terça-feira, 28 de junho de 2011

Mudar para ficar como está

Quatro partidos políticos locais estão passando por processos de reorganização interna, determinados por diferentes fatores. Desde logo, entretanto, não é prudente esperar que dessas ebulições intestinais resultarão algo que não seja o mesmo do que se tem conhecimento até hoje. Isto é, as tendências são as de que continuem sendo feudos a serviço de grupos.

Seria, acaso, demasiadamente precipitado fazer tal afirmação quando nem tudo está ainda devidamente claro e, para usar uma expressão nada inovadora, há ainda caudalosos rios a passarem por baixo de muitas pontes? Poderia ser não fossem as evidências e as circunstâncias que dão origem aos fatos presentes.

Os processos não são presididos pelo interesse de oxigenar as siglas, enriquecê-las, democratizá-las, ampliar sua abrangência no sentido de abrigar mais representações da sociedade, de preferência também mais diversificadas. O lançamento de um olhar que não seja o da ingenuidade não deixa dúvida quanto ao esforço de mudar para deixar precisamente do jeito que está, apenas direcionando os ventos na direção da bituca que convém.

É assim com o PMDB, com o PDT e com o PTB. Estão ora salvando dedos para não ficar sem eles e os anéis. Em um caso aqui, um caso ali, não estão fazendo nada além de garantir a permanência do status quo, de modo a que na hora das decisões todos possam estar contemplados nos seus interesses.

É curioso – para não dizer que é uma tragédia – o fato de em qualquer instante se ouvir, sequer por distante, ouvir que as escaramuças tenham por foco os interesses do município. Não há notícia de uma nova ideia, de um rabisco parco e miserável que tenha por alvo central o futuro da cidade. Rigorosamente, em todos os casos seguramente sem qualquer exceção, está em jogo a defesa da própria pele, a conservação dos privilégios.

O PSDB dispensa exame mais aprofundado para constatar-se seu viés, sob as garras que está do governo municipal, a poder do peso dos contracheques. O que lhe nutria de autenticidade sucumbiu. É uma repartição burocrática e nada mais. O PMDB sofre chacoalhão da direção estadual pós-morte de seu então dominador, o ex-governador Orestes Quércia. Mais do que isso, não acena com nada que possa causar algum entusiasmo.

Os trabalhistas – trabalhistas? – PTB e PDT não experimentam momento mais animador. O primeiro se esforça para continuar sendo o mesmo, sempre confesso à filosofia do ‘se há governo, sou a favor’. É em Brasília, em São Paulo e aqui. Por último, o PDT jamais conseguiu expressar uma personalidade própria, uma face que se pudesse dizer que era morena, clara, amarela ou mestiça.

Sua revolução interna a que fim pretende alcançar? Unicamente a assegurar legenda à candidatura de seu atual presidente provisório, Gustavo Stupp. Mais do que a isso não se esclarece, não se revela. Eis, pois, o panorama que se descortina. Eis porque é inevitável concluir que, se for depender de partidos políticos revitalizados e de fato autênticos, Mogi Mirim estará, em 2012, atrasada algumas décadas.

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