sábado, 30 de agosto de 2008

A quem entregar R$ 850 milhões?

Todas as razões conduzem a sugerir que o eleitor seja extremamente rigoroso ao tomar suas decisões. Em especial, neste momento em que está às vésperas de eleger o prefeito, o vice-prefeito e os vereadores.
A eles incumbirá o gerenciamento dos interesses mais próximos dos cidadãos, pelos quatro anos seguintes. Más escolhas têm seus preços e conseqüências. Daí a imperiosidade do cuidado e da reflexão para não cair em armadilhas das quais os eleitores não serão capazes de se livrar senão ao final dos mandatos dos eleitos.
O jornal O POPULAR forneceu um dado, em sua edição de 23 deste mês, que reforça a exigência de atitude madura e responsável. Obedecendo à evolução que tem se verificada nos últimos anos e à projeção de receita para o exercício de 2009, a Prefeitura deverá arrecadar, na quadra de 2009 a 2012, a fortuna de R$ 850 milhões.
A média deverá ficar em torno de R$ 200 milhões anuais. Pode variar algo para menos, algo para mais. Mas, exceto se a economia do país engatar marcha à ré, os números não deverão ser muito diferentes. Sendo assim, é desnecessário dizer que não se entrega um cheque endossado de R$ 850 milhões a qualquer portador.
De um lado, porque é muito dinheiro, que precisa ser bem utilizado em face do interesse dos cidadãos. De outro, porque essa montanha de recursos não despencará dos galhos das árvores da Praça Rui Barbosa, mas sairá dos bolsos de cada mogimiriano. Desde os abastados até aqueles que lutam contra a miséria nos grotões da cidade.
E quem será o beneficiário desse cheque? Não será apenas o prefeito, de modo individual, embora concentre poderes quase ilimitados para a aplicação dos recursos públicos. Serão ele e os vereadores que forem conduzidos a representar a sociedade na Câmara Municipal.
A estes, como é sabido, cabe a alta responsabilidade de examinar, através das peças orçamentárias, de que modo, onde e em que o Executivo pretende aplicar as verbas oriundas dos tributos. São os vereadores, em outras palavras, que apõem endosso a esse cheque de valor invejável.
A gravidade do momento, portanto, parece estar muito evidente. Apertar as teclas da urna eletrônica, assim, não corresponderá apenas cumprir um dever de cidadão para estar em dia com as exigências legais. E não deverá ser, muito menos, uma atitude de gratidão ou simpatia por este ou aquele candidato. Precisará ser uma atitude madura, refletida, consciente e responsável. Exceto se o destino que poderá ser dado aos nada módicos R$ 850 milhões não tiver a menor importância.
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Editorial de O POPULAR, publicado na edição deste sábado, 30 de agosto.

sábado, 23 de agosto de 2008

Esporte é excelência

Cada vez mais, as Olimpíadas deixam o ensinamento de que esporte é excelência. Talentos isolados, cada vez mais, deixam de ter peso decisivo nas competições, mesmo quando individuais. Mesmo os talentos não prescindem da preparação, sempre essencial.

Para alcançar a excelência, antes e acima de tudo é necessário bom suprimento de recursos financeiros. A excelência, que traduzo por qualidade superior, esta diretamente ligada a dinheiro. Por maiores que sejam os esforços humanos, não se chega ao cume sem investimento.

Esta é, aliás, a grande diferença entre países que investem pesadamente no esporte como instrumento do aprimoramento humano e aqueles que fazem de conta. Caso do Brasil, um país que historicamente não possui política alguma no campo do esporte.

Por aqui, o que temos são exceções. Potencializado desde Luciano do Valle, o vôlei é uma dessas exceções. Bom produto de marketing, atrai investidores. O futebol feminino, ao contrário, padece da indigência financeira. Outras modalidades idem.

Mas, e o futebol, com a enormidade de apelo que possui, por que não chega? Porque é tratado ainda pela visão primária de que Deus nos elegeu como os melhores do mundo e isto basta. Pois não basta mais, como outra vez ficou demonstrado em Pequim.

É fato que vivemos estágio muito melhor, com inconteste evolução. Mas, ainda estamos muito distantes de nos ombrearmos com as chamadas grandes potências. Do ponto de vista de preparação de gerações, ainda estamos no nível do amadorismo e na dependência de esforços pessoais. Assim, os resultados que colhemos não podem mesmo ser outros.

sábado, 9 de agosto de 2008

Tempo jogado fora

O PTB e, por tabela, o grupo governista, perdeu um mês de campanha eleitoral à espera de uma definição sobre a situação do vereador José dos Santos Moreno. Desde o início, todos sabiam que as chances de sucesso de Mogiano eram iguais a zero.

Estocado por uma condenação transitada em julgado, Mogiano ouviu conselheiros demais. Logo no primeiro momento, um reputadíssimo advogado de Campinas deixou claro que era um caso perdido.

Mogiano insistiu, o tempo passou e ele está fora da eleição. Fez um mês de campanha inútil. Quem o substituir vai ter que começar do zero. Afinal, não há ser humano capaz de transferir prestígio e votos integralmente.

O PTB vai sofrer sério prejuízo na composição da futura Câmara, por ter cometido um erro primário do ponto de vista de estratégia político-eleitoral. Mas, cada um amarra o cavalo onde quer, não é mesmo?

sábado, 2 de agosto de 2008

Carreiras em extinção

Costumo dizer que campanha eleitoral é sempre cruel. Não há limites. Digo, agora, que as eleições são cruéis. Produzem escassas alegrias e enormes decepções. É muita gente para poucas vagas, sendo 10 ou 17, no caso de Mogi Mirim.

