domingo, 14 de dezembro de 2008

HIPÓTESE INIMAGINÁVEL

No final de 1975, fui obrigado a encerrar as atividades do jornal A TRIBUNA, que havia adquirido junto com Franco Ortiz. A publicação deve ter durado uns 10 anos. A fundação coube a Argemiro Repas e Luiz Edne Bueno, em meados da década de 60 do século anterior.

A decisão foi dolorosa, mas absolutamente inevitável. Necessariamente, não há paralelo com o que acontece agora em relação a O IMPACTO, de cuja paralisação fui informado pelo seu editor, Paulo Henrique Tenório.

As razões de hoje não são, com certeza, as minhas de 1975. A minha, admito, era inteiramente previsível. Confesso que a drástica decisão de Mauro Adorno é a única hipótese que em momento algum passou pela minha cabeça, diante de qualquer fosse a dificuldade que viesse a enfrentar.

Se a adotou, estará certamente escorado em razões que não comportam discussão. Não é preciso escrever muito para concluir o quanto de péssimo a decisão encerra, especialmente levando em conta o histórico de O IMPACTO, por onde transitei por alguns anos.

Não é confortável para mim tratar do assunto, tendo em vista os interesses concorrenciais com os quais estou envolvido. Em tal circunstância, além de lamentar o episódio, repetindo todas as manifestações que se seguirão, tenho que assinalar minha frustração.

Um jornal que se fecha corresponde ao desmoronamento de uma obra erguida por incontáveis profissionais com esforços, suores, lágrimas e amor. Jornal não é um ente físico, mas um corpo que se move pelas idéias de muitos que oferecem suas vidas à vida dele.

Numa hora com estas, fica um amargo gosto de frustração. Aos fatos irreversíveis, entretanto, não há como opor resistência. Há que cultivar a sensação do dever cumprido, mirar o horizonte e imaginar que ao ser humano é reservado mesmo o peso da convivência com boas e más notícias. A má está aí. Virá a hora da boa, com certeza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, Valter!
É com satisfação que o revejo. Aqui, fim de noite, acabamos de colocar no ar mais um jornal. Há dez ou onze anos, participei da equipe de O Impacto. O primeiro jornal no qual excerci o Jornalismo. Foi lá que você me ajudou a perceber o que é a profissão. Lamento a notícia do fim do jornal e, ressalto, o pouco mais de um ano que passei por lá me ensinaram muito, principalmente pela convivência contigo. Sei que esse não é um privilégio apenas meu. Na minha passagem pela EPTV, compartilhei com os amigos Capita e Angélica algumas experiências em comum. Experiências que passaram no tempo, mas que percebo que ficaram nas edições impressas ou fades fechados a cada dia.

Obrigado e boa sorte!

Benedicto Carlos Chiquino Júnior.