sábado, 20 de março de 2010

Política sem fronteiras

1 – Quando Carlos Nelson venceu a primeira eleição para a Prefeitura de Mogi Mirim, ouvi de Luiz Róttoli, meu vizinho de Edifício Davoli, a seguinte brincadeira: “o Caveanha já chamou o caminhão para trazer a mudança dele para cá”. Gozava o fato de a cidade ter ‘importado’ um prefeito de Mogi Guaçu, atrás do qual, portanto, viria o outro. A cena me veio à memória, esta semana, após uma nota na coluna Da Fonte um texto que postei no site do jornal terem causado algum reboliço. A informação era de que Caveanha fora definido como candidato a deputado estadual pela região, como representante do PTB, com as bênçãos do diretório mogimiriano da sigla. No contexto, gestões seriam feitas para formular uma dobradinha do ex-prefeito com o federal Nelson Marquezelli.

2 – Mas, qual a relação entre uma coisa e outra? Simples. Estaria Mogi Mirim importando uma segunda personalidade política de Mogi Guaçu. Não se deve esquecer que, ao menos no âmbito das lideranças, o ex-prefeito de Itapira, Barros Munhoz, já está, há anos, indissoluvelmente abraçado pela cidade. Entre parênteses, diria que isso reflete, sem deixar qualquer dúvida, o desértico panorama local sob o ponto de vista de lideranças. Mas, voltando a Caveanha, com quem tive a oportunidade de trabalhar três vezes, julgo importante assinalar algumas diferenças. Enquanto Carlos Nelson e Barros Munhoz mantiveram sempre uma relação de proximidade com Mogi Mirim, desde o início de suas respectivas carreiras políticas, com Walter Caveanha foi o oposto. Ele sempre foi um político cidadesco, adstrito aos limites de Mogi Guaçu. Em Mogi Mirim, portanto, praticamente ignorado, sem militância, sem base alguma. Não fácil, então, de ser carregado. Eis, pois, a diferença.

3 – De qualquer forma, os acordos políticos consideram ou ignoram fatores conforme as conveniências. Se convém, pouco importa origem, intimidade e compromisso. Disto, aliás, os mogimirianos estão cansados de saber, tantos já foram os aventureiros que passaram por aqui, beberam dos nossos votos, deram um tchau, sumiram na estrada e foram cuidar de seus interesses. O vereador João Luis Teixeira ironizou discurso de um colega de Câmara, há alguns anos, quando este fazia proselitismo acerca da visita de um deputado de suas relações. Cunhou a inesquecível frase: “que venha, mas com dinheiro”. Eis aí o ‘xis’: muitos dos que passam por aqui não voltam nem com dinheiro, nem sem.

4 – O fato é que ainda veremos muito nos próximos seis meses. Com certeza, haverá receitas para todos os paladares, dos mais comuns aos mais refinados. Seremos agraciados com tapinhas nas costas por parte de gente que nunca vimos e que talvez, após outubro, não veremos mais mesmo. Cruzaremos com muitos ‘quase’ candidatos, abatidos logo nos primeiros tiroteios das guerras de bastidores. Não haverá lugar para todos e, como disse, as conveniências falarão mais alto. É assim. É do sistema. Por pior que ele seja. E é ruim mesmo, porque nele o que menos conta é o interesse publico.

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