sábado, 29 de março de 2008

Pela via política

Duas horas e tanto de conversa terminaram com uma resolução: o encaminhamento de apelo às autoridades do Estado para que ofereçam melhores recursos à Polícia Civil de Mogi Mirim.
Do ponto de vista prático, muito pouco. Mas, com sinceridade, eu não esperava por resultado melhor. Nenhuma autoridade presente à audiência da noite de quarta-feira, dia 16, detinha poderes para propor e prover soluções.
Desci as escadas da Câmara com uma convicção formada. As reclamadas melhores condições, que em síntese representam a designação de mais profissionais para a Polícia Civil, especialmente investigadores, só virão pela via política.
O poder público funciona assim. Primeiro, por pressão. Então, a pressão é necessária, mas não pode se resumir ao despacho de ofícios a titulares de posições na esfera da administração estadual.
Mas, a pressão precisa ser encampada por alguém com relevância e interesse político. Quem governa costuma pesar os dividendos políticos que suas decisões vão produzir.
Se alguém com os pressupostos ditos acima conseguir convencer as autoridades do Estado de que, para agregar simpatias ou amainar insatisfações, politicamente é útil atender os apelos de Mogi Mirim, isto será feito.
Quem reúne aqueles pressupostos, no momento, é o deputado Barros Munhoz. É um político poderoso no atual quadro administrativo do Estado. Tem interesse e relevância política. E acho que será mesmo a via.
Pode não ser certo resolver questões administrativas por esse caminho. Mas, este é o único caminho viável. É assim que o poder público funciona. O componente político está presente em tudo.
Se fosse diferente, os claros existentes na estrutura local da Polícia Civil, que os chefões da Segurança Pública com certeza não ignoram, já teriam sido supridos. E a tal história. Pode-se não gostar da política, mas ninguém sobrevive sem ela.

sábado, 22 de março de 2008

No ralo

Nem para bem, nem para mal, Mogi Mirim não está fora dos padrões quando o assunto é desperdício de água. Por aqui, 40% da água que é captada no rio Mogi Guaçu não serve para coisa alguma. Se perde pelos caminhos de uma rede de distribuição antiquada e obsoleta.

Não é só água que vai para o ralo. É também dinheiro que sai do bolso do sofrido cidadão. Portanto, são dois problemas: ambiental e econômico. A questão ambiental, claro, é mais importante.

O desperdício equivale a dar um pontapé na canela da natureza, que tão generosamente fornece aquilo que, algum dia, alguém inventou de chamar de “precioso líquido”.

Por estas e outras que insisto na minha tese: administrador público precisa ser visão global, do conjunto. E visão de futuro. Não pode, portanto, olhar apenas o detalhe, o individual, o varejo. E não pode pensar em soluções para a hora, o momento.

O que não for feito agora, quando a perda é de 40%, vai refletir amanhã, depois e assim por diante. Não é Saae que tem a responsabilidade de prover as soluções. É o administrador, qualquer que seja, que esteja no comando da cidade. Se for responsável.

Omissão

escrevi isso antes e vou insistir, diante dos rumos que o quadro oposicionista de Mogi Mirim tomou. Vai ser na base do cada por si. O difícil é ter votos para todos. E por que se chegou a esse ponto?

A causa fundamental está na omissão de quem teria a responsabilidade de liderar a oposição, se é que de fato pensa nos destinos da cidade. Falo do ex-prefeito Paulo Silva. Ele unificaria os partidos contrários a Carlos Nelson. E mais: daria um banho de viabilidade à oposição.

Por mais confortável que possa ser a situação de Carlos Nelson, o fato é que Paulo Silva foi prefeito por oito anos seguidos e construiu um patrimônio de votos. Mesmo com o atual prefeito saindo na frente, a coisa se decidiria durante a campanha. Se não é para isso, para que servem as campanhas?

Paulo daria discurso à oposição e certamente chamaria Carlos Nelson para o baile, o que representaria sério perigo para o atual ocupante do Paço Municipal. É sabido que Carlos Nelson se desestabiliza.