Pois é. Nestas eleições, tudo vai se repetir. Com um adendo: algumas carreiras políticas vão ser encerradas. Em alguns casos, já poderiam ter terminado por deliberação própria. Como isso não aconteceu, será pela sentença das urnas. Ou, pela voz do povo, para usar o popularesco.

De tanto olhar o cenário, chego à conclusão de que o ambiente em que mais prevalece a teimosia é o da política. Muitos personagens não se dão conta do seu esgotamento e insistem, insistem, insistem.

Infelizmente, é rara a virtude do saber parar na hora certa. Tão rara que o maior exemplo vem do maior gênio que o futebol produziu em toda sua centenária história. Pelé foi sábio. Ao contrário de teimosos, que além de nada terem de gênio, ainda são burros.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Previsível

Pesquisas não são sentenças. Não são dados prontos e acabados. Fotografam determinado momento. Mas, é claro que os números revelados pela pesquisa encomendada por O POPULAR à Limite Consultoria são extremamente gritantes para não dizer que o prefeito Carlos Nelson está com a mão na taça.

Aliás, os números constatados confirmam a sensação captada pelo toque na pele. Há uma convicção forte nas ruas de que o prefeito levam uma grande vantagem. Pela soma de fatores. Pelo resultado de seu governo e pela fragilidade dos concorrentes.

Não se trata de dizer que os concorrentes são fracos em si. As circunstâncias os tornam pouco competitivos. Todas as três candidaturas – Mauro Nunes Junior, Ederaldo Moreno e Jarbas Caroni – se projetaram muito tardiamente.

Rigorosamente, Carlos Nelson não enfrentou oposição alguma em seu governo, exceto por manifestações isoladas, sem foco e inconseqüentes. A oposição não se construiu. Me dá a impressão de que todo mundo ficou esperando que, uma hora ou outra, Paulo Silva se decidiria a disputar. E o ex-prefeito se agarrou à recusa e dela não se despregou.

Os 60% de intenções de voto de Carlos Nelson se explicam, portanto. Navegou em céu de brigadeiro o tempo todo. Não houve liderança que tenha conseguido se contrapor ao prefeito e a seu governo, de modo a se viabilizar para a disputa.

Assim, a estrada à frente é plana e confortável para o atual prefeito. De todo modo, é sempre bom ter presente o velho axioma: em mineração e eleição, só se conhece o resultado depois da apuração.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Não se espantem

Não faz muito tempo que Severino Cavalcante foi conduzido à presidência da Câmara dos Deputados, um dos mais altos poderes da República. Do posto, o tosco político pernambucano só foi apeado em virtude de uma bobagem que praticou, numa relação promíscua com o concessionário do restaurante da Casa.
Ao longo dos tempos, as casas do Congresso Nacional já abrigaram figuras semelhantes. Fenômeno que se repete e, por conseqüência, se espalha por todo o país. E que não afeta apenas as casas legislativas, mas aos executivos também. Não são poucas, nesse Brasil imenso, as figuras simplórias erigidas a mandatárias máximas de seu povo.
Ora, quando a relação de candidatos à Câmara Municipal causa certos arrepios, pela inclusão de nomes que o jargão político qualifica como exóticos, não está ocorrendo nada que esteja desacordo com nossa história política. E, mais do que isso, nada que não seja reflexo da predominância do baixo nível de formação intelectual da sociedade como um todo, por decorrência das deformações eternas e até aqui incorrigíveis da educação.
De um jeito ou de outro, aqueles que são ungidos a candidatos correspondem ao que os partidos têm por dentro e ao que faz parte do chamado tecido social. Não somos uma Suíça. Somos o Brasil, com os nossos intelectuais, os nossos ignorantes e os nossos excêntricos. Arrisco-me a dizer, talvez para aumentar os arrepios de alguns pelos mais sensíveis, que a presença dos excêntricos em listas partidárias, de algum modo, significa fazê-los representar como segmento social. Ou vamos viver cobertos pelo eterno cinismo?
Por último, duas coisas. Se os exóticos são execrados, responsáveis são pela reação as agremiações partidárias, que os abrigam como filiados e os apregoam no leilão do “quem dá mais voto”. Descerebrados, movidos por interesses mesquinhos – com as exceções de praxe – os partidos “não estão nem aí”.
A segunda e última observação a fazer diz respeito à responsabilidade do eleitor. Disse certo político, certa vez, que nenhum parlamentar chega ao Congresso Nacional ungido pelo Arcebispo da Diocese. Nada mais perfeito. Ora, se um dos esdrúxulos, que tanto mal-estar causam, chegar à Câmara Municipal, a responsabilidade terá cabido, em última e irrecorrível instância, ao eleitor. E ponto final.

domingo, 13 de julho de 2008

Campanhas

É de modéstia franciscana o volume de recursos que Ederaldo Moreno e Mauro Nunes Junior vão dispor para a campanha eleitoral. Mas, nada tem de anormal. Em Mogi Mirim, historicamente sempre foi assim. Jarbas Caroni é a exceção, ao estimar em R$ 300 mil o custo de sua aventura.
Mesmo quando Paulo Silva se elegeu por duas vezes, suas campanhas não desfrutaram de fortunas. Vários fatores levam a isso, entre os quais a questão do estilo. Por aqui, a chamada “esquerda” parece nutrir certa ojeriza a dinheiro, mesmo que este seja insubstituível em qualquer atividade humana.
Às vezes dá certo, como deu com Paulo. Na maioria delas, não. É difícil tornar uma candidatura visível sem o uso dos recursos da propaganda. E propaganda não se faz sem dinheiro.
Na circunstância atual, entretanto, me parece outra coisa. Realistas quanto às chances, as oposições agem tipicamente como quem vai cumprir tabela. E, para isso, não é necessário muito. Ou, ao contrário, é suficiente o mínimo.