quarta-feira, 23 de junho de 2010

O público e o partidário

Diz nota publicada no blog do prefeito, assinada por Assessoria do PSDB:

“Na tarde da última sexta-feira, dia 18, o Deputado Federal Silvio Torres, do PSDB, visitou Mogi Mirim e garantiu apoio unânime da cúpula tucana local.
Para recepcionar o deputado, o prefeito Carlos Nelson Bueno reuniu cerca de 20 tucanos em seu gabinete”.


Digo eu:
EM SEU GABINETE!!!!

Segue a nota:
“Estavam presentes os vereadores: Maria Helena Scudeler de Barros, João Luiz Andrade Teixeira e Luiz Roberto Tavares, diretores municipais filiados ao PSDB, além da diretoria executiva municipal do partido”.

Digo eu:
...ALÉM DA DIRETORIA EXECUTIVA MUNICIPAL DO PARTIDO!!!!

Diz a nota:
“O presidente do PSDB mogimiriano, Benedito Sechinato deu sequência aos discursos e em nome da executiva e dos filiados, garantiu apoio irrestrito à candidatura de Silvio Torres”

Não seria preciso dizer mais nada. Para bom entendedor, dizia minha avó Gidica, meia palavra basta.

Mas, observo o seguinte: a lei mudou? está tudo liberado? pode fazer reunião de partido político em repartição pública? o gabinete do prefeito se tornou extensão do PSDB?

Sei não, mas parece haver fumus de uso indevido de bem público em atividade político-partidária.

PS: a postagem no blog do prefeito inclui várias fotos dos personagens no GABINETE DO PREFEITO.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Conceitos sobre o povo

1 - Por dever e por prazer, publico a sequência de três postagens do chefe do Gabinete do Prefeito, Gerson Rossi Junior, em seu twitter:
“Apesar do bom resultado, coitado do Dunga! Não passará desapercebido sua coletiva e mais uma vez impaciência com a imprensa- só c/ a Globo!!” – Alias, fui injustamente provocado pelo "O Popular" sobre uma postagem no twitter, insinuando que considero a população sem vergonha –Além da postagem não ser minha, não me deram nenhum direito de defesa ou justificativa. Simplesmente publicam para denegrir minha imagem.

Antes de mais nada, explico que reproduzo, com absoluta fidelidade, a publicação feita por Gerson. E começo por considerar estranho que uma postagem não de sua autoria tenha permanecido no ar por mais de 15 dias. Publicada a nota na coluna Da Fonte, minha vizinha nesta mesma página (Página 2, de O POPULAR) e também de minha lavra, o caro Gerson correu a deletá-la. É possível que, face a seus múltiplos compromissos, não tenha tido tempo, no período, de visitar seu próprio twitter e, portanto, a anônima mensagem lá permaneceu inserida. Mas, isso é o menos. No meu twitter, muito menos importante e miseravelmente requisitado, ninguém posta mensagem alguma que não seja eu mesmo.

2 – Não me aborreceu, mas me causou estranheza que Gerson, ainda na boa e produtiva idade jovem, já se deixe contaminar por velhas ideias conspiratórias. Deve ser convivência. Concluiu que a nota publicada na coluna da Da Fonte teve o objetivo de “denegrir minha imagem”, como diz. Esse é um procedimento padrão sempre que alguém resolve ir ao ataque contra a imprensa. Faço um parêntese: nós, jornalistas, somos tão falíveis como os políticos, os padres e as prostitutas. Não me move a presunção da perfeição, de que não erro. A diferença está em não achar pelo em ovo ou chifre em cabeça de cavalo quando confrontado com o pecado.

3 – A nota nada mais que fez que estranhar o conceito manifestado, ao que supus, pelo número 1 do governo municipal, como o qualifiquei há algum tempo e como é, de fato, até hoje. Então, combinamos o seguinte, Gerson: você não pensa que o povo é cada vez mais sem vergonha. Borracha passada, certo? Todavia, não abro mão de manifestar minha decepção pelo conceito, que agora estou seguro de que é seu mesmo e não de intrusos anônimos, de que a publicação teve o objetivo de denegrir sua imagem. Nem houve, nem denegriu. Mesmo porque, saiba Gerson, não é a mídia que denigre, mas os próprios agentes políticos que se incumbem de fazer isso com a própria biografia. Aliás, muitos só não estão na cadeia pela benevolência das leis e pela lerdeza dos tribunais.

