sábado, 31 de dezembro de 2011

PRÉVIA PARA OUTUBRO

Faltam só nove meses para as eleições. O que a gente deve fazer quando outubro chegar?

OPÇÃO 1 - Votar em qualquer candidato apoiado por Carlos Nelsons, para continuar a atual filosofia de governo?

OPÇÃO 2 - Votar em candidato apoiado por Carlos Nelson, mas dependendo de quem seja o escolhido?

OPÇÃO 3 - Votar em qualquer candidato contrário ao atual governo para mudar os rumos da administração?

OPÇÃO 4 - Votar em candidato contrário ao atual governo, mas dependendo de quais sejam os indicados?

OPÇÃO 5 - Não votar em ninguém e deixar que o destino cuide da cidade?

MAIS DE 1 BILHÃO DE REAIS NA MÃO

Vejam como é importante saber escolher o próximo prefeito.
Ele vai manejar nada menos que 1 BILHÃO E 300 MIL REAIS em quatro anos.
É muita grana. Que vai sair do bolso dos cidadãos.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011


O gesto do filho de Jader Barbalho parece ser um perfeito e acabado exemplo de educação de berço. O que o menino faz na foto é o que o senador faz para todos nós brasileiros, depois de fugir da rinha para não sofrer uma inevitável cassação de mandato e voltar ao centro das decisões nacionais.
Pobre Pará, coitado do Brasil.

BOM PRINCÍPIO DE ANO NOVO

Informa a Prefeitura que, a partir da próxima segunda-feira, dia 2 de janeiro, a tarifa do transporte urbano em Mogi Mirim será reajustada. Os usuários vão desembolsar R$ 0,25 a mais. O novo valor será de R$ 2,65.

Aí vem a velha ladainha: desde setembro a Viação Santa Cruz discute a revisão dos valores. A empresa solicitou o aumento para R$ 2,90. Mas, diz o guapo diretor de Trânsito e Transportes, Vitor Coppi, a Prefeitura não concordou com R$ 2,90 e chegou ao valor de R$ 2,65, que o prefeito Carlos Nelson considera um valor justo e que não deve prejudicar o funcionamento do transporte coletivo.

Então, está feito. No primeiro dia útil de 2012 o bolso do contribuinte sofre o primeiro ataque.

E então estamos todos salvos com defensores tão intransigentes quanto aos interesses dos cidadãos.

OUTROS CAMINHOS

Estava longe de ser o projeto para o momento. Mas, as circunstâncias tornaram a escolha inevitável. A partir de 1 de janeiro me desligo do cargo de editor-chefe do jornal O POPULAR. Na função, fiz o máximo que minhas limitações permitiram.

Os caminhos estão ahertos. Para alguém dar seguimento e tocar à frente o barco. E espero que estejam abertos também para mim, na busca por outros horizontes.

VALTER ABRUCEZ

sábado, 24 de dezembro de 2011

Resolução dispensa placas avisando presença de radares

Vias urbanas e rodovias não são mais obrigadas a ter placas de alerta para a existência de radares fixos e móveis. Uma nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito derruba a exigência existente desde 2006. No entanto, os equipamentos de fiscalização não podem ficar escondidos.
O argumento da mudança é a redução do número de acidentes, já que muitos motoristas aproveitavam o aviso dos radares para ultrapassar a velocidade máxima permitida em pontos não cobertos pelo equipamento.
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Fonte: Globo.com

É ela, sem qualquer dúvida

A vice-prefeita Flávia Rossi só não será candidata a prefeita de Mogi Mirim se algo de muito extraordinário abatê-la no caminho. Tanto é que, se a oposição fosse inteligente, já estaria se municiando para enfrentá-la e para enfatizar suas fraquezas. Quem não tem fraquezas, não é mesmo? Todos, em especial a esquerda local, que sofre do assembleísmo e da falta de praticidade. Acho que vai tomar um baile e ver a professora Flávia entronizada no Paço Municipal. 

Togados nus

Membros do Poder Judiciário, de alto escalão, de instâncias de cima, tiveram contas bancárias bem nutridas por um tal de 'auxílio moradia'. Os ilustres magistrados estão ficando nus. Passou da hora de acabar com essa imoralidade do auxílio moradia, auxílio paletó, coisas que não servem a outra finalidade senão dar o drible da vaca nas leis para garantir a engorda dos contracheques no fim do mês. Releio Stanislaw Ponte Preta: "Ou restauremos a moralidade ou nos locupletemos todos".

COITADA DE CAMPINAS

Tenho estima por Campinas. Gosto da cidade. Fiz amizades honrosas lá. Construí lá boa parte do meu curriculo profissional. Mas, lamento: a cidade apodreceu politicamente, dominada por gente sem escrúpulos. Primeiro, o "doutor" Hélio; agora Vilagra - dois prefeitos defenestrados por corrupção. Que em 2012 os campineiros se redimam dos errros cometidos.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Cuidemos de nós

1 – Não só é arriscado como não é correto proferir sentença quando os suspeitos ou acusados ainda não foram julgados pelos órgãos competentes, com amplo direito de defesa. Refiro-me ao caso do prefeito de Limeira, Silvio Felix, metido numa baita de uma encrenca com as inquinações que pesam sobre sua família. É daqueles casos que, antigamente, se chamavam de cabeludos. É coisa de espantar, por demonstrar o grau de articulação a que as pessoas teriam chegado para auferir vantagem através do cargo público.

2 – É de brutal coincidência que tenha envolvido a família do prefeito – esposa e filhos – de modo semelhante com o que ocorreu em Campinas, onde os episódios terminaram com o afastamento do prefeito Hélio de Oliveira Santos. Pensar que todo o golpe tenha sido arquitetado sob a ignorância dos prefeitos é um ato de benevolência com ambos ou de pueril ingenuidade. Impossivelmente isso aconteceria desse modo. O mais lógico é supor que tudo tenha sido organizado de modo a excluir mesmo o prefeito. Porque, pensar de outro modo só na circunstância em que Hélio e Silvio estivessem sofrendo uma monstruosa traição de seus familiares. Isto é, teriam armado tudo à sombra.

3 – Às vezes, a ingenuidade ultrapassa os seus limites mais extremos e termina invadindo o terreno da idiotia. Mas, não é justo, não é humano conceder o beneplácito da dúvida? Não há dúvida. Mas, para isso também há os limites razoáveis. Os dois escândalos, de Campinas e de Limeira, expõem espetaculares sinais de veracidade. Aliás, digo mais. Se for o contrário, penso que deverão ser levados às grades todos que tenham feito inquinações improcedentes e mentirosas. Sim, estou me referindo aos promotores de justiça. Confio que sejam profissionais de gabarito, escravos obedientes à lei, à moral e à ética. É isso que me faz crer na procedência do que trazem à luz os mesmos profissionais.

4 – Essas situações, quando mais rodeiam as nossas vizinhanças, mais nos deixam próximos da crença de que, como dizia um amigo de jogo de baralho em Martim Francisco, de uma desgraça ninguém está livre. Não estamos, portanto. E conforme as desgraças se reproduzem, frequentando com desgraçada assiduidade o nosso cotidiano, mais me pego pouco surpreendido com os novos escândalos. Sinceramente, sinto estar perdendo velozmente a capacidade do espanto. Conservo, todavia, a indignação.

5 – O fato é que nossa responsabilidade de eleitor comum está se tornando cada dia mais grave. Estamos sendo convocados a aguçar os nossos instintos, nossos juízos, nossa capacidade de descobrir quem são de fato aqueles se nos apresentam como representantes dos nossos interesses e intérpretes de nossas vontades. Precisamos aguçar aquilo que chamamos de sexto sentido – o sentido que não se deixa enganar diante de rostos nutridos e discursos bonitos, bem articulados, porém vazios de conteúdo e recheados de intenções inconfessáveis. Cuidemos de nós se não quisermos ser as próximas vítimas.

domingo, 13 de novembro de 2011

Tribunal da consciência

1 – Não sem razão, ouvi de um empresário na quarta-feira uma frase mais ou menos assim construída: “ninguém aguenta mais ouvir falar de Prefeitura e Santa Casa”. De fato, já foi longe demais. O pior é que não acabou. Em ressonância à exortação do personagem, aviso desde já: aqui neste canto, hoje, não vou falar do tema. Me ocorreu de passar um pouco os olhos por aspectos do gênero humano que nem sempre ficam claros pelas expressões faciais ou pelas obras que realizam sobre a face da terra mogimiriana.

2 – Pela natureza da profissão, lido com os mais diferentes tipos de atitudes e reações. Das mais nobres às mais safados; das mais limpos às mais nojentos. Alto lá. Sem estresse. Em verdade, isso é coisa do cotidiano. Acontece todos os dias. Apenas que nem sempre nos pomos atentos ao que está passando bem na nossa frente, bem na nossa cara. O dia a dia é um festival de atos que, se examinados em sua verdadeira profundidade, vão revelar o que de fato contém por dentro: a legitimidade, a isenção, a honestidade ou, em sentido contrário, a falsidade, a mentira, o interesse escuso e vai por aí. É do gênero humano, como digo sempre.

3 – Mas, mesmo sendo fenômeno inerente ao gênero humano, é uma coisa assustadora como causas da maior seriedade, do mais profundo interesse das pessoas, dos seres humanos, dos povos, são tratadas pelos sentimentos da mais escancarada mentira. Deploro perceber, com minha desconfiança mineira – único aspecto das Gerais presente em minha personalidade – que figuras ilustres, de reputação admirável, de tonitruante destaque entre mortais do escalão ao zero ao mais elevado, se subordinam a sentimentos miseráveis e se entregam a atitudes da mais repugnante vileza por paixão doentia ou ódio repugnante.

4 – No curso da vida modesta em que me arrasto até hoje, jamais usei anel. Nem de formatura, porque não me formei em coisa nenhuma. Sempre tive pelos anéis uma reverência, um respeito, uma devoção respeitosa pelo simbolismo que encerram. Pois como são os tempos, não é mesmo? Espanta-me que hoje anéis reluzam em dedos que, movidos por cordéis estimulados por consciências frágeis, procedem segundo inspirações que, se confessadas, até Deus duvidará. Porque anel em dedo nobre reputa, conceitua, alça, eleva, projeta, glorifica, quase endeusa. A questão é que às vezes só o dedo é nobre.

5 – Me meti a divagar e agora preciso achar o caminho para por um fim a essa arenga – termo que, sempre que posso, empresto do vocabulário do professor Adib Chaib. Achei! Os tribunais dos homens fecham portas e sonegam liberdade. É muito pouco. Terrível deve ser o tribunal da consciência. Neste, o ajuste de contas é cruel, impiedoso. Espero não ser chamado às suas barras. A esse destino, entretanto, muita gente está escalada desde agora. Se me entendem...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

É incêndio, professora

1 – A professora Flávia Rossi foi ao rádio dizer que não existe ‘briga’ entre Prefeitura e Santa Casa, mas uma contenda na esfera judicial, cada qual com um ponto de vista diferente. Se fosse isso, seria ótimo. Mas, é briga sim. Fogueira. Incêndio de alarmantes proporcionais, para cuja propagação seu ilustre e amado líder contribui de forma admirável. Com enorme competência, como lhe é própria em beligerar.

2 – Se não bastasse, mestra, lamento com grande pesar constatar que, ao contrário bombeiros, o incêndio está sendo cercado de incendiários. Ao contrário de debelar, tem gente chegando com galões de gasolina da melhor qualidade. Daquela que não falha mesmo. Há evidentes sinais emitidos a partir de endereços da Rua Dr. José Alves, em que casualmente se instalam o Gabinete do Prefeito e o Departamento de Saúde, de que rezas estão sendo encomendadas. O propósito notório é o de erodir a reputação do oponente, tentar afundá-lo irremediavelmente na desmoralização.

3 – Esse abaixo-assinado a pretexto de afastar o diretor executivo da Santa Casa não precisa sequer de lupa para identificar as digitais do mentor. É de uma evidência oceânica, do mesmo modo que a iniciativa é de ineficácia absoluta. Custa crer que quem o anima, assopra, dá gás à coleta de rubricas, acredite na possibilidade de algum resultado na empreitada a que se meteu. Mas, cumpre o papel com fidelidade, não sem explorar o proveito da capitalização de futuros dividendos eleitorais.

