quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Só não vê quem quer se iludir

Escrevi em meu twitter, outro dia, que os métodos políticos de José Serra são pesados, cruéis. Do tipo é na goela. Implacável.

Um tucano se aborreceu. Pelo conceito emitido, identificou-me como dilmista e antiserrista.

Errou duas vezes. Para decidir em que vou votar tenho até 3 de outubro.

Fora minha condição de eleitor, portanto com direito de escolher a quem eu considere melhor, sou pretensioso observador da cena política.

Nessa tarefa, em muitos casos, me valho das informações, algumas até tratadas em forma de confidência, que recolho no banco da Praça Rui Barbosa.

Para o caso que abordei, no que diz respeito aos métodos tratorais utilizados por Serra, há um exemplo local que reforça meu convencimento.

Foi com o estímulo e o aval de Serra, em reunião palaciana, que Carlos Nelson estuprou o PSDB local.

Lideranças tucanas históricas foram olimpicamente desprezadas. Tanto que, hoje, o partido revive o não saudoso tempo das sublegendas. Por aqui há o PSDB-1 e o PSDB-2. Só não vê quem quer se enganar. E por obra e graça de quem?

O futuro está próximo

Nas eleições de 2006, o governo municipal moveu suas forças em prol da candidatura de Carlos Sampaio.

Por obra de Carlos Nelson, ele levou 5 mil votos de Mogi Mirim e depois deu uma majestosa banana à cidade.

Foram esquecidos, mesmo com fortes relações locais, Nelson Marquezelli, do PTB, e Silvio Torres, do PSDB, apoiado lateralmente por tucanos não subordinados.

Agora, o governo da paróquia move todas suas baterias em apoio ao nome de Torres.

Uma conversão que tem suas explicações na linha que o horizonte está traçando.
Se Alkmin for mesmo eleito para o Palácio dos Bandeirantes, o controle do governo e do partido no estado vai migrar do PSDB-JS para o PSDB-GA.

Sabidamente, Silvio Torres é dos tucanos mais influentes nas redondezas de Alckmin. Inclusive se indispôs com o outro lado quando, em 2006, esteve entre os primeiros a defender a candidatura de Geraldo para a presidência.

Ele, portanto, será a chave para abrir as portas do palácio e dos cofres do Estado com Alckmin na boleia. E, sabido é, o governo municipal de Mogi Mirim não sobrevive sem o oxigênio das verbas do Estado.

Então, resolvido: todo o gás a Torres, pois suas mãos é que conduzirão ao pote da felicidade. Torres não é bobo. Já percebeu. Não pode recusar os votos que venham a ser capturados em seu favor por aqueles que o menosprezaram solenemente há quatro anos.

A questão é saber a resposta que dará. Não deve bloquear os dutos por onde escorrem as verbas de São Paulo para Mogi Mirim, mas possivelmente eleja outros interlocutores.

O futuro pertence a Deus - dizem fiéis a convicções religiosas - mas está próximo. Logo saberemos.

Bastava apenas responder

1 – Passada a tormenta, que aliás não moveu um só fio dos meus já ralos cabelos, é hora apropriada para refletir sobre a questão da hora: a troca de hidrômetros. E parto de uma indagação que me fez o repórter Kaique Barretto: sou contrário à providência que o Saae está adotando? Respondi convictamente: não.

2 – O Saae está coberto de razão quando argumenta ser necessário otimizar o uso da água. Disso, aliás, O POPULAR já se ocupou mais de uma vez em editorial. Perdas que se verificam, entre outros fatores, pelos ralos uma de uma rede de distribuição que, em alguns pontos, já celebrou jubileu de ouro. Não escapam também os vazamentos internos nas propriedades dos usuários. Então, a autarquia resolveu fazer e fez. Não creio que sem a noção das consequências que a medida iria produzir. E produziu.

