quarta-feira, 31 de março de 2010

Consolação ao contrário

Digamos que, reunindo apoios no âmbito de seu partido e com um certo empurrão de Carlos Nelson, Gerson Rossi teria algumas chances de se tornar deputado estadual. No PPS, a quantidade de votos necessários é bem mais modesta.

Ainda assim não obtendo sucesso, terminaria a eleição com um capital de votos interessante. Suficiente mesmo para cacifar sua futura candidatura à Prefeitura, que para mim é, desde já, absolutamente certa.

Agora, oferecer legenda a Gerson para disputar mandato em Brasília é um prêmio de consolação ao contrário. É uma crueldade.

Aceitar seria expor-se ao risco do ridículo, salvo se amparado em um esquema poderoso, que não consigo vislumbrar no horizonte.

Com Gerson me parece ter acontecido aquela imagem do cão que sai correndo atrás do caminhão e que, quando este para, não sabe o que fazer.

Gerson correu, correu para nada. Animou-se e animou adeptos. Viveu uma lua de mel antecedente ao casamento. Acabou. Aliás, para o largo e indisfarçável riso de seus desafetos.

sábado, 27 de março de 2010

O calor do fogo amigo

1 – Ao confirmar que se afasta da chefia do Gabinete do Prefeito na próxima semana, para disputar cadeira na Assembléia Legislativa, Gerson Rossi Junior dá o pontapé inicial na disputa eleitoral. Bem entendido: na disputa eleitoral de 2012. Eleja-se ou não deputado estadual. Esteja ou não sendo movido pela expectativa de sucesso agora ou só plantando semente para a safra de três anos adiante. Gerson é, desde agora, o primeiro nome posto para a sucessão de Carlos Nelson.

2 – Não é uma candidatura – a prefeito – que deva soar como estranha ou pretensiosa. De um lado, porque é, entre as quase duas dezenas de auxiliares, o número 1 do prefeito. Desfruta da mais absoluta confiança de Carlos Nelson. Só por esse quesito reuniria, hoje, a preferência do chefe. De outro lado porque, com certeza, cultiva a ambição de chefiar o Executivo local e, portanto, põe em marcha um plano articulado de médio prazo. Não se elegendo agora, ter-se-á projetado o suficiente para adquirir o direito de reivindicar a candidatura em 2012. Sendo eleito, tornar-se-á nome preferencial. Não haverá força política capaz de obstaculizar seu caminho.

3 – Agora, vem a parte menos confortável da história. Com tantas ambições no campo governista, explícitas ou veladas, para emplacar a candidatura a prefeito daqui a três anos, Gerson se tornará o foco dos azedumes. Já hoje é alvo de ciumeiras aqui e acolá, exatamente pelo prestígio ilimitado de que desfruta dentro da administração. Essas reações vão se tornar muito mais agudas, tendo em vista a vantagem de alguns corpos – ainda que teóricas – com que Gerson sairá à frente na raia eleitoral de 2012. Ele será obstáculo, talvez mais do que concorrentes do rol oposicionista, às pretensões de governistas ávidos e, por que não dizer, alguns iludidos.

4 – Em outras palavras, a partir de agora, Gerson Rossi Junior muito provavelmente, ou com toda certeza mesmo, vai passar a enfrentar o desconfortável calor do fogo amigo. E administrar esse tipo de relação política é muito difícil, mas muito mais difícil do que defrontar-se com inimigos. A estes, não só é fácil identificar como é mais fácil armar-se para a defesa e formular as estratégias para os ataques. Já de oponente íntimo, de dentro de casa, nunca se sabe que ataque virá, a que hora, por qual lado e com quais armas. Imagino que, embora ainda jovem, Gerson possua, desde já, a noção do torvelinho em que está se metendo. De qualquer modo, crente como é, deve repetir suas visitas à Aparecida em busca de bênçãos. Vai precisar.

sábado, 20 de março de 2010

Política da mentira


Para quem conhece um pouco da história política, a foto em que aparecem Carlos Nelson, Munhoz, Serra e Quércia é antológica.

O PSDB foi criado para contrapor-se ao PMDB de Quércia, aquele que chamou Mário Covas de “bunda mole”.

Covas é cultuado como uma das mais importantes lideranças do tucanato, ao lado de Franco Montoro.

