1 – Era demais supor que não houvesse interferência do Gabinete do Prefeito no processo sucessório da Mesa da Câmara. Como houve há dois anos, era absolutamente previsível que se repetisse. Carlos Nelson não entregaria de bandeja o comando do Legislativo. Interferir é sempre uma atitude de risco, mas é menos perigoso do que deixar correr solto.
2 – Do modo como as coisas caminharam nos últimos 30 dias, o desfecho tornou-se imprevisível. Com toda certeza, se prossegue na trilha pela qual caminhava, o racha da Casa, e não apenas do governismo, seria fatal. Poderia acontecer qualquer coisa. Como, por exemoplo, do tipo que sucedeu, há alguns anos, na Câmara dos Deputados, quando dissensões do situacionismo deram a presidência ao semi-analfabeto pernambucano Severino Cavalcante.
3 – A Câmara de Mogi Mirim não tem, entre seus 17 representantes, um só com capacidade de liderança. É uma colcha de retalhos, quase todos os representantes localizados no mesmo plano e atuando de maneira inteiramente individualizada. Não há ação de conjunto, orgânica, com focos identificados. Atira-se para todos os lados, sem qualquer noção global do que é o município.
4 – Esse fator – seja como causa ou conseqüência – levou à exacerbação das vaidades e à multiplicação das candidaturas. Há aquele que se considera no direito de subir à presidência porque foi o mais votado nas urnas. Outros sustentam-se no argumento de que, por já exercerem mais de um mandato, são a bola da vez para comandar a Casa. Existem os que vêem na presidência a rampa de lançamento para a disputa da Prefeitura e, por fim, os que querem porque querem, alicerçados no fato de que no plenário todos são rigorosamente iguais em deveres e direitos.
5 – Testemunhei muitas eleições para a Mesa, mas não me recordo de ocasião como a de agora, com tantos voluntários se oferecendo ao escarneante sacrifício de ocupar o posto mais alto da Casa. Em cenário dessa natureza, a probabilidade de antever o nome de quem seria eleito na quarta-feira era tão simples quanto acertar as dezenas da mega sena do dia 31.
6 – Ora, se uma coisa não se pode dizer de Carlos Nelson é que seja bobo. Quando se recolhe a momentos de estranho silêncio não é porque esteja desatento ou desinteressado. É porque está maquinando e olhando pelas frestas as fragilidades em que pode lançar seus dardos. E, se não bastasse ser possuidor de enorme esperteza política, é o dono da caneta e sabe da incapacidade de seus pares resistirem ao seu discurso. De um lado porque não dispõem mesmo de argumentação que suba a um palmo do chão. De outro, porque dependem.
7 – Por fim, esclareço: não estou dizendo que sabia que aconteceria o que se deu na noite de quarta. Não estou me vangloriando. Estou apenas dizendo que não me surpreendi com a engenhosidade que pôs todo mundo de joelhos. Deverá haver um preço a ser pago. Só bom argumento também não costuma resolver nestas horas e em tais circunstâncias. Mas, com o calculismo do prefeito, esse preço será bem menor que se deixasse o controle do Legislativo cair em mãos não confiáveis. A eleição, em resumo, foi no Gabinete.
2 – Do modo como as coisas caminharam nos últimos 30 dias, o desfecho tornou-se imprevisível. Com toda certeza, se prossegue na trilha pela qual caminhava, o racha da Casa, e não apenas do governismo, seria fatal. Poderia acontecer qualquer coisa. Como, por exemoplo, do tipo que sucedeu, há alguns anos, na Câmara dos Deputados, quando dissensões do situacionismo deram a presidência ao semi-analfabeto pernambucano Severino Cavalcante.
3 – A Câmara de Mogi Mirim não tem, entre seus 17 representantes, um só com capacidade de liderança. É uma colcha de retalhos, quase todos os representantes localizados no mesmo plano e atuando de maneira inteiramente individualizada. Não há ação de conjunto, orgânica, com focos identificados. Atira-se para todos os lados, sem qualquer noção global do que é o município.
4 – Esse fator – seja como causa ou conseqüência – levou à exacerbação das vaidades e à multiplicação das candidaturas. Há aquele que se considera no direito de subir à presidência porque foi o mais votado nas urnas. Outros sustentam-se no argumento de que, por já exercerem mais de um mandato, são a bola da vez para comandar a Casa. Existem os que vêem na presidência a rampa de lançamento para a disputa da Prefeitura e, por fim, os que querem porque querem, alicerçados no fato de que no plenário todos são rigorosamente iguais em deveres e direitos.
5 – Testemunhei muitas eleições para a Mesa, mas não me recordo de ocasião como a de agora, com tantos voluntários se oferecendo ao escarneante sacrifício de ocupar o posto mais alto da Casa. Em cenário dessa natureza, a probabilidade de antever o nome de quem seria eleito na quarta-feira era tão simples quanto acertar as dezenas da mega sena do dia 31.
6 – Ora, se uma coisa não se pode dizer de Carlos Nelson é que seja bobo. Quando se recolhe a momentos de estranho silêncio não é porque esteja desatento ou desinteressado. É porque está maquinando e olhando pelas frestas as fragilidades em que pode lançar seus dardos. E, se não bastasse ser possuidor de enorme esperteza política, é o dono da caneta e sabe da incapacidade de seus pares resistirem ao seu discurso. De um lado porque não dispõem mesmo de argumentação que suba a um palmo do chão. De outro, porque dependem.
7 – Por fim, esclareço: não estou dizendo que sabia que aconteceria o que se deu na noite de quarta. Não estou me vangloriando. Estou apenas dizendo que não me surpreendi com a engenhosidade que pôs todo mundo de joelhos. Deverá haver um preço a ser pago. Só bom argumento também não costuma resolver nestas horas e em tais circunstâncias. Mas, com o calculismo do prefeito, esse preço será bem menor que se deixasse o controle do Legislativo cair em mãos não confiáveis. A eleição, em resumo, foi no Gabinete.
2 comentários:
depois do susto ja estamos esperando a proxima postagem Valter, vc tem muito q passar pros mais jovens ainda. Forza, Valter!
Saudacoes veronesas.
Grato, meu caro.
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