sábado, 24 de outubro de 2009

Os excluídos

Suzete Rodrigues de Moraes foi apeada da direção do Departamento Administrativo por aquilo que seria responsabilidade solidária: não foi a autora do erro na questão dos pagamentos indevidos a servidores, mas pagou pela hierarquia do cargo.
Alexandre Fantinato Cruz deixou o Financeiro por exaustão nas relações administrativas com o prefeito. Não abriu mão de rezar pela cartilha à qual obedece há décadas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Santo Deus. Outra vez?

1 – Os leitores e os usuários habituais do hospital da Santa Casa devem considerar uma monumental chatice que, frequentemente, a instituição seja alvo de abordagens em face dos problemas que a envolvem ou que se faz envolver.

No caso mais recente, eu pessoalmente tomei um tremendo susto ao conhecer, já na hora final da edição de sábado, uma nota seca do hospital, informando que os conveniados da Unimed estavam desde então desassistidos, já que fora rompido o acordo entre a cooperativa e a Santa Casa.

Desde logo, fique claro: não sou conveniado da Unimed. Pessoalmente, portanto, a questão não me atinge. Pessoalmente, também não tenho queixa alguma da Santa Casa. Nas poucas vezes que entrei no hospital, fui bem tratado e saí vivo.

Feitas as ressalvas, volto à “vaca fria”, como dizia Quércia. A notícia do rompimento do contrato entre as partes punha, de novo, a Santa Casa no olho do furacão. Mais uma crise, mais bate-boca, mais ataque e contra-ataque.

Ora, a crise na relação hospital-cooperativa não pode ser tratada pelo ângulo particular. É problema público sim, desde que envolve a saúde de milhares de pessoas. E estou convencido de que devem beirar mesmo a 30 mil, considerando titulares e dependentes dos planos de saúde oferecidos pela Unimed.

2 – Até aqui, foi relato. Mas, é difícil ir muito além de estranhar tudo que vem acontecendo por um aspecto que confessei à vereadora Maria Alice Mostardinha, em conversa telefônica no sábado. A instituição, pelo seu caráter privado, embora filantrópica, é impenetrável. E então disse-lhe que não consigo, à distância, localizar o ponto que vem dando origem a tantas confusões envolvendo o hospital.

Eu me recordo que, há cerca de 10 anos, a entidade ocupava espaços na imprensa pela crise financeira que vivia e que chegou a por em risco sua sobrevivência. Através de uma série de atitudes, a crise financeira foi superada e o hospital saiu do foco.

Eis que, de tempos para cá, a Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim torna-se freqüentadora assídua dos noticiários por envolvimento em conflitos, muito embora também ocupe espaço quase regularmente por melhorias e programas internos que a qualificam. O Gerar é um desses casos, a instalação da UTI Neonatal é outro. Mas, o que predomina são colisões.

3 – Tenho insistido na tese de que há profunda omissão social em relação à instituição, pela sua origem, pela sua história e pela sua finalidade precípua que é, antes de amealhar dinheiro, socorrer vidas. Há um fosso, um Atlântico entre a Santa Casa e aquilo que antigamente chamávamos de “forças vivas” da cidade, que silenciam e dão de ombros.

Mas, também não posso me furtar a confessar o que minha consciência me manda pensar: a instituição está devendo uma conversa com a sociedade. Explico: a Santa Casa não é de propriedade do provedor, do diretor executivo, do corpo clínico, mas um bem público assim nascido. Não patrimonialmente, mas no que representa de instrumento a serviço da vida. Não da vida de alguns. Mas, da vida da comunidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

