sábado, 31 de maio de 2008

O ex-Robinho

Logo ao ser contratado pelo Santos, Robinho tomou uma decisão. Não é mais Robinho. Quer ser chamado de Robson. Justificativa: evitar comparações com o Robinho do Real Madrid, aliás revelado pelo mesmo Santos.

Na verdade, o evitar comparações tem outro nome: é medo. Medo de comparações, nas quais obviamente jamais será conhecido tanto ou mais talentoso que o homônimo famoso.

Além de achar que a atitude de Robinho é uma bobagem, acho que revela também absoluta falta de personalidade. E não esconde certo menosprezo pelo Mogi Mirim.

Aqui ele sempre jogou como Robinho, sem qualquer preocupação com as comparações. Só pode ser por considerar que o Mogi é clube de segunda categoria, sem expressão, sem repercussão, escondido.

Realisticamente, não dá mesmo para comparar o Santos e o Mogi. Há enorme distância entre ambos, o que é da natureza do futebol, que tem os grandes e os pequenos. Mas, daqui saiu, para ficar no mais expressivo exemplo, o festejado Rivaldo, já eleito o melhor do mundo pela Fifa.

Rivaldo não precisou de subterfúgio algum para fazer sucesso. Foram bastante o inato talento e a personalidade.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

É bom número

Não é correto afirmar que a aprovação da Emenda Constitucional do deputado Pompeo de Mattos aumenta em oito mil o número de vereadores no país. Na verdade, repõe vagas extintas.

Penso que agora se faz melhor justiça e se adota melhor critério de representatividade que aquele fixado pelo TSE e convalidado constitucionalmente pelo Supremo Tribunal Federal, em 2004.

Diga-se, aliás, que o TSE só meteu sua colher no angu exatamente porque o Congresso não cumpriu sua obrigação e muitas câmaras espalhadas pelo país andaram abusando da liberdade de decidir.

Para Mogi Mirim, 17 é um bom número. Corresponde a um vereador para pouco mais de cinco mil habitantes. Creio ser razoável. É número capaz de melhor abrigar as correntes de pensamento da população, por mais que isso seja teórico e relativo.

O número é uma coisa. A qualidade da representação é outra. E esta fica condicionada à vontade do eleitor. Vereadores não são ungidos, são eleitos. Sendo assim, o eleitor sempre tem os vereadores que merece.

terça-feira, 27 de maio de 2008

17 vereadores

O primeiro passo para Mogi Mirim voltar a contar com 17 vereadores, a partir de 1 de janeiro de 2009, foi dado na noite desta terça-feira, dia 27, no Congresso Nacional.

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno, por 419 votos a 8 e 3 abstenções, novos limites para o número de vereadores, de acordo com o tamanho da população de cada município.

A medida está contida da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 333, de 2004, do deputado Pompeo de Mattos, do PDT do Rio Grande do Sul. A votação do segundo turno da PEC ainda não foi marcada. Depois disso, a Proposta de Emenda Constitucional ainda precisará ser votada pelo Senado até 30 de junho.

Mogi Mirim está na faixa de 70 mil a 100 mil habitantes. Municípios com esse contingente populacional terão direito de eleger 17 vereadores já em 5 de outubro deste ano.

Como possui mais de 100 mil habitantes, Mogi Guaçu terá direito a 19 vereadores.

Desde 1 de janeiro de 2005, Mogi Mirim possui 10 vagas na Câmara Municipal. Em Mogi Guaçu, são 11.

sábado, 24 de maio de 2008

Vazio não ocupado

Ninguém é insubstituível, certo? Certo. Mas, algumas pessoas fazem muita falta e deixam vazios impreenchíveis. Jorge França Camargo é um desses casos. Está fazendo muita falta à cidade.

França reunia duas virtudes: a competência e a capacidade de moderação. Era um ponto de equilíbrio na política local, com suas ponderações e seus conselhos. Todos os prefeitos que com ele conviveram exploraram o conhecimento de Jorge França, que por décadas conduziu administrativamente a Câmara.

Era possuidor de orgulho pelo Legislativo e pela Casa tinha zelo extraordinário. Ficava incomodado nas circunstâncias em que a Câmara era submetida a situações desconfortáveis. Insistentemente instado a se candidatar à Prefeitura, manteve sempre o “não” na ponta da língua.

O que está faltando na política local, já há algum tempo, é exatamente o ponto de equilíbrio que França conseguia estabelecer. Hoje, todo mundo quer pôr fogo no barraco para tirar proveito.

