as leis de incentivo à industrialização – a primeira delas ainda do segundo governo de Adib Chaib, entre o final da década de 60 e o início da década de 70 – e estabelece novas regras na relação entre o Município e empresas interessadas em se instalar na cidade.

Chama a atenção, como ponto principal da proposta, a exclusão da hipótese de doação de terreno, o que é um modelo convencional na política de quase todas as prefeituras. A cessão gratuita de área é o chamariz com que os municípios acenam aos investidores, além de favores fiscais.

No primeiro ciclo do reinado de Carlos Nelson, se bem me lembro, uma única doação foi feita à Balestro e ainda assim porque se tratava de imóvel reavido pelo Município, localizado no Distrito Industrial “José Marangoni”. Aliás, de não ser esquecido que, ao longo dos tempos, houve verdadeira farra de doação de terrenos naquele distrito industrial.

Houve até mesmo um caso, durante o governo de Jamil Bacar, em que a Prefeitura teve que desapropriar, para reavê-lo, um imóvel doado a uma fabricante de tratores, empilhadeiras e semelhantes, que jamais deu as caras na cidade. Houve verdadeiros absurdos. Mas, isso é da história.

Voltando ao cerne da questão, ouvi de Carlos Nelson, múltiplas vezes, a convicção de que a Prefeitura não deve comprometer recursos na compra de terrenos para transferi-los de graça à indústrias. Equivaleria a tirar dos pobres e dar aos ricos. Isto porque o Município não dispõe praticamente de estoque algum de terras, exceto alguns lotes vagos no Distrito Industrial “José Marangoni”.

Como discurso, é o chamado ‘politicamente correto’. Paulo Silva comprou. A Eaton, por exemplo, está fincada numa dessas áreas. Custou o sangue na ocasião? Mas, o retorno está aí. Me parece que, décadas depois do governador Laudo Natel lançar o Programa de Interiorização do Desenvolvimento, que deflagrou a febre de doação de imóveis à indústrias no Interior, as empresas ainda não mudaram sua cultura. Ainda valorizam, de modo decisivo, a obtenção graciosa do terreno para instalar sua planta.

A decisão do prefeito, assim, tem seus componentes de risco, na contramão da filosofia de que doar está fora de discussão. Não que, em si, inviabilize inteiramente a localização de novos empreendimentos industriais, mas que cria obstáculos e dificuldades parece não haver a menor dúvida.

Na verdade, há situações distintas. Quando decidiu se instalar em Mogi Mirim, o que terminou em fiasco face à quebra da matriz nos Estados Unidos, na década de 70, a Chrysler não pediu terreno de graça. Comprou. Esse é padrão dos chamados megaempreendimentos – com o perdão da péssima lembrança que o vocábulo evoca. Já os médios e pequenos se condicionam totalmente à benesse da doação da terra. Resta saber, assim, o que pretenderá o governo municipal.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Aos eleitores...

...as batatas. Soou assim para mim ao ouvir o vereador Fabio Mota anunciando seu afastamento da Câmara para ocupar cargo na esfera da Prefeitura, horas após assumir o mandato. Por que não tinha, não apresentou qualquer argumento minimamente convincente. Não a mim, mas aos seus 1069 eleitores.

Fábio não é o primeiro. Na legislatura anterior, o protagonista foi Rogério Esperança, que perambulou pelo Saae e pelo Departamento de Meio Ambiente. Nos dois casos e nos que ainda possam surgir, não consigo achar nexo nas atitudes, que a meu juízo representam um belíssimo exemplo de traição dos eleitores.

Por que disputar uma eleição, às vezes a peso de ouro, recrutando equipes, gastando combustível, espalhando papéis pela cidade e proclamando compromissos aos quatro cantos? Na minha santa ingenuidade, penso que seja para conquistar o mandato e interpretar os anseios dos cidadãos na Câmara Municipal. Penso que seja até mesmo para galgar posições, subir degraus e se lançar a aventuras mais ousadas.

Mas, eu penso assim porque sou ingênuo. Não sou capaz de compreender que outros interesses possam alterar as rotas e levar o eleito a dar um pontapé bem dado no mandato e mandar uma bela de uma banana aos eleitores.

Não sou capaz de compreender que, para alguns, o interesse individual está acima do coletivo. Não sou capaz de compreender que ainda prevaleça a filosofia consagrada por Gerson em um comercial de cigarro, segundo a qual o importante é levar vantagem em tudo. E quando em vantagem, penso: em sã consciência, ninguém troca o mais vantajoso pelo menos.

A exemplo de Rogério antes, Fábio comete – para a minha ingênua capacidade de interpretar as condutas – um gravíssimo erro. Filia-se à corrente dos políticos que desdenham os cidadãos, que agem de costas para a sociedade, convencidos de que esta é desmemoriada e esquece tudo.

Eu costumo pensar que as leis não moldam as condutas sociais. São as condutas sociais que exigem a adequação das leis. Pois aí está um caso. Esse hábito de trocar o mandato por cargo se enraíza tanto que me parece necessário, e com certa urgência, botar uma tranca nesse maldito vício, criando dispositivo segundo o qual o eleito tem que exercer o mandato obrigatoriamente.

Me arrisco a ir um pouco mais longe fazer uma provocação: eleito que decide não exercer o mandato não estaria praticando infidelidade partidária? Está deixando de ser fiel à sigla que lhe deu lugar para representá-la. Está descumprindo compromisso partidário. Não guarda certa relação, à luz da atual regulamentação sobre fidelidade partidária, com quem se elege por um partido e vai se abrigar em outro?

Concordo que, nesse ponto, fui um pouco longe demais. Viajei. Mas, na pior das hipóteses não temo insistir que o afastamento é um atitude de infidelidade para com o eleitor. A quem os eleitores de Fábio Mota agora deverão recorrer? Ao Boca, que o substituirá? Mas, não foi o Boca que eles elegeram.

Em tese, portanto, se tornaram órfãos. Resta saber como reagirão se, daqui a quatro anos, forem procurados novamente por Fábio. Será a hora de retribuírem com a banana?