Santa Casa diz que conveniados da Unimed serão atendidos pelo SUS

Cerca de 48 horas depois de deflagrada a crise, a Santa Casa expediu nota oficial no início da madrugada desta segunda-feira, informando que os conveniados da Unimed “serão atendidos através do SUS”.
Na sexta-feira, a entidade anunciou o rompimento do contrato mantido com a cooperativa medida.
A nota agora distribuída assinala que “não foi a Santa Casa quem rescindiu o contrato, mas, sim, houve rescisão automática de pleno direito, tendo em vista que a UNIMED descumpriu uma cláusula contratual”.
O descumprimento da cláusula teria sido caracterizado pela decisão unilateral da Unimed de reduzir em 20% o valor pago ao hospital por procedimentos prestados por este.
A Unimed alegou que a suspensão do contrato deixaria a descoberto cerca de 30 mil pacientes, entre conveniados titulares e dependentes de seus planos de saúde.
Veja a seguir a íntegra da nota oficial distribuída pela Santa Casa nos primeiros minutos da madrugada desta segunda-feira:

NOTA OFICIAL À IMPRENSA
"A Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim informa que tentou por várias vezes negociar com a Unimed da Baixa Mogiana para manter o atendimento dos usuários daquele convênio.
Em documento encaminhado à Santa Casa no dia 28 de setembro, a cooperativa informou ao hospital de que reduziria em até 20% o valor pago por serviços prestados pela Santa Casa a partir do mês de outubro.
A se manter o atendimento aos usuários da UNIMED nas qualidades pretendidas pela cooperativa, a Santa Casa certamente teria sérios prejuízos.
Para continuar a prestar um serviço de qualidade, a Santa Casa não pôde aceitar a imposição da Unimed e tentou por várias vezes negociar, mas a cooperativa se manteve irredutível.
A decisão da Unimed de reduzir os valores de maneira unilateral foi arbitrária, uma vez que o contrato assinado entre a Santa Casa e Unimed estabelecia que os preços previstos no contrato de prestação de serviços seriam reajustados anualmente, sempre em comum acordo pela vontade de ambas as partes.
Importantíssimo esclarecer que não foi a Santa Casa quem rescindiu o contrato, mas, sim, houve rescisão automática de pleno direito, tendo em vista que a UNIMED descumpriu uma cláusula contratual.
Está no contrato que a infração por quaisquer das partes a uma ou mais cláusulas do contrato, acarretaria sua rescisão de pleno direito, independentemente de notificação ou interpelação judicial ou extrajudicial.
Apesar de ter parcerias firmadas com outros hospitais da região, a Unimed quis reduzir os custos apenas com a Santa Casa de Mogi Mirim.
Todos os usuários que procurarem o hospital serão atendidos através do SUS, com o mesmo respeito e qualidade dos serviços dispensados à população.
Respeitosamente,A Santa Casa de Misericórdia de Mogi Mirim.

sábado, 17 de outubro de 2009

Aumentar imposto é necessário ou não é?

O prefeito de Mogi Guaçu, Paulo Barros, desistiu da idéia de corrigir os valores dos imóveis, que servem de base de cálculo para o IPTU.
A revisão inevitavelmente provoca aumento de impostos. E não seria feita se não fosse para isso. Para aumentar a receita pela via do aumento dos valores pagos pelos contribuintes.
Paulinho recuou ao perceber, durante reuniões que promoveu para debater o assunto, que a medida não era apoiada pela população.
Em Mogi Mirim, Carlos Nelson tentou a mesma coisa em 2008. O projeto esbarrou em decisão judicial, que suspendeu a sua votação, e o prefeito retirou a proposta.
Agora, tenta outra vez. Ao que se informa, são feitos estudos internos para definir novo projeto. Sobre o assunto, Carlos Nelson ouviu os vereadores da base.
Nenhum se comprometeu em aprovar a matéria. Óbvio. Falar em aumento de impostos para vereador é o mesmo que falar de corda em casa de enforcado.
Agora, pergunto: haverá alguém, seja povo ou político, que ache legal e simpático aumentar imposto? Claro que não.
Então, é preciso ter coragem de levar adiante a proposta, mesmo diante de reações, se partindo do pressuposto de que o aumento é necessário. E pagar o preço.
Detalhe: se é necessário, é possível fazer sem assaltar o bolso do contribuinte. O problema é avareza. Querer tudo de uma vez só.
Agora, se não é necessário e comporta recuo, como fez Paulinho, então porque encher o saco de todo mundo com a ameaça?