Não há moderação, ponderação, conselho. E não há por não ter existido, pós-França, ninguém que reunisse as suas virtudes e possuísse igual estatura moral e respeito incondicional. Daí ser o caso de dizer que, como nenhum voluntário preencheu o vazio, Jorge França Camargo está sendo insubstituível.

Fora de moda


O senador Jefferson Péres, do Amazonas, era a típica figura fora de moda da política nacional. Na contramão dos que fazem da política o instrumento para levar vantagem, mantinha irrenunciavelmente seus princípios.

Tornou-se, por isso mesmo, uma voz isolada dentro do Senado da República. Um teimoso sonhador. Um renitente defensor dos valores éticos e morais. Um político, em resumo, que enobreceu a função.

Jefferson Péres foi um raro exemplar no universo de uma fauna de aves de rapina, que erodem o erário público e devoram vorazmente o dinheiro do contribuinte brasileiro. Daqui por diante, salve-se quem puder, porque o velhinho rabugento, incorrigivelmente honesto, não estará lá para exercer vigilância.
FRASE

“Em meio a tantos homens de bens, foi-se um homem de bem. Tinha a petulância da honestidade”.

Frase do jornalista Josias de Souza
, no texto “Jefferson Péres: ‘Não sei se agüento isso até 2010”. No Blog do Josias. http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

Ética rasgada

O Barão Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos, cunhou a frase de que “o importante é competir”. Mais do que uma frase, é um conceito. Sei que está fora de moda, nestes tempos de extremo profissionalismo do esporte, transformado em ambicionado produto econômico.

Na verdade, o conceito tem profundo conteúdo ético. A ética é um componente indissociável na prática do esporte, como o é em qualquer atividade ou relação humana. A ética manda que toda competição seja disputada com lisura.

Evidentemente que não foi o que Mogi Mirim e Oeste fizeram no jogo invalidado pelo Tribunal de Justiça Desportiva. Interessava a ambos o resultado daquela hora, o procedimento adotado é recorrente, com vários exemplos históricos. Mas, feriu a ética.

Não foi uma disputa executada com lisura. Aos mogimirianos, como eu, interessava obviamente que o Mogi subisse, seja lá por que forma fosse. Ignorar que o procedimento foi no mínimo duvidoso, sob o ponto de vista ético, é aceitar que a vida é um vale tudo e dar um pontapé nos valores morais, que devem estar presentes em toda situação.

Para ser sincero, acho que até ficou barato o resultado do julgamento, que só anulou o jogo fraudado e mandou realizar outro. Um resultado em que só o Mogi saiu perdendo, uma vez que tinha vaga assegurada e precisou disputá-la de novo. O Oeste já estava garantido. Sei não, mas que ficou no ar o sinal de alerta.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Terreno minado

O Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo pariu uma belíssima de uma encrenca, ao anular a partida entre Mogi Mirim e Oeste, realizada no dia 3, que terminou num zero a zero mais do que conveniente para ambos, determinando que voltem a campo.

Rejeitaram a preliminar defendida por São Bento e Atlético, que pleiteavam, pela via da eliminação de Mogi e Oeste, as vagas na divisão principal em 2009. Eliminação, num sentido amplo, seria a exclusão dos acusados dos quadros de filiados da Federação.

O Tribunal ficou com a tese de que os dois times fizeram mesmo um jogo de compadres a partir do momento em que o Atlético passou a ganhar do São Bento. O episódio não é novo. Que eu vi, Mogi e Novorizontino fizeram isso pelo menos uma vez, aqui mesmo. Na ocasião, passou em branco.

Jogo arrumado já aconteceu aos milhares. Meus contemporâneos não terão se esquecido de que, para salvar o Palmeiras do rebaixamento, o Guarani escalou um jogador irregular, em partida entre ambos, lá pelos anos 60. Assim, o Palmeiras já entrou em campo salvo da degola.

A partir da decisão do TJD, há um terreno minado à frente dos times de futebol. Uma zona perigosa onde será preciso muito cuidado para pisar. Num deslize semelhante ou diante de uma desconfiança, o risco será enorme. Se, bastando-lhe apenas o empate, um time entrar na retranca, poderá ser acusado de fraudar a ética da prática esportiva? Sei não...

domingo, 18 de maio de 2008

Um saco!

Assistir televisão domingo à noite virou um saco. Se não fosse pela intolerável e esganiçada voz de Paulo Henrique Amorim, não se perceberia estar assistindo ao Domingo Espetacular e não ao Fantástico.

