quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A ética da safadeza

1 - “O fato de ser parente não credencia nem descredencia ninguém. Não tenho nenhum parente, mas acho legítimo que as pessoas possam indicar pessoas que possam ser aproveitadas”. A frase é do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Um deputado opaco da região de Ribeirão Preto, mas muito bem aparelhado de amigos, que primeiro o levaram à Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), um antro de iniquidades, e depois ao ministério. Nomear o filho de Renan Calheiros, o sobrinho de Quércia e a ex-mulher do líder do governo, Henrique Alves, não tem nada demais. É a ética sob a ótica da safadeza.

2 - Wagner Rossi não é exceção. Faz parte da regra, porque os políticos, tirando um aqui outro ali, são todos assim. Por aqui não é diferente. A frase de Wagner Rossi tem o claro sentido de deboche, de falta de respeito para com os cidadãos. Por aqui também há faces que não se avermelham por manifestações de igual cinismo. Porque, de cima em baixo, o fato é que a classe política perdeu completamente a vergonha. Explico: não se envergonham mais de mentir, de sofismar, de enganar, de iludir, de ludibriar. Parece haver no meio certa segurança de que nada vai acontecer. Wagner Rossi manifestou sua ética caolha, virou as costas e foi cuidar da sua profícua vida de ministro que, com certeza, não deve fazer favor de graça. Nomeações em geral têm preços. Ou, em outra hipótese, são o pagamento de benefício já previamente auferido.

3 – Sim. Nomeações têm preço em todas as esferas ou pagam por algum serviço anteriormente prestado, numa campanha eleitoral, numa eleição para a presidência da Câmara, em coisas do gênero. Não podem ser esquecidas, por exemplo, as esposas de vereadores e de diretores que ocupavam cargos na esfera do governo local. A farra acabou por obra da promotora Cristianefd, que faz marcação cerrada. Ora, e o que era essa generosidade com cargo público senão pagamento de conta. Ou abertura de crédito, instrumento para segurar fielk? Sabe-se lá. Isso faz parte da política do cinismo, pois os autores imaginam ser possível convencer a arraia miúda de que as e os parentes foram guindados a postos de acesso livre por absoluta e exclusiva capacidade profissional.

4 – A que interesse atende situação em que dois comissionados precisam ser separados em virtude de incompatibilidades jamais explicadas, mas ambos precisam ser mantidos pendurados no cabide, certamente que não pelo quanto são capazes de oferecer em produção para a população. Essa é a ética do interesse público? É a ética do cinismo, neste caso com uma pitada de suspeição. O espaço está acabando. Não dá para ir mais longe. Nem e necessário mesmo. Está tudo muito claro sobre como agem aqueles que se juram defensores do povo. São mesmo. Do povo deles.

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