O prazer de contrariar

Há algumas décadas, a Brahma lançou a cerveja Malt. Era leve, menos alcoólica. A campanha publicitária de lançamento fechava com a seguinte assinatura: o prazer de fazer bem feito.

Aliás, só para lembrar, Gilberto Gil foi garoto propaganda da loira amena. Por que a referência? Pelo fato de um amigo me observar a mão de ferro com que são tomadas decisões na esfera do governo municipal.

Fazia ele menção às recentes modificações efetuadas no trânsito da Santa Cruz e ao projeto em gestação que tem como alvo a Rua Padre Roque, no trecho entre a Estação Rodoviária e o cruzamento com a Avenida Venâncio Ferreira Alves Adorno, a chamada “rua do Fórum”. Aliás, o prefeito disse no rádio que pretende implementar as medidas até o final do ano.

Então, ocorreu-me a lembrança da frase do comercial da Malt, no sentido inverso. Por aqui, cultiva-se o prazer de contrariar. Mas, quem conhece Carlos Nelson não se surpreende, dado que esse foi sempre mesmo o seu estilo. O de decidir e executar, mandando às favas os contrários.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

É a casa dos debates

1 – Um aspecto curioso e muito particular da atualidade política de Mogi Mirim é a falta de embate político. Embate que traduzo por debate de idéias, de pontos de vista, confronto de posições, cada qual em defesa de seu lado e de suas teses.

É verdade que a oposição está reduzida à vereadora Márcia Róttoli, como quem nem sempre concordo, mas a quem não nego o mérito de persistência, da fidelidade ao lado e ao estilo que adotou, e a Orivaldo Magalhães. Fora Márcia e Magalhães, às vezes Maria Helena dá umas estocadas, ainda que integrando nada menos que o partido do prefeito.

Bissextamente, porque também filiada ao grupo governista, Maria Alice dispara alguns torpedos – quase sempre mais como médica do que como vereadora. A situação? Bem, a situação ouve, ouve, ouve... Por preferir o silêncio mesmo, por incapaz de oferecer contraposição a seus contrários ou, em última hipótese, pela opção em não dar atirar mais gasolina à fogueira lançada pelos inimigos.

Quando há, as discussões são miseráveis. Em geral, as manifestações são caracterizadas pelo monólogo. De um lado, é sinal de despreparo por parte de quem, por obrigação grupal e política, deveria oferecer resistência às críticas e, em especial, às denúncias assacadas contra o governo. Aliás, se há algo evidente, do ponto de vista de discurso, é a falta de contextura orgânica ao situacionismo.

2 – Quando falo da ausência de embate não estou sugerindo que os vereadores deveriam, em defesa de suas convicções, se ofenderem ou se pegarem a tapa. Há algum tempo, escrevi aqui que discussão não é esbravejamento, debate não é berro e não é no grito que se vence confronto de ideias, muito embora essa seja uma prática recorrente.

Vi e ouvi, desde os tempos em que os jornalistas eram abrigados dentro do plenário e a eles era exigido que se paramentassem com paletó, célebres disputas orais, às vezes até avançando pela madrugada.

Lembro Robertão Costa e Silva, Robertinho Costa, Ademarzinho de Barros, José Romanello, Abner de Oliveira e tantos que fizeram do Legislativo aquilo que ele deve mesmo ser explicita e intrinsecamente: uma casa de debates. No voto, quase sempre a maioria vence, como sempre vencia, mas não deixavam de ecoar ensurdecedoramente as razões dos que terminavam abatidos nas decisões. Era possível, assim, sair da Câmara com algum conhecimento acerca do que pensavam um e outro.

3 – Em falta de tribunos nós estamos mesmo e não é em Mogi Mirim, mas no país. O Congresso, juntando Senado e Câmara dos Deputados, é hoje de uma pobreza deprimente. O que parece estarmos, neste terceiro milênio, é com falta de vocação para o exercício da função e com carência de noção acerca do que é o mandato de quem o povo manda para o Legislativo.

Em lugar do cotejamento de ideias, boa parte se ocupa de relatar, chatíssimamente, aquilo já posto em requerimentos e indicações, numa clara preocupação de jogar para a torcida, aproveitando o fato de as sessões serem veiculadas pela televisão, ainda que mutiladamente.

