sábado, 13 de fevereiro de 2010

Só agora perceberam

Em 18 de outubro de 2008, O POPULAR publicou a seguinte manchete de capa: “Secretário sugere pedágio entre Mogi Mirim e Mogi Guaçu”.

Fazia referência à intenção do Estado em desdobrar o pedágio de Jaguariúna, fracionando a tarifa.

A declaração, dada em Campinas, era do secretário dos Transportes, Mauro Arce.

Pelo visto, a informação não deu causa à menor reação no térreo e no andar de cima do Paço Municipal.

Com certeza, agora todos vão correr atrás, porque o que era uma possibilidade, ano e meio atrás, agora é realidade iminente.

Arruma outra, né 'mané'

O telefone é uma das mais importantes invenções de que o homem desfruta. Agiliza, aproxima, resolve, é um amigão. Mas, também é um belíssimo escudo para muitos se esconderem. No telefone, é fácil mandar dizer que não se está e dar outras tantas esfarrapadas e surradas desculpas.

Esta semana, por exemplo, tentei, por duas vezes, falar com um diretor da Prefeitura. Na primeira, ouvi como resposta que só retornaria do almoço após as três horas da tarde.

Na segunda, a gentil atendente pediu minha identificação, silenciou por instantes e veio com a resposta; “ele está em reunião”.

Desde minhas primeiras experiências com administração pública, ainda na década de 60, essa já era uma desculpa considerada velha, ultrapassada.

Educada mentira, digo eu. Parafraseando Gilberto Doná, colega há anos falecido: essa desculpa é mais antiga que a flatulência de Adão. Com perdão do caráter escroto da frase.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Oposição sem projeto

Se um governo sem projeto é algo muito ruim, não é menos grave uma oposição sem projeto.

“Mas, como?”, indagarão os amigos. “Oposição não governa”. De fato. Mas é, na relação de poderes, co-partícipe da administração, seja da cidade, do Estado ou da União.

Pois é o que acontece aqui. É certo que os opositores do governo municipal instalados na Câmara têm mãos e pernas curtas. De origem, são três. Com Maria Helena, embora tucana, chega a quatro. Episodicamente, com os espasmos de Robertinho, vai a cinco. Não tem poder decisório, portanto. Mas, de pior é o fato de não expressar a menor organicidade.

A conduta é individualizada, na base do cada um por si. Será que se reúnem? Talvez o façam e eu é que sou mal informado. De todo modo, em plenário, não há foco definido.

Não há clareza daquilo em que os contrários divergem, senão pontualmente. Não estou aqui e me por em defesa de que, nas ações legislativas, prime a oposição só pelo meu prazer de ser contrário.
Apenas estou observando que, do modo como age, o saldo ao final dos quatro será igual a nada. Em outras palavras, terminará a legislatura sem conceber um projeto de oposição que seja capaz de mobilizar eleitores nas urnas e promover, portanto, a tão desejável rotatividade no poder.
É coisa de certo nonsense que um vereador se dedique a colher assinaturas de cidadãos para reivindicar melhorias na cidade, como vem fazendo Cinoê Duzo em relação ao Lavapés. Por que?

Ora, afinal o que é o vereador senão o porta-voz da comunidade, como seu representante legítimo – ao menos em tese. Fico entre duas hipóteses: ou o autor da iniciativa aproveita a ocasião para fazer seu marketing ou vereador não anda com a melhor das cotações junto ao Gabinete do Prefeito.

Com a agravante de que, no caso de Cinoê, ele integra a chamada base governista, que não é outra coisa senão aquela que apóia para desfrutar de facilidades.

A propósito dessa iniciativa de Cinoê Duzo, me ocorreu uma ideia. Se para pedir remendos na roupa velha do Lavapés vai-se às ruas ouvir o povo, buscar adesão, não é o caso de aplicar a mesma regra em relação a decisões que são submetidas aos vereadores?

Agora mesmo temos um exemplo: por que não colher assinaturas do povo para saber se está contra ou a favor do reajuste do IPTU, já materializado e enfiado goela abaixo dos contribuintes?

Por que não colhe assinaturas dos servidores municipais acerca da proposta de Carlos Nelson em cortar a assiduidade para conceder a fortuna de 9% de reajuste salarial?

