1 – Em algumas situações, parto de algumas premissas para avaliar certos fatos. Às vezes, isso me custa algumas pechas, mas faz parte do jogo. O caso presente é o que foi protagonizado por Maurício Gusmão, ex-auxiliar do governo municipal. Fez gravíssimas acusações. Quanto estas acusações têm de veracidade? Não sou capaz de avaliar. Mas, penso assim: em que circunstância alguém iria à Câmara Municipal lançar violentos ataques a autoridades públicas, ofendendo-as inclusive em sua reputação? Respondo: com alguma convicção de verdade ou, ao contrário, movido por insano ódio político ou inteiramente descontrolado mentalmente para inventar as histórias. 2 – Gusmão tem a lhe dar crédito o fato de, por certo tempo, ter habitado a intimidade do governo, inclusive como figura proeminente do partido a que pertenceu o prefeito, antes de tomar de assalto o PSDB. Foi dizer na Câmara ter havido desvio de sacos de cimento no âmbito do Departamento de Serviços Municipais. Disse ter ouvido a versão de Benedito Sechinato, o Pito, ex-assessor do DSM, onde viveu às turras com o titular do departamento, Fábio Mota. Por que diria ter ouvido de Pito, se de fato não tivesse ouvido? Onde arrumou o número, que teria sido de mais de 30 sacos de cimento? São coisas intrigantes, como ficou no que destino teria sido dado ao material desviado. 3 – Em síntese, o caso é grave. Gravíssimo. Para qualquer dos lados. Se verdadeiro, haverá de ser promovida rigorosa punição a todos quantos tenham se envolvido no episódio. “Duela a quem duela”, diria Fernando Collor de Mello em seu inesquecível e péssimo espanhol. E, desta vez, a Câmara não está diante de um caso já em tramitação na esfera da Justiça, mas com uma denúncia fresquinha, acerca da qual ainda não há instaurado qualquer procedimento investigativo. Se Gusmão inventou essa história, terá que pagar o caro preço da irresponsabilidade, da falsa denúncia, da calúnia, da difamação, de tudo em que se caracterize a falsidade trombeteada para a cidade inteira ouvir. 4 – Essas coisas me remetem para alguns anos atrás, a uma conversa com Ademarzinho de Barros, quando Paulo Silva havia acabado de tomar posse no cargo de prefeito, sucedendo Jamil Bacar. Paulo fez campanha com discurso moralista, empunhando até uma vassoura defronte ao Paço Municipal, após consagrado nas urnas. Era o símbolo de que havia sujeira e de que executaria a limpeza. Aí que ouvi de Ademarzinho a frase de que há corrupção em todos os governos. Nenhum escapa. Não porque todos os governantes sejam corruptos, mas porque nenhum deles é capaz de manter controle absoluto sobre a máquina. Em algum lugar sempre haverá um ralo a fazer vazar lama, por mais que o governante se assemelhe a uma vestal. E quanto mais a estrutura se agiganta, mais se torna incontrolável. Ainda mais quando os governos são compostos a partir de conveniências e relações de ocasião. A política é cruel – não se esqueçam.
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