Estive me lembrando, estes dias, de situações que a cidade viveu em tempos próximos ou remotos, as quais criaram certo trauma nos mogimirianos. Trato do tema a propósito do projeto do shopping no Morro Vermelho, onde deveria ter sido erguido o Baradah.
Minha memória rodopia e retorna à década de 70. Ao cabo de demoradas negociações, a Chrysler adquiriu extensa área à margem da Rodovia SP-340, onde instalaria uma fábrica de caminhões.
O negócio fracassou em face de crise que afetou a matriz norte-americana da multinacional e jamais alguém guiou um caminhão montado em Mogi Mirim. De grande calibre, o episódio seguinte foi o do próprio Shopping Baradah, que terminou se transformando no que a verve popular apelidou de ‘paliteiro’.
Mais recentemente, entre o final da década passada e a atual, foi vendida a expectativa de que aqui se instalariam uma usina termelétrica e um monstruoso empreendimento que incluía um aeroporto com pista de quilômetros. Os projetos mobilizariam alguns bilhões de dólares em direção a Mogi Mirim. E na época o dólar estava robusto, não raquítico como hoje.
Esses episódios foram deixando seqüelas, que se transformaram em traumas. Sempre que se acena para a cidade com algo portentoso, há um mineiríssimo clima de desconfiança. Será que não é outro megaempreendimento? Aos meus ouvidos, essa pergunta tem soado recorrentemente quando a conversa gira em torno do shopping a ser erguido na beirada da ligação com Mogi Guaçu.
No caso presente, o empreendedor desfruta de gigantesca reputação no ramo, titular que é de negócios semelhantes, e de maior porte, em vários pontos do país. No caso da Chrysler não era diferente, mas os ventos mudaram de rumo e o projeto foi varrido para o infinito.
Estimo que não suceda o mesmo. E torço para a concretização do projeto. Mas, me confesso incapaz de convencer a uma só pessoa que seja, entre as que põem o pé atrás, de que devem acreditar. A sensação que capto é de que, diante dos precedentes, o mogimiriano se recusa a correr o risco de passar por bobo de novo. Esgotou sua cota. Virou São Tomé.
sábado, 10 de maio de 2008
Traumas
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3 comentários:
O prezado esqueceu de citar que a brinquedoteca anunciada pelo prefeito também não passou de uma grande enganação.
Há que se registrar que a Chrysler não se instalou em Mogi Mirim por consequência de conjuntura econômica desfavorável, enquanto que o malogro do Shopping Baradah se deu por conjunção de esperteza, de um lado, o mais forte, por sinal, e ingenuidade, pra não dizer burrice, de outro, que, a despeito de incluir comerciantes e até corretor de imóveis experientes no trato do dinheiro, não sentiu o cheiro de coisa estragada no ar.
Obs. Esse anônimo que assina a comparação entre o caso da Chrysler e o do Shopping Baradah, sou eu, Fernando Parizi. Saiu como anônimo por bobeada minha.
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