sábado, 6 de setembro de 2008

Quem disse que não é chapa pura?

A campanha eleitoral já vai entrando na rua reta final. O clima é morno e o ritmo é lento. Coisa rara na história, como já observei antes. Sendo assim, há pouco que dizer. Mas, há o que dizer do período precedente, quando partidos e grupos políticos se mobilizavam para a definição de candidaturas.

Fiquei rouco de ouvir que, no caso da grei governista, seria impossível a montagem da chamada chapa pura. Isto é, Carlos Nelson e um vice do PSDB. Aliás, era o argumento pelo qual, em tese, o nome de Sidney Hugo de Carvalho perdia força, embora desfrutasse de toda simpatia de Carlos Nelson.

De fato, Sidney ficou pelo caminho. Um pouco também – acredito – pela sua relevância no atual governo, em que é o cérebro que pensa os projetos do prefeito. Então, Sidney acabo limado. Mas, quem disse que a solução mais tarde adotada mais tarde não caracterizou a tal chapa pura? O que é a composição Carlos Nelson-Flávia Rossi senão isso?

Para ser outra coisa, era indispensável que o vice saísse das costelas do PTB ou do PMDB, uma vez que as outras siglas jamais foram além de apêndices do tucanato. E não aconteceu. A professora Flávia, inegavelmente uma surpresa no cenário então desenhado, foi previamente recrutada para militar no PPS. E a operação que levou à cooptação do PPS para o grupo governista não se destinou a outra finalidade senão fazê-lo apêndice mesmo.

Então, deu-se por linhas tortas o que era recusado por parte dos aliados. Deu chapa pura, no sentido de que Flávia foi uma escolha da cota de Carlos Nelson, que assim levou os rios a correrem para o mar. E para que se verificasse o fenômeno, os partidos da base foram de incompetência exemplar – o que deve ter levado Carlos Nelson, pós-decisão, a sorver taças de vinho de melhor qualidade de sua requintada adega, em celebração ao sucesso da operação engendrada.

Seria o caso de dizer, ao final de tudo, que os aliados nunca foram tão aliados quando se manifestaram atrapalhadamente no afã de fazer emplacar o coadjuvante da chapa governista. Foram competentíssimos alfaiates, cortando e costurando o terno ao rigor exigido por Carlos Nelson. Então – para concluir – é chapa pura mesmo. Por enquanto não tem grande importância. O problema vai ser amanhã, se de fato, como os ventos sinalizam, Carlos Nelson continuar habitando o Paço Municipal por mais quatro anos.

sábado, 30 de agosto de 2008

Opção pelo conforto

Li um folheto do ex-prefeito Paulo Silva, com argumentos em favor de sua candidatura a vereador. Nada diferente do que é comum entre todos que tentam conquistar o voto do eleitor.

Me chamou a atenção, entretanto, uma particularidade. Paulo se propõe a lutar por moradia popular, moralização da administração pública, industrialização e por aí vai. Ora, inegavelmente teria muito mais condições de cumprir tais promessas como prefeito.

Como vereador, tudo não passa de um rosário de intenções que não vão se realizar, sobretudo se quem vier a governar a cidade nos próximos quatro anos não for de seu grupo político. O que parece quase um fato concreto.

A pergunta que meus neurônios não se cansam de fazer é exatamente essa: por que Paulo não é candidato a prefeito? Elegendo-se, teria a caneta na mão para realizar as tais intenções.

Salvo de prevalecer a impugnação de sua candidatura, é absolutamente certo que se elegerá para a Câmara. Já para a Prefeitura a conversa seria outra. Notoriamente, preferiu o conforto.

A quem entregar R$ 850 milhões?