3 – Por medirem com maior precisão, os novos equipamentos levam obviamente ao aumento no valor das contas. É de lógica elementar. Porque aferem integralmente, gota a gota, a água que passa pelo cano. Sendo assim, pois, quem gasta 20 mil litros mensais e não sofrer desperdício por vazamento, vai pagar pela precisão do volume consumido. É injusto? Não. Injusto é gastar 20 mil e pagar 15 mil, o que provavelmente ocorre em muitas, em centenas, talvez em milhares de situações. Daí advirem os murros no estômago que muitos usuários estão sofrendo. A intensidade dos casos em que a agressão ao bolso possa ser produto da anormalidade no funcionamento dos novos aparelhos é desprezível. Não é a causa, mas mero acidente.

4 – Por ululante obviedade, a providência adotada vai concorrer para o aumento da receita. É o que admitia ainda em fevereiro o engenheiro Pauloroberto Silva Junior, ao assinalar que a iniciativa do Saae iria minimizar as perdas aparentes em vários bairros da cidade, “aumentando o faturamento da autarquia”. Claro. Num exemplo ao acaso, um bar que, pelas peculiaridades de sua atividade, gasta 15 mil litros de água por mês, vai arder com uma conta maior, tomando por certo que seu consumo era submedido. É, pois, mais recursos no caixa. Questão cristalina, como a água que o Saae capta, trata e serve.

5 - Por tal circunstância, era – e continua sendo – inteiramente procedente saber quando o Saae iria – e vai – ganhar com o procedimento que adotou. Uma sobreposição de faturamento, considerando o reajuste generalizado promovido nas tarifas no final do primeiro semestre e os 25% do ano passado. Pela mesma razão, era procedente perguntar se o reajuste tarifário não seria dispensável, tendo em vista as perspectivas de aumento no faturamento com a medição mais apurada do consumo. Em outra hipótese, ofenderia perguntar por que não aplicar um redutor de modo a minimizar o efeito em cascata da troca dos hidrômetros, se o objetivo não era arrecadatório? Se estou equivocado em minhas concepções e, com alguma probabilidade minhas inquietações refletem as mesmas de uma meia dúzia de pessoas, bastaria me convencer. Com respostas.

sábado, 21 de agosto de 2010

O candidato que Lula queria

Quem tem alguma proximidade com a política ouve, com frequência, que os métodos operacionais de José Serra são pesados, beirado ao cruel. Ai de que atravessa seu caminho.

O problema é que isso funciona quando se tem o poder nas mãos. Em busca de conquista, como é o caso presente, funciona na direção contrária. Coopta, mas não agrega.

É o preço que Serra está pagando. Interpôs todas as dificuldades possíveis a Aécio Neves, até alijá-lo. Queria ser o candidato a presidente, na suposição de que seu inventário político seria imbatível ante uma mulher de currículo modesto.

Menosprezou Lula. Ignorou o quanto podia um presidente quase à beira da unanimidade. Banalizou a escolha do vice, sob a pretensão de que ele é que importava. Ele venceria, ainda que a seu lado se fincasse um poste.

A tudo Lula foi contemplando com seu sorriso malandro de líder curtido na vida sindical, enquanto Serra não descia se sua soberba.

Serra foi construindo, passo a passo, a candidatura de oposição que Lula queria. E, inebriado pelo cheiro de naftalina de seus acólitos, o ex-governador seguiu impávido e colosso.

Colheu os frutos das sementes que lançou em terreno infértil. Alcançou o destino que erigiu para si mesmo.

Lula há de lhe ser grato eternamente. Porque não precisava de um candidato ideal, mas de um adversário ideal. Serra foi, portanto, tudo que Lula queria. Sim, queria, porque a eleição acabou.