4 – Por último, fiz questão de tratar do assunto aqui para deixar claramente identificada que a operação “para denegrir minha imagem”, como diz o ofendido, foi de minha autoria. Do que não me arrependo por várias razões, entre as quais duas. Primeiro: não fiz por interesse algum em manchar coisa alguma, procedimento com o qual não costumo perder tempo. Deixo que cada um faça por si. Segundo: por ficar sossegado quanto à concepção que Gerson possui acerca do povo, que jamais foi ou será, portanto, de que este é cada vez mais sem vergonha. Seja feliz, Gerson.

sábado, 19 de junho de 2010

Um dia aprende

Parece que o prédio do velho e extinto mercado municipal tem caveira de burro enterrada em seus subterrâneos.

Desde que o prefeito Carlos Nelson decidiu desativa-lo, é só encrenca. E quando se imagina que, enfim, vai ser dar alguma utilidade ao valioso patrimônio, vem lá outra confusão.

A cessão do imóvel ao Sindicato do Comércio Varejista, que parecia pacífica, enfrenta obstáculos. E, digo, com razão. Não por objeção à entidade candidata à beneficiária, mas pela maneira como as coisas foram encaminhadas.

O projeto levado à Câmara é muito ruim. Ruim no sentido da má elaboração. De certo, ele é claro apenas no que diz respeito à entrega do bem ao sindicato.

Não prevê exigência alguma de comprovação cabal à entidade quanto ao que vai instalar no local, que ao que se diz será uma unidade do Senac. Todavia, disso não há garantia alguma.

E, se for apenas para abrigar a sede do sindicato, a cessão absolutamente não se justifica, a despeito de toda a representatividade da instituição.

Mais uma vez, portanto, o governo deu trombada. Um dia aprende.

Não brinquem

A partir de agora, o mínimo a esperar dos candidatos a deputado, que se lançaram pela cidade, é que digam claramente o que pretendem, que ideias vão esposar, que compromissos irão firmar com os eleitores mogimirianos.

E um detalhezinho importante: se eleitos, vão levar o mandato até o fim? Ou daqui a dois anos vão abandonar o barco, trocando-o por candidatura à Prefeitura? Ou já estão fazendo isso agora, isto é, pondo o nome no mercado para fazer poupança eleitoral com vistas a 2012?

Considero reduzidas as chances de sucesso de todos. Mas, dizia Tancredo Neves, eleição e mineração, só depois da apuração. Espero – e peço mesmo – que não tratem a cidade como brinquedo.

Bola nas costas

Usando o jargão do futebol, o PMDB local levou uma bola nas costas.

De repente, os delegados que foram à convenção do partido, há uma semana, depararam com a surpresa de ver um nome de Mogi Mirim na lista de candidatos a deputado estadual. Que não haviam avalizado e cuja inclusão na chapa de concorrentes ignoravam por completo.

No primeiro momento, houve ameaça de rebeldia.

Agora, já se fala em apenas advertir Quércia de que Marco Antonio Campos, de quem nada posso falar por não conhecê-lo, não terá o apoio da direção local da sigla.

Me faz recordar a velha imagem do leão da Metro, que se atribuía aos fracos: um urro no começo e o resto é fita.

Batendo de frente

Se Gerson Rossi se curvou e ensarilhou as armas da candidatura a deputado estadual, o ex-prefeito de Lindóia, Élcio Fiori, fez o caminho inverso.

Mandou Barros Munhoz às favas e vai disputar cadeira na Assembléia Legislativa, batendo de frente com o ex-chefe. Com certeza vai fazer alguns estragos no mandiocal de Totonho no Circuito das Águas.

Detalhe: ambos, Gerson e Fiori, são do PPS. Outro detalhe: Élcio esteve cotado para assumir secretaria no início do governo de José Serra, por indicação de Munhoz. Ao menos foi o que se propagou na ocasião. Política tem disso: às vezes, a criatura se volta contra o criador.

sábado, 12 de junho de 2010

Copa, ontem e agora

1 – Quando a seleção nacional foi campeã da Copa do Mundo do México, em 1970, o prefeito Adib Chaib deu o nome de “Brasil Tricampeão” à atual Avenida Luiz Gonzaga de Amoedo, que margeia o vale do Lavapés. Não sei se muitos se lembram disso, mas certamente ninguém esqueceu a conquista, que representou uma espécie de coroamento do futebol pátrio perante o mundo. Houve muita festa, muito entusiasmo depois, mas antes também houve uma enorme expectativa, uma grande ansiedade, diria até mesmo uma comoção. Ainda mais que o país se encontrava com a garganta apertada pelas restrições do regime militar. Avalio hoje, sem embasamento objetivo algum, é verdade, que a conquista significou a oportunidade de o povo por para fora o grito que estava represado na goela.

