quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Cada um pode ser um

1 – Está para ser decidido no Congresso Nacional o fim das coligações partidárias para eleições proporcionais. Assim: dois partidos não mais podem mais se coligarem para disputar vagas de vereador. Idem para deputados estaduais e federais. O argumento é de que as coligações proporcionais são uniões passageiras. Em geral, o objetivo é aumentar o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV de partidos maiores, bem como viabilizar maior número de cadeiras para os partidos menores. Se descobriram agora, descobriram com monumental atraso. Não é de agora e sempre foi assim. Em todos os lugares e por aqui também, onde as siglas formam a abominável sopra de letras sem sabor e sustância alguma.

2 – Para que estejam mexendo nesse assunto agora, com possibilidade de o veto já valer para 2012, é porque há conveniências na mira do pessoal lá de Brasília. Um dos sinais de alerta é a eleição do humorista Tiririca, que acabou levando mais gente junto. O ex-delegado Protógenes Queiroz, que é do PCdoB, subiu por obra de Tiririca, que é do PR. O mesmo deve ter acontecido em outros estados. Então, no contexto da arrastada reforma política, está sendo convencionado que é melhor acabar com esse negócio de coligação na proporcional.

3 – Na verdade, penso que a coligação não seria um mal em si se fosse feita a partir de outras premissas e com compromissos de futuro, se fosse para valer, por afinidades ideológica e programática. Mas, se os eleitos sequer respeitam os seus próprios partidos e muitos vão correndo em busca da proteção de outros guarda chuvas, o que esperar de coligação. Mesmo nas escolhas majoritárias elas são falaciosas, mentirosas e desmoronam logo ali na esquina, no primeiro solavanco.

4 – Agora, uma coisa é certa. Vetadas na proporcional, muita gente vai rebolar. Porque vai ser na base do cada um para si. E sendo assim vai ser pé na goela. Vai ser guerra fratricida. E quem tiver poucas garrafas para vender, como costuma dizer o célebre Juarez Soares, vai ser dar mal no final. Para eleger, será necessário, antes de mais nada, fazer o coeficiente. Isto é, um com muito voto e um bando de lambarizinhos atrás não vai adiantar coisa alguma, se a soma de todos não atingir aquele mínimo de votos que cada sigla precisará arrebanhar.

5 – Dito tudo isso, penso aqui com minhas ingenuidades intermináveis que talvez a inovação – ainda não oficializada, que fique claro – acabe por despertar o senso de responsabilidade na cabeça dos dirigentes partidários. Quem sabe eles não se dedicam a fazer melhores escolhas, de forma a oferecer melhores opções aos eleitores. Encadeadas, essas duas circunstâncias podem concorrer para a melhoria do nível da representação. Se for tomado como exemplo o que aconteceu há quatro anos, quando alguns partidos desceram ao nível da irresponsabilidade, não dá para ter esperanças. Mas, quem sabe...

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