sábado, 27 de agosto de 2011

Fracasso e esperteza

1 – O vereador Orivaldo Magalhães fez uma apreciação interessante na segunda-feira, ao abordar o interminável tema da saúde pública da cidade. Disse constatar que as discussões acerca do tema têm sido inúteis, sem conseqüências práticas mensuráveis, porque não cercadas de propostas e ideias objetivas para a solução dos problemas. Suponho que, sobre o assunto, ele não pretenderá se repetir, para não cair, ele mesmo, na armadilha dos discursos vazios.

2 – Na verdade, não se trata apenas, como tem razão Orivaldo, da inutilidade das discussões, mas da notória exploração do tema. As dificuldades que os cidadãos enfrentam quando batem às portas dos serviços públicos de saúde se transformaram em campeonato de acusações. É a Prefeitura, é a Santa Casa, é o governo do Estado, é a União, enfim, as culpas se revezam ao sabor de cada avaliação, cada qual marcada por componente político indisfarçável. Num ambiente assim, de tão pouca boa vontade e reduzidíssimo interesse público, é impossível alcançar qualquer consenso. Com tais interlocutores, em resumo, não há chance de entendimento algum que conduza à minimização do problema. Em resumo, lá se vão sete anos e meio sem solução alguma e de um clima infernal e estressante entre os atores. Fracasso total.

3 – O vereador Gustavo Stupp resolveu que vai mexer de novo no subsídio ao transporte de universitários que se deslocam de Mogi para outras cidades. Recitou números, revelando refluxo nos dispêndios da Prefeitura com o encargo. Pretende então convocar mais uma daquelas audiências públicas que começam sem rumo e terminam sem destino. Gustavo tem um discurso com boa capacidade de dissimulação. Articula muito bem. Sobre ele, um colega de Câmara, um dia, me disse o seguinte: “ele é um avião”. Pois é por essas e outras que estou cogitando aqui com meus botões que o vereador esteja começando a juntar o rebanho para outubro do ano que vem. Questão de obviedade: qualquer mobilização que faça em torno da questão do subsídio não resultará em coisa alguma. Não há chance de alterar os critérios hoje obedecidos para a concessão do benefício. Mas, será uma boa ocasião para reunir a moçada e vender o peixe. Assim: se for prefeito em 2013, libera geral.

4 – Nas andanças por um lado e outro, a gente vai recolhendo expressões curiosas, mas que bem definem algumas coisas. Uma delas é a de que diz o seguinte: o mais bobo dos políticos põe linha na agulha com luva de boxe. Isso até não era uma coisa tão generalizada há algumas décadas, ao contrário de agora. Não há mais amadores. E o poder virou um fim em si, quando costumava ser um instrumento para a satisfação de projetos e interesses. Pois por aqui está assim. E é porque a esperteza se aprimora cada vez mais que prevejo: tem gente que vai sofrer mortal decepção em pouco tempo. Vai ser na ‘hora h’, quando só haverá lugar para um.

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