sábado, 17 de abril de 2010

Votos mineiros e macucos

Dr. Pradinho, como todos conheciam o advogado José de Abreu Prado, protagonizou cena interessantíssima durante apuração de uma eleição.

Um candidato a vereador, aflito ante os votos que emergiam minguadamente das urnas, foi abordá-lo em busca de explicação.

Com sua verve impagável, pôs a mão nos ombros do amigo e o tranquilizou: “Tenha calma. Ainda não chegaram os votos de Jacutinga”.

Não sei por que, mas acho que alguns voluntários que estão se alistando para a disputa de outubro deveriam ter essa passagem histórica na memória.

Os votos de Jacutinga, que jamais chegaram e não poderiam mesmo chegar para o infeliz concorrente a vereador da década de 60, talvez venham a fazer diferença. Enorme diferença.

Parafraseando ao contrário o ex-vereador Sebastião Fortunato de Godoy, desconfio que faltarão macucos para encher o ‘emborná’.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

No lugar errado

Não entendi porque Gerson Rossi concedeu entrevista coletiva no Gabinete do Prefeito, na segunda-feira, data em que era elemento estranho à administração, dado haver se afastado no início do mês e ainda não reassumido o posto.

Sim, a observação é uma chatice minha. Mas, se era para anunciar a renúncia à pré-candidatura, ainda mais acolitado por três representantes do PPS, o ato não deveria ser realizado na sede do partido ou em qualquer outro lugar que não fosse uma repartição da Prefeitura?

Recordo que, ao se anunciar pré-candidato, ainda no ano passado, o fez em uma pizzaria, na Avenida 22 de Outubro. Ao que sei, sequer forno há no Gabinete.

sábado, 10 de abril de 2010

Puxassaquismo apressado e inútil

1 – Quando certas críticas são feitas, não faltam os que se apressam em ver motivação às escondidas ou impertinência, desejo de criar aborrecimentos, prazer em contrariar. Mas, o tempo acaba se incumbindo de por luzes sobre os fatos. Refiro-me a episódio protagonizado no início do ano passado, quando a toque de caixa se decidiu conferir o título de Cidadão Mogimiriano ao secretário-chefe da Casa Civil do Estado, Aloysio Nunes Ferreira. Cumprindo desejo do prefeito Carlos Nelson, o presidente da Câmara, Osvaldo Quaglio, correu a apresentar o projeto, a marcar a data e a promover o evento de outorga, aliás realizado fora do recinto da Câmara, no Clube Recreativo.

2 – A intenção foi, indisfarçavelmente, a de inflar o nome de Aloysio e fazer uma média para a hipótese de que viesse a ser indicado candidato à sucessão de José Serra. O homenageado, entretanto, sequer subiu à rampa de lançamento, nunca decolou nas pesquisas e terminou fulminado pelo ex-governador Geraldo Alckmin, já dado, agora, como o candidato oficial tucano ao Palácio dos Bandeirantes. De modo que o esforço de puxassaquismo foi absolutamente inútil. E a concessão do título não foi outra coisa, porque, com todo respeito, não havia uma só justificativa a agraciar o político riopretense, ainda que possuidor de currículo político não desprezível.

3 – Como se em rebate àquela iniciativa, mais tarde se decidiu, também, oferecer igual tratamento a Alckmin. Coisa assim de botar o pé nas duas canoas de modo a evitar o afogamento no caso do naufrágio de uma delas. Entretanto, talvez por algum sentimento de pudor, o ex-governador não conseguiu abrir lacuna em sua agenda, até agora, para receber a homenagem. Até já esteve na cidade, por ocasião da inauguração do campus da Fatec. Agora, para completar, só falta arrumar um palanque para Geraldo receber a tal honraria, nesta fase de preliminares das campanhas eleitorais. Isso se chama brincar com a inteligência dos cidadãos.

sábado, 3 de abril de 2010

Decisão absolutamente previsível

Entre outras fontes, Lena Araújo veio me contar que João Luis Teixeira havia deixado a liderança do prefeito na Câmara.
Lembrei-a de que, quando assumiu a função, eu não o via com vida longa no posto. Não por despreparo, mas por personalidade e estilo político.
O exercício da liderança pressupõe espírito de negociação, paciência, capacidade de ceder e tolerância.
É tudo que não faz o perfil de João Luis, irrequieto, pontiagudo, uma ponta de alfinete.
Durou cerca de um ano na função.
Pois vou exercitar minha futurologia outra vez: tenho imensas dúvidas de que vá, até o fim do governo, como aliado de Carlos Nelson. Mesmo porque, João Luis é uma nuvem: ora se olha, ela está de um jeito; ora se olha, está de outro.

A opção pelo conforto

1 – Há meses eu conversava com Carlinhos Bernardi acerca dos rumos que tomaria o deputado estadual Barros Munhoz. E confessava minhas dúvidas quando ouvia, recorrentemente, que Totonho seria, desta vez, candidato a deputado federal. Esgrimia meus argumentos, basicamente a partir de um deles: o conforto de uma candidatura à reeleição. Por que conforto? Porque as probabilidades de sucesso, ainda mais depois da notoriedade obtida através da presidência da Assembléia Legislativa, eram – imaginava eu – as mais amplas. De qualquer modo, pensava também ser uma decorrência natural da própria carreira política que viesse a sonhar com Brasília.

