segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Alguma coisa não deu certo


No ponto de ligação da Rua do Mirante com a Avenida Adib Chaib, a Prefeitura realizou uma obra de grande dimensão.

Uma das finalidades era tornar o trânsito mais seguro, eliminando o cruzamento de veículos. Para isso, foi feito um dispositivo na forma de elipse.

A outra virtude que a obra conteria, segundo a versão da época, era acabar com os alagamentos frequentes no local.

Deve fazer cerca de um ano que a obra foi concluída.

Hoje, segunda-feira, 12 de outubro, uma chuva de 20 minutos mostrou que alguma coisa não deu certo.

O local, onde há posto de abastecimento de veículos, tornou-se um imenso lago e pôs em perigo inclusive o condutor de uma Belina, que ‘apagou’ no meio da água.

Vai ser necessária uma boa explicação. Ou melhor, a verdadeira solução.

sábado, 10 de outubro de 2009

Nem todos são iguais

A Câmara programou para a noite de 30 deste mês a sessão solene de outorga de títulos de Cidadaos Mogimirianos.

Os agraciados são 14, mas um não receberá a honraria na ocasião.

Trata-se do ex-governador Geraldo Alckmin, atual secretário de Desenvolvimento do Estado.

A ele deverão ser reservados data e local especiais.

Calculo que mais próximo do lançamento oficial de sua candidatura à sucessão de José Serra, para efeito de capitalizar dividendos eleitorais.

Em fevereiro, após aprovação do projeto de outorga a toque de ciaxa, o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, secretário chefe da Casa Civil de Serra, recebeu a honraria no Clube Recreativo.

Como se vê, há agraciados de categorias diferentes. Os que merecem receber em bloco e os que merecem deferência especial.

Governo de boca fechada

Nunca antes em Mogi Mirim um governo fez tanto esforço para se relacionar mal com a população.

Tranca a boca e prefere a matéria paga (com dinheiro do contribuinte), a nota oficial e a resposta por e-mail.

Pensa que pune a imprensa, em especial os jornais, que o prefeito odeia. Se engana.

Ao agir imperialmente, corta a relação com a sociedade que, queira ou não, tem suas aflições e dúvidas reproduzidas pela imprensa.

Uma monumental bobagem. Felizmente, todos os governos têm prazo de validade.

Dinossauro assumido

Escrevi uma nota na coluna DA FONTE, do jornal O POPULAR, dizendo que faltou senso de respeito ao vereador Laércio Pires, ao exibir sua kombi-door no velório e no cortejo que levou o corpo do ex-vereador Antonio Carlos Guarnieri, o Toca, ao Cemitério Municipal.
Eu disse, na nota, que Pires agiu com a sutileza de dinossauro em loja de cristais.
Como seria natural, Pires reagiu. E remeteu ao jornal a seguinte carta:

Mogi Mirim, 08 de outubro de 2009.

Ao Senhor
Valter Abrucez
Editor do Jornal “O Popular”

Senhor Editor,

Com respeito ao que foi publicado no jornal “O Popular” em edição de 7 de outubro, na coluna “Da fonte”, sob o tema “Sensibilidade”. Sinto-me no direito e na responsabilidade de dizer ao editor deste jornal que mantenho o Gabinete Móvel desde julho de 2009 e, desde então, é meu único meio de locomoção.
Criei o Gabinete Móvel, visando promover maior aproximação com a comunidade, para ouvir suas reivindicações, sugestões, criticas e necessidades, um projeto inédito e inovador na cidade de Mogi Mirim. Não se trata, absolutamente, de “geringonça”, como quer Vossa Senhoria, mas sim de um escritório móvel, equipado com os instrumentos de que necessito para atender e trabalhar. Ouvindo os anseios às preocupações e as necessidades da população, iniciativa elogiada pelos nobres colegas de vereança. Desta forma, indignei-me com a ofensa gratuita de sua parte.
Compareci ao velório e ao enterro do ex-vereador Antonio Carlos Guarnieri com este meu automóvel e com ele vou a todos os lugares em que sou bem-vindo ou sou chamado. Não me constranjo nem me incomodo que os cidadãos saibam que estou à disposição deles a maioria do tempo. Cumpri com o meu dever, minhas obrigações cristãs e religiosas e, na manhã de segunda-feira, após o sepultamento do ex-Vereador, compareci aos outros compromissos previamente agendados, dirigindo o Gabinete Móvel e recebendo o devido respeito de todos os que me conhecem.
Solicito de Vossa Senhoria espaço para publicar esta carta, em direito de resposta à sua ofensa.
Respeitosamente,

Vereador Laércio Rocha Pires

Trocas, ambições e curvas

1 – O que terá acontecido eu não posso fazer idéia, nem passarinho algum soprou no meu ouvido.

