sábado, 20 de dezembro de 2008

A danada e as voltas do mundo

Foram dias tormentosos, mas a perícia do Dr. Ari Macedo tonteou a danada com um drible indefensável. E ela foi não sei para onde. Ela, a quem me refiro, é a vesícula. Me pôs no estaleiro por alguns dias, mas de novo estou aqui, a ocupar este espaço com minhas inutilidades de sempre.

No curto interregno, o mundo deu suas voltas. O São Paulo é tricampeão brasileiro em seqüência e hexa alternadamente. Aliás, suspeito que minha vesícula cultivasse outras paixões clubísticas – quem sabe pelo Grêmio, que sabe por todos os outros times cujos adeptos fizeram rezas e acenderam velas pela derrota do Tricolor. Enraivecida, decidiu me punir. Que a terra lhe seja leve.

No curso das mesmas voltas do mundo, o projeto do IPTU foi retirado pelo prefeito, que por outro lado viu sucumbir o projeto que previa a atribuição de honorários a advogados da Prefeitura, em ações bem sucedidas da lavra destes.

Tenho minha tesezinha chinfrim para o caso. Os operadores do Direito que servem ao Município são pessimamente remunerados. E enfrentam uma carga de trabalho monstruosa, incapaz de ser cumprida. Me parece então que, na impossibilidade de melhorar a remuneração salarial dos causídicos, o prefeito tentou compensar com os tais honorários.

O que não se clareou no intervalo do meu calvário foi a questão da presidência da Câmara. Caso tratado a sete chaves, com grande potencial de surpresas na ‘hora agá’. Desta vez, afinal, não são 10, mas 17 os teóricos postulantes, exceção aqui ou ali por reconhecimento de inviabilidade prévia.

Na direção contrária do quanto não sou capaz de imaginar o que vai acontecer no caso da presidência, assopram-me meus últimos resistentes neurônios de que a unidade governista, vinda à luz no parto das urnas em 5 de outubro, não irá longe. É muito difícil manter a costura de tanta gente – 14 precisamente – num ambiente em que as ambições e vaidades vão aflorar muito cedo.

Detalhe que poucos se apercebem: atender demandas de seis é uma coisa; de 14, é muito, mas muito diferente. Talvez impossível mesmo. E as dissensões não costumam nascer de colisões programáticas ou filosóficas, mas de interesses feridos ou não atendidos. Presumo, assim, que o arquiteto Carlos Nelson vai precisar de dotes de engenheiro.

Por último, a última rotação do Planeta pôs Paulo Silva de novo no cenário. Da UTI, quase desenganado, voltou à vida. Pode recuperar os votos que decisões judiciais lhe retiraram e acabar voltando a ocupar lugar na ferradura do plenário do Legislativo, que fez rampa de lançamento para seus dois governos como prefeito. Se vai conseguir ou não é outra conversa, mas uma coisa é certa: um dos 17 vereadores recém-diplomados vai viver intermináveis noites de angústia.

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