4 – Mas, não faltam arautos. Abro parênteses para notar a posição algo silenciosa, me parecendo refletir sensatez no semblante da líder do prefeito na Câmara, Maria Helena. Fiquei a observá-la atentamente na segunda-feira. Formei a convicção de que ela sabe da sua importância, do seu papel e da sua responsabilidade no concerto da sociedade de Mogi Mirim. Antes de defender governo, especulo que sua sensação seja a de que não pode se atirar à lama dos desaforos politiqueiros. Desse tipo de exemplar ela tem vizinho na ferradura do plenário da Augusta Câmara (salve, salve Jorge França Camargo, que tanta falta está fazendo).

5 – Aliás, para variar, de novo o próprio de novo – o vizinho do plenário, explico – se despiu por inteiro na capacidade da bazófia, da verborragia machista e colérica para espalhar ataques a torto e direito. Não é esse tipo de protagonista que ajuda, porque incapaz da racionalidade e da responsabilidade. É o tipo, cara professora Flávia, que atiça o fogo, que opera com o maldito espírito político de século atrás segundo o qual divergência precisa terminar com a capitulação e, se possível, com a extinção do oponente. É briga, professora, e não se tem constatado gestos dos seus próximos para levar a bom fim aquilo que Vossa Excelência define apenas como peleja judicial.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Fatores que pesam

1 – A inesgotável e riquíssima sabedoria mineira fornece o ensinamento: eleição e mineração só depois da eleição. A frase é muito clara e dispensa interpretação, mas de todo modo não custa traduzir: não se cante vitória antes de os votos terem sido todos computados. No atual estágio da política mogimiriana, não haverá ninguém que, a não ser em estado de total delírio, possa fazer hoje uma prévia proclamação de vitória. O quadro é árido. Fora o excesso de voluntários, não há mais nada. Ninguém a ser hoje reputado como plenamente capaz de uma boa gestão. Sequer capaz de favoritismo eleitoral.

2 – Nas rodadas de conversas que se cometo aqui e acolá, tenho percebido haver certa sensação de conforto por parte dos que se põem contrários ao atual governo da cidade. O raciocínio é o de que, sem Carlos Nelson na disputa, tudo fica muito igual. Ou até mesmo pende em favor dos contrários, ouço às vezes. Dia desses, sequestrei Ernani Gragnanello, que cuidava de outros interesses junto à administração do jornal, e lhe aborreci com minha ladainha. Esta que repito agora. Faltam nomes credíveis de ambos ou de todos os lados – é difícil saber quantos lados estão se constituindo.

3 – Atormentei os neurônios de Ernani. Sei disso. Mas, ele me perdoa. Me conhece. Disse a ele que a oposição comete erro que pode ser fatal na subavaliação das forças oficiais. Os nomes extraoficialmente postos nem superavam e nem ficam a dever aos concorrentes. Sob o ponto de vista de conteúdo, não passam de misteriosa caixa-preta. Entretanto, não se desdenhem duas coisas: a força do poder e a capacidade política de Carlos Nelson. A mão do poder já anda pesando por aí. Recursos estão queimados sem dó em procedimentos de nítido caráter de propaganda eleitoral disfarçada.

4 – A bem da verdade, diga-se que não é o primeiro governo a fazer. Se a mão pesa, o que não se dirá da caneta. E como ignorar a astúcia e a esperteza do alcaide. Ele pode eventualmente não estar atravessando um bom momento, espalhando blasfêmias e colecionando inimigos em espantosa profusão. Mas, não é aluno do ciclo básico. E aconselhável, em resumo, não se lhe dar as costas.

5 – Não sendo isso suficiente, considere-se uma realidade que muitos se recusam a admitir: a administração é operosa no que diz respeito às intervenções que fez me faz na cidade. Seu saldo é visível. Pode-se não gostar e até discordar. Não parece inteligente negar os méritos, os resultados. E, como se sabe, imagem de governo dá importantes empurrões. Não faz milagre, mas ajuda e pode até ser decisiva. Ora, quem se der à estultice de ignorar esse conjunto de favores pode colher tempestade. Em síntese, se os pré-candidatos oficiais não chegam a fazer medo, não há também do outro lado ninguém que os supere já desde a largada. Juízo. Eu não desconsidero a hipótese de viver mais quatro anos sob o mesmo status quo.

domingo, 30 de outubro de 2011

R$ 18 mil e liberalidade

1 – Tudo foi feito com certo sentido, certa aparência de última vez, de apoteose. Sim, a festa dos 242 anos da cidade teve contornos para não ser esquecida pelos eleitores. Foi a última do atual governo antes das eleições de 2012. É certo que ainda haverá, antes de 7 de outubro, o 1º de maio e o 7 de setembro para serem comemorados. Mas, em ambos os casos dentro do período de restrições impostas pela legislação eleitoral. O peso do marketing neste 22 de outubro recém-passado foi claro na tonalidade eleitoral. Inegável, todavia, que a festa foi boa, com apelos para praticamente todas as faixas etárias.

2 – Mais uma vez, obra pública é executada por empreiteiras que sonegam as mínimas condições de respeito humano aos seus trabalhadores. Não cumprem regras elementares da legislação trabalhista. Maltratam seus operários. Também se repete a constatação de que as mesmas empresas recorrem ao recrutamento de mão de obra em outras cidades – às vezes em outros estados – para suprir suas necessidades. O expediente parece ter clara finalidade: pagar o menos possível. Repete-se também o método da subcontratação, que também parece não ter outra finalidade senão baratear o custo. A tudo, como de hábito, a Prefeitura omite-se, ignora, faz de conta que não vê.

3 – O caso dos subsídios virou uma batata quente nas mãos dos vereadores. Vai ser resolvido. A remuneração a partir de janeiro de 2013 vai ficar bem abaixo dos delirantes R$ 8 mil. É um assunto que ainda vai judiar dos personagens. E que também ainda vai ser muito explorado pelos oportunistas, liderados no mistér por Gustavo Stupp. Isto porque a solução vai invadir 2012. Curiosamente, nada ouço falar acerca dos subsídios do prefeito. Lembram-se todos que, na inesquecível noite, decidiram os legisladores oferecer generosíssimos R$ 18 mil ao futuro alcaide.

4 – Na ocasião, minha interpretação foi a seguinte: diante do fato de que o vereador iria receber R$ 8 mil, seria necessário estabelecer um diferencial substancial para o salário do prefeito. O raciocínio deve ter sido de que, no mínimo, o prefeito deve merecer o dobro da remuneração dos edis. E aí se chegou aos tais R$ 18 mil, que não encontram a menor justificativa lógica e representam uma agressão à população. Eu e acredito que os mais 85 mil moradores de Mogi Mirim e estamos esperando um esclarecimento por parte dos ilustres e zelosos edis.

5 – Perguntar não ofende: a viagem a Brasília de três membros do DEM, inclusive o presidente do partido, Rogério Esperança, foi custeada pela Prefeitura? Eles foram visitar o deputado federal Alexandre Leite. Foi uma excursão particular, partidária ou oficial? Se foi particular, acaso os turistas sofrerão desconto do dia não trabalhado em seus holerites? Não, não me acusem de ranheta. Dinheiro e cargo público merecem respeito. Por aqui, entretanto, vige uma liberalidade criminosa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Abecedário de dúvidas

1 – Aqui e acolá, pelaí como se dizia há anos, a sensação que se capta do contato com as pessoas não é das melhores. Pelo contrário, espalha-se uma fumaça de descontentamento e de pessimismo, diante do que tem sido o cotidiano de Mogi Mirim de meses para cá. Há uma coisa interessante: escoimados os interessados politicamente, é reconhecido que a cidade experimenta processo de modernização. Está melhor que antes. Penso eu e ouço de pessoas com as quais convivo. No Lavapés, durante as longas cinco horas em que me aguentei em pé, escutei muito nesse sentido. A festa é um aspecto positivo contemporâneo. Custa. Não sei quanto, mas não deve ser pouco. Todavia, faz bem. Qualidade de vida também deriva do que faz bem ao espírito.

2 – Entretanto, quando se passa o filminho dos nossos últimos episódios políticos, não são poucos – se não todos mesmos – que torcem o nariz. Houve uma apropriação muito ruim do cenário político. Grande parte das pessoas com incumbências de mando não estão minimamente preparadas para o hoje. Que dizer então para o amanhã? O horizonte, pois, não é róseo. Também porque a profissionalização da política no pior sentido só nos faz por os dois pés atrás e nos prepararmos para o indesejável. Predominantemente, o que há é interesse pela locupletação. Ou, em hipótese um pouquinho menos pior, os egos estão famintos de desejos.

3 – Um amigo me parou na rua na segunda-feira para a indagação: o que está acontecendo com a nossa cidade? De certo modo, o que está acontecendo a gente sabe, porque testemunha no dia a dia. O problema é o que pode ou o que vai acontecer. Aí se planta a grande e aterrorizante incógnita. Caramba, esta palavrinha, incógnita, me faz lembrar uma das melhores figuras com as quais convivi na vida: Clayton Semeghini, então chefe do Gabinete de Luiz Amoedo. Figura de primeira qualidade. Faz uma falta? Mas, não há como fugir da realidade, que está muito longe do que poderia ser minimamente ideal.

4 – A proximidade de uma eleição é uma excepcional oportunidade para muita coisa, para um montão de coisas. Mas, dá a ocasião para aquele flash back, aquele olhar para trás. É mais como algo que a gente, de tempo em tempo, faz na vida. Dá um breque, revolte as ideias, resgata alguns conceitos e então engata marcha nova. Numa das muitas conversas com as quais impacientei meus interlocutores no Lavapés, pouco antes da burocrática apresentação do Paralamas do Sucesso, afirmei com atrevimento e irresponsabilidade: no quadro atual, inexiste perfil minimamente amoldado ao posto de prefeito municipal para os quatro anos a serem inaugurados em 2013. Hoje – que ninguém me escute – não há um só credenciado a merecer fé. Não há um único em que se possa sentir firmeza. É um abecedário de interrrogações.

sábado, 22 de outubro de 2011

Sete anos inúteis

1 – Passei o dia de ontem me remoendo, tentando elaborar ideias, buscando desesperadamente um foco para esse interminável confronto, agora levado às penúltimas consequências por uma das partes. A direção da Santa Casa cumpriu o que parecia ser pressão em busca de uma correspondência por parte da Prefeitura. Suspendeu os plantões de especialidades no Pronto Socorro para usuários do SUS. Eu assisti a algumas crises aqui, outras em Mogi Guaçu, na relação entre o Poder Público e o hospital. Não me lembro de radicalização semelhante. E temo, sinceramente como cidadão, pelas consequências que possamos testemunhar.

2 – Atendendo a convite, há duas semanas conversei longamente com Ronaldo Carvalho, diretor executivo da Santa Casa. Como depois fui ouvir também na Câmara, fez exposições irrepreensíveis aos olhos e aos ouvidos de um leigo da mais alta patente, como eu. Aliás, parece que muita gente que está lidando com o tema, inclusive por dentro do âmbito, não detém conhecimento assim muito melhor que o meu. Aos argumentos do hospital, a Prefeitura responde com suspeitas. Não vi até aqui documento qualificado suficientemente para contestar com autoridade as razões que se produzem dentro no nosocômio (bom e moderno sinônimo, não é mesmo?).

3 – Isto significa estar definitivamente consolidado que a Santa Casa tem razão e a Prefeitura está errada? Em absoluto. Como o inverso é verdadeiro. Acredito que, no estágio em que as coisas chegaram, hoje só uma coisa é certa: cada qual das partes acha que tem razão. Neste momento preciso advertir ao incauto leitor que estas linhas que me mortifico (empresto aqui verbete da dialética de Mauro Adorno) para escrever não vão servir para coisa alguma. Como já disse, estou tratando de assunto sobre o qual repousa minha mais espetacular ignorância. E por que me meti a isso? Porque estou estupefato com a altura a que as coisas chegaram. Não consigo conceber que, por desinteligência de seres humanos, seres humanos possam ser recusados na porta de um hospital.

5 – A ideia que me convence é de que se deixou que a carruagem fosse longe demais. A rigor, a rigor, as relações entre as duas partes, durante o atual governo municipal, sempre foram exemplarmente ruins. Prefeitura e Santa Casa vêm se conduzindo como componentes de uma dupla em que cada um se põe de costas para o outro, porque não se toleram. Dia desses, em conversa com Admar Maia, ex-diretor de Saúde, fiz referência a essa ideia, que está longe de ser uma mera figuração. É real.

