1 – Tão bem-vindo, tão útil, tão ágil, tão tudo, o e-mail se transformou numa maldição. E numa conveniente máscara para muita gente esconder a cara, dizer o que quer e não se submeter ao face a face, ao olhar nos olhos. Se prolifera com uma desgraçada pragao expediente de responder a jornalistas através do e-mail.
Ele está acabando com a palavra falada, com a possibilidade do contraditório no encontro entre a autoridade e os profissionais dos meios de comunicação. É obviamente uma fuga e uma forma de não dizer o que, de fato, a sociedade precisa saber. É a imperialização do poder, esse tal poder que emana do povo, que em seu nome deve ser exercido, mas que tem sido manobrado segundo os interesses de quem se torna inquilino dos gabinetes.
2 – Um pouco de verniz a algumas faces faria muito bem. O despudor, a falta de vergonha, o pula-pula, o cinismo e a falsidade estão em alta. Está se perdendo o respeito pela inteligência dos cidadãos. Os discursos mudam com a mesma freqüência com que se troca de cueca. Amores se transformam em ódios, que voltam a se transformar em amores e assim por diante. O idolatrado de ontem, maldito de hoje, amanhã será de novo o melhor dos personagens. Tudo conforme as circunstâncias, os interesses feridos ou protegidos, o lado para o qual corre a caneta. Estamos “mortos com o esterco dentro”, como se dizia antigamente.
3 – De cabo a rabo, de cima em baixo, a administração pública se tornou um grande loteamento, em que as porções de terra são distribuídas pelas razões mais desprezíveis. O acesso de há muito deixou de ser pela competência e passou a ser pela conveniência, o compadrio. Aos amigos do rei, sejam os de origem, sejam os convertidos ou os resgatados, sempre há um lote reservado. E quem põe e quem é posto não revela o menor rubor na face. Ao contrário, as tem lívidas como as de defunto. A vergonha está fora de moda. Bem disse Millor: ou se restaure a moralidade ou nos locupletemos todos. A segunda alternativa tem sido a preferida.
4 – O poder se transformou em um instrumento particular a serviço dos interesses mais mesquinhos. Antes, se me lembro do que ouvia de pessoas de bem, em face do interesse público é que deveria ser exercido. Servem-se do poder aqueles que a ele aboletam, com as cada vez mais raras exceções que dão razão à regra.
5 – É verdade que desde sempre não faltam os ávidos por uma ‘boquinha’, um jeito, uma nesga. Como tudo evolui, evoluiu também a avidez, a cobiça, a ganância, a avareza. Agora, já não bastam as pequenas porções. Quer-se devorar – e de fato se devoram – o bolo inteiro.
6 – Por último, criou-se a categoria dos bobos. Aqueles que teimosamente cultivam boas intenções, devotados de fato ao interesse social, entregues ao idealismo de fazer o bem sem olhar a quem, em direta oposição àqueles que, antes de olhar a quem, medem o quanto podem fazer de bem a si próprios.
7 – Não é agradável tratar dessas coisas, dessas malditas relações hoje prevelacentes nos intestinos do poder. Acho necessário fazê-lo ao menos para dar vazão a sentimentos e, quem sabe, colher uma migalha de concordância aqui e ali. Aliás, o poder nunca esteve tão conduzido por aquilo que conserva mesmo nos seus intestinos.
Ele está acabando com a palavra falada, com a possibilidade do contraditório no encontro entre a autoridade e os profissionais dos meios de comunicação. É obviamente uma fuga e uma forma de não dizer o que, de fato, a sociedade precisa saber. É a imperialização do poder, esse tal poder que emana do povo, que em seu nome deve ser exercido, mas que tem sido manobrado segundo os interesses de quem se torna inquilino dos gabinetes.
2 – Um pouco de verniz a algumas faces faria muito bem. O despudor, a falta de vergonha, o pula-pula, o cinismo e a falsidade estão em alta. Está se perdendo o respeito pela inteligência dos cidadãos. Os discursos mudam com a mesma freqüência com que se troca de cueca. Amores se transformam em ódios, que voltam a se transformar em amores e assim por diante. O idolatrado de ontem, maldito de hoje, amanhã será de novo o melhor dos personagens. Tudo conforme as circunstâncias, os interesses feridos ou protegidos, o lado para o qual corre a caneta. Estamos “mortos com o esterco dentro”, como se dizia antigamente.
3 – De cabo a rabo, de cima em baixo, a administração pública se tornou um grande loteamento, em que as porções de terra são distribuídas pelas razões mais desprezíveis. O acesso de há muito deixou de ser pela competência e passou a ser pela conveniência, o compadrio. Aos amigos do rei, sejam os de origem, sejam os convertidos ou os resgatados, sempre há um lote reservado. E quem põe e quem é posto não revela o menor rubor na face. Ao contrário, as tem lívidas como as de defunto. A vergonha está fora de moda. Bem disse Millor: ou se restaure a moralidade ou nos locupletemos todos. A segunda alternativa tem sido a preferida.
4 – O poder se transformou em um instrumento particular a serviço dos interesses mais mesquinhos. Antes, se me lembro do que ouvia de pessoas de bem, em face do interesse público é que deveria ser exercido. Servem-se do poder aqueles que a ele aboletam, com as cada vez mais raras exceções que dão razão à regra.
5 – É verdade que desde sempre não faltam os ávidos por uma ‘boquinha’, um jeito, uma nesga. Como tudo evolui, evoluiu também a avidez, a cobiça, a ganância, a avareza. Agora, já não bastam as pequenas porções. Quer-se devorar – e de fato se devoram – o bolo inteiro.
6 – Por último, criou-se a categoria dos bobos. Aqueles que teimosamente cultivam boas intenções, devotados de fato ao interesse social, entregues ao idealismo de fazer o bem sem olhar a quem, em direta oposição àqueles que, antes de olhar a quem, medem o quanto podem fazer de bem a si próprios.
7 – Não é agradável tratar dessas coisas, dessas malditas relações hoje prevelacentes nos intestinos do poder. Acho necessário fazê-lo ao menos para dar vazão a sentimentos e, quem sabe, colher uma migalha de concordância aqui e ali. Aliás, o poder nunca esteve tão conduzido por aquilo que conserva mesmo nos seus intestinos.
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