Paulo tem insistido em que não será candidato à Prefeitura. Talvez à Câmara. Teoricamente reúne chances excepcionais de se eleger vereador. A Prefeitura seria mais difícil.

Mas, liderança que é liderança vai para o pau. Nem que seja por honra e para a preservação dos interesses do grupo. A postura de Paulo é cômoda. Acho até irresponsável. Me convenceria do contrário se ouvisse que ele decidiu encerrar sua carreira política.

terça-feira, 18 de março de 2008

Ser ou não ser

Maria Helena Scudeler de Barros está vivendo um terrível dilema. Não está decidida se será ou não candidata a vereadora. Os riscos a cercam por todos os lados.
Embora perdedora, ela saiu da eleição de 2004 com um patrimônio de 12 mil na disputa pela Prefeitura. Não é pouca coisa. Mas, ao invés de cuidar desse rebanho nos anos seguintes, ausentou-se da militância política. Provavelmente desencantada pela derrota sofrida.
Não acredito que tenha abandonado o sonho de ser prefeita. Agora, é impossível. O candidato de seu partido, o PSDB, é Carlos Nelson. Em bom português, Carlos Nelson tomou o partido das mãos de Maria Helena.
Agora, está assim. Não sendo candidata, corre o risco do esquecimento. Completará quatro anos de ausência no cenário político. Se disputar a Câmara, tem a obrigação de se eleger. Uma candidatura à Prefeitura, por mais que mal sucedida, deve deixar bases consolidadas.
Se não se eleger, submerge no mesmo ostracismo a que se submeterá se não concorrer. Põe em sério risco seu futuro político, se não o compromete mesmo. Portanto, é difícil. É dilema para tirar o sono.

Fora!

Entrei no Pacaembu, pela primeira vez na vida, ainda na década de 50. Com tio Ribeiro, fui ver um jogo entre Corinthians e Botafogo de Ribeirão Preto. Eu sou são-paulino. Tio Ribeiro também era. Importava conhecer o Pacaembu.

Conto o capítulo para lembrar que, naqueles bons e saudosos tempos, não existiam as tais torcidas organizadas. Era o torcedor puro que ia aos estádios. Não tinha briga. No máximo, um xingo aqui, uma gozação acolá. Terminados os jogos, cada um seguia para sua casa em absoluta paz.

As tais organizadas infernizaram o futebol. Claro que com as exceções de praxe. Não se dão por satisfeitas dos males que causam dentro dos estádios e vão aborrecer dirigentes e jogadores nos treinamentos. Protestam, exigem, quebram. Que é isso?

Futebol é espetáculo, como uma peça de teatro. Torcedor é expectador. Como pagante, tem direito de vaiar. Até de xingar. Passou disso, é excesso que como tal tem que ser tratado. Como anuncia, agora, a Federação Paulista de Futebol, que vão ser tratadas as torcidas Mancha Alviverde, de palmeirenses, e Independente, de são-paulinos.

Estão proibidas de entrar nos estádios até o final do Campeonato Paulista. A medida atende recomendação do Ministério Público. Temo que a providência seja inócua, inútil, e eles consigam, burlando a vigilância, se apropriar dos estádios, como vêm fazendo há anos. Mas, não posso deixar de concordar com quem provocou e com quem tomou a decisão.

O futebol é manifestação cultural de propriedade do povo brasileiro. Não pode continuar sendo usurpado por meia dúzia de fanáticos ou desocupados, que vão extravasar suas frustrações nas arquibancadas das praças esportivas. Para todos eles, uma interminável e ensurdecedora vaia
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sábado, 15 de março de 2008

Até que enfim

Foi longe demais a experiência de Gerson Rossi acumular as funções de chefe do Gabinete do Prefeito e de presidente do Saae. Foi solução política para a hora em que o prefeito Carlos Nelson decidiu limar Márcio Silveira Bueno.

Agora, Gerson fica só no Saae. O gabinete passa a ser pilotado por Luiz Antonio Pinto, o Tito, ex-vereador e presidente do PMDB. Como a anterior, a decisão de agora também é política.