6 – Ora, sete anos depois eis que se vem falar em auditoria nas contas da Santa Casa, para ver o destino dado aos recursos de origem pública. E por que, se era esse o caso desde antes, já não se adotou tal providência? Tudo o que, de novo, se discute hoje e dá causa à extrema medida do hospital poderia ser matéria vencida, página virada. Que as partes me perdoem pela ignorância: quando sete anos não foram suficientes para por ordem nessa relação, ambas foram incompetentes.

sábado, 15 de outubro de 2011

Vereadores insultam inteligência do cidadão

Tenho ouvido a seguinte alegação dos vereadores: quando aprovaram o índice de 40% para a própria remuneração, durante a revisão da Lei Orgânica do Município, há um ano, o deputado estadual ganhava em torno de R$ 10 mil.
Por conseqüência, dizem, o salário correspondente ao exercício da vereança seria de pouco mais de R$ 4 mi. Tudo certo. Os números não mentem.
Mentem, entretanto, os que usam o argumento para se defender das besteiras que fizeram na Lei Orgânica e agora há duas semanas.
Usam argumento falacioso e mentiroso. Debocham e insultam a inteligência dos cidadãos. Porque fazem crer que não sabiam que a remuneração dos deputados permaneceria sempre em R$ 10 mil.
Os R$ 10 mil eram subsídios de fim de mandato. Era óbvio que os deputados aumentariam sua remuneração para a legislatura seguinte. Portanto, quem fez o que fez na Lei Orgânica – inserir lá que vereador deve receber integralmente 40% do que ganha o deputado estadual – sabia que a conta não iria ficar naquilo.
Soa muito mal, agora, essa tentativa de arrumar explicação para o inexplicável. Que mais do que isso é uma ofensa à população quando os autores do erro tentam se passar por ingênuos que agiram na maior boa fé. A piada é fraca. Faz chorar.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O silêncio das galerias

1 – Um dia o complexo do Lavapés vai ser recuperado. Isso sem dúvida. E então estarão resolvidos muitos, mas muitos dos problemas de Mogi Mirim. Problemas que afligem profundamente a população, especialmente aquela que não foi abençoada no berço. Serão resolvidos outros problemas. Lombadas serão instaladas, canaletas serão construídas nas esquinas de muitas ruas, postes desprovidos receberão novas luminárias, novinhas em folha, zero bala. Buracos, coitados dos buracos. Não resistirão à ofensiva ‘recuperandi’ e sucumbirão, aplainando os caminhos dos mogimirianos.
2 – Não é só isso que está em nossa perspectiva. Nossa, porque de todos os cidadãos. Por exemplo: praças ganharão balanços, sacolejos e toda sorte de brinquedos. Não restará um mísero problema de sinalização de trânsito. O sistema se aproximará da perfeição. Lixo e entulho que às vezes, muito raramente, são acumulados nas calçadas ou no meio-fio das ruas se transformará em imagem da pré-história. Isso não nos pertencerá mais. É só dar um tempinho para isso acontecer.
3 – Estas questões todas de que estou tratando aqui não são virtuais, frutos da minha eventual imaginação delirante de sexagenário carcomido, carunchoso – pesquei esta palavra no dicionário e a achei muito legal, bonitinha. Além do que, absolutamente aplicável a mim. Mas, isto é perfumaria, divagação, neste texto que pretendo fazer escorreito, sem lesão ou defeito.

4 – Apropriando-me de frase que ouvi de Quércia, quando ele ainda era prefeito de Campinas, digo: voltando à vaca fria, não deliro e não invento. E olha, nem aumento. O que está escrito daqui para cima não tem o que tirar nem do que acontece na cidade. Do que está presente no nosso cotidiano. E do que não escapa aos olhos atentos de muita gente empenhadíssima em solucioná-los, naquilo em que se constituem em problemas. Problemas que são esmiuçados e submetidos à lupa implacável de pessoas que não toleram que seus concidadãos vivam em desconforto.
5 - Problemas (ô maldita palavra para a qual não consigo encontrar sinônimo) que vez ou outra ou quase sempre, com muita assiduidade, dão vez e voz a – estes sim – escorreitos discursos. Escapa um despautério aqui ou ali, mas é raro. Questões (serve como sinônimo) em resumo que parecem ser assemelhar à figura do alemão Michael Schumacher: estão sempre no pódio. Nunca saem do primeiro lugar. Porque são as fundamentais, as essenciais, as vitais para o respeito e a manutenção dos excelsos níveis de qualidade de vida de que desfrutam os mogimirianos. O mais, fora disso é supérfluo, coisa boba, sem importância. Que seja então. Ah! Ia me esquecendo de que nenhuma miserável manifestãozinha foi levada à galeria da Câmara na segunda-feira em face da decisão da semana anterior, que botou o salário dos futuros vereadores num Sputnik e o mandou para o espaço.

sábado, 8 de outubro de 2011

Primeiro de abril em outubro

O dia 7 de outubro de 2011 vai entrar para a história. Foi a ocasião em que Mogi Mirim viu a maior concentração de mentiras por metro quadrado.
No Bar do Tina, na Câmara Municipal e no Sindicato dos Servidores, todo mundo mendiu. Foram os locais onde inúmeras personalidades políticas locais anunciaram e tentaram justificar as novas escolhas partidárias.
De um lado, Flávia Rossi, Fábio Mota e Alice Mostardinha se ajeitando nos braços do PSDB. De outro, Cinoê Duzo se entregando aos encantos do kassabesco PSD. Rogério Esperança, então, deu guinada portentosa. Do esquerdista PDT para a direita envelhecida e velhaca do do DEM.
Para se justificar, todos disseram o contrário das verdadeiras causas, já que cada um está é procurando conforto para tentar se dar bem em outubro de 2012. Todos esconderam o que pensam – no caso daqueles que pensam, claro. Contaram histórias da carochinha.
Quanto cinismo, despudor e falta de vergonha na cara. Foi, em resumo, um primeiro de abril no mês de outubro. Um Dia da Mentira no segundo semestre. Pobre Mogi Mirim.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vá com Deus, doutor

1 – Como não falar hoje de Décio Mariotoni, que construiu uma carreira exemplar na política de Mogi Mirim. Eu testemunhei suas atitudes desde o início da década de 60. Não me recordo de uma única referência à mais leve mancha na vida do Doutor Décio. Exerceu suas posições com personalidade. Foi chaibista explícito e devotado. Mas, honrou sua independência. Não realizou o grande sonho, que era ser prefeito de Mogi Mirim. Na ocasião, aliás, dividi a carroceria do caminhão com ele, em 1972, quando me meti à primeira, única e última aventura eleitoral de ser candidato a vereador. Como vereador, debateu ideias e foi exaustivo em algumas de suas teses. Talvez tenha sido o primeiro ambientalista de Mogi Mirim, ao insistir em projetos relativos ao lixo. Nessa cruzada, aliás, foi olimpicamente ignorado por todos os prefeitos. Aqui em baixo, Décio ocupou lugar de relevo. Não foi unânime. Nesse plano terreno haverá discordâncias. Lá em cima a conversa com o Homem. Que eles se entendam bem.

2 – Detalhe que não me passou despercebido: não haveria melhor ocasião para a Câmara votar subsídio de R$ 8 mil para os futuros vereadores. Foi no dia da morte e instantes antes de o plenário receber o corpo de Décio, que por anos a fio exerceu a vereança sem receber um centavo de remuneração.

3 – De novo, há uma semana, Carlos Nelson voltou a insistir na velha choradeira de que só sofre pancadas de opositores e da imprensa. Insistiu de novo sobre a velha ladainha de não saber quem financia as publicações, em insinuação grosseira, grotesca e irresponsável para a provecta idade que ostenta. Essas desconfianças são, antes de desconfianças, similitudes de métodos. Aquilo do ‘quem usa cuida’. Conhece bem os caminhos dessas pedras. Suspeito, sinceramente, que Carlos Nelson é um homem que escolheu ser – ou parecer – infeliz, para explorar esse viés flébil. Possui uma excepcional capacidade de se mostrar perseguido, fraco, oprimido. Nem Jesus foi tão açoitado.

4 – Digo-lhe com todas as letras: seus dois governos não são ruins. Ao contrário. Sob a ótica que adotou, vossa excelência opera boa gestão. Todavia, sua alta sapiência ainda não o erige a incontestável. É tão falível com todo ser humano. Se soubesse compreender essa dura realidade – dura para quem considera que as duas faces da moeda são de aplausos, quando uma é cruel – talvez sofresse menos, se é que é isso mesmo que deseja.

5 – Findando esta arenga, como diria o sempre paciencioso Adib Chaib, digo ao excelso burgomestre que ele acerta no atacado, no macro, mas erra feio no varejo. Assino a frase de Gustavo Stupp: esquece-se que a cidade é feita de gente de carne e osso. Que precisa ser ouvida, respeitada, bem tratada, inclusive quando não concorda com quem governa. Digo mais: não descarto que o alcaide vença as eleições e entregue sua cadeira, portanto, a um aliado. Por que não? Suspeito, todavia, que ao se despedir, ao invés de derrubar lágrimas de emoção, vomitará fel. Parece ser sua filosofia de vida. Ou, no mínimo, seu esporte predileto.

sábado, 1 de outubro de 2011

A política como ela é

1 – As razões pelas quais se criam partidos ou se muda de um para outro são as mais descompromissadas possíveis. Outro dia, num rápido diálogo, Orivaldo Magalhães me perguntou se acredito na existência de ideologia partidária. Devo ter respondido que é produto raro. Aliás, não é só nas siglas partidárias que o produto está ausente, mas em quase tudo. Vivemos crescentemente sob o primado da ideologia lançada pelo ex-craque Gerson, quando garoto propaganda de certa marca de cigarro: o negócio é levar vantagem em tudo. Pois é assim que funciona o troca-troca partidário. “Lá é melhor do que aqui por este ou aquele conforto. Então, vamos que vamos”. É despudorado, mas é verdadeiro. Em alguns dias, mais precisamente até o final da semana que vem, vamos conhecer a dimensão disso.

2 – O jeito de fazer certas muitas vezes a conduz à certeza do insucesso. Posso dizer que conheço José Antonio Scomparin de cor e salteado. O jeitão não muda. Daí não surpreender que tenha fincado outdoor com sua cara e apelo ao prefeito para abraçar a causa da revitalização de centro. Aliás, proposta que eu, na minha santa insignificância, abraçaria se conhece ao menos uma vírgula do que ela contém. Zé Antonio está começando pelo fim. Antes de ao prefeito e aos vereadores, ele tem que convencer os empresários interessados na tese que está propondo. Será com a força da pressão destes – se aderirem à ideia – que poderá enquadrar Carlos Nelson. Mesmo assim, ainda tenho dúvida. Parece tarde. O atual governo está em contagem regressiva. Concluo que um projeto bem estruturado, e não frases soltas em outdoor, poderá convencer os candidatos à sucessão e, por conseguinte, o futuro prefeito. Aí pode ser que role alguma coisa.

3 – Não quero que pareça que estou insistindo no pessimismo, mas não consigo ver de que forma será possível um só nome unificar as oposições. Agora mesmo, o PT me fornece mais uma razão para desacreditar. O partido abre hoje a lista de inscrição de interessados em disputar o mandato de prefeito, de vice ou de ambos – se entendo. Em outras palavras, escancarou o processo. O que importa para a minha tese, entretanto, é outra coisa: quem convida tem o dever de garantir isso não será mera ilusão, coisa para enganar. Assim, quem sair indicado desse processo estará certo de que irá às urnas, sem qualquer condicionamento. E, em sendo assim, é o PT que irá às urnas, isolado do PV e do PSB. É apenas uma questão de lógica. Mas, como não há em futebol, em política também parecer não haver lógica, especialmente aquela dos cidadãos comuns.

