sábado, 20 de agosto de 2011

Desdém pelo eleitor

1 – Os vereadores Fábio Mota e Rogério Esperança obtiveram, somados os desempenhos de ambos nas eleições de 2008, a nada módica quantia de 1.994 votos. Ficaram próximos um do outro: Fábio com 1069 e Rogério com 925. Duas votações, portanto, respeitáveis. Basta dizer que Fábio Mota foi o quinto mais votado entre os eleitos e Rogério o oitavo. Assim, ao menos sob o ponto de vista formal, elas saíram do pleito de 2008 com enorme carga de responsabilidade sobre as costas. Muito embora todos sejam vereadores de modo igual – não há quem seja mais ou menos em função do número de votos – é evidente que alguns sobem ao Legislativo com uma respeitável carga de representatividade.

2 – Pois bem. Sendo assim, era de se esperar que ambos fossem para a Augusta Casa, como antigamente era habitual tratar o poder legislativo local, como enorme senso de cidadania. Proporcional, no mínimo, à votação que receberam. Certo? Era de se esperar, mas não foi o que aconteceu. Fábio Mota deu um pontapé nos seus 1069 votos já no dia da posse e, a duras penas convencido pelo prefeito Carlos Nelson Bueno, foi de novo alojar-se no Departamento de Serviços Municipais. Fez um estrago mais ou menos. Não exerceu o mandato por um dia sequer e ainda levou seu partido a perder uma cadeira na Câmara, que ofereceu docilmente ao PMDB.

3 – Colega de Fábio no grupo político, já que ambos eram governistas – e põe governistas nisso –, Rogério Esperança fez um pouco diferente, mas não o suficiente para também deixar bem caracterizado o desdém com que tratou o seu mandato. Entrou e saiu da Câmara com um descompromisso exemplar. Na matéria, foi ‘hour concour’, como diria o mais festejado de todos os colunistas sociais que Mogi Mirim já viu, Luiz Antonio Balzanello. Na minha sexagenária existência, desconheço paralelo na história política da cidade. Jamais vi caso igual de alguém que tenha conseguido, em tão pouco tempo, expressar posições tão incoerentes. Ora sim, ora não; ora a favor, ora contra. Hoje, por exemplo, está a favor. Nada garante que não mude, ainda mais considerando os interesses que efluirão no ano que vem.

4 – Confesso o seguinte: a mim nada afeta a conduta miserável de Fábio e Rogério sob o ponto de vista político. Afeta, sim, aos eleitores e particularmente àqueles que os conduziram à condição de representante popular. Não sei como se sentem os tais eleitores. Como a política anda, segundo o que eu ouvia da vó Gidica, em nível abaixo de rabo de cachorro, é possível que os eleitores estejam mesmo é se lixando. Não duvido que muitos deles sequer saibam das traquinagens de seus dois eleitos. E nem mesmo é impossível que ambos, lá por julho, agosto, setembro do ano que vem, de novo, voltem a bater às portas dos mogimirianos com a maior desfaçatez em busca de votos. Por que não será possível se, diz velha e boa sabedoria, cesteiro que faz um cesto faz um cento. Para o cento, eles ainda têm mais 98 chances.

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