quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vontade de dar

Conforme o rumo que se dá a abordagem de certos assuntos, é habitual que isso seja interpretado como deliberação em ser ‘do contra’. Ou de se esforçar em desvalorizar conquistas e negar méritos a quem destes é credor.

Posso assegurar que não é o meu caso, o que é fácil de ser comprovado pela constância linear das minhas idéias. Então, feitas estas preliminares para desencorajar os apressadinhos, achei ser a hora de desmistificar algumas proclamações recorrentes e persistentes acerca de fatos dos últimos dias, também com ligações remotas no específico do que vou tratar.

Mogi Mirim acaba de ser premiada com alguns milhões do Estado para investimento em obras viárias, particularmente voltadas à estradas vicinais. Exultei-me de satisfação. Afinal, faz bem à minha cidade e ao povo com o qual convivo nas ruas. Alvorocei-me de satisfação, todavia sem perder o juízo e a noção de que nem tudo que reluz é ouro – como dizia minha saudosa avó Gidica.

Serra deu a Mogi Mirim – um pouco mais ou um pouco menos – como deu para mais de 500 municípios do estado. Aliás, anuncia que vai, até deixar o Palácio dos Bandeirantes para disputar o Planalto, contemplar a todos os 600 e não sei quantos municípios de São Paulo. Porque faz parte de seu projeto político.

Aliás, por trás de seu estilo austero e mão fechada, está se saindo mais político do que Jânio Quadros e Adhemar de Barros juntos. Está espalhando dinheiro por todo o estado para alavancar seu projeto presidencial. Sendo assim, não pode discriminar, dando aos amigos tudo e aos inimigos, a lei.

Negar que boas relações com os governos fazem um bem danado é ingenuidade angelical. Carlos Nelson não foi para o PSDB por conversão à social-democracia tucana e nem esqueceu suas velhas rusgas com Barros Munhoz por um sentimento de bondade. Está colhendo os frutos de ambas as operações políticas que fez. Consulto aqui meus neurônios quase enrijecidos e concluo que dificilmente a cidade recebeu tanto do Estado quanto nestes anos generosos que estamos vivendo.

Daí a erigir deuses em altares políticos vai uma brutal distância. Mas, é da nossa cultura política, e particularmente dos hábitos dos próprios políticos, em ato de defesa de interesse próprio e em ação de capitalização eleitoral, tecer loas a si ou a quem interessa agradar por gratidão ou investimento em novas benesses.

Não. Não desmereço Carlos Nelson, até por saber que aporrinha secretários e assessores graduados do governo do Estado com infindáveis pedidos. Não renego a influência do deputado Barros Munhoz, hoje mais advogado de Mogi Mirim que de Itapira perante as esferas da administração paulista. Mas, entendam bem esta expressão final: Serra está com vontade e precisando dar. E como tem de sobra, está dando para todo mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Como diria Frank Aguiar, lavou, tá novo!