4 – Se os eleitores fossem atentos e permanentemente interessados em saber o que fazem seus representantes, muitas das figuras do cenário político local teriam enormes dificuldades para se explicar sobre suas atitudes, posições, decisões e sinuosidades. Entretanto, jogam com certeza de que ainda é verdadeira a frase segundo a qual o brasileiro tem memória curta. Ou continua sendo verdade ou é ainda pior: desinteresse mesmo.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lotes, sobrenomes e Severino

1 – Converso com o vereador Marcos Godoy e ele afirma peremptoriamente sua opinião: houve facilitação na aprovação do Loteamento Murayama. De maneira deliberada, proposital. Diz mais, que nas portas em que bateu em busca de informações, as reações foram quase de confissão quanto à ausência de laudo ambiental para ancorar, entre outros papéis, o decreto assinado por Carlos Nelson. A aprovação de loteamentos, como todos deveriam saber, é ato da prerrogativa e da responsabilidade do prefeito. Em última análise, pois, ele é responsável pelo ato, no que este tenha de virtude e de defeito.

2 – Uma coisa me restou curiosa após a breve conversa com Marcos: como certos institutos estão com a credibilidade a zero. Ele não leva a menor fé na sindicância que o prefeito mandou instaurar para apurar o caso. E toma como base o resultado da mais recente, que concluiu por nada apurar sobre a denúncia de desvio de cimento no DSM, mas que escancarou uma porta ao revelar a inexistência de controle de entrada e saída de material do departamento.

3 – Marcos nota um detalhe ou uma desculpa da qual se valeu, há não muito tempo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: é impossível ler todos os documentos que são colocados sobre a mesma. Na maioria, senão em todos mesmo, a assinatura escorrega no papel em confiança. A regra valeria para o prefeito no caso em ebulição. Assinou em confiança, sem pleno conhecimento do recheio que havia por dentro do processo.
4 – Importante deixar claro o seguinte: por enquanto é um caso coberto de nuvens. Pode ser que elas se dissipem sem causar qualquer tempestade, nem mesmo uma chuvinha mansa. Pode acontecer o contrário, dependendo da procedência do fato trazido à luz pelo vereador do PDT, aliás integrante da base de sustentação do governo municipal. Se fosse da oposição, a estas alturas, estaria sendo malhado no poste como inimigo empenhado em prejudicar o governo.
5 – Por sobrenomes, notei que PMDB e PSB são partidos que não se incomodam de expor as íntimas relações familiares através das quais preenchem seus quadros diretivos. Pais, filhos, maridos, esposas, estão lá nos mais diversos postos, a garantir sossego e segurança às decisões de interesse da cúpula dominante. É assim que eles se renovam e se oxigenam para oferecer luzes ao futuro da cidade.
6 – Não sei por que, mas em determinados momentos tenho sido assaltado pela sensação de que vejo Severino Cavalcanti sendo reproduzido em Mogi Mirim. São tantas as trapalhadas. Mas, fazer o que, não é? Como é recorrente na boca de alguns personagens, voto pode não ter preço, mas com toda certeza tem consequência. Então, elegeu está eleito. Tem que exercer o mandato, CQC.

sábado, 24 de setembro de 2011

Bom dia, Mogi Mirim

1 – Subi do jornal para minha casa, na quinta-feira, tomado por uma brutal sensação de impotência e desânimo. Juntei naquele dia mais alguns fragmentos do quadro desolador em que está mergulhada a política local e os poderes públicos. Sem exagero, estamos batendo no fundo do poço. Vivemos o reinado da mentira, da falsidade, da insinceridade, do golpe, do sofisma, do blefe e dos sentimentos de solidariedade fabricados com ingredientes do maior cinismo. Pois imaginei que seria oportunidade mais do que apropriada para cumprimentar as elites políticas, econômicas, sociais e culturais de Mogi Mirim pelo interesse que demonstram pelas coisas da cidade. Jamais vi omissão mais desalentadora. Há um muro divisor. O que acontece fora da órbita do interesse individualizado, grupal ou corporativo não importa. Talvez não saibam o nome da vice-prefeita. O do presidente da Câmara com certeza não sabem mesmo. Quem tem elites assim não precisa de mais nada para entregar a cidade às mãos do primeiro aventureiro.

2 – Foi assim que Carlos Nelson entrou aqui. Assim poderá ser que alguém qualquer, sem o menor preparo e vazio das condições intrínsecas indispensáveis, se aproprie da gestão do município. Aquilo que no passado o jornalista Arthur de Azevedo chamava de “forças vivas” da cidade é mesmo coisa do passado. Por que me importar com o que acontece na Rua Dr. José Alves, 129, se é muito mais agradável e eu posso pagar 1.200 reais para assistir João Gilberto em São Paulo? Como dá prazer fazer tardes de lazer nos shoppings mais finos. Sim. Sei. É do direito de cada um, que faz o que bem lhe dá na telha e suas economias garantem a cobertura. A questão está na inteira ausência do espírito de cidadão com algum compromisso pelo bem de sua cidade.

3 – Mas eu falei em impotência e desalento. Sim. No primeiro caso, por concluir que pensar um pouco no conjunto é fazer pregação no deserto. Raros são os que não estão a fim mesmo é de defender o seu. E isso acontece com intensidade espetacular na corporação política. Por essa consequência, a decadência está se processando em enorme velocidade. Recolhe-se ao poder o que é conveniente. Trata-se o poder como se fosse propriedade particular. Resvala-se por relações perigosíssimas, nada nobres, nada recomendadas. E, de repente, desce até um respingo de gangsterismo, com espadas brandindo ameaças a pretexto de silenciar a quem se atreve adotar mão contrária ou resolve aplicar detergente em algumas sujeiras.

4 – Se houvesse respeito ao axioma de que “o poder emana do povo e em seu nome é exercido”, não seriam poucos os que sequer poderiam se aproximar de cargos, funções e responsabilidades públicas. Mas, aí é que está. Como as tais “forças vivas” decididamente viraram as costas para a cidade, o poder está aboletado das mais variadas – e muitas daninhas – espécies políticas. O desânimo, enfim, é por concluir que não vejo forças interessadas em se opor a essa desgraça. Na dúvida entre o resisto ou desisto, opto pela primeira por mera teimosia. E consciente de que, para o leitor, isso também não tem a menor importância.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dúvidas e humores

1 – A sindicância aberta na Prefeitura não chegou a esclarecimento algum a respeito das denúncias de desvio de cimento no Departamento de Serviços Municipais, o que beneficiaria o diretor, Fábio Mota. Mas, constatou que não há controle na entrada e saída de materiais do departamento. Resumo: as dúvidas persistem e o ex-assessor Maurício Gusmão até agora não foi desmentido. Mota não está absolvido, assim como, é verdade, também não está condenado. Ao menos é o que se conclui desde que a sindicância não foi cabal, afirmativa, definitiva. Serviu pizza? Não sei. O que tenho como certo é que o assunto vai ser pauta na próxima campanha eleitoral.

2 – Eu aprendi muito cedo que a minha profissão imporia satisfações e aborrecimentos. Ainda mais quando exercida com espírito crítico. Ao contrário do que todos dizem, que aceitam a crítica democraticamente e essas balelas, ninguém a absorve. Pela regra da exceção, corrijo: quase todos a ela se rebelam. Sobretudo na classe política. Eis aí a diferença: certos políticos são incapazes de adquirir a compreensão de estão sujeitos a não serem unânimes. Pegos no flagrante, derrubam o beiço feito criança mimada e resolvem virar a cara. Não entendem nada.

3 – A pessoa física pode não gostar de outra pessoa física, mas o mandato não vê circunstâncias. O mandato impõe irrenunciavelmente relacionar-se com amigos e inimigos, simpáticos e desafetos, gregos e troianos. Algumas cabecinhas não são capazes dessa compreensão, o que as dimensiona perfeitamente como representantes. Pequenas. Ultimamente, essa conduta tem sido muito recorrente pela falta de costume de conviver com a crítica.

4 – Ora a crítica, se não sabem os néscios, se propõe exatamente a melhorar, a corrigir, a qualificar. Essa coisa de que Deus qualifica é literatura de conveniência. Não me esqueço do que ouvi de Luiz Antonio Balzanello: Deus é bom mas não é tonto. Mas, deixa pra lá. Cada um escolhe a estrada que quer trilhar. Há os que preferem o caminho plano da demagogia, da exploração das dificuldades dos cidadãos, da falsa bondade que não é outra coisa senão cinismo desbragado a serviço de interesses políticos que não explicitam, mas que são evidentes.

5 – Recorro sempre às sabedorias de minha avó Egydia Batista de Campos, a Gidica de Martim Francisco. Faço-o hoje mais uma vez, para recordar que ela dizia o seguinte: quem não pode com peso não carrega muamba. Acredito que a mensagem seja suficientemente clara. Poderia também usar o bordão de extinto quadro humorístico da televisão: não prometa o que você não será capaz de cumprir. Resumo: humildade faz um bem danado. Do mesmo modo – é verdade – que ousadia também. Mas, é fundamental não esquecer que ousar tem preço e consequência. E ambos podem não ser algo que as costas sejam capazes de suportar.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O exemplo do espanhol

1 – Confesso que me surpreendeu que, de repente, a Prefeitura descola uma linha de crédito para beber nela R$ 10 milhões, recursos a serem destinados a um majestoso projeto a ser fincado nos altos da Santa Cruz. É a anunciada arena multiuso, que incorporaria também uma nova sede para o Departamento de Cultura. Quanto digo que me surpreendi é porque assunto dessa natureza – o projeto e a fonte de recursos – jamais foi ventilado sequer em mesa de bar. Me oponho? Em absoluto. Sou permanente defensor de que a cultura em suas várias formas de manifestação deva mesmo merecer melhor tratamento. Até aqui ficou sempre com as migalhas que caem da mesa.

2 – Discutir por que esse dinheiro não vai para a saúde é tentar iludir incautos. Pode ser que a mesma fonte de onde ele procede preveja a hipótese de financiar projetos na área da saúde. A pequena fortuna em causa foi requerida para aplicação nos tais projetos da área cultural. Pode-se discutir prioridade. É mais urgente melhorar o aparelhamento dos serviços de saúde, ampliá-los e tudo o mais. Aliás, ficou bem evidente de como isto é necessário depois da amostragem – ainda preliminar – feita por vistoria realizada pela promotora Cristiane de Souza Hillal em unidades de saúde da zona rural. A situação é deplorável, incompatível com a Mogi Mirim dos quase 250 anos. Mas, isto é outra conversa.

3 – Para não esconder o que penso, acho que esse projeto caiu de para quedas. Tem cheiro de coisa oportunística. Mas não é ruim. Outra coisa é que o lugar em que se prevê executá-lo foi imaginado pelo engenheiro Sidney Hugo de Carvalho, quando diretor de Planejamento da Prefeitura, para o novo Paço Municipal. Absolutamente necessário. O atual está reduzido à condição de um favelão. Mas, deixa pra lá. Quem haverá de ter coragem de esposar essa tese de que é preciso um novo Paço Municipal? Não pensam que sua finalidade seria melhorar a qualidade dos serviços oferecidos à população.

4 – Por último, uma questão me parece importante ser examinada. O Teatro de Arena está detonado, esquecido e abandonado. O Espaço Cidadão ou Praça de Eventos – são tantos os nomes – carece de finalização e ainda não conseguiu se justificar para a finalidade a que foi concebido. Aliás, recordo: apoiei a ideia. Por último, o Complexo de Lazer “José Geraldo Franco Ortiz” (é este o nome oficial, viu pessoal que organiza eventos) sofre de inanição. Ora, não me parece haver a mínima sensatez em se lançar um projeto novo, ao que tudo indica sofisticado, com custo de alto calibre, sem que se recupere e se aprimore os recursos já existentes. A rigor, quase que os três equipamentos aqui mencionados preenchem as carências da cultura da cidade. Não me esqueço da pregação de Mário Covas, quando eleito governador de São Paulo: antes de começar qualquer outra coisa, vamos terminar o que está na metade. Não me parece que o espanhol tenha estado errado.

sábado, 10 de setembro de 2011

Arcaicos disfarces

1 – Evidentemente que o motivo que levou Carlos Nelson a se afastar do gabinete por 30 dias não foi o declarado. Não foram férias, inclusive porque permaneceu ativo durante o período, operando por fora. A finalidade era outra, escondida por trás do pano. Era dar a última oportunidade de visibilidade à vice-prefeita Flávia Rossi, considerando que ela será candidata a algum cargo eletivo em 2012. Por consequência, não poderá a partir de determinada ocasião assumir o governo para que não se torne inelegível. Assim, ou seria agora ou não seria nunca mais, porque a partir de janeiro, Carlos Nelson vai segurar firme a boléia para conduzir o processo sucessório nos seus territórios. Tendo sido este o objetivo, Flávia foi posta ao máximo sob os holofotes. A partir de agora – aí penso eu – precisará construir-se politicamente para ser candidata a prefeita, no que não acredito, ou a vereadora. Para continuar vice não precisará fazer coisa alguma.

