sábado, 2 de julho de 2011

Rigor, espada e humor

1 – Querer fazer crer que a greve das servidoras das creches teve motivação política, como ouvi e li, é ofender a categoria e debochar da inteligência dos cidadãos. Essa velha ladainha, muito afeita aos totalitários, já está fora de modo há muito tempo. Greve é, por natureza, uma mobilização de natureza política, pois pressupõe o exercício do direito de pressão e a manifestação de sentimento contrário ao de quem governa. Aí acabou sua coloração política para ser, como foi a desta semana, uma ação de puro interesse profissional. Se vereadores estiveram presentes em uma das assembleias, estiveram inclusive representantes governistas. O resumo é o seguinte: aprenda-se, antes do fim dos tempos, a conviver com o contrário.

2 – Vencida a greve, imaginava eu que o governo municipal, num instante de sensibilidade social, fosse buscar harmonizar-se com os profissionais até há pouco rebelados. Não. Fez o contrário. Brandiu a espada. Vai descontar os dias parados. Sim. Vamos aos argumentos: dias parados têm mesmo que ser descontados. Quem não trabalha não deve ganhar. Note-se, entretanto, que as profissionais que prestam serviços às creches não cruzaram os braços simplesmente para gozar o ócio. Não adotaram uma atitude de vagabundagem. Usaram a prerrogativa mais do que conhecida de, pela suspensão das atividades, chamar o patrão para conversar. Todavia, não são todos que empunham espadas que são capazes de atitudes equilibradas, sensatas e de caráter harmonizador. Alguns não sabem conversar em certas circunstâncias se não for com elas desembainhadas e prontas a espetar.

3 – Roubo jargão de Chacrinha: OK my boy. Cobrem-se os dias das servidoras. Mas, então façam o favor, também, de cobrar o dia em que Rogério Esperança e Carlos Di Martini, ambos da turma do holerite, passaram o expediente pleno em São Paulo, cuidando de interesses do PDT, partido ao qual são filiados. Cobrem-se as horas de diretores e assessores recrutados recentemente ao Gabinete do Prefeito, em pleno horário de trabalho, para fazer claque a entrevista do burgomeste – com licença dos irmãos Adib e Nagib Chaib, proprietários da marca – em torno de assuntos relativos ao seu partido, o PSDB. Enfim, rigor é rigor para amigos e inimigos. Ou será que aqui terá sido restabelecida a máxima do ‘aos amigos tudo, aos inimigos a lei’?

4 – Uma pitadinha de humor vai bem pós-azedume. Conversávamos Fernando Chaib, Carlinhos Bernardi, Bira Martinelli e eu no lugar de sempre. Menos afeito à política, Bira se retirou um pouco antes, depois de uma boa e proveitosa conversa. De repente, nos damos as mãos em despedida e Carlinhos Bernardi, com a maior naturalidade, nos dá a notícia: “vou ao Gabinete pedir minha desfiliação do PPS”. A expressão não deixa dúvida quanto à particularidade dos tempos que andamos vivendo em nossa bicentenária. Claro que caímos os três em gargalhadas. Cada um tomou seu rumo. Carlinhos foi à sede do PPS.

Um comentário:

Joninhas disse...

Acorda, Mogi!!!