sábado, 21 de maio de 2011

Nas profundezas da podridão

Com toda certeza, a história se incumbirá de não permitir que se apaguem os deletérios vestígios da interferência do sr. Carlos Nelson Bueno no quadro político-partidário de Mogi Mirim. São marcas muito profundas que, parafraseando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, jamais se viu nesta cidade. A balbúrdia foi ‘enriquecida’ pelos capítulos dos últimos dias, em que a dissimulação das verdadeiras intenções não conseguiu esconder a astúcia no que ela tem de pior. Mas, os astutos sempre contam com ingênuos.

Eleito pelo PDT no primeiro mandato e já pelo PSDB no segundo, o atual Prefeito Municipal de Mogi Mirim adotou métodos políticos em que se somam a brutalidade do peso do governo e a força coercitiva irresistível do holerite. Assim construiu e assim vem sustentando seus dois governos. Em ambos, ao contrário de aliados, coleciona escravos que se deixam aprisionar pela incapacidade de agir com independência, pela docilidade de se oferecer a quem elegem grão-senhor e aproveitadores que nunca faltam em todo lugar, em toda hora.

Posto diante do espelho, o quadro de auxiliares reflete um monstro, juntando água e óleo como se houvesse alquimia capaz de produzir liga entre elementos tão díspares. Na verdade, o governo é o prefeito, porque o conteúdo político-programático da equipe não conta. E se contasse seria uma tragédia, considerando a confusão ideológica abrigada sob o manto da administração municipal por obra de interesses que em nada dizem respeito à sociedade.

Interessa cooptar, ampliar os tentáculos, por para dentro tantos quantos seja possível para exercer a hegemonia partidária. Raramente um governo conseguiu transformar tantos adversários em fiéis. Na história mais remota da política partidária de Mogi Mirim, isto era absolutamente impossível, uma vez que, ao menos do ponto de vista político, a definição era nítida e inflexível.

O sr. Carlos Nelson Bueno trouxe para Mogi Mirim – o que era absolutamente dispensável para a história da cidade – os métodos que adotou em Mogi Guaçu para acantonar adversários, agregando partidos à esquerda à direita. Um dia, claro, a esperteza engoliu o esperto. Mas, não lhe faltou quem estendesse novo tapete e eis que os métodos vieram na bagagem desde quando atravessou a divisa.

Na obra mais recente, o sr. Carlos Nelson Bueno levou à erosão o partido em que foi buscar lugar para aproximar-se do governo do Estado, num processo bruto, impositivo e imperial. Se PSDB passasse a adotar a identidade de PCNB cairia como uma luva perfeita e justa. Por que é hoje senão o Partido do Carlos Nelson Bueno?

PDT, PMDB e PTB são hoje siglas completamente despersonalizadas pela dependência e subserviência com que se relacionam com o governo municipal. Alguns haverão de recordar que o PPS foi quase tomado de assalto quando estava na iminência de cair nas mãos do então vereador Jonas Araújo Filho. A independência de todos é zero, a capacidade de interferir e decidir é nenhuma. Mas, Carlos Nelson Bueno não é culpado isoladamente por essa situação de terra arrasada. A vassalagem também responde por um tanto, contribuindo para levar a política local às profundezas da podridão.
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Editorial de O POPULAR na edição de 21 de maio de 2011

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