domingo, 15 de agosto de 2010

Carlos Nelson foi apenas Carlos Nelson

1 - O conceito deste jornal acerca do prefeito Carlos Nelson Bueno não sofreu alteração alguma em consequência dos destrambelhos que proferiu durante a semana contra esta publicação. Nem a conduta editorial de O POPULAR vai se mover um milímetro sequer, para o seu lado ou contrário ao seu, em face do mesmo episódio. Afinal, este jornal não se move por humores de ocasião, mas pelas reflexões que faz em torno dos fatos de interesse dos mogimirianos.
Do mesmo modo, o nosso conceito acerca do político Carlos Nelson Bueno não se altera em uma vírgula, posto que uma coisa é autoridade e a forma que ela se conduz no exercício de seus misteres e outra é a personalidade e os métodos políticos e pessoais que emprega na relação com os cidadãos em geral.
Começando pela segunda vertente, o sr. Carlos Nelson Bueno é, como de todos sabido, um exemplar proeminente na fauna política que adota a prática do ataque e da ofensa a quem – segundo seu confuso juízo – ousa atravessar o seu caminho e não lhe reconhece como o único onisciente sobre a face da terra. Erige-se, como conta seu largo histórico, na condição de infalível, como se um ente diferenciado fosse no conjunto da humanidade. Por essa razão, em tudo quanto não lhe agrada ou o incomoda, há maldade como mote.
Nesse aspecto, ao proferir a logorreia noturna de terça-feira, em seu programa de televisão, pago com dinheiro dos cidadãos, Carlos Nelson Bueno nada mais foi do que Carlos Nelson Bueno. Sem tirar nem por. Dele se aguardem sempre manifestações desse jaez. Daí porque O POPULAR dá o fato como encerrado, considerando a inutilidade de que se revestiria o alongamento da discussão, sob o ponto de vista do interesse do leitor.


2 – Cabe, agora, uma palavra relativamente ao desempenho do desafeto gratuito desta publicação como gestor da cidade, que é de fato o que interessa. Pois, em seu governo e meio, Carlos Nelson Bueno nada mais tem sido do que Carlos Nelson Bueno. Semelhante ao que fez em Mogi Guaçu, aqui também planta obras pela cidade. E, diga-se por justiça, nesse aspecto constrói um saldo positivo, sobretudo no que diz respeito ao âmbito urbanístico, em que promoveu cirurgias importantes no tecido urbano de Mogi Mirim.
Faz, segundo avaliação deste periódico, um bom governo. Mas, a isto não é capaz de agregar a humildade necessária para considerar o contraditório e ao que soma uma exuberante dose de arrogância, como se todos devessem, por dever de plebe, se curvar ante os decretos do rei. Mas, isso também é o de menos.
É imprescindível lembrar, todavia, que nem por isso a sociedade lhe deve gratidão e mesuras. Fazer é do dever. Fazer bem feito é responsabilidade inalienável a quem se oferece para gerir os interesses dos cidadãos. E, no caso do sr. Carlos Nelson Bueno, é dever maior ainda, posto que, notoriamente, usou Mogi Mirim como abrigo para suas intermináveis ambições de poder, quando se viu compelido a se exilar de sua cidade de origem, defenestrado que foi exatamente em consequência de seus anacrônicos procedimentos políticos.
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Editorial de O POPULAR, edição de 14 de agosto de 2010, sábado

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Os humores dos poderosos

1 – Quando a soberba fica maior que o personagem é um caso sério. Tem gente que não percebe já terem se exaurido seus 15 minutos de glória – se é que duraram tanto. São aqueles que sobem ao ponto mais alto do pódio da vaidade e se lambuzam em falsa sabedoria que, por trás, esconde cavalares doses de ignorância e de arrogância. É do gênero humano, como observo sempre. É questão de dar tempo ao tempo. Um dia passa e, aí, a realidade é dura e cruel.

2 – Em Mogi Mirim, o poder funciona assim – até rimou. Quando alguém quer saber alguma coisa, o poder silencia, se fecha em copas e adota o monólogo, custeado pelo dinheiro do contribuinte para dizer o que lhe convém. Aí, quando ele quer falar, se oferece generoso. Caso de agora.

3 – O POPULAR não obteve resposta alguma às 10 perguntas que encaminhou ao presidente do Saae, Rodrigo Sernaglia. Perguntas pertinentes. Todas. Inclusive quando tocava na questão política, uma vez que a natureza do cargo de presidente da autarquia, como de diretor de departamento, é política. A indicação é política. Voltando ao fio da meada, entre outros temas, o jornal tentou obter esclarecimentos acerca da troca de medidores de água em que o Saae se meteu, com os reflexos de todos conhecidos. Segundo as mal-traçadas linhas que chegaram à redação, na semana passada, a questão estava sendo tratada por diversas formas pela Assessoria de Comunicação. Sendo assim, a entrevista convocada para hoje deve estar no rol das “Outras alternativas estão sendo estudadas”, conforme o texto oficial que aqui desembarcou na quinta-feira. Porque a entrevista se destina a “reforçar detalhes do projeto de troca de hidrômetros na cidade”.