Aliás, o Domingo Espetacular só não se chama “Fantástico-2” porque ficaria muito chato. O nome Domingo Espetacular não deixa dúvida quanto ao esforço de fazer a mesma coisa.

Os programas esportivos, por sua vez, foram transformados em espetáculos circenses. É gente de todo tipo fazendo os tipos mais diferentes, quando não bizarros. Gastam preciosos minutos a discutir se o árbitro acertou ou errou.

Só se esquecem que os árbitros não desfrutam do privilégio de ter uma tela de televisão na frente, repetindo as imagens à exaustão. É um tremendo esforço para criar polêmica. Falsas polêmicas.

Quanto à análise do desempenho dos times e dos técnicos, nada. Absolutamente nada. De que jeito jogou tal time? E o adversário? Que planejamento tático adotou? Em que um foi superior ao outro?

Nada. Absolutamente nada. Talvez por uma razão fundamental: os que se apresentam como especialistas não entendem nada do assunto, senão o trivial. Caramba, é por não entender que me interessa ver os programas. Por querer me esclarecer, aprender. Inútil. Desisto.

Questão de fundo

A manifestação da promotora Cristiane Hillal, sobre o projeto dos apartamentos do Jardim Linda Chaib, é a primeira que toca no que eu chamo de questão de fundo da administração.

Questiona aspectos de profundidade. Haverá infra-estrutura suficiente para atender às necessidades das novas famílias a serem abrigadas no bairro? Há planejamento para dotar o local dessas condições essenciais? São perguntas pertinentes sob o ponto de vista urbanístico e social.

Ora, já lá se vai praticamente o governo inteiro de Carlos Nelson e jamais, em momento algum, por voz alguma, se ouviu abordagem dessa natureza, em especial de parte de quem é investido de mandato – no caso os vereadores – e de quem se investe da condição de liderança político-partidária.

Fora desse círculo em que a promotora põe a discussão, nada se debateu. As abordagens acerca da administração são feitas a partir de razões político-eleitorais e de humores pessoais, quando não até mesmo de ódio. O fato, pura e simplesmente, é o seguinte: a chamada classe política não enxerga nada.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Guilhotina

Ainda estão encrencadas no Tribunal Superior Eleitoral as discussões sobre a resolução da Corte, que trata das contas de campanhas eleitorais de candidatos. O assunto interessa diretamente ao prefeito Carlos Nelson Bueno.
A resolução de fevereiro ampliou as restrições à concessão de quitação eleitoral para que pretendentes possam disputar as eleições. Antes, era vetada a concessão da quitação, que impede o pretende de disputar mandato, nos casos em que estes não apresentassem prestação de contas da campanha anterior ou o fizessem fora dos prazos.
A decisão deste amplia o veto aos candidatos que tenham suas contas eleitorais rejeitadas. A discussão é a seguinte: o novo dispositivo alcança quem teve contas rejeitadas da campanha eleitoral de 2004, os quais estariam impedidos de concorrer agora em 2008? Dois ministros consideram que a resolução de fevereiro produzirá eficácia a partir da eleição deste ano. Assim: após as eleições de outubro próximo, quem não apresentar contas, o fizer fora do prazo ou as tiver rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do respeito estado, estará inapto para disputar a eleição seguinte.
Por que interessa a Carlos Nelson? Porque ele teve suas contas eleições de 2004, quando se elegeu prefeito, rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral. Circunstância em que a lâmina da guilhotina ameaça seu pescoço.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Água no chopp

Se estava sendo armado um cenário para a visita do governador José Serra, agora em junho, para vistoriar a obra dos apartamentos do Jardim Linda Chaib, a liminar obtida pela promotora Cristiane de Souza Hillal pôs água no chopp.
Inevitavelmente, o início da obra vai atrasar A menos que a Prefeitura e a CDHU, individualmente ou em conjunto (nem sei se isso é possível) obtenha reversão no Tribunal de Justiça.
Acho, por outro lado, que necessariamente a decisão não afeta o governo municipal pelo aspecto político. É obra para 2009. Mas, é uma pedra no sapato, que a Prefeitura terá que gastar tempo e energia para remover.

sábado, 10 de maio de 2008

Traumas

Estive me lembrando, estes dias, de situações que a cidade viveu em tempos próximos ou remotos, as quais criaram certo trauma nos mogimirianos. Trato do tema a propósito do projeto do shopping no Morro Vermelho, onde deveria ter sido erguido o Baradah.