4 – À frente, há uma belíssima oportunidade para um bom debate, esquecendo o que já passou quase sob silêncio. Até 15 de dezembro, terá que ser votado o Orçamento do Município para 2010. Certa vez, há três ou quatro anos, marquei no relógio: o Orçamento foi votado em 14 segundos, sem discussão qualquer. Bateremos o recorde?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Alguma coisa não deu certo


No ponto de ligação da Rua do Mirante com a Avenida Adib Chaib, a Prefeitura realizou uma obra de grande dimensão.

Uma das finalidades era tornar o trânsito mais seguro, eliminando o cruzamento de veículos. Para isso, foi feito um dispositivo na forma de elipse.

A outra virtude que a obra conteria, segundo a versão da época, era acabar com os alagamentos frequentes no local.

Deve fazer cerca de um ano que a obra foi concluída.

Hoje, segunda-feira, 12 de outubro, uma chuva de 20 minutos mostrou que alguma coisa não deu certo.

O local, onde há posto de abastecimento de veículos, tornou-se um imenso lago e pôs em perigo inclusive o condutor de uma Belina, que ‘apagou’ no meio da água.

Vai ser necessária uma boa explicação. Ou melhor, a verdadeira solução.

sábado, 10 de outubro de 2009

Nem todos são iguais

A Câmara programou para a noite de 30 deste mês a sessão solene de outorga de títulos de Cidadaos Mogimirianos.

Os agraciados são 14, mas um não receberá a honraria na ocasião.

Trata-se do ex-governador Geraldo Alckmin, atual secretário de Desenvolvimento do Estado.

A ele deverão ser reservados data e local especiais.

Calculo que mais próximo do lançamento oficial de sua candidatura à sucessão de José Serra, para efeito de capitalizar dividendos eleitorais.

Em fevereiro, após aprovação do projeto de outorga a toque de ciaxa, o ex-ministro Aloysio Nunes Ferreira, secretário chefe da Casa Civil de Serra, recebeu a honraria no Clube Recreativo.

Como se vê, há agraciados de categorias diferentes. Os que merecem receber em bloco e os que merecem deferência especial.

Governo de boca fechada

Nunca antes em Mogi Mirim um governo fez tanto esforço para se relacionar mal com a população.

Tranca a boca e prefere a matéria paga (com dinheiro do contribuinte), a nota oficial e a resposta por e-mail.

Pensa que pune a imprensa, em especial os jornais, que o prefeito odeia. Se engana.

Ao agir imperialmente, corta a relação com a sociedade que, queira ou não, tem suas aflições e dúvidas reproduzidas pela imprensa.

Uma monumental bobagem. Felizmente, todos os governos têm prazo de validade.

Dinossauro assumido

Escrevi uma nota na coluna DA FONTE, do jornal O POPULAR, dizendo que faltou senso de respeito ao vereador Laércio Pires, ao exibir sua kombi-door no velório e no cortejo que levou o corpo do ex-vereador Antonio Carlos Guarnieri, o Toca, ao Cemitério Municipal.
Eu disse, na nota, que Pires agiu com a sutileza de dinossauro em loja de cristais.
Como seria natural, Pires reagiu. E remeteu ao jornal a seguinte carta:

Mogi Mirim, 08 de outubro de 2009.

Ao Senhor
Valter Abrucez
Editor do Jornal “O Popular”