4 – Rubens Ricupero, então ministro da Economia, disse ao jornalista Carlos Monforte, da Globo, mais ou menos o seguinte: “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente joga debaixo do tapete”. Mutatis mutandis, parece ser o caso presente. O que convém a gente fala, de preferência sem ninguém enchendo o saco com perguntas. Sobre o que não convém a gente silencia, escapa, foge, dá de ombros. Deve ter chegado o momento da conveniência de falar.

5 – Em todo esse episódio, uma vez mais ficou evidente como o poder transforma a personalidade das pessoas. E o que é pior: para pior. Como não posso acreditar que Rodrigo Sernaglia tenha se recusado a enfrentar as questões postas pelo jornal por medo, pusilanimidade, sobra a alternativa da subserviência, da subordinação. E os indicadores nesse sentido são mesmo fortes, na medida em que as indagações de O POPULAR transitaram antes pelo Gabinete do Prefeito, ao qual é adstrita a Assessoria de Comunicação. O presidente do Saae recebeu ordem de não falar. Ou, numa hipótese um pouco benevolente, curvou-se a convincentes conselhos no sentido de que se mantivesse de bico fechado.

6 – A hipótese é perfeitamente crível, porque há históricos. Houve momento, há algum tempo, em que nada, nem só um pio poderia sair dos bicos tucanos do governo municipal que não fosse sob aval do prefeito. Pouco a pouco, a ordem se tornou putrefata como um defunto, que agora parece ter sido exumado com todo mau cheiro inerente a tal.

sábado, 7 de agosto de 2010

Apego e descompromisso

1 – Os cargos públicos, aqueles aos quais os ocupantes têm acesso pelo mérito do companheirismo, são muito ambicionados. Muitas vezes há luta feroz para abocanhar o naco. É do sistema e é da natureza dos políticos. Há raros casos de personagens que vão para o poder para servir aos interesses dos cidadãos. Ao contrário, lá se aboletam para se servirem. Cargo comissionados dão status, projeção para futuros projetos eleitorais e, em geral, salário não desprezível num mercado de baixa remuneração. O servidor público, como se sabe, ganha mal, muito embora não faltem os que não deveriam ganhar melhor mesmo.

2 – Contraditoriamente, do mesmo modo que os chamados cargos de livre provimento são alvo de grande apego, também são tratados com absoluto descompromisso. Vejamos no quadro local o que vem acontecendo não de agora. Fábio Mota se afastou em 2008 para disputar as eleições. Desapegou-se. Eleito, mandou o mandato de vereador às favas e voltou ao lugar de onde saíra. Rogério Esperança idem. Sai, entra, briga para voltar e, daqui a pouco, dá um pontapé na cadeira e vai para as ruas pedir voto para tentar se eleger deputado. Absoluta falta de compromisso com o interesse público. Moacir Genuário fez, da Subprefeitura de Martim Francisco, trampolim semelhante. Acho que estou esquecendo de alguns. Mas, não faz diferença.

3 – Pois agora, não é que agora o número 1 do governo, Gerson Rossi Junior, também expressa o mesmo menosprezo pela função e resolve – por deliberação ou por imposição – trocar o posto por função na campanha eleitoral do deputado estadual Barros Munhoz. Lembre-se que Gerson chegou a se afastar do Gabinete, no final de março, para viabilizar legalmente sua candidatura à Assembléia, atropelada exatamente por Munhoz, quando o ex-prefeito de Itapira resolveu refluir suas ambições e abandonou o projeto da candidatura a deputado federal. Ali criou-se um nó. Como de dentro de um governo do PSDB poderia sair um candidato que se defrontaria com um candidato ao PSDB? A corda roeu do lado óbvio.

