segunda-feira, 14 de julho de 2008

Não se espantem

Não faz muito tempo que Severino Cavalcante foi conduzido à presidência da Câmara dos Deputados, um dos mais altos poderes da República. Do posto, o tosco político pernambucano só foi apeado em virtude de uma bobagem que praticou, numa relação promíscua com o concessionário do restaurante da Casa.
Ao longo dos tempos, as casas do Congresso Nacional já abrigaram figuras semelhantes. Fenômeno que se repete e, por conseqüência, se espalha por todo o país. E que não afeta apenas as casas legislativas, mas aos executivos também. Não são poucas, nesse Brasil imenso, as figuras simplórias erigidas a mandatárias máximas de seu povo.
Ora, quando a relação de candidatos à Câmara Municipal causa certos arrepios, pela inclusão de nomes que o jargão político qualifica como exóticos, não está ocorrendo nada que esteja desacordo com nossa história política. E, mais do que isso, nada que não seja reflexo da predominância do baixo nível de formação intelectual da sociedade como um todo, por decorrência das deformações eternas e até aqui incorrigíveis da educação.
De um jeito ou de outro, aqueles que são ungidos a candidatos correspondem ao que os partidos têm por dentro e ao que faz parte do chamado tecido social. Não somos uma Suíça. Somos o Brasil, com os nossos intelectuais, os nossos ignorantes e os nossos excêntricos. Arrisco-me a dizer, talvez para aumentar os arrepios de alguns pelos mais sensíveis, que a presença dos excêntricos em listas partidárias, de algum modo, significa fazê-los representar como segmento social. Ou vamos viver cobertos pelo eterno cinismo?
Por último, duas coisas. Se os exóticos são execrados, responsáveis são pela reação as agremiações partidárias, que os abrigam como filiados e os apregoam no leilão do “quem dá mais voto”. Descerebrados, movidos por interesses mesquinhos – com as exceções de praxe – os partidos “não estão nem aí”.
A segunda e última observação a fazer diz respeito à responsabilidade do eleitor. Disse certo político, certa vez, que nenhum parlamentar chega ao Congresso Nacional ungido pelo Arcebispo da Diocese. Nada mais perfeito. Ora, se um dos esdrúxulos, que tanto mal-estar causam, chegar à Câmara Municipal, a responsabilidade terá cabido, em última e irrecorrível instância, ao eleitor. E ponto final.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, Valter. É assim que a boiada segue com destino ao matadouro.