quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Abecedário de dúvidas

1 – Aqui e acolá, pelaí como se dizia há anos, a sensação que se capta do contato com as pessoas não é das melhores. Pelo contrário, espalha-se uma fumaça de descontentamento e de pessimismo, diante do que tem sido o cotidiano de Mogi Mirim de meses para cá. Há uma coisa interessante: escoimados os interessados politicamente, é reconhecido que a cidade experimenta processo de modernização. Está melhor que antes. Penso eu e ouço de pessoas com as quais convivo. No Lavapés, durante as longas cinco horas em que me aguentei em pé, escutei muito nesse sentido. A festa é um aspecto positivo contemporâneo. Custa. Não sei quanto, mas não deve ser pouco. Todavia, faz bem. Qualidade de vida também deriva do que faz bem ao espírito.

2 – Entretanto, quando se passa o filminho dos nossos últimos episódios políticos, não são poucos – se não todos mesmos – que torcem o nariz. Houve uma apropriação muito ruim do cenário político. Grande parte das pessoas com incumbências de mando não estão minimamente preparadas para o hoje. Que dizer então para o amanhã? O horizonte, pois, não é róseo. Também porque a profissionalização da política no pior sentido só nos faz por os dois pés atrás e nos prepararmos para o indesejável. Predominantemente, o que há é interesse pela locupletação. Ou, em hipótese um pouquinho menos pior, os egos estão famintos de desejos.

3 – Um amigo me parou na rua na segunda-feira para a indagação: o que está acontecendo com a nossa cidade? De certo modo, o que está acontecendo a gente sabe, porque testemunha no dia a dia. O problema é o que pode ou o que vai acontecer. Aí se planta a grande e aterrorizante incógnita. Caramba, esta palavrinha, incógnita, me faz lembrar uma das melhores figuras com as quais convivi na vida: Clayton Semeghini, então chefe do Gabinete de Luiz Amoedo. Figura de primeira qualidade. Faz uma falta? Mas, não há como fugir da realidade, que está muito longe do que poderia ser minimamente ideal.

4 – A proximidade de uma eleição é uma excepcional oportunidade para muita coisa, para um montão de coisas. Mas, dá a ocasião para aquele flash back, aquele olhar para trás. É mais como algo que a gente, de tempo em tempo, faz na vida. Dá um breque, revolte as ideias, resgata alguns conceitos e então engata marcha nova. Numa das muitas conversas com as quais impacientei meus interlocutores no Lavapés, pouco antes da burocrática apresentação do Paralamas do Sucesso, afirmei com atrevimento e irresponsabilidade: no quadro atual, inexiste perfil minimamente amoldado ao posto de prefeito municipal para os quatro anos a serem inaugurados em 2013. Hoje – que ninguém me escute – não há um só credenciado a merecer fé. Não há um único em que se possa sentir firmeza. É um abecedário de interrrogações.

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