Ainda que a presidência do Saae o mantenha sob os holofotes, o afastamento do Gabinete tira Gerson do olho do furacão. Andava muito visado por ser considerado o preferido de Carlos Nelson para vice.

Nessa matéria, insisto: Gerson não será o companheiro de chapa do atual prefeito.

Cheiro de gambá

Um peemedebista histórico (dos tempos do MDB) fez a mim algumas conjecturas sobre quem será o companheiro de chapa de Carlos Nelson na disputa pela reeleição. Gosto muito de conversar com ele por ser amigo de longa data.

Disse-me o amigo, de quem preservo o nome por ter sido uma conversa informal, que Gerson Rossi Junior não será, sob nenhuma hipótese, o vice de Carlos Nelson.

Primeiro argumento: Gerson ainda é um garotão, embora casado e senhor de respeito. Não adquiriu politicamente a maturidade e experiência suficiente para enfrentar a responsabilidade. Não está necessariamente errado. Gerson tem no currículo, apenas um mandato de vereador.

Segundo argumento: a procedência partidária de Gerson é um obstáculo insuperável, difícil de o fazer transitar pelos sete partidos que compõem a base governista. Não está necessariamente errado. Gerson Rossi Junior nasceu politicamente das costelas do PT.

Aí, meu amigo, usando sua costumeira verve humorística em apoio ao seu segundo argumento, cunhou uma frase que me fez gargalhar. Disse:


– Cheiro de gambá e de PT demora pra desaparecer.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Guerra ou...

O promotor Rogério José Filócomo Júnior resolveu tocar numa das feridas de Mogi Mirim. Encaminhou expediente às autoridades locais, sugerindo medidas para fazer recuar o alto índice de furto de veículos na cidade.

Ao tomar a iniciativa, o representante do Ministério Público está exercendo em plenitude a tarefa de que se incumbe. É positivo. É muito bom quando, além do círculo restrito de determinadas funções, outras personalidades, sejam autoridades ou não, se mobilizem em torno delas.

Tomara que o promotor obtenha sucesso. E nem falo em causa própria, já que lá se vão 10 anos que não tenho o privilégio de ser proprietário de veículo algum. Torço pelo sucesso dele, entre várias razões, porque sei o quanto de sacrifício muita gente faz para possuir o seu automóvel.

A questão dos furtos de veículos, todavia, é – como disse lá em cima – uma das feridas a fazer sofrer um corpo em adiantado estágio de contaminação por doença cruel. Na verdade, doutor Filócomo, nós estamos a pé em termos de segurança como um todo.

Já escrevi várias vezes que não culpo os agentes – civis ou militares – pela crítica situação em que nos encontramos. Fazem o que podem. São poucos e mal aparelhados. O Estado pensa que fazer política de segurança pública é comprar viaturas.

Viaturas não são dotadas de inteligência. E prover segurança é, essencialmente, uma atividade de inteligência. Inteligência pressupõe material humano e, nesse quesito, nossa miséria desceu às profundezas da indigência, da miséria absoluta.

O ideal seria, portanto, que o brado lançado pelo promotor Rogério Filócomo Júnior fosse o pontapé inicial de uma dura e longa jornada. O furto de veículos é uma de nossas mazelas. Na verdade, os inimigos estão por todos os lados e agem em todas as frentes. Precisamos, em resumo, deflagrar uma guerra, pois uma batalha só não será suficiente.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pesos e medidas

As leis têm algumas particularidades difíceis de serem entendidas. Rogério Esperança, Moacir Genuário e Fábio Mota, para ficar em apenas três exemplos, têm que se afastar de seus cargos comissionados na Prefeitura de Mogi Mirim para que possam se candidatar a vereador.

É a tal da desincompatibilização. O prazo é 7 de abril. Seis meses antes da eleição. O afastamento foi antecipado em um mês por decisão política adotada na esfera do governo municipal, para apagar incêndios internos. Esperança, Genuário, Mota e mais uns dois ou três tiveram que espirrar.