2 – Nem há ditadura, nem há sentimento contido, mas certamente não é por isso que percebo uma frieza generalizada em relação à disputa que vai começar na próxima terça-feira, quando o Brasil pode chegar ao dobro dos títulos que memoravelmente conquistou em 58, 62 e 70. Talvez até seja um erro de percepção de minha parte, estreitado que vou ficando cada vez mais nos meus limites de convivência, pela natural progressão da idade. Mas, não vejo discussão, abordagens acaloradas, manifestados de ansiedade como foi possível testemunhar em outras épocas. É possível que todo mundo esteja segurando o pedal, para acelerar depois da quebra do gelo, que é a primeira fase da competição. Não vejo riscos, desde que os adversários são modestos, à exceção de Portugal. Alias, ante Coréia do Norte e Costa do Marfim, brasileiros e portugueses devem mesmo ir à frente.

3 – Nesta hora, afloram as especulações. E, do mesmo modo que cada brasileiro é um técnico de futebol em potencial, o é também um especialista em todas as generalidades humanas. Seria a frieza consequente do método ‘mão pesada’ de Dunga administrar a seleção, distanciando-a do povo? É uma hipótese. O treinador age militarmente, impondo um regime de disciplina que não se identifica muito com o jeito brasileiro de ser. Não seria essa aparente apatia do torcedor o reflexo da ausência de empatia com os craques, todos europeizados, quase sem mais afinidade alguma com seu próprio país? É outra possibilidade. Os ídolos – se é que essa seleção tem algum – estão distantes, inalcançáveis, só visíveis pelas telas das TVs. Transformaram-se em máquinas de fazer dinheiro. Perderam o caráter humano. São figuras robotizadas, que além do mais deixaram de exprimir o que o brasileiro tem de melhor: o improviso, o talento ímpar, a genialidade que resolve no quadrado de um lenço. Acho boa tese, não sem conceder o direito de que nem um só torcedor concorde com ela.

4 – Por último, como me disse um amigo esta semana, a causa do baixo entusiasmo estaria no fato de que estarmos em ano eleitoral. Essa hipótese eu recuso. Isso é coisa que o brasileiro jamais faria – colocar o interesse pela eleição à frente da paixão pelo futebol. Bem ao contrário, e sem chegar a conclusão alguma no concernente à seleção, penso que é a eleição que está subordinada à Copa do Mundo. Só vai haver campanha mesmo depois que soubermos se o Brasil é hexa ou... Deixa pra lá.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

No rumo do fracasso

Não conheço pessoalmente José Serra. De todo modo, me parece ser alguém difícil de se lidar em campanha eleitoral. Pouco afeito a se enquadrar em normas e a ouvir auxiliares. Faz o que dá na telha.

Essa suspeita é que leva a interpretar a conduta do ex-governador, ainda na pré-campanha, como de alguém que está ou ainda não definiu rumos. Não é possível saber, por enquanto, qual é ou qual será seu discurso.

Discurso por discurso, Serra e Dilma Rousseff estão empatados. Soltam fragmentos. Entretanto, Dilma está muito mais centrada, balizando sua trajetória pela colagem aos resultados do governo Lula.

Ao contrário disso, Serra está difuso. Não definiu foco. E pior – para ele – é o fato de estar se dando mal nas relações com a imprensa. Azedo, às vezes debochado, às vezes arrogante.

Relacionar-se de modo inadequado com jornalistas não é um mal em si. O problema é que essa conduta acaba projetando má imagem do candidato – no mínimo, antipático.

Pois acho que é isso que está acontecendo com Serra. Por não ter ou por não querer ouvir conselheiros. Desconfio que, se não proceder a urgente mudança de conduta, estará construindo estrada reta e bem pavimentada para o fracasso.