terça-feira, 2 de agosto de 2011

Visitando a esquerda

1 – Nas eleições de 2008, o PSB teve que recorrer a uma operação emergencial quando percebeu que os votos de Paulo Silva iriam para o ralo, fulminados pela impugnação da sua candidatura a vereador. Foram mais de 700 sufrágios, suficientes para que Paulo se elegesse, que terminaram mesmo desconsiderados. O partido perdeu uma cadeira na Câmara. Parece que a lição valeu e agora, desde cedo, o comando partidário se curva ao inevitável e já adverte sua militância de que é melhor pensar em outras opções para disputar a Prefeitura em 2012. A estratégia, desta vez, parece correta e ajuizada. É prudente não alimentar o nome do ex-prefeito por mais tempo para não ser pego por um tiro na curva lá perto das eleições. Afinal, hoje Paulo está inelegível.

2 - Pode haver uma reversão? Sempre pode. Mas, não é aconselhável apostar nela. Assim, não resta outra coisa a fazer senão chacoalhar a peneira, devolver os lambaris ao rio e levar à ceva, para engorda e robustecimento, os vertebrados com potencial para adquirir alguma viabilidade eleitoral. Em outra metáfora, não se vai à mesa de carteado sem algum az, quatro de paus e sete de copas. Se possível, o ideal é sempre ter algo escondido na manga para um repique. É a tarefa que se impôs ao PSB. E por melhor que saia nesse processo, perde um pouco de poder de barganha para quando encostar a barriga no balcão das negociações eleitorais. Se me entendem, o que não pode é apostar numa incerteza, ainda que o nome seja o ideal. Se, de repente, lá na frente, Paulo Silva for reabilitado, ele sempre será produto de fácil penetração no mercado eleitoral. Se não houver a reversão, hoje pouco provável, o partido não estará a pé em estrada deserta e escura.

3 – Trafegando de uma esquerda a outra, saúdo o PT pela organização que pude testemunhar no final da tarde de sábado. Fui ver a exposição comemorativa aos 30 anos de fundação do partido e levar um abraço ao presidente Ernani Donatti Gragnanello, com quem privo de trocas de figurinhas quase que pelo mesmo tempo. O PT valoriza cada documento desde os tempos em que as folhas de papel recebiam as mensagens pelo rolo do velho mimeógrafo.

4 - Não se trata de apenas conservar e guardar papéis, mas de preservar a sua história, que em resumo é um pouco da história política da cidade nesse mesmo período de três décadas. Não há um só dos atuais partidos locais com acervo tão rico. Suspeito que a maioria mal conserva seus livros de atas e as fichas dos filiados. O PT é primoroso nesse quesito e faço esse elogio com total sossego, considerando que nossas idéias nem sempre se abraçam e muitas vezes até nos antagonizam.

5 - Não sei quantos representantes políticos passaram por lá. Os que não foram cometeram grave omissão e demonstraram possuir uma concepção estreita do que é a política. Afinal, o sábado não assinalou apenas os 30 anos da existência do PT, mas três décadas da história política de Mogi Mirim a partir de 1981. Porque, queiram ou não os inimigos, desafetos e antipatizantes, delas o Partido dos Trabalhadores participou ativamente. Talvez como nenhum outro.

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