quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Santo Deus. Outra vez?

1 – Os leitores e os usuários habituais do hospital da Santa Casa devem considerar uma monumental chatice que, frequentemente, a instituição seja alvo de abordagens em face dos problemas que a envolvem ou que se faz envolver.

No caso mais recente, eu pessoalmente tomei um tremendo susto ao conhecer, já na hora final da edição de sábado, uma nota seca do hospital, informando que os conveniados da Unimed estavam desde então desassistidos, já que fora rompido o acordo entre a cooperativa e a Santa Casa.

Desde logo, fique claro: não sou conveniado da Unimed. Pessoalmente, portanto, a questão não me atinge. Pessoalmente, também não tenho queixa alguma da Santa Casa. Nas poucas vezes que entrei no hospital, fui bem tratado e saí vivo.

Feitas as ressalvas, volto à “vaca fria”, como dizia Quércia. A notícia do rompimento do contrato entre as partes punha, de novo, a Santa Casa no olho do furacão. Mais uma crise, mais bate-boca, mais ataque e contra-ataque.

Ora, a crise na relação hospital-cooperativa não pode ser tratada pelo ângulo particular. É problema público sim, desde que envolve a saúde de milhares de pessoas. E estou convencido de que devem beirar mesmo a 30 mil, considerando titulares e dependentes dos planos de saúde oferecidos pela Unimed.

2 – Até aqui, foi relato. Mas, é difícil ir muito além de estranhar tudo que vem acontecendo por um aspecto que confessei à vereadora Maria Alice Mostardinha, em conversa telefônica no sábado. A instituição, pelo seu caráter privado, embora filantrópica, é impenetrável. E então disse-lhe que não consigo, à distância, localizar o ponto que vem dando origem a tantas confusões envolvendo o hospital.

Eu me recordo que, há cerca de 10 anos, a entidade ocupava espaços na imprensa pela crise financeira que vivia e que chegou a por em risco sua sobrevivência. Através de uma série de atitudes, a crise financeira foi superada e o hospital saiu do foco.

Eis que, de tempos para cá, a Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim torna-se freqüentadora assídua dos noticiários por envolvimento em conflitos, muito embora também ocupe espaço quase regularmente por melhorias e programas internos que a qualificam. O Gerar é um desses casos, a instalação da UTI Neonatal é outro. Mas, o que predomina são colisões.

3 – Tenho insistido na tese de que há profunda omissão social em relação à instituição, pela sua origem, pela sua história e pela sua finalidade precípua que é, antes de amealhar dinheiro, socorrer vidas. Há um fosso, um Atlântico entre a Santa Casa e aquilo que antigamente chamávamos de “forças vivas” da cidade, que silenciam e dão de ombros.

Mas, também não posso me furtar a confessar o que minha consciência me manda pensar: a instituição está devendo uma conversa com a sociedade. Explico: a Santa Casa não é de propriedade do provedor, do diretor executivo, do corpo clínico, mas um bem público assim nascido. Não patrimonialmente, mas no que representa de instrumento a serviço da vida. Não da vida de alguns. Mas, da vida da comunidade.

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