domingo, 8 de março de 2009

O buraco é mais fundo?

Sob o ponto de vista do poder fazer, o prefeito Carlos Nelson não pode ser alvo de qualquer restrição. Podia, como fez, mandar desligar os guardinhas mirins ainda com tempo para permanecerem na Prefeitura. Podia, como fez, não recrutar novos menores para as vagas abertas por aqueles com idade vencida para a permanência.

Não tenho necessidade de achar razões para ser contrário à decisão. Não ganho para isso e não me aproveita em nada. “De modos que” – como estou cansado de ouvir – o que penso é fruto dos estreitos limites dos meus neurônios. E penso que, sob o ponto de vista social, foi uma crueldade. Seja pela posição que os guardinhas mirins ocupam na escala dos formadores de custos do Poder Público. Seja pelo quanto representam para eles e suas famílias os R$ 450 que recebiam no fim do mês.

Como seria uma insanidade de minha parte supor que o prefeito tenha sido movido pela intenção de praticar um ato cruel com seres humanos tão indefesos, saio à procura de outra explicação. E a que encontro me incomoda. Fico a temer, sinceramente, que a situação financeira da Prefeitura no momento presente, ou a perspectiva que se desenha no horizonte, seja de penúria.

Isto é, a dificuldade atingiu tal profundidade que é preciso passar o facão sem dó. Não interessam os donos dos pescoços, por mais que eles sejam dependentes do que o Município lhes assegura ao termo de cada 30 dias e por menos que sejam culpados pelo tamanho do rombo. Só isso, a meu indigente juízo, justificaria vitimar 50, 60, 70 ou sejam quantos forem os rapazes e meninas.

Se o quadro é esse, a profundidade da crise gela a espinha, a despeito das tórridas temperaturas que estamos suportando já há duas semanas. Considero que, em tal circunstância, uma decisão tão grave como essa teria, obrigatoriamente, que vir acompanhada de medidas de caráter profundo no conjunto da administração.

A notícia é de que foi determinado um contingenciamento linear de 25% nas despesas de custeio de todos os órgãos. Suspeito, então, que os guardinhas foram atropelados por essa locomotiva que, entretanto não foi cruel com a mesma linearidade por onde trafegou. Posso cometer monumental engano, mas acho que está caracterizada a economia de palito.

2 comentários:

Anônimo disse...

A índústria cervejeira "brazuca" comemorou ao final de fevereiro deste ano seu "melhor verão" de "todos os tempos": 12 bilhões de litros consumidos no Brasil nos últimos 12 meses. E o que a Ambev faz a pretexto de reduzir custo? Fecha a fábrica de Mogi Mirim e desemprega pais de família com a desculpa esfarrapada de que poderá recontratá-los quando "iniciar a prdução do próximo verão". Não dá vontade de mandar tomix no kubrix, como diria Ziraldo? Ou por acaso o atual de derreter asfalto terminou e o consumo foi reduzido? Mas, de quem é a culpa? Da "crise mundial", da qual o mundo inteiro reconhece que o Brasil está passando ao largo. Carlos Nelson poderia ter exonerado vereadores e seus apaniguados dos cargos em comissão, nomeando em seu lugar funcionários de carreira e poupado os(as)guardinhas. Não fez porque não quis. A crise mundial não serve de desculpa para quem está duplicando a av. Adib Chaib sem necessidade urgente. A não ser que....

Odil disse...

Abrucez, nos quatro anos da 1a gestão CNB, que acompanhei intensamente como setorista do saudoso "O Impacto" (que Deus o tenha), sempre achei que as previsões orçamentárias eram um tanto exageradas. Nos 3 anos iniciais, queimei a língua (ou nem tanto, porque minha opinião nunca se misturou às notícias). No último, porém, já havia claros indícios que a torneira estava secando. E o que CNB fez, em ano eleitoral? Nada, óbvio. Veio a crise e, de novo, governo inerte. Natural que, sem milagre em janeiro, tenha caído a ficha. E olhe que os cargos de confiança caíram à metade... Mesmo assim, demitir guardas mirins parece ser economia burra mesmo, daquela que não adianta muita coisa e ajuda a emperrar a máquina. Em tempo: cada comissionado de terceiro escalão, com salário em torno de R$ 2,1 mil, custam quase CINCO guardas mirins por mês...