domingo, 12 de junho de 2011

O ensinamento de Rogê

1 – Campanhas eleitorais sempre deixam memórias, lembranças, às vezes curiosas, outras deploráveis. Um desses momentos inesquecíveis foi vivido durante campanha para o governo do Estado em ano que não me recordo, mas sei que era na sucessão de Paulo Maluf. Sei que veio a Mogi Mirim o candidato Rogê Ferreira. Era do PDT. Não reunia chances de vencer as eleições, mas marcava a posição do brizolismo em São Paulo, onde o líder trabalhista gaúcho Leonel Brizola nunca foi possuidor de eleitorado substancial. Em determinado momento da entrevista coletiva, Rogê sacou uma frase que ficou célebre: “se há uma razão pela qual eu quero ser governador é para acabar com a Paulipetro”.

2 – A Paulipetro foi uma estatal paulista criada por Maluf, a pretexto de prospectar petróleo, que jamais produziu coisa alguma. Mas, o fato é que Rogê delimitou bem a meta que cumpriria se entronizado no Palácio dos Bandeirantes. É um ensinamento da história, que quando lida atentamente sempre fornece bons sinais. Ter meta, objetivo definido, é o mínimo a esperar de quem pleiteia um mandato executivo. O que é válido para qualquer instância, inclusive municipal, inclusive aqui em Mogi Mirim. Como é possível empreender se não há um objetivo estabelecido, um ponto a ser alcançado no horizonte? Se não me engano foi Magalhães Teixeira, prefeito de Campinas, o autor da frase segundo a qual governar é eleger prioridades, uma vez que, dizia, é o mesmo que administrar escassez.

3 – Naturalmente que Rogê Ferreira fixou um horizonte simbólico e de notório caráter política, já que era praticamente consensual entre os paulistas que a Paulipetro era uma aventura irresponsável que, como acabou acontecendo, consumiria fortunas de recursos do Estado sem achar uma gota do óleo mais vagabundo. Pode ser que hoje – ou melhor, no ano que vem – seja o caso de alguém eleger igualmente um foco semelhante ao proposto por Rogê. Um alvo simbólico, por assim dizer. Não escolher nenhum será um imperdoável e perigoso erro.

4 – Não sei se Mogi Mirim teria hoje uma Paulipetro para ser desativada. Se me entendem, algo em profundo desacordo com o senso comum. Mas, quem quiser ser prefeito da cidade, não sendo do grupo político controlado por Carlos Nelson, terá que encontrar seu foco, seu alvo, sua meta, de tal modo a levar aos eleitores uma ideia concreta acerca do quanto pretende inverter os rumos do governo da cidade.

5 – Por enquanto, a discurseira que se ouve tem caráter extremamente difuso, fragmentado, espalhando tentáculos por todos os lados. Com alguma experiência, os tribunos devem saber que assim é difícil e que será necessário inocular uma ideia fixa na cabeça dos cidadãos. Carlos Nelson operou com a ideia fixa de que iria resolver os problemas da saúde. Ganhou a eleição...

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