Mas, a reforma de cabo a rabo no Departamento Financeiro não foi promovida por representar o esporte favorito do prefeito Carlos Nelson Bueno.

Não cabe na minha cabeça que, ao trocar o diretor, o prefeito tenha resolvido aproveitar a oportunidade e fazer uma mexida geral. Alguma maionese desandou.

Já as trocas anteriores foram, de algum modo, nebulosas. Explicou-se a reintrodução de Rogério Esperança, face a ter sido resultante de lance de negociação política.

Não era, todavia, o caso de necessidade, considerando-se que, um pelo outro, João Bordignon Neto leva no mínimo a vantagem de ser engenheiro.

Entendeu-se a escolha do major Getúlio Macedo para o Departamento de Segurança, por sua experiência de décadas na Polícia Militar. É um especialista reconhecido.

Sucedeu a Ruy Machado de Oliveira, que teria manifestado interesse em se afastar, segundo as versões oficiais.

Versões oficiais são como o biquíni, na definição do saudoso poeta Vinícius de Moraes: mostram quase tudo, mas escondem o fundamental.

2 – Moacir Genuário é figura humana por quem tenho admiração e gratidão.

Não foram poucas as vezes que, com seu inesquecível Chevette amarelo, me caroneou de Campinas a Mogi Mirim, ao final dos jogos da Ponte Preta.

Hoje vereador, após experiência como subprefeito do que chamo de futuro”Principado de Martim Francisco”, revela suas ambições políticas quando decide disputar o comando do PMDB.

O alvo do tiro está mais à frente, em 2012, quando pretende disputar a Prefeitura.

De fato, para viabilizar candidatura dessa altura é preciso dispor, como condição essencial, de garantia de legenda.

Mas, reflito aqui no meu canto que joga uma cartada perigosa. Se sofrer uma capotada na competição pelo domínio da sigla, seus projetos estarão seriamente comprometidos.

Tornar-se-á oposto ao grupo que restar dominante e que virá a ser o mesmo que controla o velho PMDB há décadas, com notórias tendências de pouca ousadia.

Em tais circunstâncias, será muito difícil obter adesão ao seu projeto, uma vez que o peemedebismo mogimiriano, não de agora, adota a prática de não trocar o certo pelo duvidoso.

3 – Outrora, graves acidentes ocorreram no ponto em que a Rua Santa Cruz se converte em Marciliano ou esta em Santa Cruz.

Houve quem apelidasse o local como ‘curva da morte’, dado que, procedentes da Praça Tiradentes e aproveitando a descida, motoristas afundavam o pé no acelerador.

Não faltará quem argumente que a cidade é mesmo feita de subidas e descidas, o que sempre implica risco.

E mais: também não faltarão os defensores do argumento de que os perigos verificados no trânsito têm como fonte a irresponsabilidade de quem dirige veículos.

É uma verdade, porém não inteira. Penso caber às autoridades o dever da precaução, isto é, de não criar situações que facilitem o risco.

Ah! Antes que me joguem na cara, confesso: não possuo o menor conhecimento acerca de engenharia de trânsito. Especulo.

Mas, também é verdadeiro que, no poder, há muita gente que não tem a menor noção do que está fazendo lá.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Charles, uma vida de bom humor

VALTER ABRUCEZ

A vida talvez nos reserve os melhores exemplos nos piores momentos. O gênero humano parece ter sido cunhado para fazer reflexões nos momentos de dor.

É na perda que se dá valor a tantas coisas boas que a existência oferece, mas que teimamos em não perceber.

Sofremos uma grande perda no final de semana. Completamente fora do script, do previsível, do que imaginávamos como previsível ou nas vizinhanças do nosso cotidiano.

Antonio Carlos Guarnieri, o sempre Toca, não está mais entre nós. Entretanto, prefiro definir sua ausência como uma mudança de cenário.

Ele saiu daqui, da nossa proximidade física, em que partilhava conosco humanitariamente sua rica personalidade, para ocupar outro cenário. Outro plano.

