sábado, 1 de novembro de 2008

O poder da palavra

Sou um incorrigível viciado no debate de idéias. Gosto de uma prosa, de uma discussão, de confronto de pensamentos. E gosto porque vejo nisso um instrumento eficaz de enriquecimento humano.

Dos confrontos, independente de vencidos e vencedores, sempre se leva alguma coisa. Claro que em sendo suficientemente humilde. Porque há – e os conheço de sobra – os arrogantes, que não se movem um milímetro de suas pétreas posições. Mesmo que erradas e, às vezes, até despropositais.

É assim que imagino as relações sociais, quando elas se põem no campo das divergências. Faço isso teimosamente há anos, aqui hoje, ontem em outros cantos, mesmo que ciente da irrelevância do que penso e, por isso mesmo, do traço que alcanço do ponto de vista de leitura.

As guerras, que tantos prejuízos vêm produzindo milenarmente à humanidade, são fruto da intolerância, da incapacidade para o diálogo e, principalmente, da recusa a praticá-lo. Tenho como convicção que não há divergência alguma que não possa ser superada pela força da palavra e dos argumentos, que são os combustíveis do diálogo.

Na profissão que adotei, aprendi desde o primeiro minuto que essa concessão a escutar é princípio elementar, basilar. Vivemos permanentemente no centro do conflito, no olho do furacão. Seja porque mexemos com fatos, seja por que lidamos com interesses. Confesso que é difícil dar braçadas em mar tão bravio. Mas, é preciso aprender a fazê-lo. E fazê-lo.

Quando constato condutas opostas, me aborreço muito. Mais do que isso: me decepciono. A cada episódio, perco uma porçãozinho da réstia de esperança que o velho peito de mais de 60 anos ainda teima em cultivar. E perco porque imagino que a sociedade é um ente em evolução, que se aprimora com o avançar dos tempos. Esse avanço espetacular, entretanto, não tem se revelado suficiente para escoimar da nossa convivência o espírito da truculência e da brutalidade.

Ora, em tal circunstância cumpre tentar trazer para a civilidade os que ainda habitam a escuridão da ignorância. Descer ao fosso seria contrariar a lei natural da evolução e devolver o mundo aos seus primórdios, quando litígios eram resolvidos pelo peso da força e pelo esmagamento do litigante.

Se é impossível resgatar para a claridade aqueles que insistem em viver nas trevas, cumpre aprender a conviver com eles. Ao contrário da desforra, da vingança, da retaliação e da represália, devem ser tratados com tolerância e compreensão, ainda mais quando a vida já lhes deu tempo suficiente para a resignação.

É assim que os trato, com a consciência de que, no fundo, todos somos seres humanos, com virtudes e defeitos, mesmo que muitos destes últimos, por teimosia ou megalomania, se esforcem em não se enxergarem e não se corrigirem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde Walter,
Estou com saudades. Faz tempo que não nos vemos.
Abraços,
Edgard França
PS: Você continua escrevendo muito mal.(rs rs rs )
Entendeu né?