quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Projetando para 2012

1 – Há alguma relação a fazer entre o resultado do segundo turno da eleição presidencial e o futuro político mais imediato da cidade, considerando o desempenho alcançado pelo candidato José Serra, que bateu em 72% da preferência dos mogimirianos contra apenas 28% de Dilma Rousseff? Uma coisa pode ser projeção para outra? Em linguagem mais direta: 2010 pode ser um sinal para 2012? Responder assim num bate-pronto de sim ou não é uma imprudência. Talvez até mesmo tolice ou, quem sabe, uma irresponsabilidade.

2 – Aos resultados eleitorais nem sempre se reproduzem nas diferentes hierarquias, do federal ao municipal. O pleito local tem nuances muito próprias, além do natural aquecimento das disputas que ganham contorno, muitas vezes, até pessoais. Só isso já é o bastante para não estabelecer, de imediato, paralelo entre uma coisa e outra. Todavia, há casos e casos. Tomo Campinas: elege em repetição um aliado de Lula, Hélio de Oliveira Santos, para a Prefeitura, e prefere o tucano José Serra na disputa presidencial. Tomo Mogi-Mirim: habitualmente vem elegendo nomes contrários aos da corrente lulista. Desta vez, por exemplo, foi o que se chama de resultado acachapante. Ou goleada, no jargão futebolístico.

3 – Explicações, sim, haverá para o fenômeno. Além do que pode ser a preferência natural do eleitor mogimiriano, sem influência alguma de lideranças ou conselheiros, é claramente presente a desigual relação de forças políticas no ambiente do município. Relação de forças que, além de ser partidária, é grupal. O governismo de hoje na cidade, por exemplo, não expressa uma majoritariedade partidária, mas de grupo. Em torno da administração estão reunidas correntes de muita, pouca ou nenhuma afinidade. E isso pesa. A oposição, ao contrário disso, é absolutamente fragmentada em legendas. Portanto, não orgânica enquanto conjunto e desorganizada enquanto individualmente.

4 – Dito isso, penso que se os comportamentos de 2010 se reproduzirem em 2012, o que me parece difícil, a tendência será de que os resultados também se reproduzam. Com alguma escala de diferença, mas com grande probabilidade de não serem diferentes no sentido de vencedores e perdedores. Aliás, entre outras razões, já foi por isso que, há dois anos, os oposicionistas só conseguiram enxergar o vencedor pelo binóculo, tal a distância entre eles e este.

5 – Ora, o que aconteceu este ano pode tender a se repetir na disputa local, em outubro de 2012, se dois fatores não estivessem em mira. Um deles é a previsível fragmentação, agora, do grupo governista, tantas são as ambições, no seu próprio seio, para a sucessão de Carlos Nelson. Com certeza o prefeito vai segurar alguns, mas improvavelmente não será capaz de amansar todos. O outro fator é a perspectiva de que os contrários à atual gestão, depois do que aconteceu em 2008, tenham aprendido a lição. Não é possível, afinal, que não conheçam a velha sabedoria de que errar é humano, persistir no erro...

Um comentário:

Fernando Parizi disse...

Caro Abrucez:
1) Eu ia dizer isso no meu blog mas vai aqui mesmo. Me parece que o fotógrafo José Afonso Valério Jr., Valerinho, lhe deve desculpas quando o acusou de ufanista quando há não muito tempo adjetivou Munhoz de "fenômeno". Você acertou em cheio.
2) Arrisco afirmar que o próximo prefeito de Mogi Mirim será quem receber as "bênçãos" de Munhoz e Carlos Nelson. Ou, pelo menos, o candidato por eles "abençoado" já terá tomado, só por isso, uma dianteira nada desprezível.
3)Quem pode jogar areia na sopa da candidatura da situação é o ex-prefeito Paulo Silva (PSB). Salvo engano, ele foi declarado inelegível por oito anos e este tempo é contado a partir do final de seu último mandato. Sendo assim, estará, em princípio, "elegível" para 2012.