2 – De certo modo, portanto, a decisão de se candidatar novamente a deputado estadual não me surpreende. As razões que teriam levado Munhoz a ela são inúmeras. Desde aquelas trazidas a público até as que não podem ou não é conveniente externar. A começar pelo fato de que a disputa de vaga no Congresso Nacional se trava numa outra órbita do ponto de vista da necessidade de recursos, de apoios, de votos e, por último, sob um grau de risco enormemente mais agudo. Isto para quem não quer apenas fazer banzeiro com a candidatura. Não se esqueça, por outro lado, que Brasília também costuma ser um sumidouro. São 513 deputados federais. Abrir uma vereda nessa floresta é dificílimo. Por último, a hipótese – absolutamente concreta – de Serra não se eleger presidente implicará exercer o mandato em oposição e, portanto, sem as benesses do governo. Finalizo: Totonho preferiu o caminho mais plano, com algumas curvas, é verdade, mas razoavelmente pavimentado – o bastante para não oferecer grandes sustos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Consolação ao contrário

Digamos que, reunindo apoios no âmbito de seu partido e com um certo empurrão de Carlos Nelson, Gerson Rossi teria algumas chances de se tornar deputado estadual. No PPS, a quantidade de votos necessários é bem mais modesta.

Ainda assim não obtendo sucesso, terminaria a eleição com um capital de votos interessante. Suficiente mesmo para cacifar sua futura candidatura à Prefeitura, que para mim é, desde já, absolutamente certa.

Agora, oferecer legenda a Gerson para disputar mandato em Brasília é um prêmio de consolação ao contrário. É uma crueldade.

Aceitar seria expor-se ao risco do ridículo, salvo se amparado em um esquema poderoso, que não consigo vislumbrar no horizonte.

Com Gerson me parece ter acontecido aquela imagem do cão que sai correndo atrás do caminhão e que, quando este para, não sabe o que fazer.

Gerson correu, correu para nada. Animou-se e animou adeptos. Viveu uma lua de mel antecedente ao casamento. Acabou. Aliás, para o largo e indisfarçável riso de seus desafetos.

sábado, 27 de março de 2010

O calor do fogo amigo

1 – Ao confirmar que se afasta da chefia do Gabinete do Prefeito na próxima semana, para disputar cadeira na Assembléia Legislativa, Gerson Rossi Junior dá o pontapé inicial na disputa eleitoral. Bem entendido: na disputa eleitoral de 2012. Eleja-se ou não deputado estadual. Esteja ou não sendo movido pela expectativa de sucesso agora ou só plantando semente para a safra de três anos adiante. Gerson é, desde agora, o primeiro nome posto para a sucessão de Carlos Nelson.

2 – Não é uma candidatura – a prefeito – que deva soar como estranha ou pretensiosa. De um lado, porque é, entre as quase duas dezenas de auxiliares, o número 1 do prefeito. Desfruta da mais absoluta confiança de Carlos Nelson. Só por esse quesito reuniria, hoje, a preferência do chefe. De outro lado porque, com certeza, cultiva a ambição de chefiar o Executivo local e, portanto, põe em marcha um plano articulado de médio prazo. Não se elegendo agora, ter-se-á projetado o suficiente para adquirir o direito de reivindicar a candidatura em 2012. Sendo eleito, tornar-se-á nome preferencial. Não haverá força política capaz de obstaculizar seu caminho.

3 – Agora, vem a parte menos confortável da história. Com tantas ambições no campo governista, explícitas ou veladas, para emplacar a candidatura a prefeito daqui a três anos, Gerson se tornará o foco dos azedumes. Já hoje é alvo de ciumeiras aqui e acolá, exatamente pelo prestígio ilimitado de que desfruta dentro da administração. Essas reações vão se tornar muito mais agudas, tendo em vista a vantagem de alguns corpos – ainda que teóricas – com que Gerson sairá à frente na raia eleitoral de 2012. Ele será obstáculo, talvez mais do que concorrentes do rol oposicionista, às pretensões de governistas ávidos e, por que não dizer, alguns iludidos.

4 – Em outras palavras, a partir de agora, Gerson Rossi Junior muito provavelmente, ou com toda certeza mesmo, vai passar a enfrentar o desconfortável calor do fogo amigo. E administrar esse tipo de relação política é muito difícil, mas muito mais difícil do que defrontar-se com inimigos. A estes, não só é fácil identificar como é mais fácil armar-se para a defesa e formular as estratégias para os ataques. Já de oponente íntimo, de dentro de casa, nunca se sabe que ataque virá, a que hora, por qual lado e com quais armas. Imagino que, embora ainda jovem, Gerson possua, desde já, a noção do torvelinho em que está se metendo. De qualquer modo, crente como é, deve repetir suas visitas à Aparecida em busca de bênçãos. Vai precisar.