quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Vá com Deus, doutor

1 – Como não falar hoje de Décio Mariotoni, que construiu uma carreira exemplar na política de Mogi Mirim. Eu testemunhei suas atitudes desde o início da década de 60. Não me recordo de uma única referência à mais leve mancha na vida do Doutor Décio. Exerceu suas posições com personalidade. Foi chaibista explícito e devotado. Mas, honrou sua independência. Não realizou o grande sonho, que era ser prefeito de Mogi Mirim. Na ocasião, aliás, dividi a carroceria do caminhão com ele, em 1972, quando me meti à primeira, única e última aventura eleitoral de ser candidato a vereador. Como vereador, debateu ideias e foi exaustivo em algumas de suas teses. Talvez tenha sido o primeiro ambientalista de Mogi Mirim, ao insistir em projetos relativos ao lixo. Nessa cruzada, aliás, foi olimpicamente ignorado por todos os prefeitos. Aqui em baixo, Décio ocupou lugar de relevo. Não foi unânime. Nesse plano terreno haverá discordâncias. Lá em cima a conversa com o Homem. Que eles se entendam bem.

2 – Detalhe que não me passou despercebido: não haveria melhor ocasião para a Câmara votar subsídio de R$ 8 mil para os futuros vereadores. Foi no dia da morte e instantes antes de o plenário receber o corpo de Décio, que por anos a fio exerceu a vereança sem receber um centavo de remuneração.

3 – De novo, há uma semana, Carlos Nelson voltou a insistir na velha choradeira de que só sofre pancadas de opositores e da imprensa. Insistiu de novo sobre a velha ladainha de não saber quem financia as publicações, em insinuação grosseira, grotesca e irresponsável para a provecta idade que ostenta. Essas desconfianças são, antes de desconfianças, similitudes de métodos. Aquilo do ‘quem usa cuida’. Conhece bem os caminhos dessas pedras. Suspeito, sinceramente, que Carlos Nelson é um homem que escolheu ser – ou parecer – infeliz, para explorar esse viés flébil. Possui uma excepcional capacidade de se mostrar perseguido, fraco, oprimido. Nem Jesus foi tão açoitado.

4 – Digo-lhe com todas as letras: seus dois governos não são ruins. Ao contrário. Sob a ótica que adotou, vossa excelência opera boa gestão. Todavia, sua alta sapiência ainda não o erige a incontestável. É tão falível com todo ser humano. Se soubesse compreender essa dura realidade – dura para quem considera que as duas faces da moeda são de aplausos, quando uma é cruel – talvez sofresse menos, se é que é isso mesmo que deseja.

5 – Findando esta arenga, como diria o sempre paciencioso Adib Chaib, digo ao excelso burgomestre que ele acerta no atacado, no macro, mas erra feio no varejo. Assino a frase de Gustavo Stupp: esquece-se que a cidade é feita de gente de carne e osso. Que precisa ser ouvida, respeitada, bem tratada, inclusive quando não concorda com quem governa. Digo mais: não descarto que o alcaide vença as eleições e entregue sua cadeira, portanto, a um aliado. Por que não? Suspeito, todavia, que ao se despedir, ao invés de derrubar lágrimas de emoção, vomitará fel. Parece ser sua filosofia de vida. Ou, no mínimo, seu esporte predileto.

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