Aí, o prefeito Carlos Nelson Bueno pode ser candidato à reeleição. Como será. Como foi Paulo Silva. Como Lula foi candidato à reeleição para a presidência da República. Ser candidato à reeleição é absolutamente legal.

Curioso é o fato de que o prefeito Carlos Nelson Bueno, como ocorreu com Paulo Silva e com Lula, não precisará se afastar do cargo. Em tempo algum. Pode continuar correndo a caneta. Pode continuar decidindo, governando plenamente, enquanto disputa mandato seqüente.

A única coisa que dele a lei exige é que não use o cargo em benefício de seu interesse eleitoral. A partir de determinado instante – penso que após a convenção – não poderá, por exemplo, participar de inaugurações.

Para os limites da minha capacidade, a lei é incompreensível. Proíbe o menos. Protege o mais. Se um diretor pode se beneficiar do cargo numa disputa eleitoral, e por isso é obrigado a renunciar, o quanto não pode se beneficiar do cargo o prefeito, com todos os seus direitos preservados.

Deve ser impertinência, rabugice minha. Deixa pra lá.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Para que morrer abraçado?

Tudo quanto se diga antes das eleições é arriscado. Evidências se transformam em pálidas suspeitas, que terminam com resultado contrário. Mas, é inerente a quem escreve sobre o tema a perspectiva do erro.

Então, vai lá. Não acho que vai sair essa coligação ou coalizão entre o bloco PT-PSB e o PV. E não vai sair porque me parece estar o PV muito firme na decisão de deixar de ser caudatário. Os verdes querem voar com suas próprias asas.

E querem especialmente por não vislumbrarem chance alguma, exceto na hipótese de um ciclone político, de ganhar a eleição para a Prefeitura. Ninguém se viabilizou para isso enquanto Carlos Nelson foi reinando. Deixaram a coisa correr frouxa.

Se não se quiser reconhecer que o atual prefeito vem se cacifando para levar a segunda rodada do pif-paf eleitoral em virtude dos resultados de seu governo, será o caso de reconhecer que vem se cacifando até por exclusão. Pela ausência de opositores com densidade eleitoral.

O PV sabe disso. Sabem também o PT e o PSB. O nó está exatamente aí. O PV deve achar uma bobagem fazer coligação apenas para bater o ponto, cumprir tabela. Isso, prefere fazer sozinho. Os verdes não me parecem ter, neste momento, vocação para morrer abraçado só pela honra de entar para a história.

Então, vai marchar isolado. Para marcar a SUA posição, para se inserir, para se tornar conhecido, para se popularizar. É quase como se fosse um plantio de semente para colher frutos adiante. Daí seu ouvido não se encantar com qualquer música. Daí me levar a concluir que os esforços do PT e do PSB resultarão inúteis.

Em teoria, é isso. Na prática, a gente vai ver mais à frente. Até porque - diz certa sabedoria - de cabeça de político e bumbum de criança nunca se sabe o que vai sair.

Um deles vai ser

A lista para a escolha do candidato a vice-prefeito do grupo situacionista estaria reduzida a apenas três nomes. O primeiro é o de Romeu Bordignon, que equivaleria a uma escolha natural. Não necessariamente nesta ordem, os outros são Sidney Hugo de Carvalho e José Antonio Cirvidiu.

A informação é de personagem com voz ativa nas decisões políticas do grupo liderado pelo prefeito Carlos Nelson Bueno (PSDB). Ele revela que o prefeito já conversou com Bordignon e Cirvidiu. Com Sidney Carvalho as relações são diárias no âmbito da administração.

O diretor do Departamento de Planejamento, também filiado ao PSDB, como o prefeito, é uma espécie de reserva para a hipótese de Bordignon e Cirvidiu não aceitarem. O atual vice-prefeito, visitado há alguns dias por Carlos Nelson, revelou a disposição de ir para o palanque de novo.