Nas portas do Cemitério Municipal, comentava eu com Luiz Netto como seria bom que a sociedade não vivesse estágio de tão grave degeneração para apropriar-se e dar curso aos exemplos que Toca deixou entre nós.

Infelizmente, como disse Luiz Netto, de que servirão as lições se, no momento seguinte, viramos a página da história e deixamos de beber em fonte de conhecimentos e virtudes oferecidas tão generosamente.

O Charles, como nos chamávamos desde que o conheci lá na primeira quadra da década de 70, transitou pelo pantanoso e traiçoeiro terreno da política sem dar causa a uma mágoa e sem ocupar seu coração com contrafeição alguma.

Às vicissitudes, respondia com bom humor, com o verdadeiro fair play na sua melhor definição.

A conversa era seu combustível. Ou seu oxigênio. Alongava-se agradavelmente. Fornecia sabedoria e espantava o mau humor.

Não vou fazer o contrário do que Toca fazia, que era levar tudo na boa, sem violência – um de seus bordões – mas foi alguém a quem muita gente aboletada no poder deveria ter ouvido muito mais.

No círculo da política, entretanto, os seres humanos são tratados conforme as circunstâncias. Tornam-se descartáveis.

Ora, alguém que exerceu quatro mandatos de vereador, candidatou-se a prefeito e vice e enriqueceu seu currículo com atos de coragem e independência quando boa parte das pessoas procurava o guarda chuvas dos poderosos, com certeza reuniu os dotes de um virtuosíssimo conselheiro.

No seu estilo, todavia, jamais se impôs como tal. Preferiu a vida ao seu estilo, sempre cercado de amigos.

Que me lembre – e foram frequentes nossas madrugadas em comum – nunca o vi isolado, sozinho.

Como nunca o vi sonegar um aperto de mão, um cumprimento, um abraço a todos que lhe rodeavam pelas proximidades.

Sinceramente, confesso que resisti a chorar ao contemplar seu semblante sereno horas antes da última viagem.

Não seria justo porque, com toda certeza, não seria adequado ao estilo de sua personalidade e à marca registrada de sua vida.

Acho que o sentimento da perda deveria ser expressado de outro modo: pela gratidão. Pela amizade, pelo respeito, pela consideração, pelo companheirismo, pela excepcional capacidade de jamais, em momento algum, dizer não.

Sei que não há ser humano unânime. Por essa vida, infelizmente, quase ninguém passa sem ser chamuscado. A maldade das labaredas sempre roça pela pele, mesmo dos mais generosos, mesmo com sentido profundo de injustiça.

Se exceção eu terei conhecido, em seis décadas e tanto de caminhos e descaminhos, esta terá sido Charles.

E, com todo respeito pelos sentimentos da família – aliás, de uma combinação exemplar com a personalidade de Antonio Carlos – não quero que ele descanse não.

Que se eternize em paz, sim. Mas, que continue, lá de onde estiver, a incansavelmente nos guiar pela trilha do bem e da alegria, que ele abriu e nos ofereceu como caminho para a vida.

domingo, 19 de abril de 2009

O Belo Antonio

O São Paulo se consagrou hoje como o Belo Antonio, personagem interpretado por Marcello Mastroianni em um filme ítalo-francês de 1960.

As mulheres se apaixonam pelo belo e vistoso Antonio, porque imaginam que ele seja o "amante ideal". Mas, na realidade, ele é impotente. Isto é, não funcionava.

É o retrato do São Paulo. Festejado, enaltecido, bonito, imponente, arrogante, mas incapaz.

Negar méritos ao Corinthians é injusto. Foi competente e estratégico. Nem precisava vencer, mas foi armado inteligentemente pelo seu técnico, que sobrou no jogo.

Aliás, 2 a 0 foi um placar barato para o São Paulo. Em seguida ao segundo gol, achei que viria uma sacolada.

Mas, não foi no segundo jogo que o São Paulo se excluiu da final. Foi no primeiro, quando Muricy foi de uma teimosia e de uma lerdeza exemplares para mexer no time.

Resumo da opera: com a bola que está jogando desde janeiro, o São Paulo não ganha um único título este ano. Sequer chega à decisão da Libertadores.

A única hipótese para ser diferente é se o time se reciclar. O prazo de validade de Jorge Wagner, por exemplo, venceu.

Borges e Washington é fórmula fadada ao insucesso. Ou um. Ou outro. E é necessário, urgente, alguém que organize o time, arme o jogo. Fora disso, será um ano de secura. Será o Belo Antonio.