quarta-feira, 18 de março de 2009

O outro fenômeno

Como qualquer personalidade política, o deputado Barros Munhoz é alvo de reações de amor e ódio. Cultiva adeptos, assim como coleciona inimigos. É da natureza, considerando que, especialmente nessa área de atividade, é impossível que qualquer ser humano alcance a unanimidade.

Os líderes em geral despertam paixões em mão dupla. E não há como negar em Totonho Munhoz, como os itapirenses o identificam mais intimamente, os dotes de liderança. Pode-se questionar os seus métodos, que nem sempre são sutis, mas não se lhe pode negar a virtude da capacidade de engenharia política.

Lembro, por exemplo, colisões históricas mantidas entre Munhoz e Carlos Nelson, acho que até porque o atual prefeito de Mogi Mirim se enciumava um pouco com o avanço do ex-prefeito itapirense, seu concorrente regional. Quando se tornou conveniente – para ambos, assinale-se –, eis que eles se uniram sem dificuldade alguma. Pode ser que isso tenha outro nome, mas inegavelmente é uma demonstração da competência para articulações inimagináveis para muita gente que opera na área.

Há circunstâncias em que Munhoz parece compreender a necessidade de agir como furacão, agitando seu saco de maldades. Em outros, age com a candura dos inocentes. E, com um ou outro método, vai alcançando seus objetivos e construindo uma carreira que, sem exagero, denota nuances de fulminante.

Quem imaginaria, lá por meados da década de 70, quando assumiu a Prefeitura de Itapira pela primeira vez, que Barros Munhoz alcançasse píncaros tão elevados na escala da hierarquia política? Numa hipotética bolsa de apostas, com certeza seria desprezível, um azarão. A consciência do ser humano, entretanto, é insondável. E penso hoje que, ao debutar como político,Totonho já traçava o horizonte que pretendia alcançar.

Assim, ao chegar à presidência da Assembléia Legislativa do Estado, Munhoz está, simplesmente, dando curso ao projeto que formulou há 40 anos. Transformou-se na segunda maior autoridade político-administrativa do Estado, só abaixo do governador. É o chefe do Poder Legislativo, uma das vertentes do triângulo governativo composto ainda pelo Executivo e o Judiciário.

É um passo e tanto. É uma ascensão fenomenal. Não há como negar. E não nego, mesmo não me alistando entre os adeptos políticos de Totonho. Aliás, suas ambições já ficaram bem explícitas quando topou disputar o Palácio dos Bandeirantes, na sucessão do governador Fleury, em circunstâncias amplamente desfavoráveis, fadado ao insucesso. Perdeu, como sabia que isso iria acontecer. Mas, parafraseando aquele humorista cujo nome esqueço agora, fez o seu comercial.

Pois é. O furacão, em cuja origem sequer se afigurava uma leve, branda e inofensiva brisa, chegou à presidência da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, o mais importante parlamenta estadual da América Latina, como ele próprio faz questão de assinalar. Não é pouco. É êxito que, se bem guardo do que vi nos últimos 50 anos, personalidade regional alguma conseguiu celebrar.

Com estas considerações, provavelmente atrairei a pecha de puxa-saco. Pouco importa. E importa menos ainda porque não sou mesmo. O que estou fazendo é tratar de um fenômeno político, que só a má-vontade e a tiflose não enxergarão em Munhoz. Assim como só a cegueira pode levar alguém a negar a Ronaldo Nazário a condição de fenômeno futebolístico.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Deu o que era previsto

Em 9 de fevereiro, quando Paulo Campos foi anunciado como técnico do Mogi Mirim, em substituição a Gelson Silva, escrevi:
"Pode dar certo. Circunstância a que estaria subordinado qualquer que fosse o escolhido. O mais provável é que não dê, até pela situação do time, a exigir um bombeiro competente ao contrário de um acadêmico".
Fechei aquele mesmo comentário com uma manifestação:
"Ficarei imensamente feliz se estiver errado".
Infelizmente, errados estavam os dirigentes do Mogi Mirim. Paulo Campos já era e deixa um legado, senão pior, no mínimo igual ao de Gelson Silva.
Foram dois evidentes equívocos da direção, como o foram aqueles cometidos na montagem do plantel, pela forma e pela escolha.
Pois bem. Se antes era necessário um bombeiro ao contrário de um acadêmico, agora é necessário um salvador. E os salvadores andam rareando no mercado.

domingo, 15 de março de 2009

Pode entrar para a história

O goleiro Andrada, do Vasco, se tornou celebrizado por ter sido a ‘vítima’ do milésimo gol de Pelé, no Maracanã.

O Botafogo de Ribeirão Preto entrou para a história pela goleada que sofreu diante do Santos, na Vila Belmiro, por 10 a 0.

