quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O silêncio das galerias

1 – Um dia o complexo do Lavapés vai ser recuperado. Isso sem dúvida. E então estarão resolvidos muitos, mas muitos dos problemas de Mogi Mirim. Problemas que afligem profundamente a população, especialmente aquela que não foi abençoada no berço. Serão resolvidos outros problemas. Lombadas serão instaladas, canaletas serão construídas nas esquinas de muitas ruas, postes desprovidos receberão novas luminárias, novinhas em folha, zero bala. Buracos, coitados dos buracos. Não resistirão à ofensiva ‘recuperandi’ e sucumbirão, aplainando os caminhos dos mogimirianos.
2 – Não é só isso que está em nossa perspectiva. Nossa, porque de todos os cidadãos. Por exemplo: praças ganharão balanços, sacolejos e toda sorte de brinquedos. Não restará um mísero problema de sinalização de trânsito. O sistema se aproximará da perfeição. Lixo e entulho que às vezes, muito raramente, são acumulados nas calçadas ou no meio-fio das ruas se transformará em imagem da pré-história. Isso não nos pertencerá mais. É só dar um tempinho para isso acontecer.
3 – Estas questões todas de que estou tratando aqui não são virtuais, frutos da minha eventual imaginação delirante de sexagenário carcomido, carunchoso – pesquei esta palavra no dicionário e a achei muito legal, bonitinha. Além do que, absolutamente aplicável a mim. Mas, isto é perfumaria, divagação, neste texto que pretendo fazer escorreito, sem lesão ou defeito.

4 – Apropriando-me de frase que ouvi de Quércia, quando ele ainda era prefeito de Campinas, digo: voltando à vaca fria, não deliro e não invento. E olha, nem aumento. O que está escrito daqui para cima não tem o que tirar nem do que acontece na cidade. Do que está presente no nosso cotidiano. E do que não escapa aos olhos atentos de muita gente empenhadíssima em solucioná-los, naquilo em que se constituem em problemas. Problemas que são esmiuçados e submetidos à lupa implacável de pessoas que não toleram que seus concidadãos vivam em desconforto.
5 - Problemas (ô maldita palavra para a qual não consigo encontrar sinônimo) que vez ou outra ou quase sempre, com muita assiduidade, dão vez e voz a – estes sim – escorreitos discursos. Escapa um despautério aqui ou ali, mas é raro. Questões (serve como sinônimo) em resumo que parecem ser assemelhar à figura do alemão Michael Schumacher: estão sempre no pódio. Nunca saem do primeiro lugar. Porque são as fundamentais, as essenciais, as vitais para o respeito e a manutenção dos excelsos níveis de qualidade de vida de que desfrutam os mogimirianos. O mais, fora disso é supérfluo, coisa boba, sem importância. Que seja então. Ah! Ia me esquecendo de que nenhuma miserável manifestãozinha foi levada à galeria da Câmara na segunda-feira em face da decisão da semana anterior, que botou o salário dos futuros vereadores num Sputnik e o mandou para o espaço.

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