Todas as razões conduzem a sugerir que o eleitor seja extremamente rigoroso ao tomar suas decisões. Em especial, neste momento em que está às vésperas de eleger o prefeito, o vice-prefeito e os vereadores.
A eles incumbirá o gerenciamento dos interesses mais próximos dos cidadãos, pelos quatro anos seguintes. Más escolhas têm seus preços e conseqüências. Daí a imperiosidade do cuidado e da reflexão para não cair em armadilhas das quais os eleitores não serão capazes de se livrar senão ao final dos mandatos dos eleitos.
O jornal O POPULAR forneceu um dado, em sua edição de 23 deste mês, que reforça a exigência de atitude madura e responsável. Obedecendo à evolução que tem se verificada nos últimos anos e à projeção de receita para o exercício de 2009, a Prefeitura deverá arrecadar, na quadra de 2009 a 2012, a fortuna de R$ 850 milhões.
A média deverá ficar em torno de R$ 200 milhões anuais. Pode variar algo para menos, algo para mais. Mas, exceto se a economia do país engatar marcha à ré, os números não deverão ser muito diferentes. Sendo assim, é desnecessário dizer que não se entrega um cheque endossado de R$ 850 milhões a qualquer portador.
De um lado, porque é muito dinheiro, que precisa ser bem utilizado em face do interesse dos cidadãos. De outro, porque essa montanha de recursos não despencará dos galhos das árvores da Praça Rui Barbosa, mas sairá dos bolsos de cada mogimiriano. Desde os abastados até aqueles que lutam contra a miséria nos grotões da cidade.
E quem será o beneficiário desse cheque? Não será apenas o prefeito, de modo individual, embora concentre poderes quase ilimitados para a aplicação dos recursos públicos. Serão ele e os vereadores que forem conduzidos a representar a sociedade na Câmara Municipal.
A estes, como é sabido, cabe a alta responsabilidade de examinar, através das peças orçamentárias, de que modo, onde e em que o Executivo pretende aplicar as verbas oriundas dos tributos. São os vereadores, em outras palavras, que apõem endosso a esse cheque de valor invejável.
A gravidade do momento, portanto, parece estar muito evidente. Apertar as teclas da urna eletrônica, assim, não corresponderá apenas cumprir um dever de cidadão para estar em dia com as exigências legais. E não deverá ser, muito menos, uma atitude de gratidão ou simpatia por este ou aquele candidato. Precisará ser uma atitude madura, refletida, consciente e responsável. Exceto se o destino que poderá ser dado aos nada módicos R$ 850 milhões não tiver a menor importância.
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Editorial de O POPULAR, publicado na edição deste sábado, 30 de agosto.

sábado, 23 de agosto de 2008

Esporte é excelência

Cada vez mais, as Olimpíadas deixam o ensinamento de que esporte é excelência. Talentos isolados, cada vez mais, deixam de ter peso decisivo nas competições, mesmo quando individuais. Mesmo os talentos não prescindem da preparação, sempre essencial.

Para alcançar a excelência, antes e acima de tudo é necessário bom suprimento de recursos financeiros. A excelência, que traduzo por qualidade superior, esta diretamente ligada a dinheiro. Por maiores que sejam os esforços humanos, não se chega ao cume sem investimento.

Esta é, aliás, a grande diferença entre países que investem pesadamente no esporte como instrumento do aprimoramento humano e aqueles que fazem de conta. Caso do Brasil, um país que historicamente não possui política alguma no campo do esporte.

Por aqui, o que temos são exceções. Potencializado desde Luciano do Valle, o vôlei é uma dessas exceções. Bom produto de marketing, atrai investidores. O futebol feminino, ao contrário, padece da indigência financeira. Outras modalidades idem.

Mas, e o futebol, com a enormidade de apelo que possui, por que não chega? Porque é tratado ainda pela visão primária de que Deus nos elegeu como os melhores do mundo e isto basta. Pois não basta mais, como outra vez ficou demonstrado em Pequim.