Os problemas de saúde que vem procurando superar não seriam obstáculo à sua participação na campanha. Romeu é a primeira alternativa, por ser a opção natural. O que justificaria escolher outro vice, se já tem um na mão e este ajudou a ganhar a eleição anterior.

Carlos Nelson também já debateu o tema com José Antonio Cirvidiu, médico e atual presidente do Clube Mogiano, praticamente em fim de mandato. Cirvidiu é filiado ao PMDB e desfruta de consideração especial do prefeito, a quem às vezes até estaria servindo como conselheiro.

Em favor de José Antonio Cirvidiu pesam, além disso, a reputação de que desfruta na cidade e o fato de representar um nome novo no cenário político, sem máculas ou restrições. A fonte ouvida por O POPULAR não soube informar qual teria sido a reação de Cirvidiu, mas não teria sido de recusa insuperável.

Tanto quanto ou mais que o atual presidente do Clube Mogiano, Sidney Carvalho também é privilegiado com especial atenção do prefeito. Seu desempenho no Departamento de Planejamento só produz referências elogiosas da boca de Carlos Nelson, que nutre enorme confiança pelo auxiliar.

Além de tudo, Carvalho carrega o símbolo de um nome neutro e de um personagem sem ambições político-eleitorais. Não sinalizaria previamente, assim, como o candidato à sucessão de Carlos Nelson ao final de um segundo mandato, se este vier a acontecer.

O problema relativamente a Sidney Carvalho está na ausência de um substituto para o período em que tiver que ficar fora do governo. Segundo o informante, Carlos Nelson não teria à mão alguém credor da mesma e ilimitada confiança que deposita em Carvalho como chefe do Planejamento. Mas, na hora “h”, vencidas as outras possibilidades, o prefeito se curvaria à necessidade.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Não será


Gerson Rossi Júnior não vai ser o vice de Carlos Nelson Bueno (PSDB), na empreitada deste pelo segundo mandato de prefeito de Mogi Mirim. Nenhum passarinho me cantou no ouvido, nem recolhi a informação de qualquer fonte privilegiada.

Afirmo, e reafirmo, que Gerson nao é o nome porque gosto de lidar muito com a lógica. Gerson foi o único dos candidatáveis excluído da obrigação de se afastar do cargo que exerce na administração, com um mês de antecedência. Essa antecipação, como se sabe, fez parte de ordem superior.

Essa história de que ficou nos cargos de chefe do Gabinete do Prefeito e presidente do Saae, porque pilota a concorrência do esgoto, é conversa para aluno de jardim de infância. Balela.

Gerson foi preservado porque não vai ser candidato a coisa alguma. E porque será, num segundo governo de Carlos Nelson, chefe do Gabinete ou presidente do Saae. Aposto mais na primeira hipótese.

Mas, qual é a lógica? É a de que, com quase 70 anos de idade e 50 de política, Carlos Nelson não daria pista tão clara sobre a candidatura de Gerson a vice-prefeito, ao preservá-lo da antecipada degola geral. Se Gerson fosse o nome, sairia junto com os outros seis.

Carlos Nelson não cairia nessa espareela de sinalizar previamente o nome de seu preferido, sabendo que isso causaria uma inevitável erupção no vulcão governista, capaz mesmo de rachar, da cabeça aos pés, o grupo que lhe dá sustentação.

Sendo assim, aviso aos abespinhados: vocês estão atirando no alvo errado. Há três nomes dos quais sairá o ungido. Devo contar isso na edição de O POPULAR deste sábado, dia 8.

Leiam

Esta notícia é de interesse da vereadora Márcia Róttoli, atualmente abrigada no PT, e dos dirigentes do PDT de Mogi Mirim. Trata de tema que discutem na esfera do Tribunal Regional Eleitoral, tendo em vista que a vereadora, eleita pelo PDT, abandonou a legenda.

Três dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral já votaram para cassar o deputado federal Walter Brito Neto (PRB-PB). Ele pode ser o primeiro parlamentar federal punido por infidelidade partidária. Mesmo que seja, ainda pode recorrer ao próprio TSE. Brito Neto deixou o Democratas para ingressar no PRB em setembro de 2007.