Como não existe meia gravidez, não há meia democracia. Quero até acreditar que a mesma força que terá o abaixo assinado pró-Lavapés é a que teria procedimento semelhante em relação à questão de interesse do funcionalismo. Isto é, nenhuma. Mas, ao menos, o autor ficaria bem na cena.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Virada só no vizinho

Pelo segundo ano consecutivo, Mogi Guaçu vai receber o projeto Virada Cultural Paulista, que oferece, de graça, uma série de shows e apresentações artísticas as mais diversas.

Nada de bairrismo pelo fato de ser em Mogi Guaçu. Melhor assim do que nada. Guaçu é aqui pertinho. Como não tem aqui, é escolher a atração preferida e ir lá assistir.

Agora, será que a Prefeitura de Mogi Mirim manifestou algum interesse em trazer o evento para a cidade? Não há notícia a esse respeito. Suspeito, portanto, que não tenha havido interesse.

É curioso porque, ao contrário das festas de 1º. de Maio e 22 de Outubro, que aplaudo, a Virada Cultural Paulista nada custa às cidades, a não ser oferecer infraestrutura para a realização dos eventos. Os cachês dos artistas são pagos pelo Estado.
Alguém responde?

Chega de perder tempo

Acho que a cota de perda de tempo com Rivaldo já foi esgotada. Afora as habilidades futebolísticas com que brindou os mogimirianos, não de graça e nem por ação voluntária, sua relação com a cidade é de absoluto menosprezo. “Comprou” o Mogi Mirim para ganhar dinheiro e não para salvar o clube.
Quando está na cidade, se homizia em casa ou sabe-se onde. Lá de onde engorda ainda mais sua fortuna, emite despachos convocando torcedores a irem ao estádio prestigiar o time. Foi de lá também que disparou o torpedo que fez erodir o nome do Papa João Paulo II da frente do estádio.
Vai construir aqui? Sim, porque vai ser bom negócio construir para investir suas polpudas economias. Vai construir um centro esportivo na zona Leste? Vai, em compensação à brecha aberta na lei para que possa construir o que quer onde o que quer não caberia. Portanto, não está dando nada. Está, no máximo, no máximo, trocando.
Esse é Rivaldo. Com todos os seus direitos, é verdade. Mas, nada é além disso. Um endinheirado da bola. Só. Para que perder tempo com ele. Tanto quanto todos os mortais, vai passar.

Artimanhas

1 – Não sei, mas fico com a impressão de que Carlos Nelson colocou em tremenda saia justa o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Antonio Maciel de Oliveira. É simples: o prefeito se dispõe a dar 9% de aumento salarial ao funcionalismo, sob a condição de extinguir o adicional por assiduidade.
Segundo o que corre, 40% dos servidores recebem o benefício. Por óbvio, estes não terão a menor simpatia por perder o adicional. Os 60% que não o recebem estão – como de resto todo o quadro de servidores – por um reajuste que não vem desde abril de 2008. De que lado fica Toninho? Abraça os 9% nas condições propostas pelo prefeito, sob o risco de causar a reação dos que perdem o adicional? Ou briga por ambas as coisas, sob a ameaça de o percentual de reajuste sofrer redução e desagradar todo mundo, uma vez que Carlos Nelson alega não haver caixa para suportar as duas despesas? Por enquanto, Maciel prefere o silêncio.

2 – Todavia, não será só de Toninho Maciel o privilégio da saia justa. Mais uma vez, como aconteceu por ocasião da revisão do IPTU, a bancada aliada também será posta sob mais um dilema, se o projeto de Carlos Nelson chegar à Câmara na formatação com que está no forno. No caso do IPTU, como ficou evidenciado na segunda-feira, já há sentimentos de arrependimento. Ou, no mínimo, de que entre o discurso e a realidade, ficou aberto um fosso do tamanha do Atlântico, uma vez que pipocam os casos de reajuste de mais de 200% no tributo. O fato é que ser governo oferece bônus e cobra ônus.

3 – Na questão do reajuste proposto pelo prefeito, o argumento é de que 9% correspondem ao dobro do IPCA de 2009, que ficou em 4,31%. A conta ignora o IPCA de 2008, fechado em 5,9%. O rombo inflacionário, portanto, é de 10,21%, já que desde abril de 2008 os servidores não têm os salários corrigidos. No ano passado, não houve Cristo que conseguisse convencer o prefeito a reajustar a remuneração do funcionalismo, que passou a seco.