Minha memória rodopia e retorna à década de 70. Ao cabo de demoradas negociações, a Chrysler adquiriu extensa área à margem da Rodovia SP-340, onde instalaria uma fábrica de caminhões.

O negócio fracassou em face de crise que afetou a matriz norte-americana da multinacional e jamais alguém guiou um caminhão montado em Mogi Mirim. De grande calibre, o episódio seguinte foi o do próprio Shopping Baradah, que terminou se transformando no que a verve popular apelidou de ‘paliteiro’.

Mais recentemente, entre o final da década passada e a atual, foi vendida a expectativa de que aqui se instalariam uma usina termelétrica e um monstruoso empreendimento que incluía um aeroporto com pista de quilômetros. Os projetos mobilizariam alguns bilhões de dólares em direção a Mogi Mirim. E na época o dólar estava robusto, não raquítico como hoje.

Esses episódios foram deixando seqüelas, que se transformaram em traumas. Sempre que se acena para a cidade com algo portentoso, há um mineiríssimo clima de desconfiança. Será que não é outro megaempreendimento? Aos meus ouvidos, essa pergunta tem soado recorrentemente quando a conversa gira em torno do shopping a ser erguido na beirada da ligação com Mogi Guaçu.

No caso presente, o empreendedor desfruta de gigantesca reputação no ramo, titular que é de negócios semelhantes, e de maior porte, em vários pontos do país. No caso da Chrysler não era diferente, mas os ventos mudaram de rumo e o projeto foi varrido para o infinito.

Estimo que não suceda o mesmo. E torço para a concretização do projeto. Mas, me confesso incapaz de convencer a uma só pessoa que seja, entre as que põem o pé atrás, de que devem acreditar. A sensação que capto é de que, diante dos precedentes, o mogimiriano se recusa a correr o risco de passar por bobo de novo. Esgotou sua cota. Virou São Tomé.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Vazio impreenchível

A morte de Wilson Fernandes de Barros naturalmente deixa um vazio. No âmbito da família, no setor empresarial, na sociedade e, particularmente, no Mogi Mirim. Afinal, ele conduziu o clube por mais de 25 anos com mãos fortes.
Percebi nas ruas, em conversas aqui e ali, que o vazio aberto no comando do Mogi gera um temor. O que será do futuro do clube? Quem vai sucedê-lo? Haverá uma convocação à forças sociais e econômicas para dar continuidade ao projeto?
Risco não vejo. Até porque, claramente Wilson já vinha preparando os filhos, entronizando-os gradativamente na gestão do Mogi Mirim. Já é uma garantia. Além do mais, quero crer que a família, até por homenagem, vai honrar o legado do patrono.
A hipótese que ocorre é de que o modelo de gestão possa sofrer alguma alteração. Talvez uma abertura à parcerias, buscando a injeção de recursos para a sustentação do clube. Ainda mais agora que irá disputar a divisão principal de São Paulo.
O vazio aberto com o desaparecimento de Wilson jamais será preenchido porque ele era único no estilo. Ele será sucedido. Isso sim. Sempre com louvores à sua memória. A história, todavia, será outra. É o que penso.

sábado, 3 de maio de 2008

Feliz por errar

Previ aqui, num comentário anterior, que caminhávamos para continuar vendo o Mogi Mirim na segunda divisão paulista. Errei. Felizmente errei. O Sapo está na elite e, em 2009, deve receber pelo menos dois dos times grandes estaduais.

O jogo foi sério até os dois times saberem que o Atlético vencia o São Bento em Sorocaba. Aí virou uma coisa de compadre. Bola pra cá, bola pra lá, o tempo passando e as duas equipes se garantindo. O zero a zero serviu a ambos.

Não é a primeira vez que isso acontece no futebol. Já vi outras vezes. Há na história um célebre jogo entre o Mogi e o Novorizontino, no então ainda “Vail Chaves”, em que as duas equipes fizeram a mesma coisa.

Pode ser moralmente condenável, do ponto de vista da fraude ao torcedor. Ele vai ao estádio para ver futebol, espetáculo. Mas, como resistir? Se era conveniente, como não fazer? Coisas de regulamento.

Mas, independente disso – porque não vejo fórmula que consiga evitar procedimento semelhante – é coisa mesmo do futebol. Como disse Argel, os times entraram de chuteiras, meias, calções, camisas e o regulamento embaixo do braço. Azar do São Bento.