sábado, 9 de julho de 2011

A podridão. Há!

1 – Sabe quando alguns assuntos se tornam inconvenientes? Aqueles que sempre que são tratados no face a face causam repelência? Aquelas histórias das quais quase todo mundo – especialmente os que têm alguma proximidade com elas – querem distância? Pois, a cidade está vivendo esse momento e episódios dessa natureza. Quando abordados, o que mais se ouve é a velha expressão humorística atribuída a Maluf: ‘não estou nem aqui’. É um momento rico sob o ponto de vista da mentira, se é possível dizer que faltar com a verdade enriquece. Ninguém sabe, ninguém viu nada. É o cinismo estabelecido.

2 – O fabricante de óleo de peroba encontraria mercado generoso na cidade, nestes tempos, tantos são os exemplares das caras de pau que se movimentam por ruas, praças, ladeiras, avenidas e repartições públicas. Sobre as dúvidas e névoas que se lançam sobre o ambiente não são poucos aqueles que teriam testemunho decisivo a oferecer. Alguns na condição mesmo de atores de cenas tenebrosas, definição que tomo da letra de Chico Buarque.

3 – Mandam certas regras que, diante questionamentos, sejamos surdos, cegos e mudos. Do contrário, as conseqüências serão impensáveis, mas certamente arrasadoras. Em português sem curvas: tem gente que sabe de operações cabulosas ou, quando no mínimo, moral e legalmente fora de padrão, mas se recolhe à falsidade do não sei. Ora para protegerem, ora para se protegerem.

4 – A cidade não está vivendo momento invejável. Pelo contrário, deplorável. Afinal, ecoam desconfianças sobre personalidades de sua elite política que, com certeza, não serão bons exemplos para as nossas criancinhas. Se não se pode punir sem que todas as evidências se tornem incontestáveis, cabais, definitivas, do mesmo modo não se pode tolerar certa benevolência evidente, que mais parece conluio, associação, cumplicidade. Minha colega jornalista Claudete Borges de Campos, hoje em Americana, costumava falar em “gente graúda”. Pois tem “gente graúda” que sabe de pecados de “gente graúda”, mas prefere negar conhecimento, no que é, no mínimo, notória contravenção religiosa.

5 – Não me esqueço da frase que ouvi de Ademarzinho de Barros, entre o final do governo de Jamil Bacar e o início do primeiro de Paulo Silva: sintetizada mais ou menos no seguinte: não há governo em que não haja corrupção. Assino em baixo. E algumas pessoas só não assinam pela posição geográfica que ocupam – estão do lado de dentro. Não tenho desconfianças. Sou convicto. Ilustres próceres do poder também. Infelizmente, a covardia e a conveniência os abate, esquecidos de que, se a Justiça não cobrar o preço, com certeza a história o fará. Implacavelmente com todos.

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