Em outubro de 2007, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os mandatos de vereadores, deputados estaduais e federais pertencem aos partidos e não aos eleitos. Definiu que os "infiéis" que mudaram de legenda após 27 de março estariam sujeitos à perda de mandato.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Não vai ter para todos

O colégio eleitoral de Mogi Mirim está em torno de 60 mil alistados. Nas eleições, perdem-se 20% dos votos. Os votos válidos, assim, deverão ficar ao redor de 48 mil. Talvez cheguem a 50 mil.
Isto significa que, para ocupar cada uma das 10 cadeiras, serão necessários 4.8 mil votos. O partido, seja ele qual for, vai precisar de quase 5 mil votos, somados os de todos os seus candidatos mais os votos de legenda, para eleger UM vereador.
Hoje, sete partidos são representados na Câmara Municipal. Não é necessário fazer muito exercício para chegar à seguinte conclusão: é impossível que todos continuem sendo representados a partir de 1o. de janeiro de 2009.
Pode ocorrer de determinado candidato explodir em votos, mas a sigla não alcançar o mínimo necessário. Paulo Silva já viveu essa experiência, lá pelo final da década de 80, quando habitava o PCdoB. Na época, a Câmara tinha 13 ou 15 vereadores. Não me lembro ao certo. Agora, são só 10 míseras cadeiras.
Não vai ter jeito. Ou melhor, não vai ter lugar para todos.

Famílias unidas

O povo elege. Depois, esquece. E muitos dos eleitos não dispensam as boquinhas e se fartam. Levam a família toda para o poder. Em Rio Claro, 14 servidores são parentes de vereadores. Se o povo não vê, a Justiça, que é cega, viu. E mandou que todo mundo seja posto no olho da rua.

Os casos revelam a mais absoluta ausência de pudor e vergonha. O vereador João Teixeira tem o irmão como chefe de gabinete. Sérgio Carnevale nomeou o filho como assessor. Marcos Roberto Vicente tem a esposa trabalhando no Legislativo. Aparecido Rodrigues empregou o filho e o irmão.

Paulo Paoli é um caso exemplar. Empregou uma sobrinha, uma filha e uma irmã, todas pagas pelo contribuinte. Mas, ele tem seus argumentos. Diz que contratou os parentes porque são as únicas pessoas nas quais pode confiar.

José Pereira dos Santos nomeou uma irmã e um sobrinho. Mônica Messetti tem uma filha no Legislativo. Maria do Carmo Guilherme pendurou o marido como assessor. Joanzil Cervezan Júnior levou um irmão e uma prima grau para o Legislativo.

Marcos Roberto Vicente é, como Paulo Paioli, um vereador criativo. Diz que para chefe de gabinete precisa de alguém de confiança como a esposa, para não vazar informações de projetos futuros.

Uma perguntinha só: quando foi bater na porta da casa do eleitor, esse pessoal avisou que iria levar a parentada para a Câmara?

10. E não se fala mais nisso

Se depender do Tribunal Superior Eleitoral, muitos dos voluntários que querem se oferecer em sacrifício para defender o povo de Mogi Mirim na Câmara Municipal, a partir de 2009, podem recolher o cavalinho.

O número de vereadores vai continuar em 10. O TSE já revolveu que não vai mexer na regra que fixou para as eleições de 2004. Será repetida agora. Nem vai haver expedida nova instrução a respeito.

No Congresso, tramita como caranguejo um projeto prevendo o aumento do número de vagas nos legislativos municipais. Por ele, Mogi Mirim voltaria a 17 vereadores. Terá que se aprovado até 30 de junho, prazo fatal para os partidos fazerem a escolha de seus candidatos.

O obstáculo é Lula da Silva. Inúmeras medidas provisórias editadas pelo presidente trancam a pauta e não deixam a proposta andar.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Surtou

Por mais que o prefeito Carlos Nelson (foto) seja conhecido por seus destemperos, um dado da sua personalidade autoritária, o episódio em que atacou pessoalmente dois funcionários da Fatec, foi atitude característica de quem surtou.