2 – E o vereador Gustavo Stupp está de fato preocupado em arregimentar filiados ao PDT com as mensagens que roda pela cidade na rabeira de suas indefectíveis bicicletas? Está mesmo, num rasgo de civismo e cidadania, querendo ‘ouvir o povo’ para a elaboração do programa de governo que pretende levar aos palanques em dueto dom Ary Macedo? Nem meu neto Luciano, a caminho de três anos, acredita em farsa tão evidente. Sou tentado a pensar que, no objetivo em opera o passeio das bicicletas pela cidade, Stupp até resvala para arrepio à lei. Faz deliberada propaganda eleitoral com a frase que abre os bikes dors: 2012 é 12. Em outras palavras, está convocando o povo a votar no 12, que será o número do candidato a prefeito se for ele, pelo PDT.

3 – E é este mesmo o alvo que Gustavo Stupp pretende. Filiação partidária se busca seletivamente, no contato pessoal, no convite individual, na escolha a dedo. Pela simples razão de que, para por alguém para dentro do partido, é necessário que possua um mínimo de identificação. Arregimentar da forma que o vereador faz é empobrecer o processo e banalizá-lo. Como já disse, não é o que preocupa o jovem e apressado vereador. Profissional do marketing, o que ele está fazendo, portanto, por mais que disfarce, é por na rua a campanha do seu partido à Prefeitura.

4 – Em política, cada um adota o rumo que lhe dá na telha. Uns são mais contidos, melhor comportados; outros espalham brasa e acendem fogueiras. O que a gente acaba percebendo é o seguinte: os instrumentos de ação política e eleitoral se modernizaram extraordinariamente, mas os métodos continuam lá pela metade do século anterior. Os mesmos disfarces, as mesmas enganações, os mesmos sofismas, os mesmos cinismos e, por fim, as mesmas mentiras. Que se há de fazer se a insistência é viver no atraso, na convicção de que o eleitor não raciocina por conta própria e, portanto, pode ser iludido? Essas coisas costumam ter o nome de esperteza. Só que, às vezes, a esperteza come o esperto.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Cada um pode ser um

1 – Está para ser decidido no Congresso Nacional o fim das coligações partidárias para eleições proporcionais. Assim: dois partidos não mais podem mais se coligarem para disputar vagas de vereador. Idem para deputados estaduais e federais. O argumento é de que as coligações proporcionais são uniões passageiras. Em geral, o objetivo é aumentar o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV de partidos maiores, bem como viabilizar maior número de cadeiras para os partidos menores. Se descobriram agora, descobriram com monumental atraso. Não é de agora e sempre foi assim. Em todos os lugares e por aqui também, onde as siglas formam a abominável sopra de letras sem sabor e sustância alguma.

2 – Para que estejam mexendo nesse assunto agora, com possibilidade de o veto já valer para 2012, é porque há conveniências na mira do pessoal lá de Brasília. Um dos sinais de alerta é a eleição do humorista Tiririca, que acabou levando mais gente junto. O ex-delegado Protógenes Queiroz, que é do PCdoB, subiu por obra de Tiririca, que é do PR. O mesmo deve ter acontecido em outros estados. Então, no contexto da arrastada reforma política, está sendo convencionado que é melhor acabar com esse negócio de coligação na proporcional.

3 – Na verdade, penso que a coligação não seria um mal em si se fosse feita a partir de outras premissas e com compromissos de futuro, se fosse para valer, por afinidades ideológica e programática. Mas, se os eleitos sequer respeitam os seus próprios partidos e muitos vão correndo em busca da proteção de outros guarda chuvas, o que esperar de coligação. Mesmo nas escolhas majoritárias elas são falaciosas, mentirosas e desmoronam logo ali na esquina, no primeiro solavanco.

4 – Agora, uma coisa é certa. Vetadas na proporcional, muita gente vai rebolar. Porque vai ser na base do cada um para si. E sendo assim vai ser pé na goela. Vai ser guerra fratricida. E quem tiver poucas garrafas para vender, como costuma dizer o célebre Juarez Soares, vai ser dar mal no final. Para eleger, será necessário, antes de mais nada, fazer o coeficiente. Isto é, um com muito voto e um bando de lambarizinhos atrás não vai adiantar coisa alguma, se a soma de todos não atingir aquele mínimo de votos que cada sigla precisará arrebanhar.

5 – Dito tudo isso, penso aqui com minhas ingenuidades intermináveis que talvez a inovação – ainda não oficializada, que fique claro – acabe por despertar o senso de responsabilidade na cabeça dos dirigentes partidários. Quem sabe eles não se dedicam a fazer melhores escolhas, de forma a oferecer melhores opções aos eleitores. Encadeadas, essas duas circunstâncias podem concorrer para a melhoria do nível da representação. Se for tomado como exemplo o que aconteceu há quatro anos, quando alguns partidos desceram ao nível da irresponsabilidade, não dá para ter esperanças. Mas, quem sabe...

sábado, 3 de setembro de 2011

Coisas da semana

1 – Gerson Rossi Junior voa hoje para a Alemanha. Mas, não é o chefe do Gabinete do Prefeito que viaja. É o prefeito virtual, o faz tudo, o resolve tudo, o pau para toda obra e o não-declarado-mais-óbvio-candidato-a-prefeito. Todo esforço é feito nos arraiais do governo para construir o lider, o capaz de suceder ao atual burgo-mestre, como diria, se vivo, o professor Adib Chaib. A questão que se vai saber mais tarde é outra. É possível preparar um postiço para disputar a eleição. Ao que disse no passado, Carlos Nelson costuma ser capaz de eleger poste. Nem sempre é possível preparar um prefeito. E essa constatação só é possível fazer depois do fato consumado.

2 – Esse PDT que anda conflagrado ultimamente tem algumas particularidades interessantes, bem reveladoras do que são os partidos políticos, especialmente nos municípios. Ele tem nuances governistas. Desfruta do Departamento de Obras e Habitação da Prefeitura, através de seu vereador licenciado Rogério Esperança. Na Câmara, entretanto, não exprime com clareza de que lado está. Tem parecido mais murista do que se acusava o PSDB. E não é que, de repente, tem uma costela sindicalista representada por Antonio Maciel de Oliveira. Toninho não parece alguém alinhado com o governo. Não custa lembrar que, no pós-eleições do ano passado, quando capotou como candidato a deputado, Esperança também andou proferindo desaforos à administração. Olha, de um cruzamento de espécies tão diferentes nada que venha à luz será menos que um monstro.

3 – De vez em quando amigos nos fazem abordagens que exigem algumas palavras. Nestes dias, uma delas foi quanto à predominância da crítica nas manifestações dos jornalistas, entre os quais com toda humildade me incluo. É simples de explicar: para elogiar os poderosos contam com os puxa-sacos devidamente escalados e em geral regiamente pagos – por espécie ou outras formas. Além disso, quem faz o certo não faz mais que a obrigação. Portanto, fazer o certo não os faz credores de afagos e tapinhas nas costas.

4 - Quem manda alguém querer ser prefeito, vereador? O próprio. Quis? Então que dê conta. Pariu Mateus? Então o embale. Resumindo: o papel da crítica é provocar reflexão, instigar, cutucar, desconfiar, lançar luzes no escuro, não deixar que mentiras e sofismas se consagrem como verdades. E é esse o papel porque os poderosos crescentemente perdem a credibilidade. Seu discurso desceu ao subsolo. A palavra anda valendo tanto quanto um guardanapo de mesa de bar, tantas são as vezes que ela não é respeitada. Com o diz Seu Peru na televisão, estou “porraqui” de ouvir discursos demagógicos. Infelizmente, não são todos os que percebem essas falsidades. Quem percebe tem que por para fora, trombetear. Os poderosos não gostam, porque em geral eles amam a unanimidade. E daí? Eles ganham, entre outras razões, para suportar contrariedades.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Aridez governista

1 – Nas proximidades de completar sete anos, o governo instalado em 2005 não conseguiu projetar uma única liderança que seja capaz de brilhar sem que seja pelas luzes emanadas de seu rei. Não foi capaz ou não quis. A segunda hipótese não é de ser desconsiderada. Mas, o fato é fato. Se fosse necessário escolher hoje um nome inquestionavelmente viável, com cacife para peitar e levar a sucessão, a dificuldade seria imensa. Gerson e Flávia Rossi, que parecem disputar a primazia ao menos por enquanto, estão muito longe do que seriam lideranças com raízes fincadas e rebanho minimamente consolidado. Fazem enorme esforço, todavia não com o resultado suficiente.

2 – E por que não? Porque não basta querer. É preciso reunir dotes de liderança, produto não disponível no mercado dos recursos postiços. Nomes viáveis se constroem por ações e iniciativas afirmativas, daquelas em que o personagem se põe à frente ao contrário de servir de escora. E, entre os auxiliares de Carlos Nelson, não há um único caso em que alguém tenha ao menos insinuado por o pescoço para fora. Por falta de dotes de liderança ou por medo das reações superiores, sabendo-se que a cidade é governada com mãos pesadas. Há dias, Nelson Victal do Prado me disse ter ouvido do prefeito que a escolha do candidato à sua sucessão será feita a partir de uma pesquisa de opinião pública. Ora, nada mais explícito quanto à sombra em que se escondem sobre todos os subalternos, potenciais ou não candidatos à cadeira do chefe. Aliás, a escolha da vice em 2008 não foi diferente. Flávia ganhou o bilhete premiado porque entre os pretendentes não havia um só que tivesse reunido credenciais para a posição.

3 – Por mais que seja arriscado dizer e por mais que aborrecimentos possam sobrevir, o fato é que o terreno governista não foi devidamente adubado ou, de origem, é mesmo pouco fértil. Não possui favorito algum e nem um único nome que possa costurar os desejos e ambições do grupo político, compreendido todo o arco partidário que cerca o governo. Qualquer nome que se fale produz reação contrária. Aliás, é por isso mesmo, por falta de nome um nome minimamente consensual, que torça o mínimo de narizes, é que tem voluntários se lançando em sacolada. Todo mundo está se achando representativo o bastante para pleitear lugar na boleia da caravana.

4 – De todo mundo, a má vontade com que analisa o quadro carlosnelsista não significa que a situação está liquidada, sem chances ou em dificuldade muito grande. Dilma era nacionalmente uma desconhecida. Lula a pegou pelas mãos e a apresentou ao Brasil. Tucanos a trataram com deboche, imaginando uma eleição com favas contadas em face da dianteira que Serra livrava. O resultado está aí. Por que não seria possível que se processasse aqui o mesmo fenômeno? Pode acontecer. A questão apenas está em saber se Carlos Nelson terá, no plano da sucessão local, a mesma capacidade de Lula em transferir prestígio e voto à sua desconhecida candidata na disputa nacional. Lula estava com prestígio. Muito prestigio.

sábado, 27 de agosto de 2011

Fracasso e esperteza

1 – O vereador Orivaldo Magalhães fez uma apreciação interessante na segunda-feira, ao abordar o interminável tema da saúde pública da cidade. Disse constatar que as discussões acerca do tema têm sido inúteis, sem conseqüências práticas mensuráveis, porque não cercadas de propostas e ideias objetivas para a solução dos problemas. Suponho que, sobre o assunto, ele não pretenderá se repetir, para não cair, ele mesmo, na armadilha dos discursos vazios.

2 – Na verdade, não se trata apenas, como tem razão Orivaldo, da inutilidade das discussões, mas da notória exploração do tema. As dificuldades que os cidadãos enfrentam quando batem às portas dos serviços públicos de saúde se transformaram em campeonato de acusações. É a Prefeitura, é a Santa Casa, é o governo do Estado, é a União, enfim, as culpas se revezam ao sabor de cada avaliação, cada qual marcada por componente político indisfarçável. Num ambiente assim, de tão pouca boa vontade e reduzidíssimo interesse público, é impossível alcançar qualquer consenso. Com tais interlocutores, em resumo, não há chance de entendimento algum que conduza à minimização do problema. Em resumo, lá se vão sete anos e meio sem solução alguma e de um clima infernal e estressante entre os atores. Fracasso total.

