sábado, 10 de setembro de 2011

Arcaicos disfarces

1 – Evidentemente que o motivo que levou Carlos Nelson a se afastar do gabinete por 30 dias não foi o declarado. Não foram férias, inclusive porque permaneceu ativo durante o período, operando por fora. A finalidade era outra, escondida por trás do pano. Era dar a última oportunidade de visibilidade à vice-prefeita Flávia Rossi, considerando que ela será candidata a algum cargo eletivo em 2012. Por consequência, não poderá a partir de determinada ocasião assumir o governo para que não se torne inelegível. Assim, ou seria agora ou não seria nunca mais, porque a partir de janeiro, Carlos Nelson vai segurar firme a boléia para conduzir o processo sucessório nos seus territórios. Tendo sido este o objetivo, Flávia foi posta ao máximo sob os holofotes. A partir de agora – aí penso eu – precisará construir-se politicamente para ser candidata a prefeita, no que não acredito, ou a vereadora. Para continuar vice não precisará fazer coisa alguma.

2 – E o vereador Gustavo Stupp está de fato preocupado em arregimentar filiados ao PDT com as mensagens que roda pela cidade na rabeira de suas indefectíveis bicicletas? Está mesmo, num rasgo de civismo e cidadania, querendo ‘ouvir o povo’ para a elaboração do programa de governo que pretende levar aos palanques em dueto dom Ary Macedo? Nem meu neto Luciano, a caminho de três anos, acredita em farsa tão evidente. Sou tentado a pensar que, no objetivo em opera o passeio das bicicletas pela cidade, Stupp até resvala para arrepio à lei. Faz deliberada propaganda eleitoral com a frase que abre os bikes dors: 2012 é 12. Em outras palavras, está convocando o povo a votar no 12, que será o número do candidato a prefeito se for ele, pelo PDT.

3 – E é este mesmo o alvo que Gustavo Stupp pretende. Filiação partidária se busca seletivamente, no contato pessoal, no convite individual, na escolha a dedo. Pela simples razão de que, para por alguém para dentro do partido, é necessário que possua um mínimo de identificação. Arregimentar da forma que o vereador faz é empobrecer o processo e banalizá-lo. Como já disse, não é o que preocupa o jovem e apressado vereador. Profissional do marketing, o que ele está fazendo, portanto, por mais que disfarce, é por na rua a campanha do seu partido à Prefeitura.

4 – Em política, cada um adota o rumo que lhe dá na telha. Uns são mais contidos, melhor comportados; outros espalham brasa e acendem fogueiras. O que a gente acaba percebendo é o seguinte: os instrumentos de ação política e eleitoral se modernizaram extraordinariamente, mas os métodos continuam lá pela metade do século anterior. Os mesmos disfarces, as mesmas enganações, os mesmos sofismas, os mesmos cinismos e, por fim, as mesmas mentiras. Que se há de fazer se a insistência é viver no atraso, na convicção de que o eleitor não raciocina por conta própria e, portanto, pode ser iludido? Essas coisas costumam ter o nome de esperteza. Só que, às vezes, a esperteza come o esperto.

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