domingo, 30 de outubro de 2011

R$ 18 mil e liberalidade

1 – Tudo foi feito com certo sentido, certa aparência de última vez, de apoteose. Sim, a festa dos 242 anos da cidade teve contornos para não ser esquecida pelos eleitores. Foi a última do atual governo antes das eleições de 2012. É certo que ainda haverá, antes de 7 de outubro, o 1º de maio e o 7 de setembro para serem comemorados. Mas, em ambos os casos dentro do período de restrições impostas pela legislação eleitoral. O peso do marketing neste 22 de outubro recém-passado foi claro na tonalidade eleitoral. Inegável, todavia, que a festa foi boa, com apelos para praticamente todas as faixas etárias.

2 – Mais uma vez, obra pública é executada por empreiteiras que sonegam as mínimas condições de respeito humano aos seus trabalhadores. Não cumprem regras elementares da legislação trabalhista. Maltratam seus operários. Também se repete a constatação de que as mesmas empresas recorrem ao recrutamento de mão de obra em outras cidades – às vezes em outros estados – para suprir suas necessidades. O expediente parece ter clara finalidade: pagar o menos possível. Repete-se também o método da subcontratação, que também parece não ter outra finalidade senão baratear o custo. A tudo, como de hábito, a Prefeitura omite-se, ignora, faz de conta que não vê.

3 – O caso dos subsídios virou uma batata quente nas mãos dos vereadores. Vai ser resolvido. A remuneração a partir de janeiro de 2013 vai ficar bem abaixo dos delirantes R$ 8 mil. É um assunto que ainda vai judiar dos personagens. E que também ainda vai ser muito explorado pelos oportunistas, liderados no mistér por Gustavo Stupp. Isto porque a solução vai invadir 2012. Curiosamente, nada ouço falar acerca dos subsídios do prefeito. Lembram-se todos que, na inesquecível noite, decidiram os legisladores oferecer generosíssimos R$ 18 mil ao futuro alcaide.

4 – Na ocasião, minha interpretação foi a seguinte: diante do fato de que o vereador iria receber R$ 8 mil, seria necessário estabelecer um diferencial substancial para o salário do prefeito. O raciocínio deve ter sido de que, no mínimo, o prefeito deve merecer o dobro da remuneração dos edis. E aí se chegou aos tais R$ 18 mil, que não encontram a menor justificativa lógica e representam uma agressão à população. Eu e acredito que os mais 85 mil moradores de Mogi Mirim e estamos esperando um esclarecimento por parte dos ilustres e zelosos edis.

5 – Perguntar não ofende: a viagem a Brasília de três membros do DEM, inclusive o presidente do partido, Rogério Esperança, foi custeada pela Prefeitura? Eles foram visitar o deputado federal Alexandre Leite. Foi uma excursão particular, partidária ou oficial? Se foi particular, acaso os turistas sofrerão desconto do dia não trabalhado em seus holerites? Não, não me acusem de ranheta. Dinheiro e cargo público merecem respeito. Por aqui, entretanto, vige uma liberalidade criminosa.

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