3 – O vereador Gustavo Stupp resolveu que vai mexer de novo no subsídio ao transporte de universitários que se deslocam de Mogi para outras cidades. Recitou números, revelando refluxo nos dispêndios da Prefeitura com o encargo. Pretende então convocar mais uma daquelas audiências públicas que começam sem rumo e terminam sem destino. Gustavo tem um discurso com boa capacidade de dissimulação. Articula muito bem. Sobre ele, um colega de Câmara, um dia, me disse o seguinte: “ele é um avião”. Pois é por essas e outras que estou cogitando aqui com meus botões que o vereador esteja começando a juntar o rebanho para outubro do ano que vem. Questão de obviedade: qualquer mobilização que faça em torno da questão do subsídio não resultará em coisa alguma. Não há chance de alterar os critérios hoje obedecidos para a concessão do benefício. Mas, será uma boa ocasião para reunir a moçada e vender o peixe. Assim: se for prefeito em 2013, libera geral.

4 – Nas andanças por um lado e outro, a gente vai recolhendo expressões curiosas, mas que bem definem algumas coisas. Uma delas é a de que diz o seguinte: o mais bobo dos políticos põe linha na agulha com luva de boxe. Isso até não era uma coisa tão generalizada há algumas décadas, ao contrário de agora. Não há mais amadores. E o poder virou um fim em si, quando costumava ser um instrumento para a satisfação de projetos e interesses. Pois por aqui está assim. E é porque a esperteza se aprimora cada vez mais que prevejo: tem gente que vai sofrer mortal decepção em pouco tempo. Vai ser na ‘hora h’, quando só haverá lugar para um.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Um já está bom demais

1 – Ao contrário do que se supõe, o filtro para a escolha de candidatos a cargos eletivos está nos partidos políticos. Ao eleitor cabe, portanto, optar pelas alternativas oferecidas. Claro que pode passar um segundo pente fino. Todavia, não terá como fugir do cardápio proposto. Nas eleições de 2008, não foram poucos os exemplares folclóricos e exóticos ofertados na vitrine das candidaturas. Funcionou o filtro do eleitor e a Câmara se salvou. Não integralmente. Por isso mesmo que considero apropriado fazer essa exortação aos dirigentes partidários no sentido de que não brinquem com coisas tão sérias como são a política e a representação popular. Antes de pensar na capacidade aglutinadora de votos de certos personagens, pensem no que cada candidato será capaz de fazer se for alçado à condição de vereador.

2 – Decidi fazer tais reflexões depois do que ouvi segunda-feira. É de não se acreditar que no plenário do Legislativo ecoem proclamações semelhantes às daquela noite. O vereador Laércio Pires se superou. Ladrão e bandido compuseram as expressões mais ricas do seu vocabulário, como se estivesse na arquibancada de um estádio a dirigir impropérios a um árbitro de futebol. Testemunhei alguns momentos críticos, tensos na Câmara. Algo semelhante jamais ouvi. Se o comando da Casa tivesse alguma capacidade para perceber o grau de agressão aos bons costumes, no mínimo Pires já teria recebido alguns cartões amarelos. Mas, a chefia da casa está descerebrada. Pensar deve ser um exercício doloroso.

3 – Pois bem. E por que Laércio Pires extrapola às regras da boa conduta? E no caso de segunda-feira ante pessoas da maior respeitabilidade que ocupavam as galerias. Porque ele é produto do meio. O partido lhe deu vez, obviamente sem que tenha feito o menor exame acerca dos valores éticos que ele cultiva. A exortação que considero me caber fazer agora é a seguinte: que os partidos cuidem de não facilitar o acesso à Câmara de novos exemplares dessa qualidade. Um Pires já é suficiente para pôr a historia da Câmara de Mogi Mirim de cócoras, ao chamar adversários políticos de bandidos e ladrões. Insisto, todavia, que ele próprio só é culpado parcialmente. Pela mesma razão, isto é, pela incúria dos partidos, ele poderia estar dividindo lugar na ferradura do plenário com Itanatã – lembram-se?

4 – O fato é o seguinte: a atividade legislativa é coisa da mais alta responsabilidade. O vereador não fala apenas por si, mas pelos que representa. E preciso, portanto, respeitá-los. O direito à livre manifestação não é algo ilimitado. Ele assegura a plenitude da expressão de ideias, mas não dá direito a atacar desafetos a torto e a direito de maneira impune. Ofender é crime. Assim como ultrajar, caluniar, difamar, injuriar. A prática de tais atos não está entre as prerrogativas de eleito algum. Quem as adota revela nítido despreparo para a função. Espero que os partidos zelem por não escolher exemplares semelhantes para a próxima eleição. Um já está bom demais.

sábado, 20 de agosto de 2011

Desdém pelo eleitor

1 – Os vereadores Fábio Mota e Rogério Esperança obtiveram, somados os desempenhos de ambos nas eleições de 2008, a nada módica quantia de 1.994 votos. Ficaram próximos um do outro: Fábio com 1069 e Rogério com 925. Duas votações, portanto, respeitáveis. Basta dizer que Fábio Mota foi o quinto mais votado entre os eleitos e Rogério o oitavo. Assim, ao menos sob o ponto de vista formal, elas saíram do pleito de 2008 com enorme carga de responsabilidade sobre as costas. Muito embora todos sejam vereadores de modo igual – não há quem seja mais ou menos em função do número de votos – é evidente que alguns sobem ao Legislativo com uma respeitável carga de representatividade.

2 – Pois bem. Sendo assim, era de se esperar que ambos fossem para a Augusta Casa, como antigamente era habitual tratar o poder legislativo local, como enorme senso de cidadania. Proporcional, no mínimo, à votação que receberam. Certo? Era de se esperar, mas não foi o que aconteceu. Fábio Mota deu um pontapé nos seus 1069 votos já no dia da posse e, a duras penas convencido pelo prefeito Carlos Nelson Bueno, foi de novo alojar-se no Departamento de Serviços Municipais. Fez um estrago mais ou menos. Não exerceu o mandato por um dia sequer e ainda levou seu partido a perder uma cadeira na Câmara, que ofereceu docilmente ao PMDB.

3 – Colega de Fábio no grupo político, já que ambos eram governistas – e põe governistas nisso –, Rogério Esperança fez um pouco diferente, mas não o suficiente para também deixar bem caracterizado o desdém com que tratou o seu mandato. Entrou e saiu da Câmara com um descompromisso exemplar. Na matéria, foi ‘hour concour’, como diria o mais festejado de todos os colunistas sociais que Mogi Mirim já viu, Luiz Antonio Balzanello. Na minha sexagenária existência, desconheço paralelo na história política da cidade. Jamais vi caso igual de alguém que tenha conseguido, em tão pouco tempo, expressar posições tão incoerentes. Ora sim, ora não; ora a favor, ora contra. Hoje, por exemplo, está a favor. Nada garante que não mude, ainda mais considerando os interesses que efluirão no ano que vem.

4 – Confesso o seguinte: a mim nada afeta a conduta miserável de Fábio e Rogério sob o ponto de vista político. Afeta, sim, aos eleitores e particularmente àqueles que os conduziram à condição de representante popular. Não sei como se sentem os tais eleitores. Como a política anda, segundo o que eu ouvia da vó Gidica, em nível abaixo de rabo de cachorro, é possível que os eleitores estejam mesmo é se lixando. Não duvido que muitos deles sequer saibam das traquinagens de seus dois eleitos. E nem mesmo é impossível que ambos, lá por julho, agosto, setembro do ano que vem, de novo, voltem a bater às portas dos mogimirianos com a maior desfaçatez em busca de votos. Por que não será possível se, diz velha e boa sabedoria, cesteiro que faz um cesto faz um cento. Para o cento, eles ainda têm mais 98 chances.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Coisas espantosas

1 – Espantosos os relatos sobre o que anda acontecendo nas escolas públicas de Mogi Mirim. Espantoso e inimaginável. Fiz o último ano do então primário no então Grupo Escolar “Coronel Venâncio”. Foi em 1957. Gente que mais tarde se tornou ilustre na cidade foi contemporânea, embora freqüentando outra classe. O uniforme era carijó. E ninguém ousava atravessar o portão vestido de outro modo. A disciplina era rigorosíssima e o respeito pela direção, pelos professores e pelos funcionários era total. Não se dava um pio. Contestar nem pensar. Pois não é que ontem eu testemunhei um rapaz – nem sei se aluno – juntando algo do chão para atirar em direção à escola. Temo, sinceramente, que esse menino, daqui a alguns anos, irá se arrepender de seu ato, do desrespeito para com o santuário onde deveria ir beber os ensinamentos necessários para se formar um cidadão. Sinceramente, temo dele não podermos esperar grande coisa, senão um futuro farrapo destes com os quais, desgraçadamente, nos deparamos nas esquinas e nas penumbras.

2 – Eu não saberei discernir as causas dos fenômenos atuais, que se tornam cada vez mais graves. Sem subir no muro, penso não haver uma responsabilidade individualizada. E desde logo penso o seguinte: não é um problema da escola. Ao menos, só da escola. Há muito, mas muito mesmo, de responsabilidade social, das famílias. Como há das autoridades, quando tratam a questão com a aparência de quem quer esconder o problema. Errarei com consciência, mas direi que está em causa a qualidade das pessoas. E esta não é a escola que molda, como pudesse enfiar cada um de seus alunos em uma forma. Isso vem de casa, da mãe, do pai, dos familiares em geral, do ambiente da vizinhança, daquilo tudo que cerca o menino, a garota, o rapaz.

3 – As cenas que se contam nada têm a ver com o ambiente escolar propriamente. Há casos evidentes de disputas entre gangues. Deve haver e com certeza haverá casos de desajustes de casa. Assim como a droga deve estar rondando pelas proximidades. Essas coisas levam a supor sugestões que soariam como cúmulo dos absurdos: fazer triagem prévia de quem a escola abrigará como aluno, instalar detector de armas na porta dos estabelecimentos e, em última instância, recrutar a polícia para ofertar segurança ao ambiente durante o período das aulas.

4 – Espantem-se com essas minhas elucubrações, aborreçam-se, declaram persona non grata o autor. Advirto: quando se toma para refletir um problema da gravidade do que anda acontecendo nas escolas, não é possível ser agradável, ameno, bonzinho. É caso para tratamento de choque. Não – pelo amor de Deus – no sentido da resposta à violência com violência. Tratamento de choque é não tergiversar, não transformar o caso em discussão acadêmica, não dourar a pílula, não ficar empurrando com a barriga ou querendo camuflar uma evidência que agride os olhos e assusta as consciências. É só isso. Solução? Não sei. Há? Certamente que sim. O problema que está aí agora não se resolve com discurso. É com ação.

sábado, 13 de agosto de 2011

EDITORIAL DE O POPULAR - Medidas para moralizar. Quem assume?

O atual governo municipal, já em sua segunda e última quadra, incorporou aos costumes políticos de Mogi Mirim a prática do loteamento de cargos. É natural que todos os governos se cerquem de aliados, portanto designando-os para os postos em que o requisito da confiança seja indispensável. Mas, o sr. Carlos Nelson Bueno extrapolou os limites.
Não só loteou como cooptou quem pode e levou para o governo. De ex-candidato a vice-prefeito adversário a vereador da base, nada escapou, inclusive vereador que entra e sai da administração ao sabor de circunstâncias jamais clara e convincentemente explicadas. Não escaparam da generosidade, até quando foi possível, esposas de gente de dentro. O número de funções de livre designação, portanto subordinadas aos humores do prefeito, explodiu espetacularmente. O período é deplorável e não pode se reproduzir no próximo governo.
Pois bem. Faltando ainda mais de um ano para as próximas eleições, já há algumas clarezas quanto a postulantes ao posto de Prefeito Municipal a partir de 1 de janeiro de 2013. De ambas as correntes – situação e oposição. A estes e a seus respectivos partidos políticos, O POPULAR decide lançar um desafio, com vistas a corrigir esse degenerado quadro de apropriação do governo pelos interesses particulares.
É de se supor que a leitura dos pré-candidatos acerca do quadro não seja diferente em relação a que faz este jornal. Então, sugerimos a todos em conjunto e cada um de per si firmar compromisso, como meta irrenunciável para o futuro governo, em torno dos pontos que elencamos em seguida:
1 – drástica redução dos cargos e funções de livre provimento, restringindo-as ao mínimo necessário;
2 – promover a designação de diretores em obediência ao rigoroso critério técnico da especialidade, formação superior e comprovada experiência e competência;
3 – não designar parentes em qualquer grau de vereadores e de membros do quadro de auxiliares para cargos e funções comissionadas;
4 – não designar vereador para ocupar cargo na administração municipal;
5 – promover o aproveitamento exclusivo de servidores do quadro permanente da Prefeitura para os cargos de assessoramento de nível imediatamente inferior aos de diretor de departamento
Estas medidas representam o mínimo a oferecer à sociedade como compromisso de moralizar a ocupação dos cargos públicos, substituindo o critério político-partidário-pessoal pelo interesse público, de modo a obter o melhor aproveitamento dos recursos empregados e a maior eficiência administrativa.
Na verdade, as sugestões aqui contidas em nada inovam quanto ao que deveria ser natural na administração pública. Mas, ao correr dos anos, a liberalidade tem substituído a moralidade e os cargos públicos, pagos pelo que se toma do bolso dos contribuintes, vêm sendo crescentemente apropriados, com espantosa falta de vergonha, para atender indisfarçáveis interesses políticos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A ética da safadeza

1 - “O fato de ser parente não credencia nem descredencia ninguém. Não tenho nenhum parente, mas acho legítimo que as pessoas possam indicar pessoas que possam ser aproveitadas”. A frase é do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Um deputado opaco da região de Ribeirão Preto, mas muito bem aparelhado de amigos, que primeiro o levaram à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), um antro de iniquidades, e depois ao ministério. Nomear o filho de Renan Calheiros, o sobrinho de Quércia e a ex-mulher do líder do governo, Henrique Alves, não tem nada demais. É a ética sob a ótica da safadeza.

