terça-feira, 23 de dezembro de 2008

De quem esperar?

É consensual que a nova Câmara exprime, em tese, melhor nível qualitativo. Seja por estreantes, seja por representantes que estão de volta após ausência.

Isso não significa que se instalará o paraíso, nem que todos dos 17 eleitos se possa esperar desempenho brilhante. Alguns revelam bom potencial para fazer reavivar um Legislativo que passou quatro anos de joelhos dobrados.

Pontuo alguns entre os alguns. Gustavo Stup é um. Parece ter um discurso bem estruturado de alguém com conteúdo de idéias. Parece alguém que não vai comer na mão.

O mesmo digo, em termos de expectativa, de Oswaldo Quaglio. Jamais foi tribuno, mas é um típico cidadão mogimiriano, comprometido com os interesses comunitários. É sério, digo.

Não vou fazer aqui uma fieira de nomes. Pinço mais alguns. José Fernandes é um ‘velha guarda’ dos bons. Desprovido de ambições, sincero nas idéias.

Maria Helena é uma excelente reconquista da Câmara. Às vezes demasiadamente ansiosa, exerceu papel relevante nas experiências anteriores. É uma voz firme e uma brigadora.

Para não ir longe, considero que esses quatro nomes são capazes de tonificar a Câmara. É o tempo que dirá. E também poderá revelar surpresas que não elenco aqui. Oremos.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Resgatando a Blitz

A Prefeitura terá que reduzir quase pela metade os atuais 186 cargos em comissão. Os cargos de livre nomeação do prefeito não poderão ultrapassar a 92, conforme acordo firmado com o Ministério Público.

Por trás da informação está um fato político de profunda relevância: o prefeito Carlos Nelson Bueno perde poder, pressionado pela exigência da promotora Cristiane Correa de Souza Hillal.

Após tanta quebra de braço e reações raivosas, é algo como se Carlos Nelson estivesse cantando a letra de Adeildo Vieira, celebrizada pela banda Blitz: “Ok. Você venceu”.

Mas, não sei se é o prefeito que deve estar lamentando mais a restrição imposta. De certo modo, até lhe dá um álibi, uma boa desculpa para negar atendimento a pedidos de nomeação por parte dos intermináveis puxa-sacos de plantão.

Uma conseqüência previsível é a deflagração de uma guerra fraticida. “Irmãos” vão pisar na goela de “irmãos” para arrumar um lugar ao sol. Donos de funerárias já podem esfregar as mãos. Vai ter defunto para todo mundo.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Eles não querem

A gente faz um esforço para acreditar que a classe política tem jeito. Mas, esse pessoal se esmera em sentido contrário. Eles não querem ser acreditados.

Vejam só. Agora mesmo, a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou projeto que confere título de Cidadão Paulistano a Ronaldo Fenômeno, recém-contratado pelo Corinthians.

A justificativa do autor, um tal vereador Goulart, é de que Ronaldo merece a láurea por ter sido eleito três vezes o melhor jogador do mundo.

As eleições constituem um processo caríssimo, pago pelo bolso do contribuinte. Afinal, dinheiro não dá em árvores.

E o sujeito que se elege move toda a estrutura que o poder lhe coloca a disposição para uma perda de tempo com essa e tantas outras. Em definitivo, continuar acreditando só pode ser puro exercício de teimosia.

A danada e as voltas do mundo

Foram dias tormentosos, mas a perícia do Dr. Ari Macedo tonteou a danada com um drible indefensável. E ela foi não sei para onde. Ela, a quem me refiro, é a vesícula. Me pôs no estaleiro por alguns dias, mas de novo estou aqui, a ocupar este espaço com minhas inutilidades de sempre.

No curto interregno, o mundo deu suas voltas. O São Paulo é tricampeão brasileiro em seqüência e hexa alternadamente. Aliás, suspeito que minha vesícula cultivasse outras paixões clubísticas – quem sabe pelo Grêmio, que sabe por todos os outros times cujos adeptos fizeram rezas e acenderam velas pela derrota do Tricolor. Enraivecida, decidiu me punir. Que a terra lhe seja leve.

No curso das mesmas voltas do mundo, o projeto do IPTU foi retirado pelo prefeito, que por outro lado viu sucumbir o projeto que previa a atribuição de honorários a advogados da Prefeitura, em ações bem sucedidas da lavra destes.

Tenho minha tesezinha chinfrim para o caso. Os operadores do Direito que servem ao Município são pessimamente remunerados. E enfrentam uma carga de trabalho monstruosa, incapaz de ser cumprida. Me parece então que, na impossibilidade de melhorar a remuneração salarial dos causídicos, o prefeito tentou compensar com os tais honorários.

O que não se clareou no intervalo do meu calvário foi a questão da presidência da Câmara. Caso tratado a sete chaves, com grande potencial de surpresas na ‘hora agá’. Desta vez, afinal, não são 10, mas 17 os teóricos postulantes, exceção aqui ou ali por reconhecimento de inviabilidade prévia.