Não só pela goleada, mas também porque, nessa partida, Pelé marcou sete gols.

O Mogi Mirim pode ter entrado para a história neste 15 de março de 2009. Não pelo resultado da partida contra o Santos, em que perdeu por 3 a 0.

Mas, porque foi nesse jogo que o menino Neymar, de apenas 17 anos – a mesma idade com que Pelé se tornou conhecido no mundo – fez seu primeiro gol com a camisa do Santos, como profissional.

Há uma fenomenal expectativa de que Neymar, no mínimo, se torne em um segundo Robinho. Os mais entusiastas pensam no Pelé II.

Qualquer hipótese que se confirme, levará o Mogi Mirim para a história por ter sido a primeira vítima de sua genialidade.

Como se vê, mesmo uma campanha vexatória pode deixar alguma coisa para a história.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Giovanni, o só

A goleada de 4 a 0 sofrida pelo Mogi Mirim ante o Santo André, que poderia ter sido ainda mais vexatória, é o resultado da diferença entre Giovanni e o resto.

Malhado impiedosamente e responsabilizado por parte dos insucessos do time, o ex-craque do Santos e do Barcelona deu exemplo de profissionalismo durante a catástrofe do ABC.

Fez o que lhe cabia e o que era possível que fizesse. Acho que esbravejou inclusive com o treinador, desanimado com a mansidão do time. Quase indolência.

Mas, o problema do Mogi Mirim não é de mansidão ou de indolência. É de ruindade mesmo. Daí eu ter ficado com dó de Giovanni, perdido entre um grupo de jogadores no máximo medianos.

Assim, é difícil. Ou melhor, é impossível. A quem entregar com açúcar uma bola redondinha? Com quem contar para dar curso ao seu talento, esbanjado no gramado de Santo André?

Foi o mártir de uma batalha inglória, cercado de nulidades. Se em alguma coisa Rivaldo acertou foi em trazer Giovanni, obra pessoal do presidente do Mogi.

Eu mesmo desconfiei que isso pudesse dar certo. Não deu mesmo. Mas, não por responsabilidade de Giovanni e nem por erro de Rivaldo

Não deu certo porque, nas tarefas que o presidente do clube atribuiu a seus prepostos, o resultado foi pífio.

Os incumbidos da tarefa se esqueceram que, para jogar com Giovanni, a premissa era a de que os coadjuvantes ao menos possuíssem cérebro.

Giovanni ficou sozinho. Coitado. Suspeito que esteja com uma vontade louca de voltar para Belém. Se eu fosse ele, voltaria.

Aconteceu bem mais cedo

Pouco tempo após passadas as eleições e definida, portanto, a composição da Câmara, me lancei ao atrevimento da premonição. Diante do quadro de massacrante maioria governista então construída, formando placar de 14 a 3 (e não de 17 a 3, como escrevi por engano), pus em dúvida a perenidade dessa predominância, embora sem cometer o desatino de prever uma inversão nessa relação de forças.

Minha expectativa então era a de que a configuração monolítica do grupo situacionista não resistiria a seis meses. Não era uma suspeita gratuita, sem alguma fundamentação. Listava como fatores a exacerbação dos egos, os interesses contrariados ou não atendidos, entre outros. E quando fiz tais considerações em absoluto inovei ou produzi alguma sabedoria nova.

Tenho plena noção de que não descobri a quadratura do círculo. Apenas trabalhei com as idéias que vou recolhendo ao longo tempo, na convivência com pessoas, seres humanos. E os seres humanos se caracterizam por serem assim, imperfeitos, sinuosos, volúveis, movidos que são por vontades, desejos, humores, ódios, prazeres e instintos.

Pois bem. Fechados apenas dois meses desde a posse dos eleitos em outubro, eis que as fissuras já se manifestam de maneira explícita e, em alguns casos, agudas. No inevitável – ou seria no irrelevante? – todos votam. Na solidariedade, já não é a mesma coisa do pós-eleição e dos primeiros dias da Legislatura.

Ungido líder na estréia, Rogério Esperança já apeou da carruagem. Quanto isso leva, de fato, o PDT, ainda é incógnita. Mas, é uma dissensão de peso, resgatando-se da história recente o fato de que ocupou cargos de primeiro escalão no primeiro governo de Carlos Nelson.

Ora, e por que Esperança se desiludiu? Por interesses contrariados, os quais o levam a se sentir desprestigiado diante de sucessivas expectativas abortadas. Na verdade, não está presente, no caso, uma divergência de fundo quanto à administração e seus rumos, mas uma rusga política. Seja como for, se não é (ainda?) oposição, Rogério deixou de ser governo.