2 - Wagner Rossi não é exceção. Faz parte da regra, porque os políticos, tirando um aqui outro ali, são todos assim. Por aqui não é diferente. A frase de Wagner Rossi tem o claro sentido de deboche, de falta de respeito para com os cidadãos. Por aqui também há faces que não se avermelham por manifestações de igual cinismo. Porque, de cima em baixo, o fato é que a classe política perdeu completamente a vergonha. Explico: não se envergonham mais de mentir, de sofismar, de enganar, de iludir, de ludibriar. Parece haver no meio certa segurança de que nada vai acontecer. Wagner Rossi manifestou sua ética caolha, virou as costas e foi cuidar da sua profícua vida de ministro que, com certeza, não deve fazer favor de graça. Nomeações em geral têm preços. Ou, em outra hipótese, são o pagamento de benefício já previamente auferido.

3 – Sim. Nomeações têm preço em todas as esferas ou pagam por algum serviço anteriormente prestado, numa campanha eleitoral, numa eleição para a presidência da Câmara, em coisas do gênero. Não podem ser esquecidas, por exemplo, as esposas de vereadores e de diretores que ocupavam cargos na esfera do governo local. A farra acabou por obra da promotora Cristianefd, que faz marcação cerrada. Ora, e o que era essa generosidade com cargo público senão pagamento de conta. Ou abertura de crédito, instrumento para segurar fielk? Sabe-se lá. Isso faz parte da política do cinismo, pois os autores imaginam ser possível convencer a arraia miúda de que as e os parentes foram guindados a postos de acesso livre por absoluta e exclusiva capacidade profissional.

4 – A que interesse atende situação em que dois comissionados precisam ser separados em virtude de incompatibilidades jamais explicadas, mas ambos precisam ser mantidos pendurados no cabide, certamente que não pelo quanto são capazes de oferecer em produção para a população. Essa é a ética do interesse público? É a ética do cinismo, neste caso com uma pitada de suspeição. O espaço está acabando. Não dá para ir mais longe. Nem e necessário mesmo. Está tudo muito claro sobre como agem aqueles que se juram defensores do povo. São mesmo. Do povo deles.

sábado, 6 de agosto de 2011

Política e salário

1 – Por algumas projeções, a remuneração dos vereadores a serem eleitos em outubro de 2012 deverá ir à estratosfera de sete mil reais por mês. É a conta que se chega considerando os subsídios dos deputados estaduais. Os vereadores podem receber até 40% do que percebem os ocupantes de cadeiras na Assembleia Legislativa. Importante: não é obrigatório que seja 40%. Pode ser menos, se o quiserem os vereadores atuais, quando chegar o momento, no ano que vem, de tomar deliberação a esse respeito. Como se sabe, cabe à Câmara fixar os subsídios a serem pagos na legislatura seguinte – vereadores, prefeito e vice. Por sinal, a remuneração do vice é um escândalo. Corresponde à metade do que ganha o prefeito e pode passar os quatro anos sem fazer absolutamente nada, senão esperar que o titular saia de férias, renuncie ou morra.

2 – Quem lê meus escritos há algum tempo sabe que defendo a remuneração dos agentes políticos. Serviço prestado deve ser pago, ainda que eleitos se lancem às tarefas por deliberação própria, porque querem e não por obrigação. Mas, igualmente penso que os valores precisam ser compatíveis com os encargos e com a realidade local. Hoje, prefeito e vereadores estão ganhando bem. O primeiro em torno de 10 mil reais. Os vereadores cerca de três mil reais. Por que ganham bem? Porque o exercício do mandato não é necessariamente oneroso, ainda que no caso do prefeito exige dedicação diária integral. Quem na pode com peso não carrega muamba. Quem não pode sustentar o ‘vício’ que não se meta.

3 – Como se sabe, em qualquer atividade dinheiro é chamariz. Sempre que as ofertas são mais generosas maior é a intensidade do voluntariado. O que se paga hoje a um vereador já é um valor atraente. No mercado de trabalho, três mil reais correspondem a um belíssimo salário. O risco dessas coisas é a banalização da atividade de representação, que passa a ser um negócio rentável em lugar do exercício da política como instrumento de construção de uma cidade melhor. Essas palavras soam com certas nuances de ingenuidade, não é mesmo? Parece que isso de querer o melhor para a cidade e os cidadãos está tão fora de moda.

4 - Aliás, não parece. É verdade mesmo. E um pouco dessa degradação da atividade de representação tem como causa, sem qualquer dúvida, a questão monetária. Ora, se de fato a remuneração subir aos patamares especulados hoje, poderá ser detonado um enorme interesse pelo cargo que em nada contribuirá para a qualidade da representação. Ao contrário. Disso já há exemplos, desde que o general Ernesto Geisel decidiu dar salário aos vereadores, que então trabalhavam de graça. Para terminar: o primeiro filtro qualificador podem ser os partidos políticos, nos quais não é prudente acreditar; o segundo serão os eleitores, dos quais é sempre prudente duvidar.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Visitando a esquerda

1 – Nas eleições de 2008, o PSB teve que recorrer a uma operação emergencial quando percebeu que os votos de Paulo Silva iriam para o ralo, fulminados pela impugnação da sua candidatura a vereador. Foram mais de 700 sufrágios, suficientes para que Paulo se elegesse, que terminaram mesmo desconsiderados. O partido perdeu uma cadeira na Câmara. Parece que a lição valeu e agora, desde cedo, o comando partidário se curva ao inevitável e já adverte sua militância de que é melhor pensar em outras opções para disputar a Prefeitura em 2012. A estratégia, desta vez, parece correta e ajuizada. É prudente não alimentar o nome do ex-prefeito por mais tempo para não ser pego por um tiro na curva lá perto das eleições. Afinal, hoje Paulo está inelegível.

2 - Pode haver uma reversão? Sempre pode. Mas, não é aconselhável apostar nela. Assim, não resta outra coisa a fazer senão chacoalhar a peneira, devolver os lambaris ao rio e levar à ceva, para engorda e robustecimento, os vertebrados com potencial para adquirir alguma viabilidade eleitoral. Em outra metáfora, não se vai à mesa de carteado sem algum az, quatro de paus e sete de copas. Se possível, o ideal é sempre ter algo escondido na manga para um repique. É a tarefa que se impôs ao PSB. E por melhor que saia nesse processo, perde um pouco de poder de barganha para quando encostar a barriga no balcão das negociações eleitorais. Se me entendem, o que não pode é apostar numa incerteza, ainda que o nome seja o ideal. Se, de repente, lá na frente, Paulo Silva for reabilitado, ele sempre será produto de fácil penetração no mercado eleitoral. Se não houver a reversão, hoje pouco provável, o partido não estará a pé em estrada deserta e escura.

3 – Trafegando de uma esquerda a outra, saúdo o PT pela organização que pude testemunhar no final da tarde de sábado. Fui ver a exposição comemorativa aos 30 anos de fundação do partido e levar um abraço ao presidente Ernani Donatti Gragnanello, com quem privo de trocas de figurinhas quase que pelo mesmo tempo. O PT valoriza cada documento desde os tempos em que as folhas de papel recebiam as mensagens pelo rolo do velho mimeógrafo.

4 - Não se trata de apenas conservar e guardar papéis, mas de preservar a sua história, que em resumo é um pouco da história política da cidade nesse mesmo período de três décadas. Não há um só dos atuais partidos locais com acervo tão rico. Suspeito que a maioria mal conserva seus livros de atas e as fichas dos filiados. O PT é primoroso nesse quesito e faço esse elogio com total sossego, considerando que nossas idéias nem sempre se abraçam e muitas vezes até nos antagonizam.

5 - Não sei quantos representantes políticos passaram por lá. Os que não foram cometeram grave omissão e demonstraram possuir uma concepção estreita do que é a política. Afinal, o sábado não assinalou apenas os 30 anos da existência do PT, mas três décadas da história política de Mogi Mirim a partir de 1981. Porque, queiram ou não os inimigos, desafetos e antipatizantes, delas o Partido dos Trabalhadores participou ativamente. Talvez como nenhum outro.

sábado, 30 de julho de 2011

O cheiro da tinta

1 – Dia desses, fui invadir território em Itapira. É dispensável explicar para que. Lá tive o prazer de reencontrar-me com um grande profissional da comunicação: Luiz Antonio da Fonseca, o Tói Fonseca. Eu o ouvi muito na Rádio Clube. Refinado no gosto musical, sem ser elitista, competente na análise dos fatos do cotidiano – próximo e remoto. Como eu, faz parte do clube dos coronarianos. Está bem, novinho em folha. Inevitavelmente, acabamos por posar para algumas fotos, que foram parar no Face Book, essa febre internética. Éramos quatro no retrato. Daí um amigo postou lá que ali estavam, entre os quatro, dois velhos lobos.

2 – Pois aí é que está. Lobo não sei se sou. Velho, sem dúvida. E escrevo a introdução aí de cima, de um lado para saudar o amigo Tói. De outro para abrir as portas das considerações que resolvi fazer hoje. Seguinte: sou leitor compulsivo. Por prazer e por dever de ofício. Minha formação foi alicerçada na leitura. Então, leio jornal, revista, internet e, se ainda existisse, leria até o velho Almanaque Capivariol. Lendo tanto, constato um fenômeno interessante: a internet democratizou, escancarou a manifestação dos cidadãos. Basta saber bater nas teclas para ir lá e desancar autoridades, ofender desafetos. Estou perdendo o fio? Não, de maneira nenhuma.

3 – O fato é que, por consequência, por causa, por defeito ou sei lá o que da minha idade, gosto sempre das coisas bem explicadas.Como velho, não sei se lobo, gosto muito de saber quem está escrevendo, falando, xingando, destratando, elogiando (coisa rara) e a internet, infelizmente, abre portas para a maldição do anonimato. Às vezes é preciso, compreendo. Mas, como regra é uma desgraça. A quem foi me dirigir em contestação se o tal se esconde em apelidos boa parte das vezes idiotas?

4 – Mantendo o fio da meada: por todas essas questões e por vício incorrigível dos meus 64 anos, continuo sendo fã incondicional do impresso, do papel, daquele que você pega na mão, aproxima dos olhos, lê, relê... Certamente ouvirei que sou retrógrado, mas o papel entra para a história como documento concreto, físico, manuseável. Para que fique claro, se sou compulsivo em ler, sou idem idem em navegar na rede mundial de computadores. De dia, de noite, cedo, de madrugada. Isso até me cria alguns problemas familiares sobre os quais não preciso entrar em detalhes, mas todos imaginarão.