4 – Não consigo, certamente pela minha parca capacidade de entender e interpretar os fatos, encontrar uma explicação plausível para essa sandice. E para o que, sem tirar nem por, é um absoluto descompromisso para com as altas responsabilidades que detém. Ou detinha. Que certamente deterá de novo, assim que passar a campanha eleitoral. O cargo, assim, vai se transformar num brinquedo, daqueles que, na nossa infância, a gente se esquecia por algum tempo e, pouco depois, o elegia de novo como preferido.

5 – Peço licença para baixar o nível: é uma esculhambação. O pior é quando figuras de boa reputação, com credibilidade e respeitabilidade, se prestam a tal serviço. Ou a tal vassalagem. E o que é pior. Cultivo a suspeita de que Gerson vai exercer um papel de ‘regra três’. Será o operador da campanha de Munhoz em face da ausência, por rompimento, do então fiel escudeiro Carlinhos Bernardi.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pode ser na primeira bateria

1 – Como é natural da época, o que mais perguntam é o que acho que vai acontecer em outubro, na disputa pelo Palácio do Planalto. Um tucano de primeiríssima plumagem, por exemplo, admitiu estar pensando na hipótese de que Dilma Rousseff vai levar já no primeiro turno. A perspectiva que traça é derivada, claro, dos resultados das últimas pesquisas, que põem a candidata do PT alguns substanciais pontos à frente de José Serra.

2 – Penso não ser desprezível a possibilidade de que a ex-ministra liquide a fatura já em 3 de outubro, dispensando um segundo embate no final do mês. É algo difícil, considerando que a campanha vai se abrir mesmo a partir da exposição nos programas de televisão. Mas, chama a atenção a regularidade da posição de Dilma, que subiu e ficou. E faltam menos de dois meses para a eleição. Desdenhada pelo tucanato mais soberbo, ela parece definitivamente consolidada.

3 – Hoje, o que a faria despencar da privilegiada situação de liderança? Somente um grande, mas um enorme escândalo que a envolva. O que não parece algo sinalizado no horizonte, até pela carreira política relativamente modesta da ex-pedetista. Dilma é quase aquilo que costumo chamar de ‘político imaculado’. Por não possuir extensa história, possui poucas manchinhas pretas no coração. Lembram-se que nossos avós diziam que, quando pecávamos, ficava uma marca preta no coração?

4 – Necessariamente, o histórico de José Serra, de origem bem anterior ao de sua oponente, não o faz mais ameaçado por tropeços cometidos ao longo das décadas em que está na estrada. Mas, inegavelmente, Dilma está muito mais a salvo. E se a candidata não possui registros inconfessáveis que possam incomodá-las, tenho para mim que a outra via para despencá-la, que seus adversários insistem em utilizar, seja inútil: bater em Lula. É perda de tempo.

5 – Lula não tem seus gargalos? Claro que sim. Em dois governos,é impossível não abrir flancos. O mensalão, por exemplo, transitou pelas suas cercanias, rondou alguns fios mais longos de sua barba. Mas, não o afetou. Nem a mais tênue mancha produziu em seu paletó, que não tenha sido removida com um sutil peteleco, um pirarote. Além disso, o assunto é página virada, matéria vencida. Não tem a menor importância contextualmente na disputa que agora se trava. Não tira voto de um e nem dá a outro.

6 – Concluo, pois, que Lula está blindado. Quem sofre a bateria de críticas que ele enfrenta e resiste com índice de aprovação na beira dos 70% está quase imune. Criou um anticorpo invencível. Vai deixar Brasília sob consagração. Gostem ou não os que não gostam dele. Em sendo assim e como o ex-‘sapo barbudo’ – na definição do finado Leonel Brizola, quando ambos andaram se estranhando – é não só o fiador como o maior animador e avalista da candidatura de Dilma, a ex-ministra se põe mesmo em condições muito privilegiadas. Acho que será um fato excepcional, mas não estranharei se ela der a volta em Serra logo na primeira bateria do grand prix eleitoral, dispensando a volta às pistas.