Também bem mais cedo do que eu supunha, Maria Helena se tornou uma voz claramente oposicionista, com a agravante de que é alistada no mesmo partido político do prefeito, o PSDB. Alto lá. Preciso ser justo. O prefeito é que se alistou na sigla em que a vereadora se abriga desde seu ingresso na vida política. Embora mais pontual e, nestes primeiros meses, centrando seu foco nas questões da saúde, já divide a tribuna com Márcia Róttoli e Orivaldo Magalhães no combate ao governo.

Numericamente, ainda é insignificante o desembarque verificado na nau governista. A questão é saber a dimensão do poder de contaminação dessas migrações. Algum efeito elas produzirão, sem qualquer dúvida.

Fica a expectativa quanto ao tamanho e ao tempo. E o tempo será tanto mais breve quanto forem crescendo os inconformismos dos desatendidos. É impossível, sem entregar a alma, acolher e dar provimento a todas as demandas que vão bater na porta do Gabinete do Prefeito. Ainda mais quando o cobertor começa a ficar curto para cobrir, simultaneamente, a cabeça e os pés. A crise está nas fronteiras e não parece haver barreira capaz de evitar que invada o arraial. Em tal circunstância, o ‘sim’ torna-se cada vez mais raridade. E o ‘não’ costuma produzir seqüelas. Aguardem-se então os próximos capítulos.

domingo, 8 de março de 2009

O buraco é mais fundo?

Sob o ponto de vista do poder fazer, o prefeito Carlos Nelson não pode ser alvo de qualquer restrição. Podia, como fez, mandar desligar os guardinhas mirins ainda com tempo para permanecerem na Prefeitura. Podia, como fez, não recrutar novos menores para as vagas abertas por aqueles com idade vencida para a permanência.

Não tenho necessidade de achar razões para ser contrário à decisão. Não ganho para isso e não me aproveita em nada. “De modos que” – como estou cansado de ouvir – o que penso é fruto dos estreitos limites dos meus neurônios. E penso que, sob o ponto de vista social, foi uma crueldade. Seja pela posição que os guardinhas mirins ocupam na escala dos formadores de custos do Poder Público. Seja pelo quanto representam para eles e suas famílias os R$ 450 que recebiam no fim do mês.

Como seria uma insanidade de minha parte supor que o prefeito tenha sido movido pela intenção de praticar um ato cruel com seres humanos tão indefesos, saio à procura de outra explicação. E a que encontro me incomoda. Fico a temer, sinceramente, que a situação financeira da Prefeitura no momento presente, ou a perspectiva que se desenha no horizonte, seja de penúria.

Isto é, a dificuldade atingiu tal profundidade que é preciso passar o facão sem dó. Não interessam os donos dos pescoços, por mais que eles sejam dependentes do que o Município lhes assegura ao termo de cada 30 dias e por menos que sejam culpados pelo tamanho do rombo. Só isso, a meu indigente juízo, justificaria vitimar 50, 60, 70 ou sejam quantos forem os rapazes e meninas.

Se o quadro é esse, a profundidade da crise gela a espinha, a despeito das tórridas temperaturas que estamos suportando já há duas semanas. Considero que, em tal circunstância, uma decisão tão grave como essa teria, obrigatoriamente, que vir acompanhada de medidas de caráter profundo no conjunto da administração.

A notícia é de que foi determinado um contingenciamento linear de 25% nas despesas de custeio de todos os órgãos. Suspeito, então, que os guardinhas foram atropelados por essa locomotiva que, entretanto não foi cruel com a mesma linearidade por onde trafegou. Posso cometer monumental engano, mas acho que está caracterizada a economia de palito.

domingo, 1 de março de 2009

Seis por meia dúzia

Se os números valem alguma coisa, a conclusão é de que o Mogi Mirim trocou seis por meia dúzia. Mandou Gelson Silva embora e trouxe Paulo Campos na expectativa de empreender uma marcha de recuperação do time.

Os resultados falam por si. Gelson disputou cinco jogos no comando do Mogi. Ganhou um e perdeu quatro. Fez três pontos.

Paulo Campos também disputou cinco partidas. Obteve dois empates, sofreu três derrotas e não conseguiu vitória alguma. Fez dois pontos. Em seu favor, apenas o fato de que jogou só uma em casa.

Seja como for, não resolveu nada. Ah! É o time. É muito ruim. Mas, aí entra aquela história do “pau que dá em Chico, dá em Francisco”.

Era o mesmo – e pior – sob Gelson Silva. Chegaram reforços. Além do mais, Paulo Campos tinha a obrigação de ser melhor. Veio para consertar.

Concluo: Gelson Silva era seis. Paulo Campos é meia dúzia.

Agora, o Mogi Mirim está à mercê do milagre.