domingo, 13 de novembro de 2011

Tribunal da consciência

1 – Não sem razão, ouvi de um empresário na quarta-feira uma frase mais ou menos assim construída: “ninguém aguenta mais ouvir falar de Prefeitura e Santa Casa”. De fato, já foi longe demais. O pior é que não acabou. Em ressonância à exortação do personagem, aviso desde já: aqui neste canto, hoje, não vou falar do tema. Me ocorreu de passar um pouco os olhos por aspectos do gênero humano que nem sempre ficam claros pelas expressões faciais ou pelas obras que realizam sobre a face da terra mogimiriana.

2 – Pela natureza da profissão, lido com os mais diferentes tipos de atitudes e reações. Das mais nobres às mais safados; das mais limpos às mais nojentos. Alto lá. Sem estresse. Em verdade, isso é coisa do cotidiano. Acontece todos os dias. Apenas que nem sempre nos pomos atentos ao que está passando bem na nossa frente, bem na nossa cara. O dia a dia é um festival de atos que, se examinados em sua verdadeira profundidade, vão revelar o que de fato contém por dentro: a legitimidade, a isenção, a honestidade ou, em sentido contrário, a falsidade, a mentira, o interesse escuso e vai por aí. É do gênero humano, como digo sempre.

3 – Mas, mesmo sendo fenômeno inerente ao gênero humano, é uma coisa assustadora como causas da maior seriedade, do mais profundo interesse das pessoas, dos seres humanos, dos povos, são tratadas pelos sentimentos da mais escancarada mentira. Deploro perceber, com minha desconfiança mineira – único aspecto das Gerais presente em minha personalidade – que figuras ilustres, de reputação admirável, de tonitruante destaque entre mortais do escalão ao zero ao mais elevado, se subordinam a sentimentos miseráveis e se entregam a atitudes da mais repugnante vileza por paixão doentia ou ódio repugnante.

4 – No curso da vida modesta em que me arrasto até hoje, jamais usei anel. Nem de formatura, porque não me formei em coisa nenhuma. Sempre tive pelos anéis uma reverência, um respeito, uma devoção respeitosa pelo simbolismo que encerram. Pois como são os tempos, não é mesmo? Espanta-me que hoje anéis reluzam em dedos que, movidos por cordéis estimulados por consciências frágeis, procedem segundo inspirações que, se confessadas, até Deus duvidará. Porque anel em dedo nobre reputa, conceitua, alça, eleva, projeta, glorifica, quase endeusa. A questão é que às vezes só o dedo é nobre.

5 – Me meti a divagar e agora preciso achar o caminho para por um fim a essa arenga – termo que, sempre que posso, empresto do vocabulário do professor Adib Chaib. Achei! Os tribunais dos homens fecham portas e sonegam liberdade. É muito pouco. Terrível deve ser o tribunal da consciência. Neste, o ajuste de contas é cruel, impiedoso. Espero não ser chamado às suas barras. A esse destino, entretanto, muita gente está escalada desde agora. Se me entendem...

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