quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Faltou competência


A finalidade social foi evidentemente cumprida. Teriam sido recolhidas 18 toneladas de alimentos, que vão saciar muitas bocas. Falta dizer para quem vai tudo isso, em que proporção e quando será a entrega. Não é por desconfiança. Por necessidade de clareza.

Agora, o outro lado. Em matéria de organização, o “Futebol Solidário” foi um desastre. Presenças anunciadas não se confirmaram. Kaká, a maior estrela do evento, pouco permaneceu no estádio. Compreensível que não jogasse, já que está com problemas físicos. Incompreensível que tenha sido tão meteórica sua presença.

Tanto mais incompreensível quando milhares de pessoas enfrentaram uma longa fila para adentrar ao estádio. A algumas dessas pessoas, custou não ver praticamente o primeiro tempo inteiro do jogo. E, portanto, não ver Kaká, para o que muitas delas foram ao estádio.

Uma pena. Sabido que era terem sido trocados 18 mil ingressos, as providências precisariam ter sido adequadas para abrigar esse povo todo no tempo certo. Não foram. Se formou fila – e isso é indesmentível – é porque alguma coisa não funcionou. Ou várias não funcionaram.

Faltou competência. Ou terá sido culpa do público?

domingo, 20 de dezembro de 2009

Dupla generosidade

Enfim, de novo se verá, após muito tempo, o estádio do Mogi Mirim completamente tomado por torcedores.
A fórmula não poderia ser mais eficiente: reunir estrelas da constelação futebolística mundial em jogo beneficente para o qual cobra-se do torcedor o modestíssimo custo de um quilo de alimento.
Nessa iniciativa, nota 10 para Rivaldo. Oferece uma dupla generosidade: a ajuda que entidades assistenciais vão receber e a possibilidade de que pessoas de todas as posses possam ter a sonhada proximidade com seus ídolos.

Aécio e Serra

“Não me surpreendem a grandeza e desprendimento que ele demonstra neste momento”. A frase é de José Serra, governador de São Paulo, referindo-se ao seu colega de Minas, Aécio Neves, que desistiu de postular a candidatura do PSDB à presidência da República.

Curioso. Grandeza? Em relação ao que Serra estaria falando? Grandeza de Aécio por ter desimpedido o caminho para o projeto serrista de disputar novamente o mais alto posto da política nacional?
Sendo isso, Serra parece se colocar como a grande causa nacional, o salvador, o primeiro e único, o “cara”. Sendo isso, conclui-se que era uma afronta alguém cultivar a mesma postulação. Sendo isso, fica a impressão de que Aécio, enfim, se recolheu a sua condição inferior e se curvou àquele que tudo pode, tudo vê e tudo quer.
O neto de Tancredo Neves, enfim, se conformou com sua insignificância, mesmo que com “grandeza e desprendimento”. É, ao menos, o que a declaração de Serra permite interpretar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vazando sentimentos

1 – Tão bem-vindo, tão útil, tão ágil, tão tudo, o e-mail se transformou numa maldição. E numa conveniente máscara para muita gente esconder a cara, dizer o que quer e não se submeter ao face a face, ao olhar nos olhos. Se prolifera com uma desgraçada pragao expediente de responder a jornalistas através do e-mail.
Ele está acabando com a palavra falada, com a possibilidade do contraditório no encontro entre a autoridade e os profissionais dos meios de comunicação. É obviamente uma fuga e uma forma de não dizer o que, de fato, a sociedade precisa saber. É a imperialização do poder, esse tal poder que emana do povo, que em seu nome deve ser exercido, mas que tem sido manobrado segundo os interesses de quem se torna inquilino dos gabinetes.

2 – Um pouco de verniz a algumas faces faria muito bem. O despudor, a falta de vergonha, o pula-pula, o cinismo e a falsidade estão em alta. Está se perdendo o respeito pela inteligência dos cidadãos. Os discursos mudam com a mesma freqüência com que se troca de cueca. Amores se transformam em ódios, que voltam a se transformar em amores e assim por diante. O idolatrado de ontem, maldito de hoje, amanhã será de novo o melhor dos personagens. Tudo conforme as circunstâncias, os interesses feridos ou protegidos, o lado para o qual corre a caneta. Estamos “mortos com o esterco dentro”, como se dizia antigamente.

