sábado, 16 de abril de 2011

Em política não há mártires

O sr. Carlos Nelson Bueno, prefeito municipal de Mogi Mirim, repetiu lamentações nos últimos dias em virtude de algumas contrariedades políticas que está enfrentando. Contrariedades oriundas de críticas e questionamentos não necessariamente de oponentes, mas inclusive de dois representantes de seu próprio partido, o PSDB, na Câmara Municipal. Em certa passagem, o experiente político, com vários mandatos de prefeito municipal em duas cidades, de deputado estadual e de deputado federal, queixou-se de se sentir como se tivesse sido ‘condenado’ e não eleito para ser prefeito de Mogi Mirim, tantos os aborrecimentos a que tem sido levado. Em princípio, é estranho que alguém com tão largo e longevo currículo se pegue surpreendido e, portanto, contrafeito com as estocadas que leva dos que não lhe beijam a mão. A crítica, inclusive a não nobre, é inerente à vida política e inevitável a quem vai aos palanques em busca de mandato eletivo. Desse modo, críticas, acusações, denúncias, reclamações e tudo o mais que desagrade deve ser respondido com clareza e argumentos, não necessariamente, aliás, com bravatas e rompâncias, mas sobriedade e fundamentação capaz de convencer os cidadãos, que é a quem, aliás, deve satisfações. Se a oposição excede, e às excede mesmo, não é causa para chororô e nem muito menos para se fazer de vítima, erigindo-se à condição de mártir. Em política, diga-se, não há mártires. Há os que cumprem o dever e compreendem quais são as responsabilidades de seu mandato e os outros. Entre os outros figuram, por exemplo, aqueles que esbravejam e ameaçam, brandindo espadas pretensamente ameaçadoras. Mas, vendo por outro ângulo, as reações de Sua Excelência representam uma contribuição importante, um serviço prestado ao amanhã. Em pouco mais de um ano, estará sendo eleito o prefeito que governará Mogi Mirim pelos quatro anos seguintes – ou quem sabe cinco, se a legislação mudar. E, desde já, têm sido númerosos os pretendentes, fazendo prever que talvez se tenha uma das eleições municipais mais disputadas sob o ponto de vista numérico de candidato. As queixas do atual prefeito são um aviso, uma advertência e um ensinamento aos que se oferecerão à difícil tarefa de gerir os interesses dos quase 90 mil mogimirianos. Saberão que a posse da cadeira mais importante da cidade implicará receber afagos e sofrer petardos dos contrários. Se não querem sofrer os mesmos dissabores dos quais se queixa o experiente e calejado atual chefe do Executivo Municipal, que nem se metam à aventura, porque com qualquer que seja o escolhido não será diferente. Disporá de apoios e enfrentará críticos. Assim, não terão o direito de repetir as lamentações ecoadas insistentemente nos últimos dias, desde que devidamente advertidos de que governar pode equivaler à condenação de que fala o sr. Carlos Nelson Bueno. O mandato eletivo, como se sabe e aqui é repetido com cansativa insistência, é um compromisso voluntário, uma tarefa à qual ninguém é levado à força. O sr. Carlos Nelson, por exemplo, quis ser prefeito de Mogi Mirim. Já o é pela segunda vez, como duas vezes foi em Mogi Guaçu. Sempre porque quis. Quem o suceder, o sucederá por vontade própria. Sem direito de esperar a misericórdia de quem quer que seja.

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