1 – Quando a seleção nacional foi campeã da Copa do Mundo do México, em 1970, o prefeito Adib Chaib deu o nome de “Brasil Tricampeão” à atual Avenida Luiz Gonzaga de Amoedo, que margeia o vale do Lavapés. Não sei se muitos se lembram disso, mas certamente ninguém esqueceu a conquista, que representou uma espécie de coroamento do futebol pátrio perante o mundo. Houve muita festa, muito entusiasmo depois, mas antes também houve uma enorme expectativa, uma grande ansiedade, diria até mesmo uma comoção. Ainda mais que o país se encontrava com a garganta apertada pelas restrições do regime militar. Avalio hoje, sem embasamento objetivo algum, é verdade, que a conquista significou a oportunidade de o povo por para fora o grito que estava represado na goela.
2 – Nem há ditadura, nem há sentimento contido, mas certamente não é por isso que percebo uma frieza generalizada em relação à disputa que vai começar na próxima terça-feira, quando o Brasil pode chegar ao dobro dos títulos que memoravelmente conquistou em 58, 62 e 70. Talvez até seja um erro de percepção de minha parte, estreitado que vou ficando cada vez mais nos meus limites de convivência, pela natural progressão da idade. Mas, não vejo discussão, abordagens acaloradas, manifestados de ansiedade como foi possível testemunhar em outras épocas. É possível que todo mundo esteja segurando o pedal, para acelerar depois da quebra do gelo, que é a primeira fase da competição. Não vejo riscos, desde que os adversários são modestos, à exceção de Portugal. Alias, ante Coréia do Norte e Costa do Marfim, brasileiros e portugueses devem mesmo ir à frente.
3 – Nesta hora, afloram as especulações. E, do mesmo modo que cada brasileiro é um técnico de futebol em potencial, o é também um especialista em todas as generalidades humanas. Seria a frieza consequente do método ‘mão pesada’ de Dunga administrar a seleção, distanciando-a do povo? É uma hipótese. O treinador age militarmente, impondo um regime de disciplina que não se identifica muito com o jeito brasileiro de ser. Não seria essa aparente apatia do torcedor o reflexo da ausência de empatia com os craques, todos europeizados, quase sem mais afinidade alguma com seu próprio país? É outra possibilidade. Os ídolos – se é que essa seleção tem algum – estão distantes, inalcançáveis, só visíveis pelas telas das TVs. Transformaram-se em máquinas de fazer dinheiro. Perderam o caráter humano. São figuras robotizadas, que além do mais deixaram de exprimir o que o brasileiro tem de melhor: o improviso, o talento ímpar, a genialidade que resolve no quadrado de um lenço. Acho boa tese, não sem conceder o direito de que nem um só torcedor concorde com ela.
4 – Por último, como me disse um amigo esta semana, a causa do baixo entusiasmo estaria no fato de que estarmos em ano eleitoral. Essa hipótese eu recuso. Isso é coisa que o brasileiro jamais faria – colocar o interesse pela eleição à frente da paixão pelo futebol. Bem ao contrário, e sem chegar a conclusão alguma no concernente à seleção, penso que é a eleição que está subordinada à Copa do Mundo. Só vai haver campanha mesmo depois que soubermos se o Brasil é hexa ou... Deixa pra lá.
2 – Nem há ditadura, nem há sentimento contido, mas certamente não é por isso que percebo uma frieza generalizada em relação à disputa que vai começar na próxima terça-feira, quando o Brasil pode chegar ao dobro dos títulos que memoravelmente conquistou em 58, 62 e 70. Talvez até seja um erro de percepção de minha parte, estreitado que vou ficando cada vez mais nos meus limites de convivência, pela natural progressão da idade. Mas, não vejo discussão, abordagens acaloradas, manifestados de ansiedade como foi possível testemunhar em outras épocas. É possível que todo mundo esteja segurando o pedal, para acelerar depois da quebra do gelo, que é a primeira fase da competição. Não vejo riscos, desde que os adversários são modestos, à exceção de Portugal. Alias, ante Coréia do Norte e Costa do Marfim, brasileiros e portugueses devem mesmo ir à frente.
3 – Nesta hora, afloram as especulações. E, do mesmo modo que cada brasileiro é um técnico de futebol em potencial, o é também um especialista em todas as generalidades humanas. Seria a frieza consequente do método ‘mão pesada’ de Dunga administrar a seleção, distanciando-a do povo? É uma hipótese. O treinador age militarmente, impondo um regime de disciplina que não se identifica muito com o jeito brasileiro de ser. Não seria essa aparente apatia do torcedor o reflexo da ausência de empatia com os craques, todos europeizados, quase sem mais afinidade alguma com seu próprio país? É outra possibilidade. Os ídolos – se é que essa seleção tem algum – estão distantes, inalcançáveis, só visíveis pelas telas das TVs. Transformaram-se em máquinas de fazer dinheiro. Perderam o caráter humano. São figuras robotizadas, que além do mais deixaram de exprimir o que o brasileiro tem de melhor: o improviso, o talento ímpar, a genialidade que resolve no quadrado de um lenço. Acho boa tese, não sem conceder o direito de que nem um só torcedor concorde com ela.
4 – Por último, como me disse um amigo esta semana, a causa do baixo entusiasmo estaria no fato de que estarmos em ano eleitoral. Essa hipótese eu recuso. Isso é coisa que o brasileiro jamais faria – colocar o interesse pela eleição à frente da paixão pelo futebol. Bem ao contrário, e sem chegar a conclusão alguma no concernente à seleção, penso que é a eleição que está subordinada à Copa do Mundo. Só vai haver campanha mesmo depois que soubermos se o Brasil é hexa ou... Deixa pra lá.
Um comentário:
Detalhe: Copa do Mundo e Olimpíadas acontecem de quatro em quatro anos, mas com intervalo de dois em dois para não coincidirem. Acontece que essa intercalação coincide com eleições brasileiras, de modo que todo ano eleitoral do Brasil será também ano de mundial de futebol, como agora em 2010, ou de jogos olímpicos internacionais, como em 2008.
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