domingo, 17 de julho de 2011

Como Natal, Páscoa, Finados...

01 – As crises entre a Santa Casa e a Prefeitura estão se tornando eventos tão previsíveis quanto algumas datas fixas do calendário, como Natal, Páscoa, Dia das Mães e Finados. Nunca faltam. É certo que contratos têm termos, prazos, fim. Realmente sugerem discussões periódicas. O que não parece ser normal é a habitual beligerância que se instala entre as partes. Aliás, essa é uma questão que tem mesmo muitas partes. Algumas não muito claramente identificadas, mas que interferem no processo. Aí, vem a furo aquela máxima de que em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. E vem a tona também aquela constatação de que, na guerra entre o mar e as pedras, que perde é sempre o marisco. Não há dúvida de quem é o marisco, no caso da porfia (essa eu fui buscar lá no fundo do baú) que travam a Prefeitura e a Santa Casa.

02 – Um amigo, detentor de representação na cidade, me faz a seguinte observação: é impossível harmonizar uma relação em que estejam envolvidas personalidades de ego tão inflado quanto o prefeito Carlos Nelson e o administrador da Santa Casa, Ronaldo Carvalho. Não há a menor chance de uma rendição de qualquer das partes em nome da causa objetiva. Sugere o mesmo amigo que seria útil a intermediação de um negociador, um pacificador, capaz de baixar à realidade da razão e da ponderação os litigantes (mais uma do fundo do baú). Que haja alguém com tais pendores não duvido. Duvido, todavia, que tope peitar uma tarefa dessa natureza, precisamente pelo caráter hostil dos personagens. Então, vai ser assim por mais um ano e meio.

03 – Aí, quando essas escaramuças se repetem, vem imediatamente a pregação de que a solução está em instalar um hospital municipal. Ninguém ignora, sobretudo os que fazem política sobre o tema, que essa não é proposta para ser tratada ao estalar de dedos. Nem se tornará concreta do modo rápido como as crises recomendam que pudesse ser. E não pode ser esquecido o fato de que, mais do que o investimento para construir e aparelhar um hospital, o bicho pega é nos custos de operação. Já escrevi uma vez: é um sorvedouro de dinheiro. Dirá alguém: mas a saúde da população justifica o custo, por mais espetacular que seja. Concordo. Só acho prudente advertir que tocar adiante uma proposta dessa natureza pressupõe inevitavelmente renunciar a uma série de coisas.

04 – Na verdade, na verdade, sob o ponto de vista imediato, um hospital municipal eliminaria essa relação atritada entre a Prefeitura e a Santa Casa. Deixaria de haver a disputa Carlos Nelson x Ronaldo. Estariam afastados o estresse, os ataques mútuos. O de menos quando se pensa no interesse da população e, particularmente, daquela que não tem saldo bancário capaz de suportar mensalidades de convênios de assistência à saúde. Como não me parece próximo o dia em que os mogimirianos serão recepcionados sobre tapetes vermelhos em um hospital público do Município, resta ter a paciência indispensável a toda pessoa que procura serviço de saúde e não se surpreender que os conflitos continuem se repetindo com a mesma frequência das datas fixas do calendário. Finados, por exemplo, tem todo ano.

Um comentário:

Joninhas disse...

litigantes nao e' assim tao do fundo do bau, VAlter.
E sobre a "Santa" Saude mogimiriana, bem q o alcaide (essa sim e' do bau eihn rsrsrs) poderia chamar uns amigos alemaes pra ajudar nossa cidade. :)