Todos sentiam asco de Quércia. Este idem dos tucanos. Nunca houve a menor simpatia entre eles.

Pois não é que, agora, Quércia afaga os tucanos, que respondem ao ex-governador com beijos e abraços.

É a política da mentira. Assim como o é a relação entre Carlos Nelson e Barros Munhoz, antes inimigos figadais.

História estranha

Estranha. Muito estranha essa história de que a Vicinal “Elzio Mariotoni”, que liga Mogi a Itapira, pode ser pavimentada por etapas.

Começaria pelos extremos. Lá e cá. O miolo ficaria para mais tarde. A causa seria de ordem financeira.

Quanto vai custar a obra? Em torno de R$ 2.5 milhões. Migalha para o monstruoso orçamento do Estado.

Está me parecendo que estão querendo criar dificuldade para vender facilidade.

A execução por etapas vai gerar reações. Aí, aparecerá um salvador da pátria que resolverá o problema e sairá glorificado – principalmente se for com votos.

Política sem fronteiras

1 – Quando Carlos Nelson venceu a primeira eleição para a Prefeitura de Mogi Mirim, ouvi de Luiz Róttoli, meu vizinho de Edifício Davoli, a seguinte brincadeira: “o Caveanha já chamou o caminhão para trazer a mudança dele para cá”. Gozava o fato de a cidade ter ‘importado’ um prefeito de Mogi Guaçu, atrás do qual, portanto, viria o outro. A cena me veio à memória, esta semana, após uma nota na coluna Da Fonte um texto que postei no site do jornal terem causado algum reboliço. A informação era de que Caveanha fora definido como candidato a deputado estadual pela região, como representante do PTB, com as bênçãos do diretório mogimiriano da sigla. No contexto, gestões seriam feitas para formular uma dobradinha do ex-prefeito com o federal Nelson Marquezelli.

2 – Mas, qual a relação entre uma coisa e outra? Simples. Estaria Mogi Mirim importando uma segunda personalidade política de Mogi Guaçu. Não se deve esquecer que, ao menos no âmbito das lideranças, o ex-prefeito de Itapira, Barros Munhoz, já está, há anos, indissoluvelmente abraçado pela cidade. Entre parênteses, diria que isso reflete, sem deixar qualquer dúvida, o desértico panorama local sob o ponto de vista de lideranças. Mas, voltando a Caveanha, com quem tive a oportunidade de trabalhar três vezes, julgo importante assinalar algumas diferenças. Enquanto Carlos Nelson e Barros Munhoz mantiveram sempre uma relação de proximidade com Mogi Mirim, desde o início de suas respectivas carreiras políticas, com Walter Caveanha foi o oposto. Ele sempre foi um político cidadesco, adstrito aos limites de Mogi Guaçu. Em Mogi Mirim, portanto, praticamente ignorado, sem militância, sem base alguma. Não fácil, então, de ser carregado. Eis, pois, a diferença.

3 – De qualquer forma, os acordos políticos consideram ou ignoram fatores conforme as conveniências. Se convém, pouco importa origem, intimidade e compromisso. Disto, aliás, os mogimirianos estão cansados de saber, tantos já foram os aventureiros que passaram por aqui, beberam dos nossos votos, deram um tchau, sumiram na estrada e foram cuidar de seus interesses. O vereador João Luis Teixeira ironizou discurso de um colega de Câmara, há alguns anos, quando este fazia proselitismo acerca da visita de um deputado de suas relações. Cunhou a inesquecível frase: “que venha, mas com dinheiro”. Eis aí o ‘xis’: muitos dos que passam por aqui não voltam nem com dinheiro, nem sem.

4 – O fato é que ainda veremos muito nos próximos seis meses. Com certeza, haverá receitas para todos os paladares, dos mais comuns aos mais refinados. Seremos agraciados com tapinhas nas costas por parte de gente que nunca vimos e que talvez, após outubro, não veremos mais mesmo. Cruzaremos com muitos ‘quase’ candidatos, abatidos logo nos primeiros tiroteios das guerras de bastidores. Não haverá lugar para todos e, como disse, as conveniências falarão mais alto. É assim. É do sistema. Por pior que ele seja. E é ruim mesmo, porque nele o que menos conta é o interesse publico.