Estava possesso (o dicionário explica o que é isso). Disparou críticas, acusações e ofensas pessoais a dois servidores da Fatec. A um deles chamou de "malandro" e "picareta". Tudo por uma suposição de que estaria havendo boicote da de dirigentes da Escola Técnica "Ferreira Alves" à Fatec, com o objetivo de causar desconfortos políticos à administração municipal.

O episódio caracterizou-se por vários erros. Um deles, político. Chamou adversários para a briga, ao acusar a interferência do PT na escola. Ora, se Carlos Nelson não está precisando e não deve provoar é polêmica. Ao que tudo indica, tem estrada bem pavimentada para a reeleição. Em tais circunstâncias, tem tudo para levar adiante uma campanha calma e propositiva.
Mas, quem consegue refrear o estilo brigão do prefeito? Acho que ele anda aflito pelo andar lento das obras, que no fundo é produto de uma máquina administrativa atrofiada e incapaz de dar as respostas na velocidade por ele desejada.

Aí, na menor adversidade, transforma pernilongo em dinossauro. Para dizer o mínimo, a atitude que protagonizou foi de uma profunda infelicidade, além de chutar para o mato a chamada liturgia do cargo, que exige conduta de estadista, equilibrada e respeitosa, em respeito ao cargo que ocupa. Se aprendi alguma coisa na convivência das ruas, foi a lição de que o povo não gosta muito de brigões.

O que é isso, companheiro?


Cá entre nós. Esse Hugo Cháves (foto) não é um maluco de pedra? Não tenho a menor noção do governo que ele faz na Venezuela, se corresponde às expectativas do seu povo ou não. mas o seu discurso é assustador. Mas, tem algumas atitudes, aliás assíduas, que dão medo.


Essa agora de ameaçar declarar guerra à Colombia é algo que beira à insanidade. Por mais que tenha razão nas suas difereências com Uribe, a atitude é de absoluta insensatez. Começou a concordar que ele tem planos de se impor como a liderança da América do Sul e, para realizar seu projeto, não mede consequências.


Comparam-no a Fidel. Ou o identificam como alguém que pretende ocupar o vazio deixado pela saída de cena de Fidel. É completamente diferente. Fidel fez lá sua revolução em Cuba, a cujo país conduziu por quase 50 anos com mão de ferro. Mas, jamais viveu a encher o saco de vizinhos.


Por mais que possa discordar de Castro e censurar o regime duro que manteve em seu país durante todo esse tempo, o fato que não se pode negar é que o cubano é um líder. Lido para bem ou para mal, inscreveu seu nome na história. Já Chávez...

É o que não falta


O mundo anda inundado delas. As bobagens. Onde há democracia - como aqui - há bobagens em profusão. Eu cometo as minhas no dia-a-dia da vida e da profissão. E convivo, lendo compulsivamente tudo que se publica, com uma enormidade delas.


Mas, é natural. Melhor que seja assim, no sentido de que cada cidadão exerça a cidadania. E exercer a cidadania corresponde a exprimir o que se tem na cabeça. Algumas, iluminadas, produzem peças invejáveis. As menos privilegiadas de vez em quando exprimem cheiro - e nem sempre agradável de ser absorvido pelas narinas.

Temos visto, por exemplo, que o presidente da República, Lula da Silva (foto), que devia se acautelar e preservar a chamada liturgia do cargo, não tem o menor zelo por aquilo que põe para fora da boca. Nos últimos dias, por sinal, excedeu no mar de estultícies que formulou.

Tem o direito. Deram o cargo. Ele é representativo. Tem direito a voz.

Insignificantemente abaixo da importância do nosso presidente, julgo-me também no direito de dizê-las. Quem me acompanhar - se tiver saco e paciência - verá. Mas como o jornalista carrega substancial conteúdo de arrogância, vou me meter a tratar das bobagens dos outros. Sem ofensas. Mas, não perdoando.