sábado, 1 de outubro de 2011

A política como ela é

1 – As razões pelas quais se criam partidos ou se muda de um para outro são as mais descompromissadas possíveis. Outro dia, num rápido diálogo, Orivaldo Magalhães me perguntou se acredito na existência de ideologia partidária. Devo ter respondido que é produto raro. Aliás, não é só nas siglas partidárias que o produto está ausente, mas em quase tudo. Vivemos crescentemente sob o primado da ideologia lançada pelo ex-craque Gerson, quando garoto propaganda de certa marca de cigarro: o negócio é levar vantagem em tudo. Pois é assim que funciona o troca-troca partidário. “Lá é melhor do que aqui por este ou aquele conforto. Então, vamos que vamos”. É despudorado, mas é verdadeiro. Em alguns dias, mais precisamente até o final da semana que vem, vamos conhecer a dimensão disso.

2 – O jeito de fazer certas muitas vezes a conduz à certeza do insucesso. Posso dizer que conheço José Antonio Scomparin de cor e salteado. O jeitão não muda. Daí não surpreender que tenha fincado outdoor com sua cara e apelo ao prefeito para abraçar a causa da revitalização de centro. Aliás, proposta que eu, na minha santa insignificância, abraçaria se conhece ao menos uma vírgula do que ela contém. Zé Antonio está começando pelo fim. Antes de ao prefeito e aos vereadores, ele tem que convencer os empresários interessados na tese que está propondo. Será com a força da pressão destes – se aderirem à ideia – que poderá enquadrar Carlos Nelson. Mesmo assim, ainda tenho dúvida. Parece tarde. O atual governo está em contagem regressiva. Concluo que um projeto bem estruturado, e não frases soltas em outdoor, poderá convencer os candidatos à sucessão e, por conseguinte, o futuro prefeito. Aí pode ser que role alguma coisa.

3 – Não quero que pareça que estou insistindo no pessimismo, mas não consigo ver de que forma será possível um só nome unificar as oposições. Agora mesmo, o PT me fornece mais uma razão para desacreditar. O partido abre hoje a lista de inscrição de interessados em disputar o mandato de prefeito, de vice ou de ambos – se entendo. Em outras palavras, escancarou o processo. O que importa para a minha tese, entretanto, é outra coisa: quem convida tem o dever de garantir isso não será mera ilusão, coisa para enganar. Assim, quem sair indicado desse processo estará certo de que irá às urnas, sem qualquer condicionamento. E, em sendo assim, é o PT que irá às urnas, isolado do PV e do PSB. É apenas uma questão de lógica. Mas, como não há em futebol, em política também parecer não haver lógica, especialmente aquela dos cidadãos comuns.

4 – Se os eleitores fossem atentos e permanentemente interessados em saber o que fazem seus representantes, muitas das figuras do cenário político local teriam enormes dificuldades para se explicar sobre suas atitudes, posições, decisões e sinuosidades. Entretanto, jogam com certeza de que ainda é verdadeira a frase segundo a qual o brasileiro tem memória curta. Ou continua sendo verdade ou é ainda pior: desinteresse mesmo.

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