É fato que vivemos estágio muito melhor, com inconteste evolução. Mas, ainda estamos muito distantes de nos ombrearmos com as chamadas grandes potências. Do ponto de vista de preparação de gerações, ainda estamos no nível do amadorismo e na dependência de esforços pessoais. Assim, os resultados que colhemos não podem mesmo ser outros.

sábado, 9 de agosto de 2008

Tempo jogado fora

O PTB e, por tabela, o grupo governista, perdeu um mês de campanha eleitoral à espera de uma definição sobre a situação do vereador José dos Santos Moreno. Desde o início, todos sabiam que as chances de sucesso de Mogiano eram iguais a zero.

Estocado por uma condenação transitada em julgado, Mogiano ouviu conselheiros demais. Logo no primeiro momento, um reputadíssimo advogado de Campinas deixou claro que era um caso perdido.

Mogiano insistiu, o tempo passou e ele está fora da eleição. Fez um mês de campanha inútil. Quem o substituir vai ter que começar do zero. Afinal, não há ser humano capaz de transferir prestígio e votos integralmente.

O PTB vai sofrer sério prejuízo na composição da futura Câmara, por ter cometido um erro primário do ponto de vista de estratégia político-eleitoral. Mas, cada um amarra o cavalo onde quer, não é mesmo?

sábado, 2 de agosto de 2008

Carreiras em extinção

Costumo dizer que campanha eleitoral é sempre cruel. Não há limites. Digo, agora, que as eleições são cruéis. Produzem escassas alegrias e enormes decepções. É muita gente para poucas vagas, sendo 10 ou 17, no caso de Mogi Mirim.

Pois é. Nestas eleições, tudo vai se repetir. Com um adendo: algumas carreiras políticas vão ser encerradas. Em alguns casos, já poderiam ter terminado por deliberação própria. Como isso não aconteceu, será pela sentença das urnas. Ou, pela voz do povo, para usar o popularesco.

De tanto olhar o cenário, chego à conclusão de que o ambiente em que mais prevalece a teimosia é o da política. Muitos personagens não se dão conta do seu esgotamento e insistem, insistem, insistem.

Infelizmente, é rara a virtude do saber parar na hora certa. Tão rara que o maior exemplo vem do maior gênio que o futebol produziu em toda sua centenária história. Pelé foi sábio. Ao contrário de teimosos, que além de nada terem de gênio, ainda são burros.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Previsível

Pesquisas não são sentenças. Não são dados prontos e acabados. Fotografam determinado momento. Mas, é claro que os números revelados pela pesquisa encomendada por O POPULAR à Limite Consultoria são extremamente gritantes para não dizer que o prefeito Carlos Nelson está com a mão na taça.

Aliás, os números constatados confirmam a sensação captada pelo toque na pele. Há uma convicção forte nas ruas de que o prefeito levam uma grande vantagem. Pela soma de fatores. Pelo resultado de seu governo e pela fragilidade dos concorrentes.

Não se trata de dizer que os concorrentes são fracos em si. As circunstâncias os tornam pouco competitivos. Todas as três candidaturas – Mauro Nunes Junior, Ederaldo Moreno e Jarbas Caroni – se projetaram muito tardiamente.

Rigorosamente, Carlos Nelson não enfrentou oposição alguma em seu governo, exceto por manifestações isoladas, sem foco e inconseqüentes. A oposição não se construiu. Me dá a impressão de que todo mundo ficou esperando que, uma hora ou outra, Paulo Silva se decidiria a disputar. E o ex-prefeito se agarrou à recusa e dela não se despregou.

Os 60% de intenções de voto de Carlos Nelson se explicam, portanto. Navegou em céu de brigadeiro o tempo todo. Não houve liderança que tenha conseguido se contrapor ao prefeito e a seu governo, de modo a se viabilizar para a disputa.

Assim, a estrada à frente é plana e confortável para o atual prefeito. De todo modo, é sempre bom ter presente o velho axioma: em mineração e eleição, só se conhece o resultado depois da apuração.