Senhor Editor,

Com respeito ao que foi publicado no jornal “O Popular” em edição de 7 de outubro, na coluna “Da fonte”, sob o tema “Sensibilidade”. Sinto-me no direito e na responsabilidade de dizer ao editor deste jornal que mantenho o Gabinete Móvel desde julho de 2009 e, desde então, é meu único meio de locomoção.
Criei o Gabinete Móvel, visando promover maior aproximação com a comunidade, para ouvir suas reivindicações, sugestões, criticas e necessidades, um projeto inédito e inovador na cidade de Mogi Mirim. Não se trata, absolutamente, de “geringonça”, como quer Vossa Senhoria, mas sim de um escritório móvel, equipado com os instrumentos de que necessito para atender e trabalhar. Ouvindo os anseios às preocupações e as necessidades da população, iniciativa elogiada pelos nobres colegas de vereança. Desta forma, indignei-me com a ofensa gratuita de sua parte.
Compareci ao velório e ao enterro do ex-vereador Antonio Carlos Guarnieri com este meu automóvel e com ele vou a todos os lugares em que sou bem-vindo ou sou chamado. Não me constranjo nem me incomodo que os cidadãos saibam que estou à disposição deles a maioria do tempo. Cumpri com o meu dever, minhas obrigações cristãs e religiosas e, na manhã de segunda-feira, após o sepultamento do ex-Vereador, compareci aos outros compromissos previamente agendados, dirigindo o Gabinete Móvel e recebendo o devido respeito de todos os que me conhecem.
Solicito de Vossa Senhoria espaço para publicar esta carta, em direito de resposta à sua ofensa.
Respeitosamente,

Vereador Laércio Rocha Pires

Trocas, ambições e curvas

1 – O que terá acontecido eu não posso fazer idéia, nem passarinho algum soprou no meu ouvido.

Mas, a reforma de cabo a rabo no Departamento Financeiro não foi promovida por representar o esporte favorito do prefeito Carlos Nelson Bueno.

Não cabe na minha cabeça que, ao trocar o diretor, o prefeito tenha resolvido aproveitar a oportunidade e fazer uma mexida geral. Alguma maionese desandou.

Já as trocas anteriores foram, de algum modo, nebulosas. Explicou-se a reintrodução de Rogério Esperança, face a ter sido resultante de lance de negociação política.

Não era, todavia, o caso de necessidade, considerando-se que, um pelo outro, João Bordignon Neto leva no mínimo a vantagem de ser engenheiro.

Entendeu-se a escolha do major Getúlio Macedo para o Departamento de Segurança, por sua experiência de décadas na Polícia Militar. É um especialista reconhecido.

Sucedeu a Ruy Machado de Oliveira, que teria manifestado interesse em se afastar, segundo as versões oficiais.

Versões oficiais são como o biquíni, na definição do saudoso poeta Vinícius de Moraes: mostram quase tudo, mas escondem o fundamental.

2 – Moacir Genuário é figura humana por quem tenho admiração e gratidão.

Não foram poucas as vezes que, com seu inesquecível Chevette amarelo, me caroneou de Campinas a Mogi Mirim, ao final dos jogos da Ponte Preta.

Hoje vereador, após experiência como subprefeito do que chamo de futuro”Principado de Martim Francisco”, revela suas ambições políticas quando decide disputar o comando do PMDB.

O alvo do tiro está mais à frente, em 2012, quando pretende disputar a Prefeitura.

De fato, para viabilizar candidatura dessa altura é preciso dispor, como condição essencial, de garantia de legenda.

Mas, reflito aqui no meu canto que joga uma cartada perigosa. Se sofrer uma capotada na competição pelo domínio da sigla, seus projetos estarão seriamente comprometidos.

Tornar-se-á oposto ao grupo que restar dominante e que virá a ser o mesmo que controla o velho PMDB há décadas, com notórias tendências de pouca ousadia.

Em tais circunstâncias, será muito difícil obter adesão ao seu projeto, uma vez que o peemedebismo mogimiriano, não de agora, adota a prática de não trocar o certo pelo duvidoso.

3 – Outrora, graves acidentes ocorreram no ponto em que a Rua Santa Cruz se converte em Marciliano ou esta em Santa Cruz.

Houve quem apelidasse o local como ‘curva da morte’, dado que, procedentes da Praça Tiradentes e aproveitando a descida, motoristas afundavam o pé no acelerador.

Não faltará quem argumente que a cidade é mesmo feita de subidas e descidas, o que sempre implica risco.

E mais: também não faltarão os defensores do argumento de que os perigos verificados no trânsito têm como fonte a irresponsabilidade de quem dirige veículos.

É uma verdade, porém não inteira. Penso caber às autoridades o dever da precaução, isto é, de não criar situações que facilitem o risco.