5 – Necessariamente, não serão meus contemporâneos solidários comigo nestas mal-digitadas ideias. Muitos deles avançaram, se modernizaram. Eu fui ficando para trás, conservador, ainda que aprendendo o mínimo basicamente para me defender com as armas da modernidade. O fato é o seguinte: escrever é um exercício que me persegue há décadas e sempre com a cara para fora da janela. No papel é difícil de não ser desse jeito, com CIC e RG expostos. O virtual oferece esse refúgio. Além de tudo, tem mais uma coisa que me puxa para o passado: eu fui curtido no cheiro da tinta. É pior do que tabagismo. Não desimprega nunca.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Horizonte em definição

1 – A pergunta que ouço com mais freqüência conforme o calendário avança é a seguinte: quem será o candidato de Carlos Nelson em 2012? Naturalmente que só ele será capaz de responder, mas especulo que, se não vier a não ser Gerson Rossi, o atual chefe do Gabinete terá sofrido uma monumental rasteira na reta final. Age com todas a pinta de que será candidato e desfruta das facilidades políticas proporcionadas pelo governo. Gerson é tão candidato que já se sente perseguido por inimigos. De qualquer forma, como a política se move como as nuvens, estar preparado para um pé nas nádegas é sempre prudente.

2 – Também escuto com insistência a dúvida acerca da candidatura de Paulo Silva. O ex-prefeito adota o discurso politicamente correto de que não pode ser sempre a única solução. Defende que sejam procuradas alternativas. Por sua personalidade dissimulada, é muito difícil interpretar o que Paulo traz por dentro – se de fato desdenha a hipótese de ser prefeito de novo ou se esconde bem suas intenções. Pois bem. Como acho que Gerson Rossi é, hoje, o titular do lado oficial, Paulo é o do outro lado. Correndo tudo normalmente, ambos deverão se encontrar em 7 de outubro de 2012.

3 – Olhando o panorama por uma lente abrangente, penso ser mais fácil costurar a candidatura oficial do que harmonizar a candidatura da oposição. Insisto que Gerson está sendo construído. Enfrenta reações internas de concorrentes e de antipatizantes. Mas, que não se esqueça o peso da mão de Carlos Nelson. Não consigo ver que rebeldias sejam capazes de prosperar. Por mais roto, o guarda-chuva do governo é sempre uma proteção nada desprezível. Então, concluo que seja Gerson ou quem o atual prefeito benzer.

4 – É um pouco diferente o cenário do lado contrário. A candidatura de Paulo reúne muitas simpatias e adesões prévias no campo oposicionista. Mas, ao menos por enquanto, está longe de ser unânime ou sequer consensual. Há postulações paralelas naquilo que é, de fato, o cerne do oposicionismo, formado por PSB, PT e PV. Não é simples costurar isso não. E não é só. Quem convencerá Gustavo Stupp de que é cedo para disputar a Prefeitura? Aliás, me parece que hoje, se alguém é candidato definido à sucessão de Carlos Nelson, este é Stupp.

5 - Estas particularidades, portanto, lançam certas incertezas entre os oposicionistas. Aliás, resumo o meu pensamento no sentido de que o futuro da candidatura governista dependerá da capacidade de a oposição se articular. O quadro que se tem adiante me permite especular sobre a seguinte hipótese: a próxima eleição será decidida pela oposição. Parece óbvio? Não é. As coisas se encaminham para o que insiste em me dizer o vereador João Luis Teixeira: a oposição só perde para ela mesma. Não se ignore nem se menospreze a avaliação.

domingo, 24 de julho de 2011

Dinheiro pelo ladrão

1 – O futebol foi a porta por onde entrei nisso aqui, nessa coisa de escrever, escrever, escrever. Foi por desatino de Franco Ortiz, o Lalo, que meus contemporâneos têm na memória. Então, de vez em quando tenho umas recaídas e me meto a rabiscar sobre o tema. O que decidi fazer hoje e abordando fatos que estão muito longe da nossa órbita, mas que estão muito próximos do nosso bolso. Do meu não, porque já está roto de há muito. O fato é que vem me causando espanto os números sobre os quais escuto falar, sempre que o assunto é a Copa de 2014. Esta semana, por exemplo, ouvi o governador Alckmin falar em 50 ou 60 milhões que o Estado vai torrar para instalar e desinstalar uma arquibancada no estádio do Corinthians, que eu espero em Deus, mesmo sendo são-paulino, que de fato se erga. O que achei curioso foi o caráter banal dos milhões. Soou como se fosse eu tomando um café no balcão da Lanchonete do Tchê, do simpático José Casaril, na esquina do Jardim Velho. Coisas reles.

2 – Ora, ou me desatualizei acerca do valor do dinheiro ou estamos vivendo mesmo em um mundo louco. Estou esfregrando as mãos porque vou receber metade do 13º da minha aposentadoria em agosto, julgando-a uma pequena fortuna, e os big boss falam em minhões e bilhões com uma naturalidade de causar desconfiança. Caramba, mas eu prometi que iria falar de futebol e estou escrevendo sobre dinheiro, vertendo minhas frustrações por desfrutar de tão pouco do sórdido, mas indispensável. A bola está escondida, mas em nome dela estão sendo feitas “tenebrosas transações” – expressão que, me perdoem, sempre que posso a enfio em algum lugar. E aqui ela cabe com absoluta precisão.

3 – Tento não ser retrógrado no sentido de pensar que devamos continuar sendo um país mau humorado, sofredor, para baixo, recusando portanto a idéia de recebermos uma Copa do Mundo. Ela e os Jogos Olímpicos já penso ser certo exagero. Mas, como costuma dizer meu predileto concunhado Alberto Santos Guarnieri, o Neê: “que vá”. (saúde meu caro, estou em falta, sei). Mas, está me espantando o quanto os números crescem numa progressão inimaginável. Sem medo de ser inconseqüente: aí tem. Sim, aí tem ladroagem. E digo mais: a Copa de 2014 vai se transformar, sem risco algum de engano, no episódio mais exemplar de roubalheira que o Brasil já viu. Com o perdão do péssimo trocadilho, vai sair dinheiro pelo ladrão. E o que não vai faltar, aliás, é ladrão.

4 – Sequer sei se alcançarei a Copa, como de resto não há um só ser sobre o Planeta que possa ter essa segurança. Estando presente ou não pouco importa, porque sem convencimento ou arrogância, já ultrapassei essas fases ufanismos do tipo “ame-o ou deixe-o”. Tanto faz. Cumpro um papel que por sinal ninguém me delegou. Lá quando Lalo cometeu o desvario, eu falava de futebol, bola, árbitro, gol, escanteio e outras iguarias. Hoje, me pego surpreendido por, ao falar de futebol, falar de ladrões. Que me perdoem os árbitros que ofendi ao longo destes pesados 40 e tantos anos. Santos, imaculados!

domingo, 17 de julho de 2011

Como Natal, Páscoa, Finados...

01 – As crises entre a Santa Casa e a Prefeitura estão se tornando eventos tão previsíveis quanto algumas datas fixas do calendário, como Natal, Páscoa, Dia das Mães e Finados. Nunca faltam. É certo que contratos têm termos, prazos, fim. Realmente sugerem discussões periódicas. O que não parece ser normal é a habitual beligerância que se instala entre as partes. Aliás, essa é uma questão que tem mesmo muitas partes. Algumas não muito claramente identificadas, mas que interferem no processo. Aí, vem a furo aquela máxima de que em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. E vem a tona também aquela constatação de que, na guerra entre o mar e as pedras, que perde é sempre o marisco. Não há dúvida de quem é o marisco, no caso da porfia (essa eu fui buscar lá no fundo do baú) que travam a Prefeitura e a Santa Casa.

02 – Um amigo, detentor de representação na cidade, me faz a seguinte observação: é impossível harmonizar uma relação em que estejam envolvidas personalidades de ego tão inflado quanto o prefeito Carlos Nelson e o administrador da Santa Casa, Ronaldo Carvalho. Não há a menor chance de uma rendição de qualquer das partes em nome da causa objetiva. Sugere o mesmo amigo que seria útil a intermediação de um negociador, um pacificador, capaz de baixar à realidade da razão e da ponderação os litigantes (mais uma do fundo do baú). Que haja alguém com tais pendores não duvido. Duvido, todavia, que tope peitar uma tarefa dessa natureza, precisamente pelo caráter hostil dos personagens. Então, vai ser assim por mais um ano e meio.

03 – Aí, quando essas escaramuças se repetem, vem imediatamente a pregação de que a solução está em instalar um hospital municipal. Ninguém ignora, sobretudo os que fazem política sobre o tema, que essa não é proposta para ser tratada ao estalar de dedos. Nem se tornará concreta do modo rápido como as crises recomendam que pudesse ser. E não pode ser esquecido o fato de que, mais do que o investimento para construir e aparelhar um hospital, o bicho pega é nos custos de operação. Já escrevi uma vez: é um sorvedouro de dinheiro. Dirá alguém: mas a saúde da população justifica o custo, por mais espetacular que seja. Concordo. Só acho prudente advertir que tocar adiante uma proposta dessa natureza pressupõe inevitavelmente renunciar a uma série de coisas.

04 – Na verdade, na verdade, sob o ponto de vista imediato, um hospital municipal eliminaria essa relação atritada entre a Prefeitura e a Santa Casa. Deixaria de haver a disputa Carlos Nelson x Ronaldo. Estariam afastados o estresse, os ataques mútuos. O de menos quando se pensa no interesse da população e, particularmente, daquela que não tem saldo bancário capaz de suportar mensalidades de convênios de assistência à saúde. Como não me parece próximo o dia em que os mogimirianos serão recepcionados sobre tapetes vermelhos em um hospital público do Município, resta ter a paciência indispensável a toda pessoa que procura serviço de saúde e não se surpreender que os conflitos continuem se repetindo com a mesma frequência das datas fixas do calendário. Finados, por exemplo, tem todo ano.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Os olhos não mentem

1 – Quem receber a visita de algum parente distante, por prudência não deve levá-lo a conhecer a Praça Rui Barbosa numa tarde de domingo. A impressão que o visitante recolherá será a pior possível. Ao menos na hipótese de que se repita o que aconteceu no final de semana, quando pombos disputavam migalhas e todo tipo de descarte se espalhava pelos canteiros e alamedas da praça. É certo que o grau de sujeira denota sempre o grau de educação de quem a causou. Mas, limpar está entre as tarefas do poder público. De um jeito ou de outro, o povo paga por isso. E quem faz a limpeza não tem razões para se queixar do que anda recebendo.

2 – Alertado pelo amigo Gambardela, fui verificar uma cena que me deixou assustado. Jovens, boa parte aí pela faixa de 14 ou 15 anos, esperavam a abertura de uma casa de shows, no centro, por volta de quatro da tarde de domingo. Até aí, nada além do normal. Espantoso foi verificar o generalizado consumo de bebida alcoólica. Eram poucos os que não levam um copo na mão – tanto rapazes como meninas. Na calçada, garrafas de refrigerante e bebida destilada – provavelmente rum. Aí, vem a lei: é proibido vender bebida a menores. Mas, é proibido que menores bebam, desde que tenham acesso ao produto? Ah! Para completar, companheiro inseparável que é do álcool – e disso eu sei por experiência própria – estava lá o cigarro ornamentando beiços e lábios. Que esperar?

3 – Assustado tenho ficado também com o tratamento que é dado aos usuários dos ônibus urbanos. Sábado havia absoluta desinformação em ponto da Rua Conde de Parnaíba. Além do que o abrigo ainda não havia sido instalado no local. A impressão é de que tudo é feito de maneira improvisada ou com planejamento furado. Aliás, a solução de transferir as linhas para a antiga ‘rua da estação’ é coisa que não vai se sustentar. É remendo em roupa velha. É quebra-galho, por estar absolutamente evidente que não é solução para o usuário do ônibus e tende a ser complicação para o trânsito. Talvez seja necessário um novo governo para compreender a necessidade de soluções definitivas.

4 – A Pernambucanas bem que poderia reduzir aquele mostrengo com que abraça a lateral de sua loja, deixando à mostra um pouco das linhas do velho, extinto e saudoso Cine São José, onde assisti tantos episódios de Hopalong Cassidy em sessões domingueiras matinais. Seria uma forma de homenagear a história da cidade em retribuição ao que leva daqui seguramente há mais de 50 anos.

5 – Deve ser enobrecedor pertencer a um partido político que tem, entre seus expoentes, o filósofo contemporâneo Tiririca e o impoluto Waldemar Costa Neto. Mas, justiça seja feita, praticamente todos têm seus ‘waldemares’.