Na direção contrária do quanto não sou capaz de imaginar o que vai acontecer no caso da presidência, assopram-me meus últimos resistentes neurônios de que a unidade governista, vinda à luz no parto das urnas em 5 de outubro, não irá longe. É muito difícil manter a costura de tanta gente – 14 precisamente – num ambiente em que as ambições e vaidades vão aflorar muito cedo.

Detalhe que poucos se apercebem: atender demandas de seis é uma coisa; de 14, é muito, mas muito diferente. Talvez impossível mesmo. E as dissensões não costumam nascer de colisões programáticas ou filosóficas, mas de interesses feridos ou não atendidos. Presumo, assim, que o arquiteto Carlos Nelson vai precisar de dotes de engenheiro.

Por último, a última rotação do Planeta pôs Paulo Silva de novo no cenário. Da UTI, quase desenganado, voltou à vida. Pode recuperar os votos que decisões judiciais lhe retiraram e acabar voltando a ocupar lugar na ferradura do plenário do Legislativo, que fez rampa de lançamento para seus dois governos como prefeito. Se vai conseguir ou não é outra conversa, mas uma coisa é certa: um dos 17 vereadores recém-diplomados vai viver intermináveis noites de angústia.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Jogo rapidíssimo

O vice-governador Alberto Goldman marcou visita a Mogi Mirim para esta quarta-feira, dia 17. O aviso saiu na segunda. Mote: vistoriar as obras da Fatec.

Na terça de manhã, passo atrás: Goldman não vem mais. A visita ficará para outra ocasião.

Desconfio que, entre um dia e outro, o expoente do antigo Partidão recebeu algumas notícias. Por exemplo: as obras que ele iria vistoriar estão paradas desde 24 de setembro.

Desconfio que a ‘outra ocasião’ para a visita será quando o prefeito Carlos Nelson for assinar o contrato com a terceira empreiteira a ser incumbida de pôr o campus da Fatec em pé. Coisa para fevereiro ou março do ano que vem.

domingo, 14 de dezembro de 2008

HIPÓTESE INIMAGINÁVEL

No final de 1975, fui obrigado a encerrar as atividades do jornal A TRIBUNA, que havia adquirido junto com Franco Ortiz. A publicação deve ter durado uns 10 anos. A fundação coube a Argemiro Repas e Luiz Edne Bueno, em meados da década de 60 do século anterior.

A decisão foi dolorosa, mas absolutamente inevitável. Necessariamente, não há paralelo com o que acontece agora em relação a O IMPACTO, de cuja paralisação fui informado pelo seu editor, Paulo Henrique Tenório.

As razões de hoje não são, com certeza, as minhas de 1975. A minha, admito, era inteiramente previsível. Confesso que a drástica decisão de Mauro Adorno é a única hipótese que em momento algum passou pela minha cabeça, diante de qualquer fosse a dificuldade que viesse a enfrentar.

Se a adotou, estará certamente escorado em razões que não comportam discussão. Não é preciso escrever muito para concluir o quanto de péssimo a decisão encerra, especialmente levando em conta o histórico de O IMPACTO, por onde transitei por alguns anos.

Não é confortável para mim tratar do assunto, tendo em vista os interesses concorrenciais com os quais estou envolvido. Em tal circunstância, além de lamentar o episódio, repetindo todas as manifestações que se seguirão, tenho que assinalar minha frustração.

Um jornal que se fecha corresponde ao desmoronamento de uma obra erguida por incontáveis profissionais com esforços, suores, lágrimas e amor. Jornal não é um ente físico, mas um corpo que se move pelas idéias de muitos que oferecem suas vidas à vida dele.

Numa hora com estas, fica um amargo gosto de frustração. Aos fatos irreversíveis, entretanto, não há como opor resistência. Há que cultivar a sensação do dever cumprido, mirar o horizonte e imaginar que ao ser humano é reservado mesmo o peso da convivência com boas e más notícias. A má está aí. Virá a hora da boa, com certeza.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cárcere privado

O caso do vereador Luiz Roberto Tavares, o Robertinho, é muito emblemático de que como se processam as relações políticas. Evidencia o quanto é frágil e falso o sistema partidário.

Robertinho foi eleito pelo PSDB, em oposição a Carlos Nelson. Para sua operação política, marcantemente clientelista, precisava das facilidades do governo. E não custou a converter-se ao carlosnelsismo.

O resultado foi tão bom, que aumentou significativamente sua votação no último 5 de outubro. Foi o campeão das urnas, batendo gente de alta patente.

De repente, não é que se vê submetido a cárcere privado dentro de sua própria casa? Rebelou-se contra o projeto que vai bombar os valores do IPTU, de iniciativa do líder máximo do partido, o prefeito.

Como troco, sofre ameaça de punição por indisciplina e infidelidade, que no seu extremo pode chegar à expulsão. E a expulsão – na remota hipótese de que aconteça – causa o desdobramento da perda do mandato.

Digo remota hipótese porque, inevitavelmente, Robertinho vai recuar. Não sei como. Mas, vai. Afinal, sabe que o partido vai jogar com a mão pesada do prefeito.