Ah! Antes que me joguem na cara, confesso: não possuo o menor conhecimento acerca de engenharia de trânsito. Especulo.

Mas, também é verdadeiro que, no poder, há muita gente que não tem a menor noção do que está fazendo lá.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Charles, uma vida de bom humor

VALTER ABRUCEZ

A vida talvez nos reserve os melhores exemplos nos piores momentos. O gênero humano parece ter sido cunhado para fazer reflexões nos momentos de dor.

É na perda que se dá valor a tantas coisas boas que a existência oferece, mas que teimamos em não perceber.

Sofremos uma grande perda no final de semana. Completamente fora do script, do previsível, do que imaginávamos como previsível ou nas vizinhanças do nosso cotidiano.

Antonio Carlos Guarnieri, o sempre Toca, não está mais entre nós. Entretanto, prefiro definir sua ausência como uma mudança de cenário.

Ele saiu daqui, da nossa proximidade física, em que partilhava conosco humanitariamente sua rica personalidade, para ocupar outro cenário. Outro plano.

Nas portas do Cemitério Municipal, comentava eu com Luiz Netto como seria bom que a sociedade não vivesse estágio de tão grave degeneração para apropriar-se e dar curso aos exemplos que Toca deixou entre nós.

Infelizmente, como disse Luiz Netto, de que servirão as lições se, no momento seguinte, viramos a página da história e deixamos de beber em fonte de conhecimentos e virtudes oferecidas tão generosamente.

O Charles, como nos chamávamos desde que o conheci lá na primeira quadra da década de 70, transitou pelo pantanoso e traiçoeiro terreno da política sem dar causa a uma mágoa e sem ocupar seu coração com contrafeição alguma.

Às vicissitudes, respondia com bom humor, com o verdadeiro fair play na sua melhor definição.

A conversa era seu combustível. Ou seu oxigênio. Alongava-se agradavelmente. Fornecia sabedoria e espantava o mau humor.

Não vou fazer o contrário do que Toca fazia, que era levar tudo na boa, sem violência – um de seus bordões – mas foi alguém a quem muita gente aboletada no poder deveria ter ouvido muito mais.

No círculo da política, entretanto, os seres humanos são tratados conforme as circunstâncias. Tornam-se descartáveis.

Ora, alguém que exerceu quatro mandatos de vereador, candidatou-se a prefeito e vice e enriqueceu seu currículo com atos de coragem e independência quando boa parte das pessoas procurava o guarda chuvas dos poderosos, com certeza reuniu os dotes de um virtuosíssimo conselheiro.

No seu estilo, todavia, jamais se impôs como tal. Preferiu a vida ao seu estilo, sempre cercado de amigos.

Que me lembre – e foram frequentes nossas madrugadas em comum – nunca o vi isolado, sozinho.

Como nunca o vi sonegar um aperto de mão, um cumprimento, um abraço a todos que lhe rodeavam pelas proximidades.

Sinceramente, confesso que resisti a chorar ao contemplar seu semblante sereno horas antes da última viagem.

Não seria justo porque, com toda certeza, não seria adequado ao estilo de sua personalidade e à marca registrada de sua vida.

Acho que o sentimento da perda deveria ser expressado de outro modo: pela gratidão. Pela amizade, pelo respeito, pela consideração, pelo companheirismo, pela excepcional capacidade de jamais, em momento algum, dizer não.

Sei que não há ser humano unânime. Por essa vida, infelizmente, quase ninguém passa sem ser chamuscado. A maldade das labaredas sempre roça pela pele, mesmo dos mais generosos, mesmo com sentido profundo de injustiça.

Se exceção eu terei conhecido, em seis décadas e tanto de caminhos e descaminhos, esta terá sido Charles.

E, com todo respeito pelos sentimentos da família – aliás, de uma combinação exemplar com a personalidade de Antonio Carlos – não quero que ele descanse não.

Que se eternize em paz, sim. Mas, que continue, lá de onde estiver, a incansavelmente nos guiar pela trilha do bem e da alegria, que ele abriu e nos ofereceu como caminho para a vida.