3 – De cabo a rabo, de cima em baixo, a administração pública se tornou um grande loteamento, em que as porções de terra são distribuídas pelas razões mais desprezíveis. O acesso de há muito deixou de ser pela competência e passou a ser pela conveniência, o compadrio. Aos amigos do rei, sejam os de origem, sejam os convertidos ou os resgatados, sempre há um lote reservado. E quem põe e quem é posto não revela o menor rubor na face. Ao contrário, as tem lívidas como as de defunto. A vergonha está fora de moda. Bem disse Millor: ou se restaure a moralidade ou nos locupletemos todos. A segunda alternativa tem sido a preferida.

4 – O poder se transformou em um instrumento particular a serviço dos interesses mais mesquinhos. Antes, se me lembro do que ouvia de pessoas de bem, em face do interesse público é que deveria ser exercido. Servem-se do poder aqueles que a ele aboletam, com as cada vez mais raras exceções que dão razão à regra.

5 – É verdade que desde sempre não faltam os ávidos por uma ‘boquinha’, um jeito, uma nesga. Como tudo evolui, evoluiu também a avidez, a cobiça, a ganância, a avareza. Agora, já não bastam as pequenas porções. Quer-se devorar – e de fato se devoram – o bolo inteiro.

6 – Por último, criou-se a categoria dos bobos. Aqueles que teimosamente cultivam boas intenções, devotados de fato ao interesse social, entregues ao idealismo de fazer o bem sem olhar a quem, em direta oposição àqueles que, antes de olhar a quem, medem o quanto podem fazer de bem a si próprios.

7 – Não é agradável tratar dessas coisas, dessas malditas relações hoje prevelacentes nos intestinos do poder. Acho necessário fazê-lo ao menos para dar vazão a sentimentos e, quem sabe, colher uma migalha de concordância aqui e ali. Aliás, o poder nunca esteve tão conduzido por aquilo que conserva mesmo nos seus intestinos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Latrina Brasil

Pois é. Então, devemos considerar que vivemos no que pode ser chamado de “Latrina Brasil”.

Quem forneceu elementos para essa conclusão não foi nenhum oponente, adversário ou inimigo do governo. Foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dizer, no Maranhão, que “o povo viver na merda”.

Lula resgatou-se como o nascente líder sindical, como se estivesse fazendo discurso para seus ‘peões’ (ele é que os chamava assim) no Estádio da Vila Euclides.

Esquecido de sua condição de presidente da República, soltou essa pérola para a surpresa geral da nação.

Ora, merda é encontradiça nas latrinas. Sendo assim...

Só não se esqueça Sua Excelência, em suas andanças internacionais, de traduzir o vocábulo de merda para shit, de maneira a que seja devidamente compreendido pelos líderes mundiais com os quais costuma se reunir.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Insucesso no horizonte

O atleta Rivaldo é extremamente racional e inume a riscos. Já o dirigente parece gostar de andar sobre o fio da navalha.

Com todo respeito à figura humana do técnico, mas não consigo ver horizonte para Francisco Diá no comando do Mogi durante o Campeonato Paulista. É aposta de altíssimo risco.

Particularmente, eu esperava alguém mais gabaritado. Sinceramente, espero estar errado nas minhas aflições. Gelson Silva e a invenção Paulo Campos me deixaram com os dois pés atrás.

Fogo no barraco

É uma coisa interessante o que acontece na cidade. De repente, um tema emerge com a força do núcleo de um furacão, espalhando suas lavas por quem esteja nas redondezas.
Depois, as lavas sedimentam, o furacão se acomoda e não se fala mais nisso.
Para não ficar no genérico, refiro-me ao conflito entre a Santa Casa e a Unimed, que produziu audiências públicas, debates, ofensas, ataques e, de repente, se fez coberto por silêncio sepulcral.
Felizmente, ao que se conseguiu saber, as partes estão conversando. O que já é um grande avanço. Estimo que cheguem a acordo, para a felicidade geral, exceto de quem gosta de pôr fogo no barraco.

Castelo mal-assombrado

Não creio haver a menor chance de outra cervejaria se instalar nas dependências abandonadas pela AmBev. Inclusive porque a multinacional já definiu a vocação do imóvel: será usado como depósito.
Já houve transferência de equipamentos de produção para outras unidades. Pelo seu aspecto dominador, a empresa não terá o menor interesse em criar uma cobra para picá-la mais tarde.
Muito diferente do que ocorreu posteriormente ao fechamento da Kaiser, o que deu oportunidade ao português José de Sousa Cintra de entrar no mercado brasileiro de cerveja. Infelizmente para Mogi Mirim, Cintra não agüentou e pediu água.

Dito isto, podemos nos preparar para conviver por muito tempo com o castelo mal-assombrado em que se transformou a enorme edificação localizada praticamente no centro da cidade, entre as avenidas Jorge Tibiriçá e Adib Chaib.